segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Água potável traz esperança a refugiados sul-sudaneses e anfitriões em Uganda.

Quando a sul-sudanesa Asha Rose Sillah chegou a Uganda pela primeira vez como refugiada, havia tão pouca água que para saciar a sede ela tinha que recorrer a um pântano. Agora, graças a um novo projeto, sua família tem água potável em abundância — e excedente suficiente para regar as cebolas cultivadas para venda no mercado. Leia relato da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Richard Ochaya, do ACNUR, inspeciona painéis solares instalados para a instalação hidráulica no campo de refugiados de Bidibidi, em Uganda. Foto: ACNUR/Michele Sibiloni
Richard Ochaya, do ACNUR, inspeciona painéis solares instalados para a instalação hidráulica no campo de refugiados de Bidibidi, em Uganda. Foto: ACNUR/Michele Sibiloni
O oficial de Saúde, Água e Saneamento Richard Ochaya abre o estoque de água no projeto Obomiri para distribuição no campo de refugiados de Bidi Bidi usando bombeamento movido a energia solar. Foto: ACNUR/Michele Sibiloni
O oficial de Saúde, Água e Saneamento Richard Ochaya abre o estoque de água no projeto Obomiri para distribuição no campo de refugiados de Bidi Bidi usando bombeamento movido a energia solar. Foto: ACNUR/Michele Sibiloni

Quando a sul-sudanesa Asha Rose Sillah chegou a Uganda pela primeira vez como refugiada, havia tão pouca água que para saciar a sede ela tinha que recorrer a um pântano. Agora, graças a um novo projeto, sua família tem água potável em abundância — e excedente suficiente para regar as cebolas cultivadas para venda no mercado.
“Vou colher três ou quatro sacas (de cebola)”, disse. “Agora há mais água na comunidade, então temos tempo para fazer muitas coisas.”
Asha fugiu do Sudão do Sul em 2016, no auge de uma emergência que levou milhares de pessoas a atravessar a fronteira todos os dias, e chegou ao assentamento de refugiados de Bidibidi, em Uganda. A água era escassa na época, o que deixava a tarefa de cuidar de seus cinco filhos ainda mais difícil.
“Havia muitas doenças. Bebíamos qualquer água que encontrássemos ”, explica.
Caminhões entregavam água de uma fonte a 100 quilômetros de distância em estradas precárias e os refugiados tinham que ficar na fila por horas para encher o máximo de frascos que podiam carregar.
Agora, o máximo de água para uma pessoa é de 20 litros por dia. Há três anos, os refugiados de Bidibidi tinham acesso a apenas 2,3 litros por dia.
“De manhã até o meio-dia, os refugiados não podiam cozinhar, muitos nem sequer tinham água para beber ou tomar banho”, disse Richard Ochaya, associado sênior de Saúde, Água e Saneamento do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, em Bidibidi.
Felizmente, as coisas mudaram. Um poço alimentado por energia solar instalado pelo ACNUR com investimento de parceiros e do setor privado bombeia água para pontos próximos de quase 500 residências.
“Temos capacidade para bombear 85.000 litros de água por hora, mas estamos extraindo apenas 45.000 litros porque não queremos esgotar os aquíferos. Precisamos gerenciar o recurso e cuidar do meio ambiente”, disse Ochaya.
O plano é entregar a instalação ao governo de Uganda para aumentar o suprimento de água no distrito.
“No futuro, se as operações para atender refugiados não existirem mais, a comunidade anfitriã poderá cuidar de tais instalações e vê-las beneficiar as futuras gerações”, disse.
A falta de instalações adequadas de água, saneamento e higiene pode devastar a saúde e a sobrevivência dos refugiados nos campos, fora deles e em áreas urbanas.
O projeto em Yumbe é um exemplo de como o investimento inteligente pode ajudar refugiados e comunidades anfitriãs, fornecendo acesso imediato ao abastecimento de água.
Fonte: ONU

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Fumaça dos incêndios na Austrália chega ao Chile e à Argentina.

A fumaça dos incêndios que atingem a Austrália foi vista nesta segunda-feira (6) no Chile e na Argentina em uma nuvem que percorreu mais de 12 mil quilômetros até chegar à América do Sul.
Segundo o Departamento Meteorológico de Santiago, o material não oferece risco à saúde da população.
De acordo com Patricio Urra, responsável pelo serviço meteorológico do Chile, a nuvem está localizada a cerca de 6 mil quilômetros de altura e não há na região nenhum fenômeno climático que possa fazer com que ela se aproxime da superfície.
Em um primeiro momento, “o efeito pôde ser visto no sol, em tons de vermelho, causado por uma nuvem de fumaça originada dos incêndios”, explicou o especialista.
O material, vindo da Oceania, se deslocou por meio da alta atmosfera e há a possibilidade de ser novamente visto no Chile e na Argentina.
Da mesma forma, o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) mostrou imagens de satélite nas quais podem ser vistas a fumaça sendo transportadas pelos sistemas frontais que se deslocam do Oeste para o Leste.
Em sua conta oficial no Twitter, o SMN escreveu “Que consequências isso pode ter? Nenhuma muito relevante, apenas um entardecer e um sol um pouco mais vermelhos”.
AFP / John SAEKIIncêndios na Austrália
O Metsul prevê que o fenômeno possa chegar ao Brasil, mais precisamente ao Rio Grande do Sul.
Os incêndios que atingem a Austrália desde setembro já destruíram uma superfície equivalente à Irlanda, ou oito milhões de hectares, provocando 24 mortes.
Após um final de semana catastrófico, as equipes de bombeiros australianos, que contam com reforços dos Estados Unidos e do Canadá, aproveitaram algumas horas de chuva e uma diminuição nas temperaturas no local para avançar no controle dos focos dos incêndios.
Até o momento, o governo australiano disponibilizou reservistas do Exército para atuar nas áreas atingidas e anunciou fundos de US$ 1,4 bilhão (equivalente a R$ 5,68 bilhões) a serem usados ao longo de dois anos como auxílio aos danos provocados resultantes dos incêndios.
Fonte: AFP

Meu paraíso perdido australiano?

Em 30 de dezembro de 2019, eu me encontrava num vilarejo australiano ao sul da cidade de Batemans Bay, no estado de Nova Gales do Sul (NSW), comendo espaguete com a família, quando minha mãe ligou para dizer que um grande incêndio estava atravessando o Monte Clyde em nossa direção, e que as autoridades instavam os moradores a abandonarem a área, ou correriam o risco de ficar presos.
Foi uma sensação estranha pegar os nossos três filhos o mais rápido possível, colocar nossos pertences em bolsas e jogá-las no carro. Quais estradas ainda podiam estar abertas? Ao telefone com meu irmão em Camberra, checávamos constantemente os dados atuais sobre a localização dos incêndios. A estrada para o sul já estava fechada? Podíamos ir para o norte?
A rota sul para Camberra, através do Monte Brown, já havia fechada, um grande incêndio atravessava o parque nacional. Então fomos rumo ao Norte, dirigindo centenas de quilômetros extras através do Kangaroo Valley, chegando em casa às 13h30.
Tivemos sorte de escapar. No início da manhã seguinte, todas as estradas estavam fechadas e, à medida que o dia ia passando, o fogo atravessava Batemans Bay, atingindo vilarejos vizinhos. Lugares que visitei durante toda a minha vida não existiam mais.
Fomos poupados do terror de nos amontoar na praia com nossos filhos, segurando toalhas sobre a cabeça enquanto choviam brasas. Mas não fomos poupados do ar sufocante, classificado como danoso à saúde.
Karte Australien Batemans Bay EN
Nova normalidade?
Ao acordar em Camberra no dia de Ano Novo, tínhamos a pior qualidade do ar do planeta. Passamos os cinco dias seguintes sem deixar nosso apartamento. Aprendi muitas coisas novas, como não se deve ligar o ar condicionado quando há muita fumaça lá fora, porque ele a absorve.
Aprendi que aparentemente crianças menores de 14 anos não podem usar máscaras P2, que filtram partículas atmosféricas, pois há risco de asfixia; que ir para o exterior nesse nível de fumaça faz os olhos arderem em apenas um minuto. Aprendi também que é bastante triste ficar presa dentro de casa, respirando o mesmo ar reciclado por dias a fio e suportando o dia mais quente já registrado, quando Camberra atingiu 44ºC em 4 de janeiro.
Nosso apartamento esquentou como uma sauna, e não havia como abrir uma janela ou ligar o ar condicionado. Pior ainda, não havia outro lugar para ir. A situação nos prédios públicos era pior do que em casa. Com fumaça em todos os lugares, podia-se muito bem estar lá fora.
Em 5 de janeiro, depois que minha filha passou a maior parte da noite acordada, vomitando devido à inalação de fumaça, deixamos nosso apartamento pela segunda vez. A alto preço, compramos passagens para Adelaide, no meio do continente, para ficar com os familiares que lá moram. Sair do aeroporto de Adelaide era como voltar à vida normal, com coisas que podem parecer óbvias, como ar respirável. Minha cunhada brincou, dizendo que havíamos nos tornado refugiados do clima. Mas não foi tão engraçado.
Adeus, florestas
Somos lembrados regularmente de que a crise está longe de terminar. Voarei de volta para Camberra em uma semana, mas ainda há 130 incêndios em NSW. Prevê-se que vários grandes incêndios na fronteira dos estados Vitória-NSW se juntarão, formando um megaincêndio.
E quando ele for finalmente debelado, ou quando não houver mais nada para queimar, o que vai ser então? Os cientistas climáticos vêm há anos dizendo que as estações de incêndio na Austrália se tornariam mais longas e mortais. Então agora eles podem dizer que estavam certos.
Não deixa de ser uma espécie de terrível ironia o fato de o país com um dos piores registros em termos de medidas climáticas se tornar o exemplo do que as mudanças climáticas vão trazer.
Mas se alguma coisa era capaz de tirar os australianos de sua autocomplacência, então será esse evento. Meu irmão observou que não são apenas os verdes esquerdistas que estão falando sobre o aquecimento global agora. Até gente “normal” discute a respeito. Talvez seja esse o lado positivo disso tudo. Se motivar a Austrália ou qualquer outro país a melhorar sua política de combate à mudança climática, então já serviu para alguma coisa.
Enquanto isso, nossas belas e antigas florestas estão se transformando em cinzas, nossos animais únicos e preciosos estão sendo queimados vivos. Para quem nunca esteve na Austrália, esse era um lugar bonito, com imponentes florestas de eucalipto no litoral leste. Você teria adorado.
Fonte: Deutsche Welle

Cientistas criam sistema que recicla 90% do CO2 produzido por caminhões.

Uma equipe de pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausana, na Suíça, desenvolveu um sistema que transforma até 90% do dióxido de carbono produzido por caminhões e ônibus em líquido. A substância pode ser reciclada, passando por processos que a torna em combustível novo.
Segundo os pesquisadores, o processo todo ocorre em uma cápsula que pede 2 m x 0,9 m x 1,2 m e é colocada acima da cabine do motorista. “O peso do tanque é de apenas 7% da carga útil do veículo”, disse François Maréchal, membro do estudo, em comunicado. “O processo em si usa pouca energia, porque todas as suas etapas foram otimizadas.”
Os especialistas explicam que o gás é capturado diretamente do tubo de escape do veículo e é resfriado, o que permite a separação da água das outras substâncias emitidas pela queima do combustível. Então, o CO2 é isolado dos outros gases (nitrogênio e oxigênio) com um sistema projetado para absorver apenas dióxido de carbono. O material, então, é processado e transformado em líquido.
Depois disso, o CO2 é armazenado em um outro tanque e pode ser convertido novamente em combustível para veículos. De acordo com os cálculos da equipe, a queima de 1 kg do produto convencional produzido por um caminhão, por exemplo, pode produzir até 3 kg de combustível novo a partir do CO2 reciclado no processo.
A equipe pretende continuar estudando o tema, mas, enquanto isso, os especialistas acreditam que os 10% restantes de CO2 que não são reciclados podem ser compensados de outra forma, como com a utilização de biomassa para sua absorção, por exemplo.
Fonte: Revista Galileu

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Antes vista como ‘milagrosa’, planta invasora e perigosa se espalha por Fernando de Noronha.

A leucena (Leucena leucocephala) já foi considerada uma “árvore milagrosa” por crescer rapidamente mesmo em áreas degradadas, de clima seco e solo pobre.
À medida que foi introduzida em diferentes regiões, porém, o que era seu grande trunfo acabou se tornando um grande problema, e sua propagação passou a colocar em risco espécies nativas.
Esse arbusto originário do México e do norte da América Central hoje está entre as 100 piores espécies invasoras do mundo, causando estragos especialmente em ilhas e arquipélagos.
O rastro de perda de biodiversidade aparece no Havaí, nas ilhas Galápagos, nas ilhas Fiji, na Indonésia e nas Filipinas e, mais recentemente, em Fernando de Noronha.
Com o objetivo de verificar o efeito da leucena na vegetação nativa no arquipélago brasileiro, a bióloga Thayná Jeremias Mello realizou uma pesquisa para seu mestrado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) em 178 pontos da região.
Os resultados são preocupantes.
“(A leucena) encontrou na ilha um ambiente propício para se desenvolver e hoje é a planta mais comum do local”, diz o também biólogo Alexandre Adalardo de Oliveira, do Departamento de Ecologia do IB-USP e orientador de Mello. “Nós a detectamos em 60% das áreas com vegetação da ilha.”
Ela é dominante em um quinto dos locais nos quais se estabeleceu. Mas não é só isso. “Onde ela ocorre, a riqueza de espécies nativas diminui muito, cerca de 70%”, diz Oliveira.
Segundo os pesquisadores, a leucena, conhecida também como linhaça em Fernando de Noronha, foi introduzida no arquipélago na década de 1940, para alimentar animais e produzir lenha.
Em artigo sobre o tema, Mello, que é analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), explica que, na época da introdução da leucena no arquipélago, o cultivo da planta “era estimulado em todo o mundo, por crescer rápido até em áreas degradadas, ajudar a fertilizar o solo e ser tolerante à seca”.
O problema é que ela logo começou a se espalhar, mesmo para locais onde não havia sido cultivada. “Tentativas de controlá-la fracassavam: cortada, ela rebrotava vigorosamente. Antes ‘milagrosa’, a espécie entrou na lista das 100 piores invasoras do mundo. Hoje é reconhecida por sua agressividade e por causar perda de biodiversidade, com ameaça destacada às ilhas oceânicas.”
Segundo Oliveira, por serem remotos, esses ambientes costumam ter baixa biodiversidade. “Por isso, são considerados ambientes frágeis”, diz.
“As espécies que vivem (nessas ilhas remotas), por terem evoluído isoladas, interagiram com poucos organismos ao longo de sua história evolutiva. Por isso, não estão adaptadas a competir com outras por recursos e sofrem com a invasão.”
Mello afirma que invasões biológicas são atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo, ficando atrás apenas da destruição dos habitats.
“Certos ambientes são mais suscetíveis que outros à invasão, especialmente quando degradados”, diz. “É o caso das ilhas oceânicas, onde as invasões biológicas são a principal causa de perda de biodiversidade.”
O avanço da leucena em Fernando de Noronha não foi a única descoberta dos pesquisadores. Eles também realizaram experimentos a fim de entender como se dá a interação entre a invasora e as plantas nativas da região.
Para isso, observaram, em campo e em casa de vegetação, o efeito do contato da leucena e de uma espécie nativa, o feijão-bravo (Capparis flexuosa), em outra planta natural do local, o mulungu (Erythrina velutina) — uma das mais comuns nas florestas originais do arquipélago.
Os resultados mostram que o mulungu cresce junto com o feijão-bravo, mas a presença da leucena altera completamente os resultados.
“A leucena até melhora a germinação das sementes do mulungu, mas essa planta morre mais e cresce menos” em áreas invadidas, afirma Oliveira. “Em contrapartida, o feijão-bravo parece não ser afetado pela espécie exótica.”
Quando a interação se dá entre as três plantas, o resultado é ainda pior para o mulungu, que morre mais e cresce menos do que em ambientes em que havia só a invasora.
“Notamos que a espécie exótica aumenta a taxa de mortalidade do mulungu em quatro vezes, enquanto a presença dela associada ao feijão-bravo aumenta mais de sete vezes esse índice”, afirma Oliveira.
Ou seja, “uma espécie nativa (feijão-bravo) que não tem efeito sobre outra (mulungu) passa a ter um efeito fortemente negativo quando da presença da invasora (leucena)”, diz.
Os estudos de Thayná Mello para seu mestrado foram realizados entre 2012 e 2014, mas ela ainda pesquisa o tema. “A ocupação por leucena continua aumentando em Fernando de Noronha”, diz à BBC News Brasil.
Seus levantamentos nos últimos anos, que incluem a observação de outras 12 espécies de plantas exóticas, foram reunidos no Plano de Ação para Manejo de Flora Exótica Invasora do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, que está em fase inicial de implementação.
Fonte: BBC

A floresta mais antiga do mundo tem raízes de árvores de 385 milhões de anos.

Um novo estudo da Universidade de Cardiff (Reino Unido) descobriu a floresta mais antiga do mundo: com 385 milhões de anos, suas árvores podem ser a chave para os cientistas entenderem como os preciosos sistemas de raízes modernos surgiram.

Raízes

As raízes são uma parte vital para a sobrevivência da planta, uma vez que maximizam a capacidade fisiológica das árvores.
Segundo o paleobotânico Christopher Berry, um dos autores do novo estudo, “um sistema de enraizamento eficiente é a chave para uma árvore de sucesso”.
Mas como as raízes modernas evoluíram? E como se pareciam antes?
A floresta de milhões de anos de Cairo, no estado de Nova York, nos EUA, pode ter a resposta.
O local paleozoico antecede o surgimento de plantas produtoras de sementes, um grupo que inclui quase todas as árvores vivas. Também abriga os remanescentes de intrincados sistemas de raízes que têm uma estranha semelhança com os que existem hoje em dia.

Análise

Uma análise de sistemas de raízes fossilizados descobertos na floresta de Cairo parece indicar que as árvores encontraram sua estratégia de enraizamento ideal há muito tempo – e a têm mantido desde então.
Os fósseis exibem raízes eram robustas, ramificadas e intrincadas, “surpreendentemente modernas, essencialmente o que você veria no seu quintal agora”, conforme explica o principal autor do estudo, William Stein, paleobotânico da Universidade de Binghamton (EUA).
Tais raízes fossilizadas pertenciam ao gênero Archaeopteris, um que provavelmente levou à primeira “árvore moderna”.
Como os carvalhos e bordos de hoje, os Archaeopteris de ontem tinham folhas verdes ideais para absorver a luz solar e troncos grossos que ajudavam a planta a crescer. A terceira característica contemporânea de ouro é o sistema de raízes.
“Muitos desses recursos sinalizam uma taxa metabólica mais alta. E eles aparecem em Archaeopteris todos juntos, quase como um milagre”, disse Stein.

Bem melhor

A presença de uma árvore como Archaeopteris em Cairo foi uma surpresa para a equipe.
A apenas 40 quilômetros de distância, em Gilboa, a segunda floresta mais antiga conhecida é preenchida com uma planta do gênero Eospermatopteris, com folhas semelhantes a samambaias modernas, e troncos ocos e esponjosos.
As Eospermatopteris também aparecem em Cairo, sugerindo que eram uma planta comum na época. No entanto, suas bases eram cercadas por raízes rasas e finas que provavelmente viviam apenas um ano ou dois antes de serem substituídas. Ou seja, nada como a robusta rede de apoio das Archaeopteris.

Paisagem terrestre

Os pesquisadores não sabem o que levou as Archaeopteris a desenvolver esse conjunto de características importantes, mas creem que essa evolução iniciou uma mudança dramática no planeta milhões de anos atrás.
Coletivamente, florestas como essa devem ter remodelado toda a Terra: seus troncos lenhosos absorviam carbono do ar, antes de morrer e depositar moléculas no subsolo para fertilizar nova vida; suas folhas sombreavam o solo, protegendo animais dos raios implacáveis ​​do sol; e suas raízes lutavam contra a terra, alterando sua química e lançando ácido carbônico em direção ao mar.
Drenada de dióxido de carbono, a atmosfera provavelmente esfriou muito, ajudando o planeta a entrar em um período prolongado de glaciação. Nesse momento, outras espécies surgiram e se diversificaram. “A chegada dessas florestas foi a criação do mundo moderno”, afirmou Berry.

Mudança climática

Enquanto a nova pesquisa é muito interessante, também lança uma perspectiva preocupante na mudança climática que estamos vivendo hoje.
Em todo o mundo, as florestas estão sendo cortadas, de forma que o oposto do que aconteceu no Devoniano está ocorrendo agora.
A lição é clara: mudanças radicais começam e terminam com as árvores, e é por isso que precisamos salvá-las.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Current Biology. [SmithsonianMag]
Fonte: Hypescience

Como sobreviver quando a chuva e as florestas estão diminuindo?

“Este ano, vimos a pior seca de todos os tempos”, diz a zambiana Julliette Machona, de 35 anos. “Normalmente, os rios secam nesta parte sul da Zâmbia em julho, mas este ano eles já estavam vazios em maio. A pouca água que nos resta é suficiente para as pessoas e o gado. Não temos água para cultivar.”
Percebendo as dificuldades crescentes de ganhar a vida cultivando tomates e milho em uma região que já recebe menos chuva do que a média, ela reuniu um grupo de mulheres para tecer cestas e vassouras como meio de subsistência. O relato é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
“Este ano, vimos a pior seca de todos os tempos”, diz a zambiana Julliette Machona. “Normalmente, os rios secam nesta parte sul da Zâmbia em julho, mas este ano eles já estavam vazios em maio. A pouca água que nos resta é suficiente para as pessoas e o gado. Não temos água para cultivar.”
Machona tem 35 anos e quatro filhos. Quando ela terminou o ensino médio, seus pais não tinham condições de enviá-la para a universidade a um custo de cerca de 2 mil dólares por ano, principalmente porque o salário mínimo é de cerca de 100 dólares por mês.
Percebendo as dificuldades crescentes de ganhar a vida cultivando tomates e milho em uma região que já recebe menos chuva do que a média, ela reuniu um grupo de mulheres chamado Tubeleke, que significa “vamos trabalhar juntas”, para tecer cestas e vassouras.
O negócio não estava indo muito bem até 2015, quando a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) interveio para apoiar o Departamento Florestal da Zâmbia através do Forest and Farm Facility (FFF), uma parceria entre FAO, Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, União Internacional para a Conservação da Natureza e a aliança AgriCord.
O FFF é uma iniciativa para paisagens resilientes ao clima e meios de subsistência aprimorados, com foco no fortalecimento das organizações de produtores florestais e agrícolas.
“Ajudamos o grupo com vários treinamentos para desenvolver sua capacidade em áreas como desenvolvimento de negócios, boa governança, gerenciamento de recursos e aprimoramento na fabricação de cestas”, afirma Vincent Ziba, Facilitador Nacional do FFF.
“O apoio da parceria é complementar à implementação do REDD+. No caso do grupo de tecelagem de cestas, o vínculo com REDD+ é a abordagem de gerenciamento da paisagem através da colheita sustentável de materiais de cestas e envolvendo os produtores no gerenciamento de recursos. Isso levou ao desenvolvimento de uma renda sustentável e diversificada”.
REDD+ é um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados de redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal.
“Olhe para a minha casa de tijolos”, diz Machona. “Foi assim que as coisas mudaram para mim. Além disso, nossa associação agora tem 27 famílias que se beneficiam com a confecção de cestas e, como grupo, diversificamos nossa renda também através de outras atividades”.
Machona e seu grupo começaram a criar coelhos, porcos e ovelhas, uma ideia que veio da FFF e da FAO, que apoiaram viagens à Tanzânia e Benin, onde Juliette aprendeu sobre a criação de animais. Agora ela está produzindo ração para o cultivo de soja e de girassóis, especialmente de espécies que não precisam de muita água.
Uma cesta leva dois dias para ser feita: um dia para coletar o bambu e um dia para fazê-la. Elas podem vendê-la no mercado local por 3 dólares. Agora elas também estão tentando plantar bambu para colher os materiais da cesta de maneira sustentável.
“Para combater as mudanças climáticas, precisamos participar de atividades que não dependem muito de florestas ou chuva, e é nisso que estamos trabalhando todos os dias”, diz Machona.
Fonte: ONU