domingo, 13 de janeiro de 2013

Como Funciona o Aquecimento Global

Como funciona o aquecimento global
por Ed Grabianowski - traduzido por HowStuffWorks Brasil
Introdução
Até pouco tempo atrás restrito a círculos científicos, o termo  aquecimento global passou a ser usado por muita gente - mesmo por quem não entende plenamente o que ele significa. O inverno foi quente? Culpa do aquecimento global. Caiu uma tempestade? É o aquecimento global. O calor está de rachar? Aquecimento global. Mas o que é o aquecimento global? É um aumento significativo da temperatura média da Terra em período relativamente curto, em razão da atividade humana.
Uma elevação da temperatura do planeta de 1° Celsius ou mais ao longo de 100 ou 200 anos caracteriza o aquecimento global. Aumento de 0,4° C num século já é algo considerável - e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas avalia que ao longo do século passado a temperatura média da superfície da Terra tenha subido de 0,4° C a 0,8° C.
Neste artigo, aprenderemos o que é o aquecimento global, o que o causa e quais são seus efeitos.
Para começar, vamos ver a diferença entre tempo e clima.
Tempo e clima
Tempo é local e acontece a curto prazo. Se chover na sua cidade na próxima quinta-feira, isto é o tempo. Clima acontece a longo prazo e não tem relação com uma localidade pequena. O clima de uma área é a média das condições de tempo em uma região ao longo de um grande período. Se onde você vive há ventos frios e garoa, isso faz parte do clima desta região. Os invernos têm sido frios desde quando se começou a registrar o tempo, então geralmente sabemos o que esperar dele.
O longo prazo, em referência ao clima, é um período realmente longo. Centenas de anos são um prazo curto quando se trata de clima. De fato, as mudanças no clima às vezes levam milhares de anos. Isto quer dizer que se por acaso houver um inverno não tão rigoroso quanto o de costume, ou mesmo dois ou três invernos deste tipo em seguida, isto não indica mudança de clima. Isto é apenas uma anomalia, um evento que foge do costumeiro alcance estatístico, mas que não representa nenhuma mudança permanente a longo prazo.
Também é importante entender que mesmo pequenas alterações no clima podem ter efeitos maiores. Quando os cientistas falam sobre "a era glacial", é provável que se visualize o mundo congelado, coberto de neve e sofrendo com temperaturas baixíssimas. Na verdade, durante a era glacial (eras glaciais acontecem aproximadamente a cada 50 mil ou 100 mil anos), a temperatura média da Terra era apenas 5° C mais baixa do que as médias atuais de temperatura [referência - em inglês].
Alterações naturais do clima
Milhares de anos podem passar até que a Terra esquente ou esfrie apenas um grau. E isso, de fato, acontece de forma natural. Além dos recorrentes ciclos de eras glaciais, o clima da Terra pode se modificar por causa da atividade vulcânica, das diferenças na vida vegetal que cobre a maior parte do planeta, das mudanças na quantidade de radiação que o Sol emite e das mudanças naturais na química da atmosfera.
O efeito estufa
O aquecimento global é causado pelo aumento do chamado efeito estufa. Ele sozinho não é ruim, já que permite que a Terra fique aquecida o suficiente para que a vida continue.
É possível imaginar a Terra como um carro estacionado sob o Sol. O carro fica sempre muito mais quente por dentro do que por fora se permanecer exposto ao Sol por um tempo. Os raios do Sol entram pelas janelas do carro, e uma parte de seu calor é absorvida pelos assentos, painel, carpete e tapetes. Quando esses objetos liberam o calor, ele não sai pelas janelas por completo. Uma parte é refletida de volta para o interior do carro. O calor irradiado pelos assentos é de um comprimento de onda diferente da luz do Sol que entrou pelas janelas. Então, uma certa quantidade de energia entra, e menos quantidade de energia sai. O resultado é um aumento gradual na temperatura interna do carro.
Quando os raios de Sol chegam à atmosfera e à superfície da Terra, aproximadamente 70% da energia fica no planeta, absorvida pelo solo, pelos oceanos, pelas plantas e outros. Os 30% restantes são refletidos no espaço pelas nuvens e outras superfícies refletivas [referência - em inglês]. Mas mesmo os 70% que passam não ficam na Terra para sempre (se isso acontecesse ela se tornaria uma bola de fogo). As coisas em torno do planeta que absorvem o calor do Sol eventualmente irradiam este calor. Um pouco vai para o espaço, e o resto acaba sendo refletido para a Terra ao atingir certas coisas que ficam na atmosfera, tais como dióxido de carbono, gás metano e vapor de água. O calor que não sai pela atmosfera terrestre mantém o planeta mais quente do que o espaço sideral, porque mais energia está entrando pela atmosfera do que saindo. Isso tudo faz parte do efeito estufa que mantém a Terra quente.
A Terra sem o efeito estufa
Como seria a Terra se não houvesse o efeito estufa? Provavelmente ela se pareceria bastante com Marte. Marte não tem uma atmosfera grossa o suficiente para refletir o calor para o planeta, então lá fica muito frio. Alguns cientistas sugeriram a transformação da superfície de Marte enviando "fábricas" que exalariam vapor de água e dióxido de carbono no ar. Se pudéssemos gerar material suficiente, a atmosfera começaria a engrossar a ponto de reter mais calor e permitir a sobrevivência das plantas na superfície. Depois que as plantas se espalhassem por Marte, elas passariam a produzir oxigênio. Depois de algumas centenas ou milhares de anos, Marte poderia realmente vir a ter um meio ambiente em que os humanos pudessem sobreviver graças ao efeito estufa.
Aquecimento global: o que está havendo?
O aquecimento global está diretamente relacionado ao chamado efeito estufa, que é provocado por alguns gases - os mais importantes são descritos a seguir.
Dióxido de carbono (CO2). É um gás incolor, subproduto da combustão de matéria orgânica. Ele representa menos de 0,04% da atmosfera da Terra - a maior parte foi liberada muito cedo na vida do planeta pela atividade vulcânica. Hoje, a atividade humana bombeia enormes quantidades de CO2 na atmosfera, resultando em aumento total na sua concentração [referência - em inglês]. O aumento de sua concentração é considerado o fator primário no aquecimento global, porque o CO2 absorve radiação infravermelha. Como a maior parte da energia que escapa da atmosfera da Terra sai na forma de radiação infravermelha, o CO2 extra significa maior absorção de energia e um aumento total na temperatura do planeta.
O Worldwatch Institute (em inglês) relata que as emissões de CO2 em todo o mundo aumentaram de cerca de um bilhão de toneladas em 1900 para cerca de sete bilhões de toneladas em 1995. O Instituto também aponta que a temperatura média da superfície da Terra subiu de 14,5° C, em 1860, para 15,3° C em 1980.
O óxido Nitroso (N2O) é outro importante gás estufa. Embora as quantidades liberadas pela atividade humana não sejam tão grandes quanto as de CO2, o óxido nitroso absorve muito mais energia do que CO2 (cerca de duzentas e setenta vezes mais). Por esse motivo, os esforços para que sejam reduzidas as emissões de gás estufa têm sido direcionados para o NO2 também [referência - em inglês]. O uso de muito fertilizante de nitrogênio nas colheitas libera grandes quantidades de N2O, e ele também é um subproduto da combustão.
Metano é um gás combustível e o principal componente do gás natural. O metano ocorre naturalmente, oriundo da decomposição de material orgânico. Freqüentemente é encontrado
na forma de "gás de pântano". Atividades desenvolvidas pelo homem produzem o metano de várias formas:
·             com sua extração do carvão;
·             a partir de grandes rebanhos de gado (por exemplo, gases digestivos);
·             a partir da bactéria nas cascas do arroz;
·             com a decomposição do lixo em aterros.
O metano age de forma semelhante à do CO2 na atmosfera, absorvendo energia infravermelha e mantendo a energia do calor na Terra. Alguns cientistas até especulam que a emissão do metano em larga escala para a atmosfera (como a liberação de grandes pedaços de metano congelado presos no fundo dos oceanos) poderia ter criado curtos períodos de intenso aquecimento global que levaram a algumas das extinções em massa no passado distante do planeta (revista Discover, dezembro de 2003).
Vapor de água,
o outro gás estufa

O vapor de água é o “gás estufa” mais abundante, mas é mais freqüente não como resultado das mudanças do clima e sim como resultado das emissões causadas pelo homem. Embora o termo gás não se aplique a água em condições normais, a presença de vapor de água na atmosfera e sua participação no efeito estufa dão a ele o status de “gás estufa”. A água ou a umidade na superfície da Terra absorve o calor do sol e de seus arredores. Quando calor suficiente tiver sido absorvido, algumas moléculas podem ter energia para escapar do líquido e começar a subir na atmosfera sob a forma de vapor. Enquanto o vapor sobe cada vez mais alto, a temperatura do ar ao seu redor se torna cada vez mais baixa. Eventualmente, o vapor perde calor para o ar ao seu redor, o que lhe permite voltar sob a forma líquida. A atração gravitacional da Terra faz com que o líquido "caia" de volta para a Terra, completando o ciclo. Este ciclo é chamado de "circuito de retorno positivo". O vapor de água é mais difícil de medir do que outros gases estufa, e os cientistas não têm certeza de qual seria seu papel exato no aquecimento global. Mas o web site (em inglês) da NOAA diz o seguinte:
Enquanto o vapor de água aumentar na atmosfera, maior quantidade dele irá se condensar em nuvens, que são mais capazes de refletir a radiação solar (permitindo que menos energia chegue à superfície da Terra e a esquente).
O que irá acontecer, de fato, se o planeta todo esquentar alguns graus? Leia a próxima seção para descobrir.
Efeitos do aquecimento global: nível do mar
Vimos que uma queda média de apenas 5° C ao longo de milhares de anos pode causar uma era glacial; então o que irá acontecer se a temperatura média da Terra aumentar alguns graus em apenas umas centenas de anos? Não há uma resposta clara. Nem mesmo as previsões do tempo a curto prazo são perfeitas porque o tempo é um fenômeno complexo. Quando se trata de previsões climáticas a longo prazo, tudo o que podemos conseguir são adivinhações baseadas em nosso conhecimento dos padrões climáticos ao longo da história.
Geleiras e placas de gelo ao redor do mundo podem começar a derreter. De fato, isto já está acontecendo [referência - em inglês]. A perda de grandes áreas de gelo na superfície pode acelerar o aquecimento global, porque menos energia solar será refletida para longe da Terra (retorne à nossa discussão sobre o efeito estufa). O resultado imediato do derretimento das geleiras seria o aumento do nível do mar. Inicialmente, seriam apenas 2,5 ou 5 cm - no entanto, se a placa de gelo da Antártida Ocidental derretesse e caísse sobre o mar, ela elevaria o seu nível em mais de 10 metros [referência - em inglês], e muitas áreas costeiras iriam desaparecer completamente sob o oceano. O nível do mar também se elevaria porque as águas do oceano ficariam mais quentes, causando a expansão da água. Mesmo um modesto aumento no nível do mar provocaria enchentes em áreas costeiras baixas. O IPCC estima que o nível do mar tenha subido 17 centímetros durante o século 20. Projeções feitas por cientistas mostram que até 2100 o nível do mar vai subir mais 18 a 55 cm. O Brasil não está entre os 50 países mais ameaçados pela elevação do nível do mar.
Com o aumento da temperatura global das águas, seriam mais numerosas e fortes as tempestades formadas no oceano - tais como tempestades tropicais e furacões, que extraem sua energia feroz e destrutiva das águas mornas pelas quais passam.
Efeitos do aquecimento global: estações e ecossistema
Em áreas temperadas com quatro estações, a estação de plantio e germinação seria mais longa e com maior incidência de chuvas. Isto seria benéfico de muitas formas para estas áreas. No entanto, partes menos temperadas do mundo provavelmente veriam um aumento de temperatura e uma diminuição brutal no índice de chuvas, causando longos períodos de seca e o surgimento de desertos.
Os efeitos mais devastadores - e também os mais difíceis de ser previstos - seriam os efeitos na biodiversidade. Muitos ecossistemas são delicados, e a mais sutil mudança pode matar várias espécies, assim como quaisquer outras que delas dependam. A maioria dos ecossistemas são interconectados, então a reação em cadeia dos efeitos seria imensurável. Os resultados poderiam ser como uma floresta morrendo gradualmente e se transformando em áreas de pasto ou recifes de corais morrendo. Muitas espécies de plantas e de animais se adaptariam ou mudariam com a alteração do clima, mas muitas se extinguiriam.
A Amazônia pode perder, por culpa do aquecimento global, de 10% a 25% de sua área florestal, substituída por uma espécie de savana.
O custo humano do aquecimento global é difícil de ser calculado. Milhares de vidas seriam perdidas anualmente, já que os idosos ou doentes sofreriam com o excesso de calor (em inglês) e outros traumas relacionados a ele. As pessoas de baixa renda e as nações subdesenvolvidas sofreriam os piores efeitos, já que não teriam recursos financeiros para lidar com os problemas que viriam com o aumento da temperatura. Uma quantidade enorme de pessoas morreria de fome se a diminuição das chuvas limitasse o crescimento das colheitas. Elas morreriam também pelo aumento de doenças, se as enchentes costeiras trouxessem as que são originadas na água e se difundem rapidamente.
Em seguida, descobriremos por que as pessoas não se importam com o aquecimento global.
O aquecimento global é um problema real?
Algumas pessoas acham que o aquecimento global não está acontecendo. Há vários motivos para isso:
·     as pessoas não acham que os dados mostrem uma tendência ascendente mensurável nas temperaturas globais, mesmo porque não temos dados históricos sobre o clima a prazos longos suficientes ou porque os dados que temos não são suficientemente claros;
·     alguns cientistas acham que os dados estão sendo interpretados erroneamente por pessoas preocupadas com o aquecimento global. Isso acontece porque estas pessoas estão buscando evidências do aquecimento global nas estatísticas, em vez de olharem as evidências com objetividade, tentando descobrir seu significado;
·     qualquer aumento nas temperaturas globais que estivermos vendo poderia ser uma mudança natural de clima ou poderia ocorrer devido a outros fatores além dos gases estufa.
Alguns cientistas reconhecem que o aquecimento global parece estar acontecendo, mas discordam que devemos nos preocupar. Estes cientistas dizem que a Terra é mais resistente às mudanças climáticas nesta escala do que podemos imaginar. Plantas e animais vão se adaptar às mudanças sutis nos padrões do tempo e é improvável que algo catastrófico aconteça como resultado do aquecimento global. Estações de plantio mais longas, mudanças nos níveis de chuva e tempo mais severo, na opinião dos cientistas não costumam ser desastrosos. Também argumentam que o prejuízo econômico causado pelo corte de emissão de gases estufa será mais prejudicial aos humanos do que qualquer um dos efeitos do aquecimento global.
Qual a resposta correta? Pode ser difícil de achá-la. A maioria dos cientistas diz que o aquecimento global é real e que é provável que cause algum dano, mas a extensão do problema e o perigo apresentado pelos efeitos estão abertos ao debate.
Na próxima seção, veremos se há algo a ser feito para prevenir o aquecimento global.
Podemos evitar o aquecimento global?
Há muita coisas que podemos fazer para tentar deter o aquecimento global. Basicamente, todas sugerem a redução na emissão de gases estufa. Podemos ajudar gastando menos energia.
Estas são algumas formas de diminuir emissões de gases estufa:
·     certifique-se de que seu carro está com o motor regulado - isto permitirá que ele funcione com maior eficiência e gere menos gases nocivos;
·     caminhe ou ande de bicicleta quando puder - dirigir o carro gera mais gases estufa do que praticamente qualquer outra coisa que se faça;
·     recicle - o lixo que não é reciclado acaba em um aterro, gerando metano; além disso, produtos reciclados requerem menos energia para ser produzidos do que produtos feitos do zero;
·     plante árvores e outras plantas onde puder - as plantas tiram o CO2 do ar e liberam oxigênio;
·     não queime o lixo - isto lança CO2 e hidrocarbonetos para a atmosfera.
Os carros queimam combustível fóssil, mas os carros com combustível mais eficiente emitem menos CO2, especialmente os carros híbridos. Caminhe ou use sua bicicleta se possível ou dê caronas a caminho do trabalho.
Para deter a emissão dos gases estufa é necessário que se desenvolvam fontes de energia combustível não-fóssil. Energia hidrelétrica, energia solar, motores de hidrogênio, biodiesel e células de combustível poderiam criar grandes cortes nos gases estufa se fossem mais comuns.
O Protocolo de Kyoto  foi criado para reduzir a emissão de CO2 e de outros gases estufa em todo o mundo. Trinta e cinco nações industrializadas se comprometeram a reduzir a emissão destes gases em graus variados. Infelizmente, os Estados Unidos, principais produtores mundiais de gases estufa, não assinaram o protocolo.

sábado, 10 de novembro de 2012

Rio Eufrates

                                                RIO EUFRATES (IRAQUE) ESTÁ SECANDO

Menino ajoelha-se nalama que restou do rio Eufrates perto da aldeia de Jubaish, no Iraque. Foto de Moises Saman/The New York Times
Rio Eufrates sofre há dois anos com seca e poderá desaparecer do Iraque
Por todos os pântanos, os coletores de junco, pisando em terra por onde antes flutuavam, gritavam para os visitantes em um barco de passagem.”Maaku mai!” eles gritavam, erguendo suas foices enferrujadas. “Não há água!”

O Eufrates está secando. Estrangulado pelas políticas de água dos vizinhos do Iraque, a Turquia e a Síria; dois anos de seca e anos de uso inadequado pelo Iraque e seus agricultores, o rio está significativamente menor do que há apenas poucos anos. Algumas autoridades temem que em breve poderá ser a metade do que era.
Reportagem de Campbell Robertson, em Jubaish (Iraque), no The New York Times.
O encolhimento do Eufrates, um rio tão crucial para o nascimento da civilização que o Livro do Apocalipse profetizou sua seca como um sinal do final dos tempos, tem dizimado as fazendas ao longo de suas margens, tem deixado pescadores empobrecidos e esvaziado as cidades à beira do rio, à medida que os agricultores fogem para cidades maiores à procura de trabalho.

Os pobres sofrem mais agudamente, mas todos os estratos sociais estão sentindo os efeitos: xeques, diplomatas e até membros do Parlamento que se retiram para suas fazendas após semanas em Bagdá.

Ao longo do rio, os campos de arroz e trigo se transformaram em terra árida. Os canais encolheram para ribeirões rasos e os barcos de pesca ficam encalhados na terra seca. Bombas que visavam alimentar as usinas de tratamento de água balançam inutilmente sobre poças marrons.

“Os velhos dizem que é o pior de que se recordam”, disse Sayd Diyia, um pescador de 34 anos de Hindiya, sentado em um café à beira do rio cheio de colegas ociosos. “Eu estou dependendo das graças de Deus.”

http://graphics8.nytimes.com/images/2009/07/14/world/14euphratesmap_500.jpg


Bacia do rio Eufrates

A seca é grande por todo o Iraque. A área cultivada com trigo e cevada no norte alimentado pela chuva caiu cerca de 95% do habitual, e os pomares de tâmaras e laranjas do leste estão ressecados. Por dois anos as chuvas estão muito abaixo do normal, deixando reservatórios secos. As autoridades americanas preveem que a produção de trigo e cevada será pouco mais da metade daquela de dois anos atrás.

É uma crise que ameaça as raízes da identidade do Iraque, não apenas como a terra entre dois rios, mas como uma nação que já foi a maior exportadora de tâmaras do mundo, que antes fornecia cevada para a cerveja alemã e que tem orgulho patriótico de seu caro arroz âmbar.

Agora o Iraque está importando mais e mais grãos. Os produtores rurais ao longo do Eufrates dizem, com raiva e desespero, que terão que abandonar o arroz âmbar por variedades mais baratas.

As secas não são raras no Iraque, apesar das autoridades dizerem que nos últimos anos estão ocorrendo com maior frequência. Mas a seca é apenas parte do que está sufocando o Eufrates e seu irmão gêmeo maior e mais saudável, o Tigre.

Os culpados citados com maior frequência são os governos turco e sírio. O Iraque tem muita água, mas é um país que está corrente abaixo. Há pelo menos sete represas no Eufrates na Turquia e na Síria, segundo as autoridades de água iraquianas, e sem nenhum tratado ou acordo, o governo iraquiano fica reduzido a implorar por água junto aos seus vizinhos.

Em uma conferência em Bagdá -na qual os participantes beberam água engarrafada da Arábia Saudita, um país com uma fração da água doce do Iraque- as autoridades falavam em desastre.

“Nós temos uma sede real no Iraque”, disse Ali Baban, o ministro do Planejamento. “Nossa agricultura vai morrer, nossas cidades vão definhar e nenhum Estado pode ficar quieto em uma situação dessas.”

Recentemente, o ministério da água anunciou que a Turquia dobrou o fluxo de água para o Eufrates, salvando o período de plantio de arroz em algumas áreas.

A medida aumentou o fluxo de água em cerca de 60% de sua média, apenas o suficiente para atender metade das necessidades de irrigação para a estação de arroz. Apesar da Turquia ter concordado em manter o fluxo e até aumentá-lo, não há compromisso que exija que o país o faça.

Com o Eufrates exibindo poucos sinais de melhora da saúde, a amargura em torno da água do Iraque ameaça se transformar em fonte de tensão por meses, ou até mesmo anos, entre o Iraque e seus vizinhos. Muitas autoridades americanas, turcas e até mesmo iraquianas, desdenhando as acusações como postura de ano eleitoral, disseram que o problema real está nas deploráveis políticas de gestão de águas do próprio Iraque.

“Costumava haver água por toda a parte”, disse Abduredha Joda, 40 anos, sentando em sua choupana de junco em um terreno seco e rochoso fora de Karbala. Joda, que descreve sua situação difícil com um sorriso cansado, cresceu perto de Basra, mas fugiu para Bagdá quando Saddam Hussein drenou os grandes pântanos do sul do Iraque em retaliação pelo levante xiita de 1991. Ele chegou a Karbala em 2004 para pescar e criar búfalos d’água nos ricos alagadiços que o lembravam de seu lar. “Neste ano é apenas um deserto”, ele disse.

Ao longo do rio, não há falta de ressentimento em relação aos turcos e sírios. Mas também há ressentimento contra os americanos, curdos, iranianos e o governo iraquiano, todos eles responsabilizados. A escassez transforma todos em inimigos.

As áreas sunitas rio acima parecem ter água suficiente, observou Joda, um comentário cheio de implicações.

As autoridades dizem que nada melhorará se o Iraque não tratar seriamente de suas próprias políticas de água e de sua história de má gestão de águas. Canais que vazam e práticas de irrigação perdulárias desperdiçam água, e a má drenagem deixa os campos tão salgados com a evaporação da água que mulheres e crianças escavam imensos montes brancos das piscinas de água de rolamento.

Em uma manhã escaldante em Diwaniya, Bashia Mohammed, 60 anos, trabalhava em uma piscina de drenagem ao lado da estrada colhendo sal, a única fonte de renda de sua família, agora que sua plantação de arroz secou. Mas a fazenda morta não era a crise real.

“Não há água do rio para bebermos”, ela disse, se referindo ao canal que flui do Eufrates. “Agora está totalmente seco e contém água de esgoto. Eles cavam poços, mas às vezes a água simplesmente é cortada e temos que beber do rio. Todos meus filhos estão doentes por causa da água.”

No sudeste, onde o Eufrates se aproxima do fim de sua jornada de 2.784 quilômetros e se mistura com as águas menos salgadas do Tigre antes de desaguar no Golfo Pérsico, a situação é grave. Os pântanos de lá, que foram intencionalmente reinundados em 2003, resgatando a cultura antiga dos árabes do pântano, estão secando novamente. Os carneiros pastam em terras no meio do rio.

Os produtores rurais, coletores de junco e criadores de búfalos continuam trabalhando, mas dizem que não poderão continuar se a água permanecer assim.

“O próximo inverno será a última chance”, disse Hashem Hilead Shehi, um agricultor de 73 anos que vive em uma aldeia seca a oeste dos pântanos. “Se não conseguirmos plantar, então todas as famílias terão que partir.”

Amir A. al-Obeidi, Mohammed Hussein e Abeer Mohammed contribuíram com reportagem.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Reportagem [Iraq Suffers as the Euphrates River Dwindles]do The New York Times, no UOL Notícias.

EcoDebate, 16/07/2009

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Meio Ambiente

Plástico de cana-de-açúcar comecará a ser produzido no Brasil

Lourenço Canuto - Agência Brasil - 23/04/2009Uma empresa brasileira vai produzir anualmente 200 mil toneladas de matéria-prima para a produção de plásticos a partir da cana-de-açúcar. Chamado de plástico verde, o material tem origem 100% renovável e contribui para absorver mais gás carbônico da atmosfera do que emite ao longo do seu ciclo de vida.
Plástico verde
A iniciativa é da empresa petroquímica Braskem que vai lançar ainda hoje (22) em Triunfo, no Rio Grande do Sul, a pedra fundamental do Projeto Verde da Braskem, planta industrial da fábrica cujas obras vão gerar 1.500 empregos.
A unidade deverá estar concluída no final do próximo ano e consumirá investimentos de R$ 500 milhões. Segundo o responsável pela comercialização de polímeros verdes da Braskem, Luiz Nitschke, essa será a primeira operação em escala comercial no mundo da produção de polietileno verde a partir de matéria-prima totalmente renovável.
Plástico alternativo
Nitschke informou que a produção será destinada ao mercado do produto alternativo, que consome em todo o mundo 70 milhões de toneladas de polietileno por ano. O consumo de plásticos provenientes de todas as origens chega a 200 milhões de toneladas ao ano, de acordo com ele.
Inicialmente será usada cana proveniente de São Paulo, mas o projeto vai estimular também a exploração da cultura no estado. O zoneamento agrícola da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul foi divulgado na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Polietileno verde
O polietileno verde vai ser produzido a partir de uma resina sintetizada do etanol e permitirá a fabricação de tanques de combustível para veículos, filmes para fraldas descartáveis, recipientes para iogurtes, leite, xampu, detergentes.
O polietileno é fornecido à indústria em forma de bolinhas que são então transformadas nas embalagens ou em peças para diversas finalidades, como para a indústria de brinquedos.
Nitschke afirma que usar álcool para produzir polietileno não vai provocar impacto na produção de açúcar ou de combustível, tendo em vista a potencialidade do Brasil nessa área. O país, conforme destacou o executivo, produz 500 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e praticamente metade vai para a industrialização do etanol e os 50% restante, para a produção do açúcar.
O polietileno verde substitui a matéria-prima proveniente de reservas fósseis oferecendo um produto de fonte renovável e que fixa o gás carbônico com a síntese da resina obtida para a produção do polietileno.

sábado, 26 de maio de 2012

MATA ATLANTICA

Continuação
Mico-Leão litoral do Paraná
Foto rara tirada a 500 metros de distância aproximadamente
É possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido catalogadas. Estima-se que 171 espécies de animais, sendo 88 de aves, endêmicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o relatório mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, entre essas espécies estão o muriqui, mico-leão-dourado, bugio,tatú,tamanduá, entre outros.

Recordes mundiais da Mata Atlântica

454 espécies de árvores por hectare – no Sul da Bahia.
Animais: aproximadamente 1.600.000 espécies, incluindo insetos
Mamíferos, aves, répteis e anfíbios: 1361 espécies, 567 endêmicas
2 % de todas as espécies do planeta somente para estes grupos de vertebrados

A preservação

Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo).
No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs (Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias.
Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o ecossistema mais extenso do estado.
A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a [[Zona Costeira]]. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida.
A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a politica de conservação e desenvolvimetnto sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.
Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossiê da Mata, por municípios do domínio original.

Unidades de Conservação (UC) da Mata Atlântica

No domínio da Mata Atlântica existem 131 UCs federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por 16 estados, com exceção de Goiás.
Entre elas destacamos:
  • Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, BA
  • Parque Marinho dos Abrolhos, federal, BA
  • Parque das Dunas, estadual, RN
  • Jericoacoara, federal, CE
  • Chapada do Araripe, PE, PI e CE
  • Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, ES
  • Santuário Caraça, privada, MG
  • Serra do Cipó, federal, MG
  • Serra da Bodoquena, federal, MS
  • Parque Iguaçu, federal, Vila Velha, PR
  • Ilha do Mel, estadual, PR
  • Parque Estadual do Rio Doce, estadual,MG
  • Parque Estadual dos Três Picos
  • Serra dos Órgãos e Parque da Tijuca, federais, e Barra da Tijuca, municipal, RJ
  • Serra Geral, estadual, RS
  • Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, Parque da Cantareira, Parque da Juréia e Ilha Anchieta, estaduais, SP
  • Serra da Bocaina, RJ e SP
  • Serra da Mantiqueira, RJ, MG e SP
  • Parque do Itatiaia, MG e RJ
  • Parque Municipal da Grota 1, Mirassol, SP
  • Parque Zoobotânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, PB
  • Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, PB
  • Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, PB

Importância econômica

Da população brasileira, 70% vive na área de domínio da Mata Atlântica, que mantém as nascentes e mananciais que abastecem as cidades e comunidades do interior, regula o clima (temperatura, umidade, chuvas) e abriga comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas.
Entre os povos indígenas que vivem no domínio da Mata Atlântica estão os Wassu, Pataxó, Tupiniquim, Gerén, Guarani, Krenak, Kaiowa, Nandeva, Terena, Kadiweu, Potiguara, Kaingang e Guarani M'Bya.
Entre os usos econômicos da mata estão as plantas medicinais (a maioria não estudadas), como espinheira-santa, caixeta, e o turismo ecológico.
Fonte: pt.wikipedia.org

domingo, 8 de abril de 2012

MATA ATLÂNTICA

                                                                        Paisagem da Mata Atlântica
Mata Atlântica é uma formação vegetal brasileira.
Acompanhava o litoral do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões meridional e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste chegava até Argentina e Paraguai. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores do planeta. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Foi a segunda maior floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil.
A área de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação vegetal) abrangia total ou parcialmente 17 estados:
  • Alagoas, cobria originalmente 52% da área do estado
  • Bahia, 31%
  • Ceará, 3%
  • Espírito Santo, 100%
  • Goiás, 3%
  • Mato Grosso do Sul, 14%
  • Minas Gerais, 45%
  • Paraíba, 12%
  • Paraná, 97%
  • Pernambuco, 18%
  • Piauí, 9%
  • Rio de Janeiro, 99%
  • Rio Grande do Norte, 6%
  • Rio Grande do Sul, 47%
  • Santa Catarina, 99%
  • São Paulo, 80%
  • Sergipe, 32%
A área original era 1.290.692,46 km², 15% do território brasileiro
Atualmente o remanescente é 95.000 km², 7,3% da área original.

Formações do Domínio da Mata Atlântica

Definidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992:
  • Floresta Ombrófila Densa
  • Floresta Ombrófila Mista
  • Floresta Ombrófila Aberta
  • Floresta Estacional Decidual
  • Floresta Estacional Semidecidual
  • Mangues
  • Restingas
  • Campos de Altitude
  • Brejos Interioranos
  • Encraves Florestais do Nordeste
A proteção do CONAMA se estende não só à mata primária, mas também aos estágios sucessionais em áreas degradadas que se encontram em recuperação. A mata secundária é protegida em seus estágios inicial, médio e avançado de regeneração.

O descobrimento e a exploração da Mata

Esta foto foi tirada um dia antes da terraplanagem de 8.000.000 de metros quadrados da Mata Atlântica no litoral sul do Estado de São Paulo divisa com Paraná em 1998, para construção de um grande condomínio de luxo. Logo em seguida ao descobrimento, praticamente toda a vegetação atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à destruição ecológica. Outras madeiras de valor também foram exauridas: tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.
Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas. A Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento do mito do paraíso terrestre, em obras como as de Tommaso Campanella e Bacon.
No nordeste brasileiro a extinção foi total, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo rural só comparados às regiões mais pobres do mundo. Nesta região, seguindo a derrubada da mata, vieram plantações de cana-de-açúcar; na região sul, foi a cultura do café a principal responsável pela destruição total da vegetação nativa, restando uma área muito pequena para a preservação de espécies; estas foram postas em risco pela poluição ambiental ocasionada pela emissão de agentes nocivos à sua sobrevivência.
Além da exploração de recursos florestais, houve um significativo comércio exportador de couros e peles de onça (que chegou ao preço de um boi), anta, cobras, capivara, cotia, lontra, jacaré, jaguatirica, paca, veado, e outros animais, de penas e plumas e carapaças de tartarugas.
Ao longo da história, personagens como José Bonifácio de Andrada e Silva, Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha protestaram contra o modelo predatório de exploração.
Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de atitudes urgentes de órgãos mundiais de preservação ambiental às espécies que estão sendo eliminadas da natureza aceleradamente. Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas Serras do Mar e da Mantiqueira, de relevo acidentado.
Exemplos claros da destruição da mata são a Ilha Grande e Serra da Bocaina, e muitas regiões do Estado do Rio de Janeiro.
Entre 1990 e 1995, cerca de 500.317 ha foram desmatados. É a segunda floresta mais ameaçada de extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.
Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, sendo que existe a ameaça constante da poluição e da especulação imobiliária.

A Biodiversidade

Foto tirada na Estrada da Graciosa, Paraná
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das elevações do planalto e das serras. A biodiversidade da Mata Atlântica é maior mesmo que a da Amazônia. Há subdivisões da mata, devidas a variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e flora.
A exuberância da biodiversidade
A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Desta forma, há uma estratificação da vegetação, criando diferentes habitats nos quais a diversificada fauna vive. Conforme a abordagem, encontram-se de seis a onze estratos na Mata Atlântica, em camadas sobrepostas.
Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas (ocorrem apenas na Mata Atlântica). Das bromélias, 70% são endêmicas dessa formação vegetal, palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.
Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos, inclusive mais de 15% dos primatas, como o mico-leão-dourado. Das aves 160 espécies, e dos anfíbios 183, são endêmicas da Mata Atlântica.
Fonte: pt.wikipedia.org
CONTINUA.



 

domingo, 4 de março de 2012

FLORA

Flora:
Muitas espécies da flora da Mata Atlântica são endêmicas e ameaçadas de extinção.
Jequitibá Rosa - Parque Estadual do Vassununga - SP
Maior árvore viva da Mata Atlântica

Flora

O conjunto de fitofisionomias que forma a Mata Atlântica propiciou uma significativa diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução de um complexo biótico de natureza vegetal e animal altamente rico. É por este motivo que a Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos biomas mais ricos em termos de diversidade biológica do Planeta.

Não há dados precisos sobre a diversidade total de plantas da Mata Atlântica, contudo considerando-se apenas o grupo das angiospermas (vegetais que apresentam suas sementes protegidas dentro de frutos), acredita-se que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espécies, ou seja, de 22% a 24% do total que se estima existir no mundo. Desse total, as projeções são de que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies, ou seja, entre 33% e 36% das existentes no País. Para se ter uma idéia da grandeza desses números, basta compará-los às estimativas de diversidade de angiospermas de alguns continentes: 17.000 espécies na América do Norte, 12.500 na Europa e entre 40.000 e 45.000 na África.

Apenas em São Paulo, estado que possuía cerca de 80% de seu território originalmente ocupado por Mata Atlântica, estima-se existirem 9.000 espécies de fanerógamas (plantas com sementes, incluindo as gimnospermas e angiospermas), 16% do total existente no País e cerca de 3,6% do que se estima existir em todo o mundo. No caso das pteridófitas (plantas vasculares sem sementes como samambaias e avencas), as estimativas apontam para uma diversidade entre 800 e 950 espécies, que corresponde a 73% do que existe no Brasil e 8% do mundo.

O Museu de Biologia Mello Leitão publicou, em 1997, estudos desenvolvidos na Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade de São Paulo, dizendo que na Estação Biológica de Santa Luzia, município de Santa Teresa (ES), foram identificadas 443 espécies arbóreas em um área de 1,02 hectare de floresta ombrófila densa. Na seqüência, estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Conduru, no Sul da Bahia, elevaram esse número para 454 espécies de árvores por hectare (Jardim Botânico de Nova Iorque e CEPLAC). Estas descobertas superam o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia Peruana em 1986 e podem significar que de fato a Mata Atlântica possui a maior diversidade de árvores do mundo.

Vale ressaltar que das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlântica 50% são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar no planeta. O endemismo se acentua quando as espécies da flora são divididas em grupos, chegando a índices de 53,5% para árvores, 64% para palmeiras e 74,4% para bromélias.

Muitas dessas espécies endêmicas são frutas conhecidas, como é o caso da jabuticaba, que cresce grudada ao tronco e aos galhos da jabuticabeira (Myrciaria trunciflora), daí seu nome iapoti-kaba, que significa frutas em botão em tupi. Outras frutas típicas da Mata Atlântica são a goiaba, o araçá, a pitanga, o caju e as menos conhecidas cambuci, cambucá, cabeludinha e uvaia. Outra espécie endêmica do bioma é a erva mate, matéria-prima do chimarrão, bebida bastante popular na região Sul.

Muitas dessas espécies, porém, estão ameaçadas de extinção. Começando pelo pau-brasil, espécie cujo nome batizou o País, várias espécies foram consumidas à exaustão ou simplesmente eliminadas para limpar terreno para culturas e criação de gado. Atualmente, além do desmatamento, outros fatores concorrem para o desaparecimento de espécies vegetais, como o comércio ilegal. Um exemplo é o palmito juçara (Euterpe edulis), espécie típica da Mata Atlântica, cuja exploração intensa a partir da década de 1970 quase levou à extinção. Apesar da retirada sem a realização e aprovação de plano de manejo ser proibida por lei, a exploração clandestina continua forte no País. O mesmo vem acontecendo com o pinheiro-do-paraná ou araucária (Araucaria angustifolia), espécie que chegou a responder por mais de 40% das árvores existentes na floresta ombrófila mista, hoje reduzida a menos de 3% de sua área original. Orquídeas e bromélias também são extraídas para serem vendidas e utilizadas em decoração. Plantas medicinais são retiradas sem qualquer critério de garantia de sustentabilidade.

Em um bioma onde as espécies estão muito entrelaçadas em uma rede complexa de interdependência, o desaparecimento de uma planta ou animal compromete as condições de vida de várias outras espécies. Um exemplo é o jatobá (Hymenaea courbarail). A dispersão de suas sementes depende que seu fruto seja consumido por roedores médios e grandes capazes de romper a sua casca. Como as populações desses roedores estão diminuindo muito, os frutos apodrecem no chão sem permitir a germinação das sementes. Com isso, já são raros os indivíduos jovens da espécie. À medida em que os adultos forem morrendo, faltará alimentos para os morcegos, que se alimentam do néctar das flores de jatobá.
Fonte www.apremavi.org.br/mata-atlantica/entrando-na-mata/flora/