sábado, 10 de novembro de 2012

Rio Eufrates

                                                RIO EUFRATES (IRAQUE) ESTÁ SECANDO

Menino ajoelha-se nalama que restou do rio Eufrates perto da aldeia de Jubaish, no Iraque. Foto de Moises Saman/The New York Times
Rio Eufrates sofre há dois anos com seca e poderá desaparecer do Iraque
Por todos os pântanos, os coletores de junco, pisando em terra por onde antes flutuavam, gritavam para os visitantes em um barco de passagem.”Maaku mai!” eles gritavam, erguendo suas foices enferrujadas. “Não há água!”

O Eufrates está secando. Estrangulado pelas políticas de água dos vizinhos do Iraque, a Turquia e a Síria; dois anos de seca e anos de uso inadequado pelo Iraque e seus agricultores, o rio está significativamente menor do que há apenas poucos anos. Algumas autoridades temem que em breve poderá ser a metade do que era.
Reportagem de Campbell Robertson, em Jubaish (Iraque), no The New York Times.
O encolhimento do Eufrates, um rio tão crucial para o nascimento da civilização que o Livro do Apocalipse profetizou sua seca como um sinal do final dos tempos, tem dizimado as fazendas ao longo de suas margens, tem deixado pescadores empobrecidos e esvaziado as cidades à beira do rio, à medida que os agricultores fogem para cidades maiores à procura de trabalho.

Os pobres sofrem mais agudamente, mas todos os estratos sociais estão sentindo os efeitos: xeques, diplomatas e até membros do Parlamento que se retiram para suas fazendas após semanas em Bagdá.

Ao longo do rio, os campos de arroz e trigo se transformaram em terra árida. Os canais encolheram para ribeirões rasos e os barcos de pesca ficam encalhados na terra seca. Bombas que visavam alimentar as usinas de tratamento de água balançam inutilmente sobre poças marrons.

“Os velhos dizem que é o pior de que se recordam”, disse Sayd Diyia, um pescador de 34 anos de Hindiya, sentado em um café à beira do rio cheio de colegas ociosos. “Eu estou dependendo das graças de Deus.”

http://graphics8.nytimes.com/images/2009/07/14/world/14euphratesmap_500.jpg


Bacia do rio Eufrates

A seca é grande por todo o Iraque. A área cultivada com trigo e cevada no norte alimentado pela chuva caiu cerca de 95% do habitual, e os pomares de tâmaras e laranjas do leste estão ressecados. Por dois anos as chuvas estão muito abaixo do normal, deixando reservatórios secos. As autoridades americanas preveem que a produção de trigo e cevada será pouco mais da metade daquela de dois anos atrás.

É uma crise que ameaça as raízes da identidade do Iraque, não apenas como a terra entre dois rios, mas como uma nação que já foi a maior exportadora de tâmaras do mundo, que antes fornecia cevada para a cerveja alemã e que tem orgulho patriótico de seu caro arroz âmbar.

Agora o Iraque está importando mais e mais grãos. Os produtores rurais ao longo do Eufrates dizem, com raiva e desespero, que terão que abandonar o arroz âmbar por variedades mais baratas.

As secas não são raras no Iraque, apesar das autoridades dizerem que nos últimos anos estão ocorrendo com maior frequência. Mas a seca é apenas parte do que está sufocando o Eufrates e seu irmão gêmeo maior e mais saudável, o Tigre.

Os culpados citados com maior frequência são os governos turco e sírio. O Iraque tem muita água, mas é um país que está corrente abaixo. Há pelo menos sete represas no Eufrates na Turquia e na Síria, segundo as autoridades de água iraquianas, e sem nenhum tratado ou acordo, o governo iraquiano fica reduzido a implorar por água junto aos seus vizinhos.

Em uma conferência em Bagdá -na qual os participantes beberam água engarrafada da Arábia Saudita, um país com uma fração da água doce do Iraque- as autoridades falavam em desastre.

“Nós temos uma sede real no Iraque”, disse Ali Baban, o ministro do Planejamento. “Nossa agricultura vai morrer, nossas cidades vão definhar e nenhum Estado pode ficar quieto em uma situação dessas.”

Recentemente, o ministério da água anunciou que a Turquia dobrou o fluxo de água para o Eufrates, salvando o período de plantio de arroz em algumas áreas.

A medida aumentou o fluxo de água em cerca de 60% de sua média, apenas o suficiente para atender metade das necessidades de irrigação para a estação de arroz. Apesar da Turquia ter concordado em manter o fluxo e até aumentá-lo, não há compromisso que exija que o país o faça.

Com o Eufrates exibindo poucos sinais de melhora da saúde, a amargura em torno da água do Iraque ameaça se transformar em fonte de tensão por meses, ou até mesmo anos, entre o Iraque e seus vizinhos. Muitas autoridades americanas, turcas e até mesmo iraquianas, desdenhando as acusações como postura de ano eleitoral, disseram que o problema real está nas deploráveis políticas de gestão de águas do próprio Iraque.

“Costumava haver água por toda a parte”, disse Abduredha Joda, 40 anos, sentando em sua choupana de junco em um terreno seco e rochoso fora de Karbala. Joda, que descreve sua situação difícil com um sorriso cansado, cresceu perto de Basra, mas fugiu para Bagdá quando Saddam Hussein drenou os grandes pântanos do sul do Iraque em retaliação pelo levante xiita de 1991. Ele chegou a Karbala em 2004 para pescar e criar búfalos d’água nos ricos alagadiços que o lembravam de seu lar. “Neste ano é apenas um deserto”, ele disse.

Ao longo do rio, não há falta de ressentimento em relação aos turcos e sírios. Mas também há ressentimento contra os americanos, curdos, iranianos e o governo iraquiano, todos eles responsabilizados. A escassez transforma todos em inimigos.

As áreas sunitas rio acima parecem ter água suficiente, observou Joda, um comentário cheio de implicações.

As autoridades dizem que nada melhorará se o Iraque não tratar seriamente de suas próprias políticas de água e de sua história de má gestão de águas. Canais que vazam e práticas de irrigação perdulárias desperdiçam água, e a má drenagem deixa os campos tão salgados com a evaporação da água que mulheres e crianças escavam imensos montes brancos das piscinas de água de rolamento.

Em uma manhã escaldante em Diwaniya, Bashia Mohammed, 60 anos, trabalhava em uma piscina de drenagem ao lado da estrada colhendo sal, a única fonte de renda de sua família, agora que sua plantação de arroz secou. Mas a fazenda morta não era a crise real.

“Não há água do rio para bebermos”, ela disse, se referindo ao canal que flui do Eufrates. “Agora está totalmente seco e contém água de esgoto. Eles cavam poços, mas às vezes a água simplesmente é cortada e temos que beber do rio. Todos meus filhos estão doentes por causa da água.”

No sudeste, onde o Eufrates se aproxima do fim de sua jornada de 2.784 quilômetros e se mistura com as águas menos salgadas do Tigre antes de desaguar no Golfo Pérsico, a situação é grave. Os pântanos de lá, que foram intencionalmente reinundados em 2003, resgatando a cultura antiga dos árabes do pântano, estão secando novamente. Os carneiros pastam em terras no meio do rio.

Os produtores rurais, coletores de junco e criadores de búfalos continuam trabalhando, mas dizem que não poderão continuar se a água permanecer assim.

“O próximo inverno será a última chance”, disse Hashem Hilead Shehi, um agricultor de 73 anos que vive em uma aldeia seca a oeste dos pântanos. “Se não conseguirmos plantar, então todas as famílias terão que partir.”

Amir A. al-Obeidi, Mohammed Hussein e Abeer Mohammed contribuíram com reportagem.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Reportagem [Iraq Suffers as the Euphrates River Dwindles]do The New York Times, no UOL Notícias.

EcoDebate, 16/07/2009

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Meio Ambiente

Plástico de cana-de-açúcar comecará a ser produzido no Brasil

Lourenço Canuto - Agência Brasil - 23/04/2009Uma empresa brasileira vai produzir anualmente 200 mil toneladas de matéria-prima para a produção de plásticos a partir da cana-de-açúcar. Chamado de plástico verde, o material tem origem 100% renovável e contribui para absorver mais gás carbônico da atmosfera do que emite ao longo do seu ciclo de vida.
Plástico verde
A iniciativa é da empresa petroquímica Braskem que vai lançar ainda hoje (22) em Triunfo, no Rio Grande do Sul, a pedra fundamental do Projeto Verde da Braskem, planta industrial da fábrica cujas obras vão gerar 1.500 empregos.
A unidade deverá estar concluída no final do próximo ano e consumirá investimentos de R$ 500 milhões. Segundo o responsável pela comercialização de polímeros verdes da Braskem, Luiz Nitschke, essa será a primeira operação em escala comercial no mundo da produção de polietileno verde a partir de matéria-prima totalmente renovável.
Plástico alternativo
Nitschke informou que a produção será destinada ao mercado do produto alternativo, que consome em todo o mundo 70 milhões de toneladas de polietileno por ano. O consumo de plásticos provenientes de todas as origens chega a 200 milhões de toneladas ao ano, de acordo com ele.
Inicialmente será usada cana proveniente de São Paulo, mas o projeto vai estimular também a exploração da cultura no estado. O zoneamento agrícola da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul foi divulgado na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Polietileno verde
O polietileno verde vai ser produzido a partir de uma resina sintetizada do etanol e permitirá a fabricação de tanques de combustível para veículos, filmes para fraldas descartáveis, recipientes para iogurtes, leite, xampu, detergentes.
O polietileno é fornecido à indústria em forma de bolinhas que são então transformadas nas embalagens ou em peças para diversas finalidades, como para a indústria de brinquedos.
Nitschke afirma que usar álcool para produzir polietileno não vai provocar impacto na produção de açúcar ou de combustível, tendo em vista a potencialidade do Brasil nessa área. O país, conforme destacou o executivo, produz 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e praticamente metade vai para a industrialização do etanol e os 50% restante, para a produção do açúcar.
O polietileno verde substitui a matéria-prima proveniente de reservas fósseis oferecendo um produto de fonte renovável e que fixa o gás carbônico com a síntese da resina obtida para a produção do polietileno.

sábado, 26 de maio de 2012

MATA ATLANTICA

Continuação
Mico-Leão litoral do Paraná
Foto rara tirada a 500 metros de distância aproximadamente
É possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido catalogadas. Estima-se que 171 espécies de animais, sendo 88 de aves, endêmicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o relatório mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, entre essas espécies estão o muriqui, mico-leão-dourado, bugio,tatú,tamanduá, entre outros.

Recordes mundiais da Mata Atlântica

454 espécies de árvores por hectare – no Sul da Bahia.
Animais: aproximadamente 1.600.000 espécies, incluindo insetos
Mamíferos, aves, répteis e anfíbios: 1361 espécies, 567 endêmicas
2 % de todas as espécies do planeta somente para estes grupos de vertebrados

A preservação

Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo).
No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs (Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias.
Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o ecossistema mais extenso do estado.
A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a [[Zona Costeira]]. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida.
A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a politica de conservação e desenvolvimetnto sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.
Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossiê da Mata, por municípios do domínio original.

Unidades de Conservação (UC) da Mata Atlântica

No domínio da Mata Atlântica existem 131 UCs federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por 16 estados, com exceção de Goiás.
Entre elas destacamos:
  • Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, BA
  • Parque Marinho dos Abrolhos, federal, BA
  • Parque das Dunas, estadual, RN
  • Jericoacoara, federal, CE
  • Chapada do Araripe, PE, PI e CE
  • Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, ES
  • Santuário Caraça, privada, MG
  • Serra do Cipó, federal, MG
  • Serra da Bodoquena, federal, MS
  • Parque Iguaçu, federal, Vila Velha, PR
  • Ilha do Mel, estadual, PR
  • Parque Estadual do Rio Doce, estadual,MG
  • Parque Estadual dos Três Picos
  • Serra dos Órgãos e Parque da Tijuca, federais, e Barra da Tijuca, municipal, RJ
  • Serra Geral, estadual, RS
  • Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, Parque da Cantareira, Parque da Juréia e Ilha Anchieta, estaduais, SP
  • Serra da Bocaina, RJ e SP
  • Serra da Mantiqueira, RJ, MG e SP
  • Parque do Itatiaia, MG e RJ
  • Parque Municipal da Grota 1, Mirassol, SP
  • Parque Zoobotânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, PB
  • Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, PB
  • Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, PB

Importância econômica

Da população brasileira, 70% vive na área de domínio da Mata Atlântica, que mantém as nascentes e mananciais que abastecem as cidades e comunidades do interior, regula o clima (temperatura, umidade, chuvas) e abriga comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas.
Entre os povos indígenas que vivem no domínio da Mata Atlântica estão os Wassu, Pataxó, Tupiniquim, Gerén, Guarani, Krenak, Kaiowa, Nandeva, Terena, Kadiweu, Potiguara, Kaingang e Guarani M'Bya.
Entre os usos econômicos da mata estão as plantas medicinais (a maioria não estudadas), como espinheira-santa, caixeta, e o turismo ecológico.
Fonte: pt.wikipedia.org

domingo, 8 de abril de 2012

MATA ATLÂNTICA

                                                                        Paisagem da Mata Atlântica
Mata Atlântica é uma formação vegetal brasileira.
Acompanhava o litoral do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões meridional e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste chegava até Argentina e Paraguai. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores do planeta. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Foi a segunda maior floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil.
A área de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação vegetal) abrangia total ou parcialmente 17 estados:
  • Alagoas, cobria originalmente 52% da área do estado
  • Bahia, 31%
  • Ceará, 3%
  • Espírito Santo, 100%
  • Goiás, 3%
  • Mato Grosso do Sul, 14%
  • Minas Gerais, 45%
  • Paraíba, 12%
  • Paraná, 97%
  • Pernambuco, 18%
  • Piauí, 9%
  • Rio de Janeiro, 99%
  • Rio Grande do Norte, 6%
  • Rio Grande do Sul, 47%
  • Santa Catarina, 99%
  • São Paulo, 80%
  • Sergipe, 32%
A área original era 1.290.692,46 km², 15% do território brasileiro
Atualmente o remanescente é 95.000 km², 7,3% da área original.

Formações do Domínio da Mata Atlântica

Definidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992:
  • Floresta Ombrófila Densa
  • Floresta Ombrófila Mista
  • Floresta Ombrófila Aberta
  • Floresta Estacional Decidual
  • Floresta Estacional Semidecidual
  • Mangues
  • Restingas
  • Campos de Altitude
  • Brejos Interioranos
  • Encraves Florestais do Nordeste
A proteção do CONAMA se estende não só à mata primária, mas também aos estágios sucessionais em áreas degradadas que se encontram em recuperação. A mata secundária é protegida em seus estágios inicial, médio e avançado de regeneração.

O descobrimento e a exploração da Mata

Esta foto foi tirada um dia antes da terraplanagem de 8.000.000 de metros quadrados da Mata Atlântica no litoral sul do Estado de São Paulo divisa com Paraná em 1998, para construção de um grande condomínio de luxo. Logo em seguida ao descobrimento, praticamente toda a vegetação atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à destruição ecológica. Outras madeiras de valor também foram exauridas: tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.
Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas. A Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento do mito do paraíso terrestre, em obras como as de Tommaso Campanella e Bacon.
No nordeste brasileiro a extinção foi total, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo rural só comparados às regiões mais pobres do mundo. Nesta região, seguindo a derrubada da mata, vieram plantações de cana-de-açúcar; na região sul, foi a cultura do café a principal responsável pela destruição total da vegetação nativa, restando uma área muito pequena para a preservação de espécies; estas foram postas em risco pela poluição ambiental ocasionada pela emissão de agentes nocivos à sua sobrevivência.
Além da exploração de recursos florestais, houve um significativo comércio exportador de couros e peles de onça (que chegou ao preço de um boi), anta, cobras, capivara, cotia, lontra, jacaré, jaguatirica, paca, veado, e outros animais, de penas e plumas e carapaças de tartarugas.
Ao longo da história, personagens como José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha protestaram contra o modelo predatório de exploração.
Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de atitudes urgentes de órgãos mundiais de preservação ambiental às espécies que estão sendo eliminadas da natureza aceleradamente. Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas Serras do Mar e da Mantiqueira, de relevo acidentado.
Exemplos claros da destruição da mata são a Ilha Grande e Serra da Bocaina, e muitas regiões do Estado do Rio de Janeiro.
Entre 1990 e 1995, cerca de 500.317 ha foram desmatados. É a segunda floresta mais ameaçada de extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.
Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, sendo que existe a ameaça constante da poluição e da especulação imobiliária.

A Biodiversidade

Foto tirada na Estrada da Graciosa, Paraná
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das elevações do planalto e das serras. A biodiversidade da Mata Atlântica é maior mesmo que a da Amazônia. Há subdivisões da mata, devidas a variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e flora.
A exuberância da biodiversidade
A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Desta forma, há uma estratificação da vegetação, criando diferentes habitats nos quais a diversificada fauna vive. Conforme a abordagem, encontram-se de seis a onze estratos na Mata Atlântica, em camadas sobrepostas.
Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas (ocorrem apenas na Mata Atlântica). Das bromélias, 70% são endêmicas dessa formação vegetal, palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.
Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos, inclusive mais de 15% dos primatas, como o mico-leão-dourado. Das aves 160 espécies, e dos anfíbios 183, são endêmicas da Mata Atlântica.
Fonte: pt.wikipedia.org
CONTINUA.



 

domingo, 4 de março de 2012

FLORA

Flora:
Muitas espécies da flora da Mata Atlântica são endêmicas e ameaçadas de extinção.
Jequitibá Rosa - Parque Estadual do Vassununga - SP
Maior árvore viva da Mata Atlântica

Flora

O conjunto de fitofisionomias que forma a Mata Atlântica propiciou uma significativa diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico. É por este motivo que a Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos biomas mais ricos em termos de diversidade biológica do Planeta.

Não há dados precisos sobre a diversidade total de plantas da Mata Atlântica, contudo considerando-se apenas o grupo das angiospermas (vegetais que apresentam suas sementes protegidas dentro de frutos), acredita-se que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espécies, ou seja, de 22% a 24% do total que se estima existir no mundo. Desse total, as projeções são de que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies, ou seja, entre 33% e 36% das existentes no País. Para se ter uma idéia da grandeza desses números, basta compará-los às estimativas de diversidade de angiospermas de alguns continentes: 17.000 espécies na América do Norte, 12.500 na Europa e entre 40.000 e 45.000 na África.

Apenas em São Paulo, estado que possuía cerca de 80% de seu território originalmente ocupado por Mata Atlântica, estima-se existirem 9.000 espécies de fanerógamas (plantas com sementes, incluindo as gimnospermas e angiospermas), 16% do total existente no País e cerca de 3,6% do que se estima existir em todo o mundo. No caso das pteridófitas (plantas vasculares sem sementes como samambaias e avencas), as estimativas apontam para uma diversidade entre 800 e 950 espécies, que corresponde a 73% do que existe no Brasil e 8% do mundo.

O Museu de Biologia Mello Leitão publicou, em 1997, estudos desenvolvidos na Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade de São Paulo, dizendo que na Estação Biológica de Santa Luzia, município de Santa Teresa (ES), foram identificadas 443 espécies arbóreas em um área de 1,02 hectare de floresta ombrófila densa. Na seqüência, estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Conduru, no Sul da Bahia, elevaram esse número para 454 espécies de árvores por hectare (Jardim Botânico de Nova Iorque e CEPLAC). Estas descobertas superam o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia Peruana em 1986 e podem significar que de fato a Mata Atlântica possui a maior diversidade de árvores do mundo.

Vale ressaltar que das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlântica 50% são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar no planeta. O endemismo se acentua quando as espécies da flora são divididas em grupos, chegando a índices de 53,5% para árvores, 64% para palmeiras e 74,4% para bromélias.

Muitas dessas espécies endêmicas são frutas conhecidas, como é o caso da jabuticaba, que cresce grudada ao tronco e aos galhos da jabuticabeira (Myrciaria trunciflora), daí seu nome iapoti-kaba, que significa frutas em botão em tupi. Outras frutas típicas da Mata Atlântica são a goiaba, o araçá, a pitanga, o caju e as menos conhecidas cambuci, cambucá, cabeludinha e uvaia. Outra espécie endêmica do bioma é a erva mate, matéria-prima do chimarrão, bebida bastante popular na região Sul.

Muitas dessas espécies, porém, estão ameaçadas de extinção. Começando pelo pau-brasil, espécie cujo nome batizou o País, várias espécies foram consumidas à exaustão ou simplesmente eliminadas para limpar terreno para culturas e criação de gado. Atualmente, além do desmatamento, outros fatores concorrem para o desaparecimento de espécies vegetais, como o comércio ilegal. Um exemplo é o palmito juçara (Euterpe edulis), espécie típica da Mata Atlântica, cuja exploração intensa a partir da década de 1970 quase levou à extinção. Apesar da retirada sem a realização e aprovação de plano de manejo ser proibida por lei, a exploração clandestina continua forte no País. O mesmo vem acontecendo com o pinheiro-do-paraná ou araucária (Araucaria angustifolia), espécie que chegou a responder por mais de 40% das árvores existentes na floresta ombrófila mista, hoje reduzida a menos de 3% de sua área original. Orquídeas e bromélias também são extraídas para serem vendidas e utilizadas em decoração. Plantas medicinais são retiradas sem qualquer critério de garantia de sustentabilidade.

Em um bioma onde as espécies estão muito entrelaçadas em uma rede complexa de interdependência, o desaparecimento de uma planta ou animal compromete as condições de vida de várias outras espécies. Um exemplo é o jatobá (Hymenaea courbarail). A dispersão de suas sementes depende que seu fruto seja consumido por roedores médios e grandes capazes de romper a sua casca. Como as populações desses roedores estão diminuindo muito, os frutos apodrecem no chão sem permitir a germinação das sementes. Com isso, já são raros os indivíduos jovens da espécie. À medida em que os adultos forem morrendo, faltará alimentos para os morcegos, que se alimentam do néctar das flores de jatobá.
Fonte www.apremavi.org.br/mata-atlantica/entrando-na-mata/flora/

domingo, 22 de janeiro de 2012

FAUNA

O TRÁFICO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL
O Brasil, um país de extensão continental localizado na América do Sul, possui uma das mais ricas biodiversidades do planeta. Em seu território, é estimada a existência de 10% de todas as espécies existentes no globo, sendo que 60% dos anfíbios, 35% dos macacos e répteis e 10% das aves só ali são encontrados.
No país são encontrados cinco diferentes ecossistemas: amazônico (floresta amazônica), atlântico (Mata Atlântica e o sistema lagunar, restinga, e manguezal oceânicos), cerrado (Centro - Oeste), caatinga (Nordeste) e pantaneiro (Sudoeste). Apesar das dificuldades impostas pela conjunta econômica internacional pouco favorável, o Brasil vem lutando para preservar o seu patrimônio. No entanto, em razão da perda dos habitats e a captura ilegal, o país apresenta 208 espécies ameaçadas de extinção.
Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), agência executora ambiental ligada ao Ministério do Meio Ambiente brasileiro, cabe entre outras missões, exercer o gerenciamento, controle, proteção e preservação das espécies silvestres tanto da fauna quanto da flora.
O Brasil é signatário da Convention on International Trade in Endangued Species of Wild Fauna and Flora - CITES. O tráfico é acompanhado e estudado sob duas óticas, ambas com características próprias: A ótica da vertente nacional que registra 28 rotas de uso onde os diferentes meios de transportes aquático, marítimo, rodoviário e aéreo são utilizados. A partir dos diferentes locais de captura, localizados particularmente nas regiões Norte e Nordeste do país, os animais são transportados de forma infame até o seu destino final, que são os grandes centros urbanos. Já a vertente internacional, com 13 rotas diferentes, tem por "base" importantes cidades brasileiras, particularmente Manaus, Belém, Itajaí, Florianópolis, Campo Grande, Rio de Janeiro e São Paulo e por destino final os grandes pólos compradores localizados em Miami/EUA, Bruxelas/Bélgica, Amsterdam/Holanda, Frankfurt/Alemanha e Singapura.
Na rota internacional, alguns países são identificados desempenhando o papel de "intermediários", ou seja, por onde os animais traficados permanecem pouco tempo aguardando o seu destino final. Os pontos "intermediários" estão localizados em cidades paraguaias e colombianas (na América do Sul), portuguesas, espanholas, russas e francesas (na Europa) e japonesas (Ásia).
As autoridades ambientais brasileiras têm enfrentado sérias dificuldades para exercer os controles do segmento aéreo internacional das rotas de tráfico. Essa dificuldade reside na complexidade e agilidade com que as operações aeroportuárias de embarque, desembarque se dão, particularmente nos grandes aeroportos.
No entanto, tem sido relativamente comum a ruptura dos trabalhos de fiscalização nos aeroportos internacionais. Isso se dá no momento em que o traficante logra êxito no desembaraço do animal (eles empregam várias formas para mascarar a natureza da carga) ou quando o mesmo já se encontra sob proteção das leis do território estrangeiro. Daí a necessidade de contar com instrumento operacional que permita prosseguir no trabalho de fiscalização.
Eventualmente, alguns resultados positivos têm sido colhidos com a participação de autoridades alfandegárias ou sanitárias estrangeiras, particularmente as dos países identificados como "intermediários". Essa participação está relacionada com medidas que frustram o tráfico e fazem retornar ao país de origem os animais apreendidos. No entanto, tem sido relativamente comum a ruptura dos trabalhos de fiscalização nos aeroportos internacionais. Isso se dá no momento em que o traficante logra êxito no desembaraço do animal (eles empregam várias formas para mascarar a natureza da carga) ou quando o mesmo já se encontra sob proteção das leis do território estrangeiro. Daí a necessidade de contar com instrumento operacional que permita prosseguir no trabalho de fiscalização.
Eventualmente, alguns resultados positivos têm sido colhidos com a participação de autoridades alfandegárias ou sanitárias estrangeiras, particularmente as dos países identificados como "intermediários". Essa participação está relacionada com medidas que frustram o tráfico e fazem retornar ao país de origem os animais apreendidos. Como mais uma medida de auxílio nos controles, o IBAMA está concluindo trabalho de elaboração de um CD ROM, a ser brevemente distribuído para todos os postos de fiscalização espalhados no país, inclusive aeroportos. Esse CD ROM permite à autoridade fiscalizadora, a partir de conhecimento bem geral sobre a fauna, identificar as espécies apreendidas, locais de origem, hábitos alimentares e situação legal entre outros. Dessa forma, pretende-se contornar a natural dificuldade apresentada pela maioria das autoridades fiscalizadoras na identificação do animal apreendido.
Recentemente, foi editado um pôster em três idiomas (português, espanhol e inglês), a ser afixado nos portos, aeroportos, rodoviárias, ferroviárias e outros locais de intenso movimento humano, informando sobre a ilegalidade da compra, comercialização e transportes desautorizados de animais silvestres.
Além de tucanos, araras, papagaios e peixes ornamentais, outros animais ocupam extensa lista de espécies exploradas pelo tráfico: são os macacos, sapos e cobras traficados principalmente com o propósito de compor pesquisa na área biomédica. Os peixes ornamentais, pássaros, besouros, borboletas e aranhas visam atender à grande demanda promovida por ávidos colecionadores.
O acompanhamento das atividades dos traficantes de animais selvagens, no Brasil, revela que esse tipo de atividade ilegal ocupa, em volume de recursos financeiros, a terceira colocação dentre os principais mercados ilegais perdendo apenas para o de armas e o das drogas. Dada a grandeza dos recursos ilegais movimentados a atividade apresenta as principais características de crime organizado.
O crime organizado como se sabe, revela aspectos de funcionamento que o distingue das demais ações ilegais. Evidentemente, além das medidas que visam burlar os controles oficiais, explora ao máximo o sigilo nas operações, seus membros tomam medidas especiais nas comunicações entre si, mantém um eficiente aparato de proteção jurídica, utiliza com desenvoltura as técnicas de recrutamento dirigidas contra os membros das agências de controles do Estado e, principalmente, métodos persuasivos que vão da propina até a eliminação física do desafeto. No entanto, a face mais complexa apresentada pelo tráfico ilegal de animais selvagens diz respeito à cooperação quase ingênua oferecida pela tradição do interior do Brasil de caça e captura dos animais selvagens. Como tem sido tradição o animal é caçado ou capturado vivo com o propósito de servir como reforço alimentar ou como mascote doméstica. No entanto, em função dos incentivos financeiros oferecidos pelo mercado ilegal, o destino do animal selvagem passou a ser, também, o de reforçar a renda familiar.
Quantitativamente, o maior número de participantes do tráfico no Brasil é encontrado na área de captura. São jovens e desempregados lavradores ou pescadores que se ligam aos caminhoneiros, motoristas de ônibus e outros que transitam normalmente entrem a zona rural e os médios e grandes centros urbanos. Nos centros urbanos, são encontrados os médios traficantes que desempenham o papel de "conector" com os grandes traficantes que atuam no mercado atacadista, voltado inclusive, para o tráfico internacional.
O processo é finalizado com o que se poderia denominar de "promotores". São os consumidores normalmente localizados nos criadores particulares, nos apostadores de "rinha", nos apreciadores de carnes "exóticas", em alguns zoológicos particulares e em empresas internacionais de produtos farmacêuticos.
O quadro econômico pouco favorável encontrado no Brasil tem contribuído de maneira significativa para o crescimento da captura de animais da natureza. Infelizmente, nas áreas de captura não existe quase atividade econômica produtiva. As atividades estão relacionadas com a agricultura de subsistência; coleta da borracha; derrubada ilegal de árvores para o mercado madeireiro, metalúrgico ou ceramista; mineração e pesca artesanal ou frentes emergenciais de trabalho instituídas pelo governo. Nessas áreas, a consciência predominante é a de que os recursos disponíveis na natureza são infinitos, capazes, portanto, de suportar qualquer grau de exploração.
Pelas razões acima, nas regiões Norte e Nordeste do país encontramos o maior número de pontos de captura e depósito do tráfico. As demais regiões ocupam, basicamente, o papel de comprador desse mercado organizado para saquear o patrimônio faunístico brasileiro.
Dessa forma, constata-se a concretização de um fato em que todos perdem: a ciência, que assiste impotente o desaparecimento contínuo de espécies que não foi possível conhecer; o Estado, que não vem conseguindo oferecer resultados positivos na proteção das espécies e, finalmente o povo, que alheio ao verdadeiro drama, tem o seu patrimônio dilapidado. Os únicos que auferem benefícios são os grandes traficantes e os ricos colecionadores de espécimes.
Apesar de não se conhecer dados mais atualizados a respeito das cifras movimentadas pelo tráfico ilegal de animais selvagens, estimativas bem realistas indicam que essas quantias devem girar em torno de um bilhão de dólares americanos movimentadas a cada ano, sem deixar um só tostão aos cofres públicos.
Em que pesem as diferentes e maciças campanhas de educação ambiental que buscam esclarecer às comunidades sobre a importância da proteção e preservação dos animais silvestres, promovidas particularmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e entidades organizadas da sociedade civil, os resultados indicam que não houve mudança significativa no comportamento da maioria das comunidades brasileiras que pressionadas pelo fator econômico desfavorável, baixa escolaridade e tradição insistem em encarar com naturalidade o processo predatório em andamento. Fato largamente explorado pelos traficantes.
A caça antes praticada como complemento alimentar da família passou a representar o primeiro elo na cadeia comercial instalada com o propósito de suprir o recente mercado criado para atender aos apreciadores de carnes “exóticas”, mormente situados nos grandes centros urbanos.
O IBAMA ciente das dificuldades econômicas enfrentadas pela maioria das comunidades do interior passou a credenciar, criadores particulares de animais silvestres, como forma de diminuir a pressão sobre as espécies. No país são encontrados os criadores comerciais, científicos e os conservacionistas. Essa medida parece que vem dando resultados, uma vez que espécies anteriormente identificadas como sob forte pressão passaram a recuperar o número de indivíduos em suas populações. Foi o caso do jacaré, capivara e do mico-leão-dourado, entre outros. Outras espécies estão em franca recuperação, mas ainda é cedo para registrar o sucesso.
No caso do tráfico ilegal de animais silvestres vê-se como importante à participação mais efetiva das autoridades estrangeiras, particularmente daquelas cujos países são "consumidores". Esperamos que o exemplo da França seja seguido pelos demais países do planeta.
Apesar dos investimentos e empenho de todos aqueles que se preocupam com os efeitos danosos provocado por esse fenômeno, certos é que o patrimônio faunístico brasileiro como os demais de outras partes do mundo permanece sob violenta pressão que poderá ocasionar, em curtíssimo prazo de tempo, o enriquecimento de alguns poucos e o desaparecimento definitivo na natureza de valiosas espécies. A permanecer esse quadro, em breve só o registro visual restará para indicar a passagem histórica de um determinada espécie na natureza deixando a imagem de que o homem foi incapaz de distinguir na maravilhosa natureza o seu maior bem. Ele preferiu a omissão.
José Carlos Lopes é biólogo e consultor do Ibama.
Fonte: (Assessoria de Comunicação do Ibama) www.ibama.gov.br
“Biodiversidade ou diversidade biológica vem a ser a variedade de seres que compõem a vida na Terra. Preservar a biodiversidade significa reconhecer, inventariar e manter o leque dessas diferenças. Nesse sentido, quanto mais diferenças existirem, maiores serão as possibilidades de vida e de adaptação às mudanças. Quando a variedade de espécies em um ecossistema muda, a sua capacidade em absorver a poluição, manter a fertilidade do solo, purificar a água também é alterada. A ciência não conhece nem 10% da biodiversidade do Planeta e grande parte desse tesouro já se perdeu. Por isso é urgente conhecer e conservar aquilo que pode no futuro significar novas possibilidades em alimentação e cura de doenças. Os países tropicais, como é o caso do Brasil, apresentam maior variedade em espécies, podendo funcionar como verdadeiros bancos, dos quais a humanidade poderá sacar meios de sobrevivência”.  
Fonte SOS Fauna,

Para o animal

Seu cachorro não pode ser solto. Não existe mais lugar para o Canis familiaris (espécie do cão) no mundo natural. Mas os animais do tráfico ainda possuem populações que vivem em liberdade e, ainda possuem ambientes nos quais podem viver. Para que sujeitá-los a uma vida em cativeiro?
Qualquer pessoa que possua um cão sabe da alegria que o mesmo expressa ao saber que vai sair para passear. Um animal com milhares de anos de domesticação ainda se sente mais contente livre que dentro de um apartamento ou em uma casa. E um pássaro? Que embora possa voar, será condenado a passar toda sua vida em uma gaiola? Papagaios acorrentados e araras com as asas cortadas serão esta a melhor vida para eles? Entretanto, o cativeiro não é a única tortura a que são submetidos os animais do tráfico, é simplesmente a última e perpétua pena. Durante a captura os mesmos são feridos, mutilados, além e transportados sem espaço, água ou comida o que culmina na morte de muitos durante o caminho.
A sua simples captura também pode resultar em muito sofrimento. O alçapão armado, a captura, o animal de debate, se joga contra as grades da gaiola, em vão. Ele não mais escapará, não mais será livre. Doravante, a prisão... a gaiola será sua moradia. O vôo será trocado por monótonos pulos de um poleiro a outro, dia a dia - toda a vida. Entretanto, não somente o animal capturado sofrerá; seu filhote continuará no ninho, piando... Chamando esperando, pelo pai, pela mãe, pelo alimento que não mais virá.

.http://www.ibama.gov.br/fauna/trafico/procedimentos.htm ultimo acesso 06/12/2011

Os animais silvestres estão tutelados pela proteção constitucional genérica, e pelas normas infraconstitucionais, ou seja, estão sob o amparo específico da Lei 5.197/67, que proíbe a utilização, perseguição, destruições, caça ou apanha desses animais, assim como estende a proteção aos seus ninhos, abrigos e criadouros naturais. Ademais, constitui crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes das faunas silvestres, nativas ou em rota migratória, sem a devida licença ou autorização, nos termos da Lei 9.605/98.
E de acordo com a Lei 9.605/98 no seu art. 29, §3º:  “são espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras”.