domingo, 22 de janeiro de 2012

FAUNA

O TRÁFICO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL
O Brasil, um país de extensão continental localizado na América do Sul, possui uma das mais ricas biodiversidades do planeta. Em seu território, é estimada a existência de 10% de todas as espécies existentes no globo, sendo que 60% dos anfíbios, 35% dos macacos e répteis e 10% das aves só ali são encontrados.
No país são encontrados cinco diferentes ecossistemas: amazônico (floresta amazônica), atlântico (Mata Atlântica e o sistema lagunar, restinga, e manguezal oceânicos), cerrado (Centro - Oeste), caatinga (Nordeste) e pantaneiro (Sudoeste). Apesar das dificuldades impostas pela conjunta econômica internacional pouco favorável, o Brasil vem lutando para preservar o seu patrimônio. No entanto, em razão da perda dos habitats e a captura ilegal, o país apresenta 208 espécies ameaçadas de extinção.
Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), agência executora ambiental ligada ao Ministério do Meio Ambiente brasileiro, cabe entre outras missões, exercer o gerenciamento, controle, proteção e preservação das espécies silvestres tanto da fauna quanto da flora.
O Brasil é signatário da Convention on International Trade in Endangued Species of Wild Fauna and Flora - CITES. O tráfico é acompanhado e estudado sob duas óticas, ambas com características próprias: A ótica da vertente nacional que registra 28 rotas de uso onde os diferentes meios de transportes aquático, marítimo, rodoviário e aéreo são utilizados. A partir dos diferentes locais de captura, localizados particularmente nas regiões Norte e Nordeste do país, os animais são transportados de forma infame até o seu destino final, que são os grandes centros urbanos. Já a vertente internacional, com 13 rotas diferentes, tem por "base" importantes cidades brasileiras, particularmente Manaus, Belém, Itajaí, Florianópolis, Campo Grande, Rio de Janeiro e São Paulo e por destino final os grandes pólos compradores localizados em Miami/EUA, Bruxelas/Bélgica, Amsterdam/Holanda, Frankfurt/Alemanha e Singapura.
Na rota internacional, alguns países são identificados desempenhando o papel de "intermediários", ou seja, por onde os animais traficados permanecem pouco tempo aguardando o seu destino final. Os pontos "intermediários" estão localizados em cidades paraguaias e colombianas (na América do Sul), portuguesas, espanholas, russas e francesas (na Europa) e japonesas (Ásia).
As autoridades ambientais brasileiras têm enfrentado sérias dificuldades para exercer os controles do segmento aéreo internacional das rotas de tráfico. Essa dificuldade reside na complexidade e agilidade com que as operações aeroportuárias de embarque, desembarque se dão, particularmente nos grandes aeroportos.
No entanto, tem sido relativamente comum a ruptura dos trabalhos de fiscalização nos aeroportos internacionais. Isso se dá no momento em que o traficante logra êxito no desembaraço do animal (eles empregam várias formas para mascarar a natureza da carga) ou quando o mesmo já se encontra sob proteção das leis do território estrangeiro. Daí a necessidade de contar com instrumento operacional que permita prosseguir no trabalho de fiscalização.
Eventualmente, alguns resultados positivos têm sido colhidos com a participação de autoridades alfandegárias ou sanitárias estrangeiras, particularmente as dos países identificados como "intermediários". Essa participação está relacionada com medidas que frustram o tráfico e fazem retornar ao país de origem os animais apreendidos. No entanto, tem sido relativamente comum a ruptura dos trabalhos de fiscalização nos aeroportos internacionais. Isso se dá no momento em que o traficante logra êxito no desembaraço do animal (eles empregam várias formas para mascarar a natureza da carga) ou quando o mesmo já se encontra sob proteção das leis do território estrangeiro. Daí a necessidade de contar com instrumento operacional que permita prosseguir no trabalho de fiscalização.
Eventualmente, alguns resultados positivos têm sido colhidos com a participação de autoridades alfandegárias ou sanitárias estrangeiras, particularmente as dos países identificados como "intermediários". Essa participação está relacionada com medidas que frustram o tráfico e fazem retornar ao país de origem os animais apreendidos. Como mais uma medida de auxílio nos controles, o IBAMA está concluindo trabalho de elaboração de um CD ROM, a ser brevemente distribuído para todos os postos de fiscalização espalhados no país, inclusive aeroportos. Esse CD ROM permite à autoridade fiscalizadora, a partir de conhecimento bem geral sobre a fauna, identificar as espécies apreendidas, locais de origem, hábitos alimentares e situação legal entre outros. Dessa forma, pretende-se contornar a natural dificuldade apresentada pela maioria das autoridades fiscalizadoras na identificação do animal apreendido.
Recentemente, foi editado um pôster em três idiomas (português, espanhol e inglês), a ser afixado nos portos, aeroportos, rodoviárias, ferroviárias e outros locais de intenso movimento humano, informando sobre a ilegalidade da compra, comercialização e transportes desautorizados de animais silvestres.
Além de tucanos, araras, papagaios e peixes ornamentais, outros animais ocupam extensa lista de espécies exploradas pelo tráfico: são os macacos, sapos e cobras traficados principalmente com o propósito de compor pesquisa na área biomédica. Os peixes ornamentais, pássaros, besouros, borboletas e aranhas visam atender à grande demanda promovida por ávidos colecionadores.
O acompanhamento das atividades dos traficantes de animais selvagens, no Brasil, revela que esse tipo de atividade ilegal ocupa, em volume de recursos financeiros, a terceira colocação dentre os principais mercados ilegais perdendo apenas para o de armas e o das drogas. Dada a grandeza dos recursos ilegais movimentados a atividade apresenta as principais características de crime organizado.
O crime organizado como se sabe, revela aspectos de funcionamento que o distingue das demais ações ilegais. Evidentemente, além das medidas que visam burlar os controles oficiais, explora ao máximo o sigilo nas operações, seus membros tomam medidas especiais nas comunicações entre si, mantém um eficiente aparato de proteção jurídica, utiliza com desenvoltura as técnicas de recrutamento dirigidas contra os membros das agências de controles do Estado e, principalmente, métodos persuasivos que vão da propina até a eliminação física do desafeto. No entanto, a face mais complexa apresentada pelo tráfico ilegal de animais selvagens diz respeito à cooperação quase ingênua oferecida pela tradição do interior do Brasil de caça e captura dos animais selvagens. Como tem sido tradição o animal é caçado ou capturado vivo com o propósito de servir como reforço alimentar ou como mascote doméstica. No entanto, em função dos incentivos financeiros oferecidos pelo mercado ilegal, o destino do animal selvagem passou a ser, também, o de reforçar a renda familiar.
Quantitativamente, o maior número de participantes do tráfico no Brasil é encontrado na área de captura. São jovens e desempregados lavradores ou pescadores que se ligam aos caminhoneiros, motoristas de ônibus e outros que transitam normalmente entrem a zona rural e os médios e grandes centros urbanos. Nos centros urbanos, são encontrados os médios traficantes que desempenham o papel de "conector" com os grandes traficantes que atuam no mercado atacadista, voltado inclusive, para o tráfico internacional.
O processo é finalizado com o que se poderia denominar de "promotores". São os consumidores normalmente localizados nos criadores particulares, nos apostadores de "rinha", nos apreciadores de carnes "exóticas", em alguns zoológicos particulares e em empresas internacionais de produtos farmacêuticos.
O quadro econômico pouco favorável encontrado no Brasil tem contribuído de maneira significativa para o crescimento da captura de animais da natureza. Infelizmente, nas áreas de captura não existe quase atividade econômica produtiva. As atividades estão relacionadas com a agricultura de subsistência; coleta da borracha; derrubada ilegal de árvores para o mercado madeireiro, metalúrgico ou ceramista; mineração e pesca artesanal ou frentes emergenciais de trabalho instituídas pelo governo. Nessas áreas, a consciência predominante é a de que os recursos disponíveis na natureza são infinitos, capazes, portanto, de suportar qualquer grau de exploração.
Pelas razões acima, nas regiões Norte e Nordeste do país encontramos o maior número de pontos de captura e depósito do tráfico. As demais regiões ocupam, basicamente, o papel de comprador desse mercado organizado para saquear o patrimônio faunístico brasileiro.
Dessa forma, constata-se a concretização de um fato em que todos perdem: a ciência, que assiste impotente o desaparecimento contínuo de espécies que não foi possível conhecer; o Estado, que não vem conseguindo oferecer resultados positivos na proteção das espécies e, finalmente o povo, que alheio ao verdadeiro drama, tem o seu patrimônio dilapidado. Os únicos que auferem benefícios são os grandes traficantes e os ricos colecionadores de espécimes.
Apesar de não se conhecer dados mais atualizados a respeito das cifras movimentadas pelo tráfico ilegal de animais selvagens, estimativas bem realistas indicam que essas quantias devem girar em torno de um bilhão de dólares americanos movimentadas a cada ano, sem deixar um só tostão aos cofres públicos.
Em que pesem as diferentes e maciças campanhas de educação ambiental que buscam esclarecer às comunidades sobre a importância da proteção e preservação dos animais silvestres, promovidas particularmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e entidades organizadas da sociedade civil, os resultados indicam que não houve mudança significativa no comportamento da maioria das comunidades brasileiras que pressionadas pelo fator econômico desfavorável, baixa escolaridade e tradição insistem em encarar com naturalidade o processo predatório em andamento. Fato largamente explorado pelos traficantes.
A caça antes praticada como complemento alimentar da família passou a representar o primeiro elo na cadeia comercial instalada com o propósito de suprir o recente mercado criado para atender aos apreciadores de carnes “exóticas”, mormente situados nos grandes centros urbanos.
O IBAMA ciente das dificuldades econômicas enfrentadas pela maioria das comunidades do interior passou a credenciar, criadores particulares de animais silvestres, como forma de diminuir a pressão sobre as espécies. No país são encontrados os criadores comerciais, científicos e os conservacionistas. Essa medida parece que vem dando resultados, uma vez que espécies anteriormente identificadas como sob forte pressão passaram a recuperar o número de indivíduos em suas populações. Foi o caso do jacaré, capivara e do mico-leão-dourado, entre outros. Outras espécies estão em franca recuperação, mas ainda é cedo para registrar o sucesso.
No caso do tráfico ilegal de animais silvestres vê-se como importante à participação mais efetiva das autoridades estrangeiras, particularmente daquelas cujos países são "consumidores". Esperamos que o exemplo da França seja seguido pelos demais países do planeta.
Apesar dos investimentos e empenho de todos aqueles que se preocupam com os efeitos danosos provocado por esse fenômeno, certos é que o patrimônio faunístico brasileiro como os demais de outras partes do mundo permanece sob violenta pressão que poderá ocasionar, em curtíssimo prazo de tempo, o enriquecimento de alguns poucos e o desaparecimento definitivo na natureza de valiosas espécies. A permanecer esse quadro, em breve só o registro visual restará para indicar a passagem histórica de um determinada espécie na natureza deixando a imagem de que o homem foi incapaz de distinguir na maravilhosa natureza o seu maior bem. Ele preferiu a omissão.
José Carlos Lopes é biólogo e consultor do Ibama.
Fonte: (Assessoria de Comunicação do Ibama) www.ibama.gov.br
“Biodiversidade ou diversidade biológica vem a ser a variedade de seres que compõem a vida na Terra. Preservar a biodiversidade significa reconhecer, inventariar e manter o leque dessas diferenças. Nesse sentido, quanto mais diferenças existirem, maiores serão as possibilidades de vida e de adaptação às mudanças. Quando a variedade de espécies em um ecossistema muda, a sua capacidade em absorver a poluição, manter a fertilidade do solo, purificar a água também é alterada. A ciência não conhece nem 10% da biodiversidade do Planeta e grande parte desse tesouro já se perdeu. Por isso é urgente conhecer e conservar aquilo que pode no futuro significar novas possibilidades em alimentação e cura de doenças. Os países tropicais, como é o caso do Brasil, apresentam maior variedade em espécies, podendo funcionar como verdadeiros bancos, dos quais a humanidade poderá sacar meios de sobrevivência”.  
Fonte SOS Fauna,

Para o animal

Seu cachorro não pode ser solto. Não existe mais lugar para o Canis familiaris (espécie do cão) no mundo natural. Mas os animais do tráfico ainda possuem populações que vivem em liberdade e, ainda possuem ambientes nos quais podem viver. Para que sujeitá-los a uma vida em cativeiro?
Qualquer pessoa que possua um cão sabe da alegria que o mesmo expressa ao saber que vai sair para passear. Um animal com milhares de anos de domesticação ainda se sente mais contente livre que dentro de um apartamento ou em uma casa. E um pássaro? Que embora possa voar, será condenado a passar toda sua vida em uma gaiola? Papagaios acorrentados e araras com as asas cortadas serão esta a melhor vida para eles? Entretanto, o cativeiro não é a única tortura a que são submetidos os animais do tráfico, é simplesmente a última e perpétua pena. Durante a captura os mesmos são feridos, mutilados, além e transportados sem espaço, água ou comida o que culmina na morte de muitos durante o caminho.
A sua simples captura também pode resultar em muito sofrimento. O alçapão armado, a captura, o animal de debate, se joga contra as grades da gaiola, em vão. Ele não mais escapará, não mais será livre. Doravante, a prisão... a gaiola será sua moradia. O vôo será trocado por monótonos pulos de um poleiro a outro, dia a dia - toda a vida. Entretanto, não somente o animal capturado sofrerá; seu filhote continuará no ninho, piando... Chamando esperando, pelo pai, pela mãe, pelo alimento que não mais virá.

.http://www.ibama.gov.br/fauna/trafico/procedimentos.htm ultimo acesso 06/12/2011

Os animais silvestres estão tutelados pela proteção constitucional genérica, e pelas normas infraconstitucionais, ou seja, estão sob o amparo específico da Lei 5.197/67, que proíbe a utilização, perseguição, destruições, caça ou apanha desses animais, assim como estende a proteção aos seus ninhos, abrigos e criadouros naturais. Ademais, constitui crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes das faunas silvestres, nativas ou em rota migratória, sem a devida licença ou autorização, nos termos da Lei 9.605/98.
E de acordo com a Lei 9.605/98 no seu art. 29, §3º:  “são espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras”.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

BIOPIRATARIA

Introdução
O conceito de biopirataria foi lançado em 1992, com a assinatura da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da Organização das Nações Unidas. Neste tratado, que circulou pela Rio-92, foi estabelecido que os países têm soberania sobre a biodiversidade de seus territórios.
A palavra se popularizou e espalhou-se como uma mensagem de alerta. sobre os perigos que passam o conhecimento tradicional das comunidades dos que vivem em áreas de rica biodiversidade e os recursos biológicos apropriados indevidamente e patenteados por empresas multinacionais e instituições cientificas. Tais comunidades, que geraram estes conhecimentos sobre o uso da biodiversidade ao longo dos séculos, são lesadas pela biopirataria porque não participam dos lucros produzidos com seus conhecimentos pelas multinacionais.

Estas empresas ou instituições passam a ter
controle exclusivo sobre o conhecimento e os recursos sem autorização desses grupos ou do país de onde foram extraídos. Apenas doze países em todo o mundo são considerados megabiodiversos, ou seja, possuem 70% de todas as espécies de vertebrados, insetos e plantas pesquisadas pelo mundo. Cinco deles estão na América Latina.

O
Brasil lidera o ranking dos megabiodiversos. Estima-se que seja o país que tem a maior biodiversidade do planeta com cerca de 150 mil espécies já pesquisadas e catalogadas ou 13% de todas as espécies de flora e fauna que existem no mundo. Ainda faltam identificar 90% deste potencial. A Amazônia abriga a maior parte desses recursos, com mais de duas mil e quinhentas espécies de árvores, liderando ainda o “ranking” de peixes de água doce do planeta, de acordo com pesquisa feita pela Universidade de Campinas (Unicamp), coordenada pelo ecologista Thomas Lewinsohn. O pesquisador estima um total de espécies entre 1,4 milhão e 2,4 milhões.

Mas a abundância de vida na Amazônia e no Brasil em geral é também um ponto vulnerável, porque a grande maioria dessas espécies ainda não foi reconhecida pelos pesquisadores locais. O que as torna presas fáceis para laboratórios, empresas e instituições de pesquisas internacionais virem, pesquisarem e se apropriarem deste conhecimento, por meio de patentes que são pedidas no mercado internacional. O fenômeno já aconteceu com várias espécies nativas e a única maneira de deter seu avanço é investir muito em pesquisa, catalogação de espécies e também em biotecnologia e no desenvolvimento de uma indústria farmacêutica brasileira forte, capaz de ser uma usina de patentes de drogas e princípios ativos tirados da mata e dos conhecimentos tradicionais de índios e outros povos da floresta. Só desta maneira será possível barrar os danos causados pela biopirataria ao Brasil.

Na
Comissão Parlamentar de Inquérito da Biopirataria, em 2003, foi feita uma estimativa de que o país perde por ano, mais de US$ 5,7 bilhões, com o tráfico ilegal de animais de sua fauna e de conhecimentos tradicionais e remédios das suas florestas. Cálculos feitos há três anos pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicavam que o Brasil já tinha um prejuízo diário da ordem de US$ 16 milhões por conta da biopirataria internacional, que leva as matérias-primas e produtos brasileiros para o exterior e os patenteia em seus países sedes. O que impede as empresas brasileiras de vendê-los lá fora e as obriga a pagar royalties para importá-los em forma de produtos acabados.

O
mercado mundial de medicamentos feitos de plantas alcança valores de US$ 400 bilhões por ano, sendo que 40% dos remédios vêm direta ou indiretamente de fontes naturais. Esta CPI também apurou que cerca de 20 mil extratos de plantas nativas indispensáveis à fabricação de remédios saem ilegalmente do Brasil por ano e que institutos estrangeiros de pesquisas, em parceria com organizações não-governamentais ambientalistas, colhem diariamente até 45 amostras sem qualquer controle ou autorização do governo brasileiro.
Na prática, não há como proibir que pessoas e empresas patenteiem recursos biológicos e conhecimentos tradicionais a respeito da fauna e da flora dos lugares. Mas existem normas que, regidas por leis internacionais, deveriam ser seguidas, como aquela estabelecida na CDB que orienta a repartição dos lucros gerados pela utilização de técnicas tradicionais e de recursos naturais por meio do pagamento de royalties às comunidades ou aos países de onde foram apropriados, o que na maioria das vezes não acontece.

História de biopirataria
A linha entre biopirataria e desenvolvimento de tecnologia é tênue. Mas o que caracteriza a biopirataria é a apropriação indébita. A legislação que existe hoje é muito burocrática, o que prejudica as atividades de pesquisa e acaba deixando-as sem a devida regulamentação. Mas o fato é que muitos historiadores datam a biopirataria no Brasil logo após a "descoberta" do país pelos portugueses, em 1500.
Os colonizadores tiraram vantagem da ingenuidade dos índios e descobriram como extrair o pigmento vermelho do Pau-Brasil (Caesalpinia echinata). A árvore quase sumiu das matas brasileiras. Chegou perto da extinção para ir tingir tecidos que embarcavam para a Europa e faziam fortunas de portugueses, que trocaram o conhecimento dos nativos por pequenos espelhos, facas e armas de fogo, em um tipo de relação comercial muito desigual chamada de escambo.

Outro caso de biopirataria que abalou fortemente o Brasil foi o contrabando de sementes da árvore de seringueira em 1876, pelo inglês Henry Wickham. Essas sementes foram levadas para a Malásia. Após algumas décadas, aquele país passou a ser o principal exportador de látex mundial.
O norte do Brasil tinha sua riqueza inteiramente produzida pela borracha extraída do látex. Com a ascensão da Malásia e outros países asiáticos, esta afluência acabou no País. Atualmente os países asiáticos Camboja, Indonésia, Malásia, Myanmar, Filipinas, Tailândia e Vietnã são os maiores produtores do mundo. A produção total de borracha natural no mundo em 2000 foi de 6,7 milhões de toneladas, das quais 4,8 milhões produzidas por aqueles países. Apenas 149 mil toneladas foram extraídas pela América Latina no mesmo ano.
Mas, a biopirataria é global. Commodities que têm a cara do Brasil e das quais o país é um dos maiores produtores mundiais, como o café e a soja, não são nativas. No século 17, os colonizadores portugueses trouxeram o café da Etiópia. Da China, em meados do século 20, foi trazida a soja. Itens importantíssimos para as exportações brasileiras hoje.
De qualquer modo, com a tentativa de mudar essa conduta e regularizar a situação, é importante perceber que o Brasil tem as quatro importantes biomas na rota da biopirataria, atualmente: Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga.
A biopirataria é facilitada por uma legislação que é excessivamente rígida, ou omissa, como é o caso da Medida Provisória (MP) 2.186, que regulamenta os pontos da Convenção sobre Diversidade Biológica e determina que o acesso aos recursos genéticos depende de autorização da União. Pela MP, os pesquisadores não podem coletar uma folha sequer, sem a autorização do poder público.

Esta MP foi editada depois da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre biopirataria ter sido concluída em 2003, sem determinar precisamente os culpados e o conceito de biopirataria. Por isto, a MP não determina que a exploração ilegal desses recursos é crime, nem estabelece penalidades para os infratores, que acabam sendo punidos, quando muito, como traficantes de animais.

Desde 2003, o Comitê de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), órgão do Ministério do Meio Ambiente criado pela MP para regular as pesquisas com a biodiversidade discute um projeto de lei definitivo sobre o assunto. A idéia é estabelecer regras para beneficiar as comunidades com o uso comercial de seus conhecimentos e definir a biopirataria como crime, impondo punições. Mas não existe uma agenda para a votação deste projeto de lei pelo Congresso Nacional.

Além da falta de uma legislação no Brasil, existe o conflito de regras internacional, com o tratado TRIPs de um lado, que prevalece sobre a CDB e propõe uma divisão mais justa dos lucros gerados com pesquisa genética. Este conflito de regulamentação, na prática, incentiva as empresas de países ricos a continuar com a biopirataria.
Curiosidades
·       No mercado mundial de medicamentos 30% dos remédios são de origem vegetal e 10% de origem animal;
·       Estima-se que 25 mil espécies de plantas sejam usadas para a produção de medicamentos;
·       A falta de fiscalização e controle das espécies nativas abre as portas para a biopirataria e dá ao Brasil um prejuízo diário de US$ 16 milhões;
·       O tráfico de animais silvestres movimenta aproximadamente 2 bilhões de dólares por ano no Brasil
Fonte: http://ambiente.hswuol.com.br/biopirataria6.htm

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PSA


Introdução

A natureza trabalha em silêncio e a maioria das pessoas sequer nota os serviços por ela prestados. Tais serviços, diga-se de passagem, são essenciais à vida na Terra e sua não-prestação coloca em risco de extinção toda a fauna e flora do planeta.
Como serviços ambientais, aqueles prestados silenciosamente pela natureza, entenda-se a regulação de gases (produção de oxigênio e seqüestro de carbono), belezas cênicas, conservação da biodiversidade, proteção de solos e regulação das funções hídricas, conforme o estudo Avaliação Ecossistêmica do Milênio, da
O problema é que os homens não deixam a natureza exercer seu papel. Muito pelo contrário, têm, há séculos, usado e abusado dos recursos naturais disponíveis no planeta, a ponto de levar muitos deles à escassez iminente. Estima-se, por exemplo, que até 2050 faltará água potável para metade da população mundial, se o ritmo de poluição de águas permanecer o mesmo do final do século 20.
Bastaria deixar a natureza trabalhar sozinha para que as condições básicas de desenvolvimento humano fossem garantidas. Esta questão, no entanto, é mais complexa do que aparenta ser: a preservação de florestas é vista como perda financeira em propriedades privadas. E o resultado desta equação é a desconfiguração de biomas inteiros.
­O "preço" da natureza

Se todos os serviços prestados pela natureza fossem contabilizados monetariamente, o valor da fatura seria algo em torno de US$ 60 trilhões, segundo um estudo publicado na revista Nature em 1997.


Organismos internacionais, governos de nações, empresas privadas, organizações não-governamentais e a própria academia têm se debruçado no desafio de promover o desenvolvimento sustentável. Da busca por alternativas de desenvolvimento surge o conceito de pagamento por serviços ambientais (PSA), que vem lapidando políticas públicas de conservação ambiental em diversas partes do mundo.
Mas o que é exatamente o PSA? Como se aplica? Quem aplica o novo conceito? Quais as suas contradições? Confira respostas a estas e outras perguntas nas próximas páginas deste artigo.
Conceito
A precificação de uma determinada porção de floresta sempre levou em consideração somente os produtos que, de lá, poderiam ser extraídos. Entravam nesta conta ganhos com venda de madeira, atividade agropecuária (exercida na área desflorestada) e, quando muito, comercialização de extratos e espécies exóticas.

Os serviços ambientais, embora essenciais, nunca foram incluídos nos cálculos. Isto porque nunca, na história da humanidade, chegou-se a um nível de
degradação ambiental tão significativo quanto aos dias de hoje, ou seja, os serviços prestados pela natureza nunca foram notados porque sempre estiveram lá.

O PSA corrige esta omissão e viabiliza a conservação de florestas enquanto opção econômica. A idéia básica é remunerar quem preserva (direta ou indiretamente) o meio ambiente, pagar uma determinada quantia de dinheiro a quem mantém árvores em pé.

Desta forma, o proprietário de uma fazenda com produção agropecuária poderia substituir sua atividade econômica pela prestação de serviços ambientais, bastando, para tanto, recuperar e conservar o ecossistema original da propriedade.
A conta é de quem?

­Uma das primeiras perguntas que vem à cabeça, quando o assunto é PSA, é quem vai pagar pelos serviços ecológicos? Afinal de contas, era um custo até então “inexistente”. Quem deve pagar por um determinado serviço é quem usufrui do mesmo, concorda? Trata-se, portanto, de um custo que deve ser assumido por toda a sociedade.



O custo deve ser assumido por toda a sociedade: este é o argumento utilizado pelos defensores do PSA para justificar sua adoção em políticas públicas e os investimentos em preservação da natureza. Mas qual é este custo?

Para que o PSA tenha sentido, evidentemente, a preservação do meio ambiente tem de ser mais lucrativa do que sua destruição. Ou seja, os ganhos auferidos pelo prestador de serviços ecológicos têm de ser mais significativos do que o o que seria potencialmente obtido com outras atividades econômicas. Esta equação, contudo, não é tão fácil de se resolver.
Vale destacar, neste sentido, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Woods Hole Research Center, entitulado "Três Estratégias Fundamentais para a Redução do Desmatamento", que sugere que boa parte (algo próximo a 70%) do desmatamento da Amazônia poderia ser contido a um custo de US$ 10 por tonelada de carbono. O cálculo conta, importante esclarecer, pressupõe um mercado de carbono no qual se obtém créditos com a redução do desmatamento, algo que não existe atualmente.
Conheça, na próxima página, algumas políticas públicas lastreadas em PSA em curso hoje.
Investindo em conservação
O mercado de créditos de carbono é, atualmente, o projeto de PSA mais difundido no mundo. Ele foi implementado pelo Protocolo de Kyoto e tem impactos diretos na mitigação do aquecimento global, o maior problema ambiental enfrentado pela sociedade nos dias de hoje.

Mas existem diversos outros projetos e políticas públicas de conservação embasados pelo PSA em curso no Brasil e no Mundo. Veja abaixo alguns deles.
Iniciativas de PSA no Brasil
·         Proambiente: o Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar (Proambiente), criado em 2000 pela sociedade civil e incorporado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2003, premia com um terço de salário mínimo agricultores e pecuaristas que incorporam práticas menos impactantes em sua produção, como, por exemplo, a não-utilização de agrotóxicos ou a implantação de sistemas agroflorestais (SAF’s);
·         ICMS ecológico: os Estados brasileiros repassam, por lei, 25% da arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS. Alguns municípios criaram regulamentações que permitem alocar 5% deste repasse em projetos de preservação ambiental;
·         Compensação ambiental: trata-se de uma “compensação” financeira aos impactos ambientais inevitáveis em empreendimentos - como, por exemplo, testes com químicos no mar para a perfuração de jazidas de petróleo -, paga aos Estados que, por sua vez, investem o dinheiro em projetos de preservação;
·         Reposição florestal: voltado para empreendimentos madeireiros, trata-se de um mecanismo de fomento ao reflorestamento de áreas, seja através do cumprimento de regras de manejo florestal (só é permitido cortar uma parcela de árvores, e não todas), ou do pagamento de uma taxa de reposição, que irá financiar o reflorestamento em outras áreas;
·         Isenção fiscal para RPPN’s: mecanismo que isenta do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR), proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s);
·         Em fase de implantação: existem outras políticas públicas de PSA ainda não implantadas, dependentes de aprovação ou regulamentação. É o caso, por exemplo, do imposto de renda (IR) ecológico, que propõe que um percentual do imposto devido pelos contribuintes possa ser investido em projetos ambientais.

Iniciativas de PSA em outros países
·         México: o governo federal mexicano premia financeiramente comunidades e donos de propriedades rurais que preservam suas florestas e áreas de mananciais;
·         Costa Rica: o governo da Costa Rica criou uma taxa, que incide sobre o consumo de água e gasolina do País, cuja arrecadação é revertida a a proprietários de florestas (cerca de US$ 80 por hectare/ano de mata preservada), os prestadores de serviços ambientais.

­Iniciativas privadas de PSA

Não só o governo e a sociedade civil, mas também empresas privadas têm investido em projetos de PSA.

É o caso da empresa Perrier-Vitel, fornecedora de água, que paga US$ 230 por hectare/ano para que proprietários de terras vizinhas às suas nescentes mantenham suas respectivas áreas protegidas com vegetação.

Na região de Itacaré, sul da Bahia, um grupo de hotéis destina recursos (algo em torno de um salário mínimo) aos proprietários de terras vizinhas a seus empreendimentos, para que a região permaneça preservada. Além de não desmatar, quem quiser receber o dinheiro precisa aderir a práticas agrícolas sustentáveis, como a
agricultura orgânica e os sistemas agroflorestais (SAF’s).

Ambiente

Pagamento por Serviços Ambientais - PSA

Preservar as florestas gera renda para proprietários rurais no Estado do Rio de Janeiro
Restaurar e conservar florestas agora vai render bons dividendos no Estado do Rio de Janeiro. O governador Sérgio Cabral assinou o Decreto 42.029, em 15/06/2011, que institui o mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no âmbito da gestão de recursos hídricos, estipulando “formas de retribuição, monetária ou não” a iniciativas prestadas por agricultores que favoreçam a conservação e a restauração de florestas. Mas informaçoes sobre este decreto no INEA.
 PROJETO DE LEI FEDERAL
Institui a Política Nacional dos Serviços Ambientais, o
Programa Federal de Pagamento por Serviços
Ambientais, estabelece formas de controle e
financiamento desse Programa, e dá outras providências.FONTES:
http://ambiente.hsw.uol.com.br/pagamento-servicos-ambientais.htm
http://www.ana.gov.br/produagua/ProjetoProdutorES/tabid/713/Default.aspx
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/03/03/materia.2009-03-03.7962026115/view
http://invertia.terra.com.br/sustentabilidade/interna/0,,OI3689584-EI10432,00.html
http://www.abril.com.br/noticias/
economia/pagamento-servicos-ambientais-542024.shtml
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/09/19/materia.2009-09-19.0881094754/view
http://www.ecodebate.com.br/2009/09/28/primeiras-iniciativas-de-pagamento-por-servicos-ambientais-saem-do-papel-em-diversas-regioes-do-pais/

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Reciclagem Caixa Longa Vida

1. APRESENTAÇÃO
                   
Atualmente, o lixo pode ser considerado um dos maiores problemas enfrentados pela população mundial. Assim, a medida para sanar os males do lixo como, por exemplo, a reciclagem, tem surgido por meio de diversos projetos e programas.
A reciclagem e uma forma muito atrativa de gerenciamento de resíduos, pois transforma o lixo em insumos, com diversas vantagens econômicas, sociais e ambientas. Inúmera experiência tem mostrado que a reciclagem pode contribuir para economia dos recursos naturais, alem de possibilitar melhoria no bem estar da comunidade.  A reciclagem de embalagens longa vida é o processo pelo qual são reintegrados à cadeia produtiva os materiais componentes deste tipo de embalagem.
O processo de reciclagem consiste de duas etapas independentes e sucessivas. A primeira delas é a reciclagem do papel e a seguinte a reciclagem do composto de polietileno e alumínio. O papel reciclado pode ser utilizado por exemplo para a produção de papelão ondulado, caixas, papel para tubetes. O composto de polietileno e alumínio pode ser utilizado para a fabricação de peças plásticas, placas, telhas ou, através da sua separação completa via o processo a plasma, para a produção de parafina e alumínio metálico. Placas e telhas recicladas a partir de embalagens longas vida já estão disponíveis no mercado.

1.1  PRINCIPIO FISICO
O alumínio tam a propriedade física de refletir mais de 95% do calor que chega através de radiações, e de emitir menos de dependendo do estado de polimento de sua superfície.  A embalagem longa vida é composta por três materiais: papel, polietileno e alumínio, nas proporções, em peso, de 75%, 20% e 5%, respectivamente. A embalagem longa vida é uma embalagem asséptica para o envase de alimentos permitindo sua melhor conservação. Esta embalagem é composta de seis camadas de três materiais: papel, responsável pela estrutura; polietileno de baixa densidade, responsável pela adesão e impermeabilidade entre as camadas; e alumínio, barreira contra luz e oxigênio.


1.2   FOTO DA CAIXA
1.1  RECICLAGEM
De acordo com NEVES (1999), a etapa primária da reciclagem é realizada em uma indústria papeleira, onde as embalagens são introduzidas em um hidrapulper para extração das fibras de papel, que fornecem alta qualidade aos insumos produzidos.
Após retirada das fibras de papel, restam ainda as camadas de polietileno e alumínio para serem processadas. Este material é matéria-prima para a etapa secundária da reciclagem, onde se faz o beneficiamento destas camadas.
De acordo com ZUBEN e NEVES (1999), uma alternativa para a etapa secundária da reciclagem das embalagens longa vida é a extrusão das camadas de polietileno / alumínio, que possibilita a produção de diversos materiais como brindes, coletores de lixo, base de vassouras, entre outros. Outra alternativa é a produção de placas e telhas, objetivo deste trabalho.

TELHAS, CASA
FORMA DE UTILIZAÇÃO:
Como subcoberturas, sob telhados, na forma de mantas feitas com as caixas abertas e coladas lado a lado.
Refletindo o calor e a luz solar incidente, na forma de persianas e cortinas. Em qualquer das formas utilizadas, o material das embalagens não é alterado. Trata-se de uma transformação do material atualmente destinado ao lixo, em material de construção, com uma utilização muito nobre. Portanto, é muito melhor do que uma reciclagem.
Caso de caixa não previamente limpa. O primeiro passo sempre é o de desarmar as caixas estiverem ainda no formato prismático original, de quando continham o leite. Para isto, destacam-se as 4 abas, duas superiores e duas inferiores, e então achatam-nas, para que fiquem planas.
Recomenda-se iniciar a abertura parcial das caixas, abrindo-se a parte superior e inferior, cortando as áreas de colagem superior e inferior, que têm cerca de oito (8) mm de largura, com tesoura grande ou preferencialmente com estilete, o que resulta em um corte absolutamente reto. Cerca de 5 a 10 caixas podem ser cortadas simultaneamente, se for usado um gabarito que garanta a uniformidade do corte. É importante que se objetive uma padronização, e que cada corte seja bem guiado. O objetivo deste procedimento é o de facilitar as etapas posteriores, que será a lavagem por imersão.

1.4.1       IMPORTANTE!


As caixas não previamente limpas que embalavam LEITE INTEGRAL são as mais difíceis de serem lavadas. A gordura do leite adere à superfície interna, sendo necessária uma atuação mais enérgica.
Recomenda-se que sejam lavadas em separado, aumentando o tempo de imersão, e se possível aquecendo a água de lavagem, ou deixando-se o tambor exposto ao sol. Em alguns casos, a acidez da gordura promove a separação do polietileno que cobre o alumínio.

As caixas podem ser inspecionadas ainda antes da lavagem final, para decidir sobre aumentar o tempo de imersão no detergente.
Em último caso, se houver ainda algum resto de gordura, o mesmo será facilmente removido com uma esponja molhada e com detergente de cozinha. De qualquer modo, não haverá mais mau cheiro nem bactérias, devido a ação do detergente e do desinfetante.

1.4.2 COLETA SELETIVA


Evitar transtornos nos lixões e aterro sanitário, Uma vez coletadas através de iniciativas de coleta seletiva estas embalagens pós-consumo são enfardadas e encaminhadas para uma indústria papeleira.
Beneficio ecologico reduçao de espaço e de volume nos lixões e aterros sanitários pelo fato de que a maior parte desta embalagem não é biodegradável, permanecendo muitos anos sob a terra.
Benéficos de economia de energia nos ambientem onde a tecnologia for aplicada, pela menor necessidade do uso de ar condicionado e de ventiladores.
Beneficio social, por criar atividades simples para qualquer idade, incentivar o trabalho manual nas escolas e o artesanato.

FOTOS DAS CAIXAS
                                             FOTOS ANNA ALMEIDA
2.CONCLUSÕES

Além disso, traz uma série de benefícios econômicos e sociais, relacionado ao menor custo de mercado e geração de empregos relacionados à coleta seletiva e ao processamento dos materiais, possibilitando o resgate da cidadania dos envolvidos e benefícios ambientais, pois incentiva a reciclagem das embalagens longa vida, proporcionando um melhor aproveitamento destes materiais, evitando disposição em lixões e aterros sanitários.
Outra preocupação constante e os desequilíbrios ecológicos, provocados pelos desmatamentos desordenados e que poluem as águas dos rios e etc. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente de tantas agressões, pode acabar por se transformar em local inabitável. Com a reciclagem muitos recursos naturais podem ser economizados.

3. Referências Bibliográficas

1. NEVES, F. L.; “Reciclagem de embalagens cartonadas Tetra Pak”. Revista ‘O Papel’ no 2, pág. 38-45, 1999

2. ZUBEN, F. von; NEVES, F. L; “Reciclagem do alumínio e do polietileno presentes nas Embalagens Cartonadas Tetra Pak”. In: Seminário Internacional de Reciclagem do Alumínio, São Paulo, 1999. anais. São Paulo: ABAL, 1999, pág. 96 – 109.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Cia Progresso Industrial do Brasil (fabrica Bangu)

Companhia Progresso Industrial do Brasil ( Fábrica Bangu)

Localizada no bairro de Bangu, zona oeste do Estado do Rio de Janeiro, teve o início de sua história no ano de 1673 quando o português Manuel Barcelos Domingues (um dos primeiros povoadores do Rio de Janeiro) construiu na antiga fazenda dos Jesuítas uma pequena capela e um engenho (Engenho da Serra) em sua fazenda, dando início à vida progressista de Bangu.
Proprietários de outros sítios, posseiros, escravos e homens livres, levavam a colheita de suas lavouras de cana de açúcar para a moagem no engenho. A pequena urbanização da região ocorreu no entorno das fazendas sempre ligado a construção de capelas e igrejas como ocorria no Brasil colônia.
Por volta de 1740 o Engenho da Serra mudou de dono e em 1743 o atual dono João Manuel de Melo é assassinado, por conflitos de interesses que existiam na época, já que o Engenho tinha sua produção bombando e superando outros engenhos que haviam surgido. No decorrer dos anos o Engenho passou por vários donos e uma delas foi dona Ana Francisca de Castro Moraes que o chamou de Fazenda Bangu e ficou conhecida como dona Ana Bangu.
A característica rural da região se mantém mesmo com o declínio das lavouras de cana de açúcar, pois surge logo após as lavouras de café (séc. XIX). Na metade do séc.com a crise do café e com a implantação do transporte ferroviário, as fazendas da região começam a serem desmembradas e o atual dono da Fazenda Bangu, o Barão de Itacuruçá, revende a fazenda para a Companhia Progresso Industrial do Brasil “conhecida como Fábrica Bangu”.
O atual bairro é então premiado com uma moderna fábrica têxtil equipada com tecnologia inglesa instalada nas terras do antigo engenho. Havia na região apenas uma rua a Estrada Real de Santa Cruz que havia sido aberta para a comunicação com as sesmarias dos Jesuítas. A escolha do bairro foi devido seus grandes mananciais de água (Rio da Prata e Guandu) indispensáveis ao seu funcionamento e sua construção foi a margem da estrada de ferro Central do Brasil.


































A Fábrica Bangu foi inaugurada em 8 de março de 1893, no estilo das fábricas inglesas com uma imensa chaminé que se tornou o símbolo da fábrica, anunciando um novo ciclo de progresso e o nascimento do bairro. A Fábrica construiu um novo engenho “ Engenho Santo Antonio” equipado que passou a produzir além de aguardente, farinha de trigo, de mandioca, de milho e polvilho. Descascava arroz e passou a produzir cachaça de melhor qualidade. Muito desses produtos eram doados aos operários da fábrica.
A Fábrica construiu barracas em uma praça para que as frutas, verduras e legumes que eram cultivados na região pudessem ser vendidos e uma parte também era doada aos operários. Constrói também duas represas e um reservatório com capacidade para 550 mil litros de água na região do Rio da Prata. Em 1908 conclui o sistema de captação de água do Rio da Prata e a instalação de uma Roda Pelton a ser acionada pela queda d’água do reservatório, gerando energia elétrica. Além da construção de uma linha férrea circular para que os trens pudessem retornar a partir da estação Bangu c/ passageiros e cargas à Central do Brasil.
Em 1916 a rede de esgotos nas casas dos operários começa a ser implantada e já em 1917 a Companhia Progresso entrega a prefeitura do Rio a região de Bangu que deixa de ser propriedade particular. A iluminação publica é inaugurada em 1933 e a Light passa a distribuir energia elétrica ao bairro
A pesar dos contra tempos como a gripe espanhola (1918 / 1918) e a segunda guerra mundial (1939 / 1945) a fábrica segue a todo vapor com alta qualidade em seus tecidos exportando para a Europa, América do Sul e África. Em 1990 a Fábrica Bangu é vendida e deixa sua marca incontestável pelo seu desenvolvimento totalmente sustentável (produção de energia elétrica à total urbanização, água, esgoto, pavimentação) assegurando sua autonomia e sobrevivência da região.
A Fábrica ficou fechada por muito tempo e em 2005 o BNDES financiou a construção de um moderno shopping nas antigas instalações da fábrica. Em 30 de outubro de 2007 foi inaugurado o Bangu Shopping para atender a demanda da população.


























Etnografia de um funeral
Nas vésperas de sua morte, Garrincha residia em uma casa alugada havia cinco anos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na Rua dosEstampadores, situada na antiga vila operária da Companhia Progresso Industrial, a fábrica têxtil de Bangu.
O fato de tratar-se de uma vila operária têxtil passou despercebido pela imprensa, que noticiou fartamente os acontecimentos de certa forma bizarros que se seguiram à morte daquele ex-jogador de futebol. Como por acaso, esse bairro assemelha-se bastante ao lugar mesmo onde ele nasceu e viveu até os seus anos de glória esportiva: a vila operária de Pau Grande, pertencente à fábrica de tecidos América Fabril e situada em uma localidade rural nas cercanias da cidade do Rio de Janeiro. Na impossibilidade em que estava Garrincha de voltar a seu bairro natal, o subúrbio de Bangu apresentava provavelmente características familiares suficientes para se constituir em um refúgio durante os anos de declínio do ex-jogador. A morte acabaria por levá-lo de volta a Pau Grande. Este aparente acaso chama, de fato, a atenção para o peso decisivo exercido pelas relações incrustadas em configurações sociais - como certas vilas operárias - sobre toda a vida de Garrincha, como veremos no decorrer deste trabalho.
Do domingo, 16, à quarta-feira, 19 de janeiro de 1983, ele não parou de beber nos bares das vizinhanças. Tinha então 49 anos: eram decorridos 30 anos desde sua entrada no futebol profissional, 20 anos desde o auge de sua notoriedade e dez anos desde sua tardia aposentadoria oficial. Quando ele finalmente voltou para casa, já passando mal, sua esposa - a terceira - pediu a ajuda de um de seus amigos, o ex-secretário particular de sua segunda mulher, a cantora Elza Soares. Este foi o único indício da presença desta mulher nos momentos finais do jogador. Ela teve, contudo, enorme importância em sua carreira profissional, após 1962. A primeira esposa, Nair, a antiga operária e colega de fábrica de Garrincha, já era falecida, mas sua família esteve muito presente no desenrolar do enterro, como de resto todos os moradores de Pau Grande.
Foi chamada uma ambulância do posto de saúde de Bangu, como já havia acontecido algumas outras vezes. Um tranqüilizante foi aplicado, e ele foi levado para o sanatório Dr. Eiras, no bairro de Botafogo, onde já havia sido admitido três vezes anteriormente. Essa rotina médica parece ter definitivamente transformado o célebre campeão em um pobre bêbado anônimo: ao invés de trazer seu verdadeiro nome, Manuel Francisco dos Santos, a ficha preenchida no posto de saúde de Bangu e remetida ao sanatório traz o nome de Manuel da Silva, uma variante próxima do anônimo "José da Silva". Esse erro revelador corrobora a sua própria tendência à autodestruição. Ele estava realmente no ponto reais baixo da queda que se seguiu às Copas do Mundo de 1958 e 1962, nas quais se consagrou como o maior jogador brasileiro, junto com Pelé. E assim, como um vulgar Manuel da Silva, que é admitido no hospital, às 20 horas, em coma alcoólico. Ele não recebeu nenhum tratamento médico particular, sendo descoberto morto às seis horas da manhã.
Assim que foi noticiado o seu falecimento, as crianças do bairro, que estavam em suas férias de verão, começaram a circular em torno da capela do hospital, junto com os empregados e as enfermeiras. Às 10 horas da manhã, o corpo foi transferido para o Instituto Médico Legal, para a autópsia. A imprensa assinalou então a presença de sua última mulher, que já era viúva de um jogador pouco conhecido e vivia com Garrincha há seis anos; de Agnaldo Timóteo, o popular cantor de boleros, eleito deputado federal dois meses antes, muito ligado ao clube Botafogo; de um dirigente da CBF; do produtor do filme Garrincha, Alegria do Povo; de dois ex-jogadores famosos. Um deles, Ademir Menezes - centroavante da seleção nacional de 1950 e dirigente da Associação de Atletas Profissionais -, propôs que o enterro fosse realizado no novo cemitério elegante, o Jardim da Saudade, onde Garrincha inauguraria o mausoléu da Associação. Por outro lado, Nilton Santos - lateral-esquerdo da seleção nas Copas de 1954, 1958 e 1962, antigo companheiro de time de Garrincha no Botafogo e na seleção, seu compadre(1), além de ser, mais que tudo, seu "padrinho" no futebol profissional - insistia para que o morto fosse sepultado no cemitério de Pau Grande, de acordo com seus últimos desejos. Sua autoridade de companheiro e protetor de Garrincha acabou decidindo a questão.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . GARRINCHA

Longo caminho até General Severiano
Gazeta Press


O que Garrincha sempre gostou mesmo de fazer era jogar futebol. Durante toda a infância e adolescência, ele fugia de casa e do expediente na América Fabril para disputar peladas no campinho todo esburacado de Pau Grande. Mas para Garrincha isso era apenas uma diversão. Péssimo funcionário na fábrica de tecidos, ele só não foi demitido porque era o melhor jogador do time do S.C. Pau Grande. E não eram só os dirigentes da América Fabril que perceberam isso. Logo após a sua dispensa do Exército, os times de Petrópolis começaram a disputá-lo. O primeiro a contratá-lo de papel passado foi o Serrano. Seu salário: trinta cruzeiros por jogo e almoço. Foi só nessa época que ele começou a pensar que o futebol poderia lhe render dinheiro, mas mesmo assim não levava a história muito a sério. Depois de apenas três meses jogando pelo clube, ele simplesmente se cansou e deixou de ir a Petrópolis. Mas, ao contrário do que acontecia com os times da cidade serrana, as equipes da capital não queriam saber daquele homem com pernas tortas que eles classificavam como aleijado e não acreditavam que fosse capaz de jogar futebol. Aos 17 anos, em 1950, Garrincha tentou treinar no Vasco da Gama, mas não levou as chuteiras. Achou que alguém no clube lhe emprestaria uma. Volante, ex-jogador e encarregado da triagem, lhe disse apenas: “Sem chuteira não treina”. A segunda tentativa aconteceu no São Cristóvão.
Ele e seus amigos Diquinho e Arlindo treinaram dez minutos e foram mandados embora. No Fluminense, a situação foi pior: Garrincha esperou até as 18h30, ficou com medo de perder o trem para Raiz da Serra e ouviu de Gradim, responsável pela triagem, que voltasse outro dia. Ele respondeu que sim, mas nunca retornou. Por Garrincha, suas esperanças de jogar em um time grande teriam morrido aí. Não que ele se importasse com isso. Ele só procurava as equipes para satisfazer seu tio: Mané Caieira. Mas para felicidade de todos os brasileiros que assistiram à Copa de 58 e 62, o lateral-direito do Botafogo, Araty, iria por acaso apitar um jogo entre Pau Grande e os bancários de Cavalcante. O camisa sete do time local fez miséria com os beques do time adversário e, como se não bastasse, ainda marcou cinco gols. Ao final da partida, ele diria a Garrincha que seu lugar era no Rio porque lá não havia ninguém melhor que ele. Garrincha fez que acreditou, guardou o cartão que Araty lhe ofereceu e nunca o procurou.
Gazeta Press


O lateral do Bota, em General Severiano, fez a propaganda do garoto das pernas tortas que jogava muito futebol. Parecia difícil acreditar, mas Eurico Salgado - torcedor do Botafogo e fanático por futebol - acreditou e foi a Pau Grande conferir. Assistiu a vários jogos de Garrincha e, ao final de um deles no dia 7 de junho de 1953, procurou o garoto e disse: “Você vai para o Botafogo comigo”. Mais uma vez, Garrincha não deu ouvidos, mas pela insistência daquele senhor resolveu se apresentar na terça-feira seguinte para um teste. Newton Cardoso colocou-o no treino dos juvenis e, depois de meia hora, já queria saber seu nome verdadeiro e idade. Como Manoel já tinha 19 anos não podia jogar no juvenil. Então, o treinador o encaminhou, com muito pesar no coração, para seu pai Gentil Cardoso - técnico da equipe profissional. No dia seguinte, ele iria treinar contra Nilton Santos. 10 de junho de 1953. É uma data que poucos botafoguenses esquecem: dia do primeiro treino de Garrincha. Nesse dia, antes do treinamento, Araty diria para Garrincha: “Jogue seu jogo. Aqui todo mundo é igual.” Aquele não parecia ser o dia de Nilton Santos. Apenas dez minutos depois do início do jogo, Garrincha pegou a bola e se viu frente à frente com o grande beque do Botafogo e da seleção brasileira.Para surpresa de todos, ele não se intimidou e deu um show: depois de vários dribles teve a ousadia de colocar uma bola entre as pernas de Nilton. Isso foi suficiente para que se criasse uma verdadeira polvorosa no Botafogo para contratá-lo. Com medo de perdê-lo, os dirigentes não o deixaram ir para casa aquela noite e não desgrudaram dele enquanto o contrato não foi assinado. E esse só seria o primeiro que Garrincha assinaria em branco, concordando em ganhar apenas 1500 cruzeiros, 300 cruzeiros a mais do que recebia como operário. O Botafogo pagou ao Serrano 500 cruzeiros, equivalente a US$ 27 (a menor transação do futebol mundial em todos os tempos para um jogador de sua categoria). Ele poderia se mudar para o Rio por conta do clube, mas preferiu continuar em Pau Grande.


















Transformação Fazenda / fabrica e Fabrica / Shopping.
Em 1673, Manuel Barcelos Domingues, fundou em sua fazenda, na região, Engenho da Serra, mais tarde denominado de fazenda Bangu uma capela em homenagem a nossa Senhora do Desterro Mãe de Deus de Campo Grande. Nesta época já vivia na região grande número de escravos, posseiros, rendeiros, meeiros e homens livres que já davam ao início ás primeiras atividades econômicas da região. Os pequenos proprietários de sítios criavam animais e produziam outros gêneros alimentícios como: carnes, frutas, hortaliças e cana de açúcar e transportavam estes produtos para atender a demanda local, através de carros de boi que percorria a região que mais tarde seria conhecido às primeiras ruas ligando a região e consagrando os trajetos que ligaria ao centro do Rio de Janeiro, a São Paulo e outras localidades.A produção do Engenho da Serra dependia da mão de obra escrava tanto na lavoura de cana de açúcar quanto na lavoura quanto no transporte. O Engenho produzia uma farta quantidade de açúcar e seus derivados, que seriam transportados para ser embarcado para Guaratiba e outros portos da Europa. O processo de urbanização da região se deu em torno da fazenda, sempre ligando á construção de capelas e igrejas como ocorria no Brasil colonial. A doação de terras era feita predominante a pessoas influentes e ligada às ordens religiosas. Em 1740, João Manuel de Melo recebeu a antiga fazenda da Sesmaria neste mesmo período João Manuel de Melo é assassinado porque a produção do Engenho da Serra cresce imensamente, tornando o alvo de disputas e rivalidade. Em 1743, a viúva de João Manuel de Melo, vende a propriedade a João Freire Alemão, um dos muitos donos que a fazenda Bangu teria sucessivamente ao longo dos anos. Só em 1798 que a Dona Anna Francisca de Castro Morais e Miranda (a dona Anna Bangu) foi à única que registra o nome da fazenda Bangu em papeis e documentos referente à propriedade. O ultimo proprietário que a fazenda Bangu teve foi o Barão de Itacuruça Miguel Martins que nas ultimas décadas do século XIX revende a fazenda para á Companhia Progresso Industrial do Brasil. Que estrategicamente escolhida pelo engenheiro Henrique de Morgan Snell para a implantação da fabrica de tecidos por dispor de grandes mananciais de água que era indispensável ao seu funcionamento.No ano de 1889 em plena crise da economia agro-exportadora, nasce á idéia de Implementar um projeto de uma fabrica de tecido. Esta idéia surgiu pelo Brasileiro, descendente de ingleses, cujo nome era Henrique Morgan Snell, membro da empresa “De Snell & CO”, sediada em Londres. O então Engenheiro Henrique passou a oferecer sua idéia para aqueles que tinham capitais e meios de viabilizar a sua criação de uma enorme Industria têxtil. Na sua peregrinação capitalista, o engenheiro Henrique encontrou pela frente dois banqueiros, o Conde de Figueiredo e o Barão de Salgado Zenha. Após analisarem as plantas da fabrica e examinarem os cálculos de custos, despesas de fabricações e demonstrações de lucros sobre o capital empregado resolvem bancar á idéia fabril. A partir desse momento nasce á Companhia Progresso Industrial do Brasil (CPIB).Com um capital de 3000 contos, dividido em 15.000 ações a RS200$000 cada uma, a companhia tinha 30 anos para funcionar, sem mencionar que a companhia poderia adquirir empréstimos tanto no Brasil quanto no estrangeiro, por meio de emissão de titulo de crédito e a própria garantia dos imóveis da companhia (CPIB). O empreendimento estava previsto para montar a fabrica com 1200 teares, maquinas de alvejar, tinturaria e estamparia com motores do tipo “Compound” Britânicas, num total de 1900 cavalos-força e com capacidade para empregar até 1600 operários.
No mesmo ano de 1889, a construção da fabrica foi entregue a firma Londrina The Morgan Snell And Company. O prédio da fabrica tem forma retangular com 18650 m² de área construída, medindo 175 por 107 metros construídos. O projeto é inspirado no estilo Inglês, tipicamente da cidade de Manchester, cuja arquitetura industrial é Britânica, que apresenta suas estruturas sóbrias e pesadas, com fachadas em tijolos aparentes avermelhados. A fabrica Bangu é ligada ao leito da Estrada de ferro Central do Brasil por uma extensão de 400 metros de trilho, que foi inaugurado em Primeiro de Maio de 1890, partindo da estação Bangu e terminando junto aos depósitos e armazéns da fabrica. Neste mesmo período começa a construção da chaminé da fabrica que medem 57 metros de altura, 4,12 metros de diâmetro na base octogonal e 2,44 metros na sua parte superior. A torre da fabrica depois de pronta passa a ser vista por todos que morram no bairro, inclusive aqueles que chegam á região. Em 1891, começa a contratação dos técnicos têxteis ingleses, que por sinal neste mesmo período era concluído o encanamento de água que ligava o reservatório do Guandu á fabrica Bangu. A construção da fabrica e os assentamentos de toda maquinaria ficam concluídos em 1892 e foi inaugurada no dia oito de março 1893, com a presença do vice Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto acompanhado também do prefeito do Distrito Federal, até o final de 1893 a fabrica tinha exatamente 800 teares em movimentos. Em 1895 é criada a banda de musica dos operários, onde é realizada também a reforma das 95 casinhas da vila residencial que foram construídas em1892 pela fabrica para seus técnicos e operários. Novas casas são construídas ao longo do tempo conforme iam aumentando o quadro de funcionários. A diretoria da fabrica decidem em investir nos terrenos de Engenho com lavoura, primeiramente teriam que demolir o antigo engenho da fazenda retiro que em janeiro de 1900, foi substituído por um novo, cujo nome séria Engenho de Santo Antonio.
O Engenho de Santo Antonio esta equipada para produzir farinha de milho, trigo, mandioca, polvilho, aguardente e preparado para descascar arroz e fornecer óleo de rícino, açúcar e outros produtos. O arroz, o fubá e o açúcar eram doados para os funcionários.
A fabrica constrói uma linha de trem ligando o Engenho ao leito da estação de Bangu para melhorar o escoamento da produção.
Em 1903, é fundado o grupo carnavalesco Flor de Lira e várias evoluções aconteceram ao longo dos anos como: O prédio que era para ser a cooperativa da fabrica, localizado na esquina das ruas Fonseca e Francisco Real, transforma em Escola para os filhos dos operários, Em 17 de abril de 1904, os operários fundaram um clube de futebol que dão o nome de The Bangu Athletic Club, Em 1906 da se inicio a busca de novos mananciais na serra de Bangu, neste mesmo ano a fabrica adquire o prédio da rua Primeiro de Março nº 38, no Centro da Cidade, destinado a instalação do seu escritório Central, em 1907é fundado o Grêmio Philomático Rui Barbosa, casa de cultura de cunho educacional, que passa a ser chamada de Cassino Bangu, no mesmo ano é criado o sindicato dos trabalhares e foram construídos duas represas e um reservatório para 550 mil litros de água na região do Rio da Prata, a 350 metros acima do nível do mar, com um volume de captação de 5.200.000 litros de água a cada 24 horas, Em 1908 é. Construída simultaneamente uma edificação com cinco metros de lado, destinados á instalação de uma roda Pelton a ser acionada pela queda d’água, gerando energia elétrica para as seções de gravura, estamparia e para as casas dos operários.
A antiga e pequena capelinha de madeira construída por Manuel Barcelos Domingues, que havia tornado matriz provisória, do lugar á igreja de São Sebastião e Santa Cecília, a igreja é inaugurada oficialmente só em 10 de Março de 1910, Em 1911, é inaugurado os cinemas modernos, seguidos da inauguração do cine Brasil, mais tarde cine recreio Em 1916 a rede de esgoto começa a ser feito nas casas dos operários.
Com a conseqüência da guerra de 1914 – 1918 na Europa surge dificuldade na navegação marítima gerando preços abusivos da matéria primas utilizadas na fabricação das chitas, como as anilinas importadas, a fabrica para de fabricar esses produtos e passa a produzir maior quantidade de tecidos leves, Em 1917 a Companhia Progresso Industrial, estabelece os limites geográficos de seu território, entregado a região de Bangu a Prefeitura do Rio de Janeiro. A escola Presidente Rodrigues Alves é doada á Prefeitura do Distrito Federal, passando a Chamar se Escola Martins Junior, no ano seguinte, a região é assolada pela epidemia da gripe espanhola, que mata mais de 20 milhões de pessoas ao redor do mundo. A escola Martins Junior é fechada e seu prédio é transformado em hospital, em face á disseminação da grave epidemia. A diretoria da fabrica suspende a cobrança dos alugueis dos prédios que eram ocupados pelos seus operários, essa pandemia fez vitimas durante dois anos, só cessando em 1920.
Em 1921, a companhia consegue obter uma estação de telegrafo para a região e em 1922 Manuel Guilherme da Silveira torna se o novo diretor presidente da fabrica. Em 1925 é criada uma nova associação cujo nome era Grêmio Literário Rui Barbosa, após o declínio do antigo Grêmio Philomático. Em 1926 a fabrica recebe a visita do então Presidente Washington Luiz, acompanhado do Deputado Julio Prestes futuro governador de São Paulo. Em 1929, Guilherme da Silveira licencia se da presidência da fabrica Bangu para assumir a carga de presidente do Banco do Brasil, entretanto em 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, provoca um agravamento na crise econômica Brasileira impedindo reformas previstas para o padrão monetário.
Em 1931 o prédio que servia como sede ao Cassino Bangu é retomado pela fabrica e passa a sediar o Bangu Club. Iluminação publica é inaugurada em junho de 1933, com a inauguração no mesmo ato da subestação, na rua Progresso. A Light, passa a distribuir energia elétrica no bairro de Bangu. Em 1933 o Bangu Athletic Club, conquista o primeiro campeonato de futebol profissional realizado no Rio de Janeiro, acompanhado do então craque Domingos da Guia, neste mesmo a fabrica para de funcionar por 45 dias em virtudes da deflagração de um movimento grevista. Em 1935 é inaugurada a Escola Getulio Vargas, terreno doado pela fabrica que fica localizado na avenida Sta Cruz e contava com a presença do próprio Presidente Getulio Vargas.
A companhia na época já tinha aberta 87 ruas no qual 49 delas eram conservadas pela própria companhia. Em 1936, uma tromba d’água da serra do guandu provoca uma enxurrada que danifica o reservatório construído para abastecer a fabrica. Em 15 de novembro de 1937 é fundado o recreativo da escola de samba Unidos de Bangu e no ano seguinte o Presidente Getulio Vargas inaugura em novembro de 1938 o Hospital Almeida Magalhães, construído pelo governo federal, para o tratamento de tuberculosos em terreno doado pela fabrica. Em 1939, a companhia eleva o numero de proprietário a 526, num total de 798 lotes. Em 1940, na nova rua aberta entre a estrada do Retiro e a rua Ceres coloca mais de 97 lotes á venda e ainda em 1940 a fabrica doa um terreno para a instalação do Hospital Guilherme da Silveira. Em 1943 a companhia doa outro imóvel para a construção da escola do SENAI, que era destinada a abrigar a escola de aprendizagem têxtil e que funcionava na própria fabrica. A companhia ainda inicia a construção de 114 casas para seus funcionários. Com a crise do abastecimento causada pela segunda guerra mundial (1939 – 1945) leva a diretoria da fabrica instalar em Bangu um posto de emergência oferecendo gêneros alimentícios para os familiares dos funcionários a preço de custo. Em 1944 é inaugurada e a creche a inauguração da Igreja São Lourenço na Estrada do Retiro, o estado de futebol do Bangu Athletic Club, recebe o nome de Estádio Proletário Guilherme da Silveira no dia 15 de novembro de 1947. Em 1948 a companhia recebe a visita do Presidente Eurico Gaspar Dutra, que por coincidência era a inauguração do Parque Aquático, uma piscina que seria freqüentada pelas famílias dos funcionários da fabrica. A alta qualidade, variedade e a beleza de seus padrões são comprovadas nos grandes desfiles que começam a ser realizado nas principais cidades dos Pais, como conseqüência de suas qualidades nos anos 50 os tecidos Bangu são exportados para diversos Paises europeus, principalmente para Itália, Holanda e Inglaterra, além da América do Sul e África. O Bangu Atlético clube é por duas vezes consecutivo vice-campeão nos anos de 1964, 1965 e 1966 é campeão carioca pela segunda vez na sua Historia. Em 1968 é fundada a associação comercial e industria da região e 1969 da se o inicio a construção dos 180 prédios do conjunto habitacional Dom Jaime Câmara, com cerca de 7000 apartamentos, era o maior conjunto habitacional da América do Sul. Em 1979 é inaugurado o Fórum na rua Silvia Cardoso, e posteriormente no ano 1983 a inauguração do Monumento aos Pracinhas, na praça da Fé.
Em 1990 a fabrica é vendida ao grupo Dona Izabel. A fabrica de tecidos Bangu, funcionou por mais de 100 anos, de 1889 até 2005, que encerrou suas atividades na rua Fonseca. A companhia Progresso Industrial do Brasil trouxe inovações Tecnológicas que imprimiram a marca da qualidade em seus produtos e impulsionou de forma indelével o desenvolvimento da região e alcançando renome internacional.
Através do decreto de 10 de maio 1995 é determinado definitivamente o tombamento da fabrica Bangu.
A Prefeitura junto com o proprietário da fabrica inicia os estudos de instalação de um shopping, garantindo a preservação e arquitetura básica da fabrica e vários projetos foram feitos e finalmente o grupo João Forte e Alliancce, assumiram o projeto. O Shopping foi inaugurado no dia 30 de outubro de 2007 e manteve o nome do bairro, recebendo o nome de Bangu Shopping.
Este sonho só tornou realidade graças ao projeto de Lei nº 645/ 2001, do então vereador Marcelo D’Almeida em co – auditoria com a vereadora Eliana Ribeiro. O projeto cria um Centro Comercial, Cultural e Turístico no conjunto arquitetônico da fabrica Bangu, na Rua Fonseca nº240, delimitado pela Rua da Feira, dos Açudes e Avenida Santa Cruz.
O Shopping tem mais de 200 lojas, um complexo de cinema com seis salas, com um total de 1.400 lugares, Centro Médico, Hipermercado, espaço para Centro Universitário e estacionamento para 2.500 vagas. O shopping tem uma previsão que cerca de 1 milhão de pessoas passaram pelos seus corredores mensalmente. O Projeto do Bangu é considerado o maior Centro de compras da região, e teve um investimento de R$ 250 milhões.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) aprovou o financiamento á Empresa BSC Shopping Center S.A., no valor de R$ 20,9 milhões, para construção de um moderno shopping center nos antigas instalações da fabrica de tecidos Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A empresa BSC faz parte do grupo João Fortes que atua no ramo imobiliários e agropecuários.
A linha de credito foi através da FINEM (financiamento a empreendimento). O banco do Brasil apoiou o projeto também com um credito de R$30,4 milhões, e o grupo João Forte com R$ 30,8 milhões em recursos próprios, concretizando um investimento de aproximadamente de R$82,5 milhões. A obra possibilitou a abertura de aproximadamente mil empregos diretos quando estiver funcionando. O shopping teve 250 empregos diretos e outros 2.250 nas lojas, totalizando 2.500 novas vagas de trabalho. A área do empreendimento cera de aproximadamente 37,5mil m². O projeto tem a instalação de seis lojas âncora (Leader, Casa e Vídeo, Casas Bahia, Lojas Americanas e o complexo de Cinemas de ultimas geração Cinesystem).
Hoje o Shopping Bangu, atende o próprio bairro e sua adjacência.





































Características do Ambiente Físico

No século XIX, o Rio de Janeiro era um dos Estados que apresentavam condições favoráveis ao desenvolvimento de indústrias, No entanto, era possível destacar algumas limitações no que se refere a espaços para a implantação de indústria têxtil de grande porte como a CPIB (Companhia Progresso Industria do Brasil). Isto explica sua localização fora das áreas de funcionamento de indústrias de grande porte, como nas cadeias de montanhas da Serra do Mar. A CPIB, foi construída numa área que na época, era considerada rural, a 31 Km do Centro do Rio de Janeiro.
O principal aspecto geográfico de Bangu é o Maciço da Tijuca com altitudes que variam entre 80 a 120m, formando uma barreira natural para o vapor d´água que vem do mar, provocando condensação. Este fenômeno favorece a existência de uma exurberante floresta que cobre as montanhas que fazem parte da Mata Atlântica. Parte destas áreas são protegidas pelo Parque Nacional da Tijuca.
Na época do Brasil Imperial, esta região foi desmatada para o plantio do café, cana-de-açúcar e para a criação de gado, o que resultou na redução do abastecimento de água para a cidade. Este fato levou os dirigentes do Império a tomar algumas medidas. Posteriormente, foi realizado um reflorestamento sendo este o maior reflorestamento tropical realizado até o momento.
No ano de 1890, o canavial da Fazenda Bangú, foi transformado em área de cultura de algodão, com o objetivo de oferecer matéria prima para a fábrica. Dois anos mais tarde, a produção era tão baixa que levou a direção da Companhia a desistir desta idéia. Outras lavouras surgiram.















Quando a Fazenda Bangú foi comprada para se tornar uma fábrica, havia na região apenas uma rua, a Estrada Real de Santa Cruz.
No dia oito de março de 1893 a Fábrica foi oficialmente inaugurada. Nesse mesmo ano foi também construída a Vila Operária com 95 casas.
O prédio da fábrica tinha forma retangular e aproximadamente 18.650 m² de área construída, medindo 175 por 107 metros. O projeto é inspirado no estilo das fábricas da cidade inglesa de Manchester, cuja arquitetura industrial tipicamente britânica caracteriza-se por estrutura sóbrias e pesadas, com fachadas em tijolos aparentes avermelhados..
Após o ano de 1900, a companhia intensificou a abertura de novas ruas. Surgiram também nesta época, a 1ª escola, o Bangú Athletic Club e grupos carnavalescos. Com o desenvolvimento do bairro, foram abertas ruas que receberam nomes de profissões e seções da fábrica como Rua dos Tintureiros, Rua da Fiação, Rua dos Tecelões e outras.
A urbanização de Bangú foi iniciada em 1907 pelas estradas utilizadas para os carros-de-boi. Prevendo a extensão das casas da Vila Operária, foram abertas ruas paralelas e perpendiculares que mantém uma simetria com a fábrica e a Vila Operária, e, por outro lado, com a Estação de Bangú, a Estrada de Ferro.
Uma das ruas era larga, e, em toda a sua extensão era dividida ao meio por um canteiro de dois metros de largura, também arborizado de tamarindeiros intercalados por lampiões de ferro trabalhado. Essa rua estendia-se da estação de trens até o sopé da Serra de Bangú onde passava o encanamento. No Centro deste percurso havia uma praça com jardins tendo ao centro a Igreja de São Sebastião e Santa Cecília, padroeiros do bairro. O prédio da igreja obedecia o mesmo estilo das fachadas das casas.
No início da rua, do lado direito, funcionava o prédio branco do Cinema Vitória tendo logo na entrada da bilheteria um mastro onde era içada a bandeira brasileira toda vez que passava um filme nacional.. Havia um prédio alto e logo depois um muro que se estendia até o fim do quarteirão que terminava na travessa da fábrica. Por trás desse muro estava o campo do Bangú Atlético Clube cuja entrada era pela travessa da fábrica, atual Prof. Clemente Ferreira.
O quarteirão seguinte começava com os prédios de escritórios da Fábrica seguido de várias casas, todas de tijolos aparentes. Numa dessas casas funcionava os Correios e Telégrafos. Após atravessar a estrada Rio-São Paulo, atual Rua Francisco Real, haviam nove blocos de casas cada um com duas casas geminadas. A primeira casa era a sede do Grêmio Literário Rui Barbosa.
Pelo lado esquerdo o primeiro quarteirão começava com a Padaria e confeitaria Mercúrio. Seguiam-se dois casarões onde residiam famílias inglesas ou chefes da fábrica. A seguir vinham casas de negócios como a Farmácia São Sebastião, o Bazar dos Prazeres, a Sapataria do Seu Guimarães a residência do Dr. Miguel Pedro, a Farmácia Cid e outros casarões. Após a estrada começava o terceiro quarteirão com oito residências em tijolinhos aparentes
Em 1908, a urbanização foi complementada com a canalização das águas do Rio da Prata. Houve também a ampliação da iluminação elétrica com a instalação de uma usina de força movida por “Roda Pelton”, o que tornou possível a iluminação de quase todas as unidades da fábrica e o fornecimento de luz a um maior número de casas à noite.
Mananciais da Serra do Medanha e do Bangú foram compradas, cerca de 3.600 hectares de terra, a saber, da Fazenda do Bangú, Fazenda do Retiro, Sítio do Agostinho e Sítio dos amores. O objetivo era garantir a água que seria utilizada para a produção da fábrica (branqueamento, tinturaria e estamparia). A necessidade de captação da água, levou a fábrica a construir um reservatório acompanhado de um aqueduto. Esse reservatório ficou conhecido como a”caixinha” e se tornou ponto de referência utilizado como área de lazer para os dirigentes da fábrica.
Paralelo a isto, aconteceu a ampliação da estação férrea e a inauguração da Linha circular de Bangú, ligando o bairro ao Centro do Rio de Janeiro com o aumento de 10 para 28 o número de trens diariamente. Tais mudanças ocorridas em Bangú estavam diretamente relacionadas à fábrica, possibilitando melhorias de qualidade dos tecidos.
Estas melhorias fizeram com que Bangú deixasse de ser tratado como “Arraial” e passou a ser a “Villa de Bangú”.
Em março de 1910, é inaugurada oficialmente, a Igreja de São Sebastião e Santa Cecília.
No ano de 1916 foi construída a rede de esgoto para atender as casas dos operários.



Filme Olga












Em 2004 Olga o filme, com orçamento de 8,5 milhões, e foi totalmente realizado no Rio de janeiro. A equipe de produção transformou a antiga fabrica de tecidos Bangu por causa da semelhança da arquitetura no campo de Revansbruck, na Alemanha.

































Perfil Sócio econômico

Como na época do Brasil colônia, a povoamento da região de Bangu e adjacências, inicialmente, deu se por cunho religioso, formando sempre povoados ao redor de capelas e igrejas fundadas pelos Jesuítas e/ou particulares, como exemplo o já citado Manoel Barcelos. Posteriormente esse processo foi estimulado pela promessa de terra e emprego.
Os primeiros a se estabelecerem na região foram os Jesuítas, praticando a criação de gado bovino e o plantio de cana-de-açúcar, sendo ocupada também por escravos, posseiros, meeiros e homens livres, que plantavam cana-de-açúcar, manufaturando-a no engenho da serra, produzindo açúcar, rapadura, álcool e cachaça. Praticavam também agricultura de subsistência com a produção de vários gêneros alimentícios como: frutas, legumes e hortaliças, vendendo a produção excedente de porta em porta por toda a região, utilizando como meio de transporte o carro de boi, formando as primeiras estradas ligando Rio de Janeiro e São Paulo, pois a única ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo era a antiga Estrada Real de Santa Cruz, ligando Santa Cruz a São Cristóvão (além de ser utilizada por D Pedro para visitar a Marquesa de Santos, na época do império) um importante fator para expansão econômica da região.
A criação de novas estradas facilitou o escoamento da produção, tanto por meio fluvial quanto marítima, em especial para o porto de Guaratiba rumo a Europa.
Com o declínio da cana-de-açúcar, intensifica-se a produção de café, em especial na segunda metade do século XIX. Após sucessivas crises do café e a implementação do transporte ferroviário as grandes propriedades rurais foram falindo e desmembradas em lotes menores, semi-urbanos.
A implementação de unidades militares e a criação dos ramais ferroviários de Deodoro, Realengo e Santa Cruz, trouxeram importantes investimentos para a região, essa facilidade de acesso, gerou um movimento contrário ao modelo de desenvolvimento industrial da época, em que as fábricas se instalavam nos centros urbanos, pela facilidade de escoamento da produção e disponibilidade da mão de obra, estimulando o êxodo rural. Em 1889, o Barão de Itacuruçá vende a Fazenda Bangu a Companhia Progresso Industria do Brasil (CPIB), que adquire cerca de 3.600 acres de terra em toda região. Impulsionada pela a abundancia hídrica disponível na região, o que facilitaria a produção.
Após a implementação de sua suntuosa fábrica, seguindo os modelos Manchesterianos de edificações, toda a região da fazenda Bangu e seu entorno vivencia momentos de profundas transformações. A CPIB visando integrar economicamente a área rural e a fabril substitui a plantação de café por algodão. Outras lavouras surgiram nas terras arrendadas pela companhia, sendo a mais expressiva a de laranja, lavoura esta, descritas pelo autor José Mauro de Vasconcelos no romance “O meu pé de laranja lima”.
Com a primeira guerra mundial a fábrica Bangu passa por uma grave crise, decorrente ao encarecimento da matéria prima como anilinas para tingir os tecidos, encontrando como alternativa a produção de tecidos mais leves. Uma outra crise econômica gerada pela segunda guerra mundial causou o desabastecimento da população fazendo com que a CPIB, fornecesse suprimentos a seus funcionários a preço de custo.


Bangu em 1940: graças à Companhia Progresso Industrial do Brasil, a famosa Fábrica de Tecidos de Bangu, o bairro crescia velozmente

























Na década de 50, a CPIB projeta-se internacionalmente, através de desfiles de alta costura, tendo seus tecidos exportados para diversos paises europeus como: Itália, Holanda e Inglaterra, além da América do Sul e África.
Após anos de funcionamento, a Fabrica Bangu passa por sucessivas crises econômicas, reduzindo seu quadro de funcionários em 95%. Chegando a assinar, em 1997, uma cláusula de acordo coletivo com seus 400 funcionários, sobre a redução da jornada de trabalho e de salários em 25% .
Bangu cresceu com todas as características de um bairro proletário, onde os primeiros patrões foram os ingleses. Bangu foi um bairro planejado para funcionar atendendo a Companhia Progresso Industrial do Brasil (Fábrica de tecidos Bangu), que por muito tempo exportou a marca Bangu para todo o mundo. Na época o eixo ferroviário Bangu-Madureira, expressava uma forte e densa atividade econômica industrial-comercial. Madureira chegou a ser o maior contribuinte de imposto ao varejo da cidade. Na época Bangu era um pólo do eixo da Zona Norte. Com o esvaziamento da Fabrica e o multiplicador que produziu, aliado ao esvaziamento comercial da Madureira, toda a região foi afetada.
Bangu é um bairro da cidade do Rio de Janeiro, RJ de classe média e média-baixa. Localiza-se na Zona Oeste da cidade, sendo um dos bairros mais populosos, com 244.518 habitantes (segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - Censo Demográfico 2000) distribuídas numa área de 4.570,69 ha. Localizado no centro geográfico da cidade, tem por vizinhança os bairros Campo Grande, Senador Camará, Santíssimo, Gericinó, Padre Miguel e Realengo, além dos municípios de Nova Iguaçu e Nilópolis. Bairro formado por 73 favelas, cerca de 30 mil desempregados e 25 mil camelôs. Tem um dos piores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) da cidade do Rio de Janeiro
O Bangu-Shopping tem área de 140 mil m2, sendo 43.300 área bruta locável -ABL. Conta com 200 lojas com as lojas âncoras (Lojas Americanas, Leroy Merlin, Leader Magazine, Casas Bahia, Casa & Vídeo, C&A, Ponto Frio e CineSystem). A praça de alimentação terá 1.110 m2. O estacionamento tem capacidade para 2,6 mil vagas. Serão 3 mil empregos diretos e certeza que 200 mil veículos e pelo menos 1 milhão de pessoas circularão por mês nos corredores do Bangu-Shopping.







































Problemas Sócios Ambiental


O presente trabalho tem por objetivo refletir o projeto sócio ambiental brasileiro por ocasião da independência e da proclamação da Republica. Para tanto, a ação política de Jose Bonifácio em prol de uma política ambientalmente sustentável, perspectiva industrial do barão de Mauá e as propostas conservacionistas de Alberto Torres nos primeiros anos da Republica. E o fracasso dessas iniciativas apontou para a hegemonia de setores da sociedade voltados para o projeto periférico idealizado nos paises centrais.

A opção pro uma agricultura direcionada para o mercado externo como cana de açúcar e o café, acabou por consumir parte expressiva da Mata Atlântica, o que provocou, no caso da Cidade do Rio de Janeiro, a escassez de água. Por conta disso, a idéia de reflorestar o maciço da Tijuca ganhou corpo e foi a única iniciativa de recuperação ambiental consistente durante o período imperial e republicano.

A opção agrícola por parte das elites, também acabou por estrangular a iniciativa de desenvolvimento do Barão de Mauá, iniciativa essa que se Dara com mais consistência, no período getulista.

A opção política e econômica da classe dominante brasileira por ocasião da independência e da proclamação da republica e seus reflexos no meio ambiente. O traço de união da elite brasileira, entre os dois momentos, políticos, pode ser percebido no projeto exportador de produtos primários para o mercado externo, com alto custo ambiental, em particular a mata Atlântica. Dentre as vozes que minoritariamente, se bateram contra a devastação ambiental no Brasil destaca-se a de Jose Bonifácio, envolvido no processo de promover o desenvolvimento econômico livre da escravidão, monocultura e da dependência do mercado externo.

Ainda no império, surge o modelo empresarial de Barão de Mauá que, fugindo do modelo agro-exportado, desejava, a partir da sua visibilidade geopolítica, proporcionar um outro caminho de desenvolvimento, em que ter desconsiderado a questão do uso sustentável da natureza. Na Republica cem anos após a iniciativa de Jose Bonifácio , Alberto Torres discursava em favor de um desenvolvimento endógeno e ambientalmente preservado.
Alberto Torres Incluiu-o na sua proposta de uma nova constituição, publicada em 1913, na forma de uma clausula para “defesa do solo e recursos naturais do pais”

A critica ambiental na Republica Velha 1889-1930 ainda teve uma pálida iniciativa com Epicio Pessoa, ao tentar criar, em 1925 o Serviço Florestal Federal que não saiu do papel, quando muito, conseguiu a construção de viveiros de mudas para arborizar ruas. O Brasil independente gravitava na periferia da economia européia, tornando-se uma aventura empresarial predatória de alto risco e de altíssimos lucros. A conta a ser paga ficou a cargo do escravo negro, do imigrante pobre e da perda da qualidade do solo , e das custas de novas matas derrubadas.

Dessa forma, por falta de um projeto de desenvolvimento sustentado e endógeno ficamos a mercê de capitalista estrangeiros, que sabendo da fragilidade do Estado brasileiro nos impuseram um modelo de desenvolvimento predatório agravando, ainda mais, a difícil relação homem natureza.


Bibliografia
Dean, Warre A ferro e a fogo a Historia da devastação da mata atlântica brasileira
Cavalcante, Berenice Jose Bonifácio razão e sensibilidade uma historia em três tempos
Pádua, Jose Augusto, Um sopro de destruição Pensamento político critico ambiemtal no Brasil escraviusta


























Bangu Shopping

Preocupado com a preservação ambiental, o shopping esta investindo em uma estação de tratamento de esgoto e reutilização de água própria O projeto visa o reaproveitamento para irrigação dos jardins, vasos sanitários e sistema de refrigeração, Alem disso, o Bangu




Shopping utiliza a co-geraçao a gás natural para a obtenção de energia utilizada para iluminação e ar condicionado.

Espaços verdes na área externas poucas arvorem no estacionamento.