sábado, 25 de janeiro de 2020

O pássaro mais barulhento do mundo é tão ensurdecedor quanto um trovão

Você conhece a araponga-da-amazônia? Caso a resposta seja não, apenas te aconselhamos a não chegar muito perto dela.
Esse pássaro é, de acordo com um novo estudo realizado por Jeffrey Podos, da Universidade de Massachusetts (EUA) e Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Brasil), o mais barulhento do mundo.
O recorde anterior pertencia ao cri-crió com seus 116 decibéis, não páreos para os 125,4 decibéis da araponga, o que é mais alto que um show de rock e apenas um pouco mais baixo que um tiro. Basicamente um trovão.

Acasalamento

Por que a tal da araponga berra tão alto? Por que outro motivo seria, se não para o objetivo maior de cada espécie viva deste planeta? Atrair fêmeas.
Não tenho a menor ideia do porquê isso funciona, no entanto – aparentemente, os machos berram cada vez mais alto quanto mais perto as fêmeas estão deles, o que é diferente do comportamento da maioria das aves, que costumam utilizar sua força vocal para longas distâncias.
Glória amada, esse truque evolutivo não colou com a espécie humana – quem iria querer um macho berrando mais alto que o vocalista do Mettalica a menos de quatro metros da sua cara?
Como bem observaram os pesquisadores, a essa distância, as arapongas fêmeas podem prejudicar sua própria audição, de forma que é um verdadeiro mistério o fato de elas permanecerem por perto.
“Enquanto assistíamos aos pássaros, tivemos a sorte de ver as fêmeas se juntarem aos machos em seus poleiros”, Podos explicou em um comunicado à imprensa. “Nesses casos, vimos que os machos cantam apenas as músicas mais altas. Além disso, eles giram dramaticamente durante essas músicas, de modo a tocar a nota final da música diretamente para as fêmeas”.
É, meus caros. Tem gosto para tudo.
O estudo foi publicado na revista científica Current Biology. [Cnet]
Fonte: Hypescience

“Ricos com influência são os que mais desmatam a Amazônia”

Para o cientista Paulo Artaxo, que pesquisa a Amazônia desde 1984, não há dúvida: a recente fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a pobreza é a maior inimiga do meio ambiente está equivocada.
“A maior parte do desmatamento é feita por empresas e pessoas ricas que detêm o poder na região, têm muita influência no Judiciário e no Poder Executivo. Elas simplesmente fazem invasões de terras públicas, e o Ministério Público e a polícia não vão atrás”, afirma.
Doutor em física atmosférica pela USP, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) desde 2003 e um dos cientistas mais citados no mundo segundo a Highly Cited Researchers, Artaxo falou com a DW Brasil sobre a gestão do presidente Jair Bolsonaro em relação ao meio ambiente e as ações mais recentes nesse sentido.
Nesta terça-feira (21/01), o presidente anunciou a criação do Conselho da Amazônia e de uma Força Nacional Ambiental, com o intuito, segundo ele, de preservar e combater o desmatamento. A taxa de desmatamento da Floresta Amazônica cresceu, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 29,54% entre agosto de 2018 e julho de 2019, ante o período imediatamente anterior.
DW Brasil: O presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um Conselho da Amazônia, que a princípio vai coordenar os trabalhos relativos à floresta em diversos ministérios. Como o senhor vê essa iniciativa?
Paulo Artaxo: Depende de quem vai ser membro deste conselho, que autonomia política esse conselho vai ter para implementar políticas de preservação da Amazônia. Pode ser um conselho que incentive a ocupação de terras indígenas, que incentive o aumento de áreas de mineração em terras indígenas, que são as mais preservadas da Amazônia. É impossível saber se o papel vai ser negativo no desenvolvimento da Amazônia ou positivo, vai depender da autonomia de quem vai participar desse conselho.
Também foi anunciada a criação de uma Força Nacional Ambiental, ressuscitando uma iniciativa que se tentou implantar no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um efetivo militar seria eficaz no combate à destruição da floresta? Não faria mais sentido fortalecer o trabalho de fiscalização do Ibama, por exemplo?
Já está mais que demonstrado que se você faz um forte trabalho de fiscalização, de monitoramento, coloca a Polícia Federal para combater crimes na Amazônia, já que de 80% a 90% do desmatamento é criminoso, se você coloca o Exército, e dá autonomia para o Exército e para a PF fazer com que a lei seja cumprida na Amazônia, você vai conseguir reduzir o desmatamento em 90%, como na verdade ocorreu quando o Brasil reduziu de 2002, quando desmatava 28 mil quilômetros quadrados, para 2012, quando caiu para 4 mil somente. Hoje tá em 9.750 quilômetros quadrados. É possível reduzir desmatamento? É. Não custa muito dinheiro, na verdade não há maneira mais barata de reduzir a emissão de gases do efeito estufa do que reduzindo desmatamento. E pode ser feito de uma maneira muito rápida. Agora, é preciso que haja interesse político do governo, do Judiciário, do Ministério Público, do Ibama. Tem que fortalecer os órgãos fiscalizadores do Ibama, e com isso o Brasil conseguiria reduzir o desmatamento a praticamente zero.
Como o senhor avalia o que foi feito no último ano na gestão Bolsonaro em relação ao meio ambiente?
Os órgãos que fiscalizam foram todos enfraquecidos, sem orçamento, sem contratação de pessoal – por exemplo, o Prevfogo, que é uma ferramenta fundamental do Ibama na prevenção de queimadas na Amazônia. Foi muito eficiente na redução do desmatamento da Amazônia no governo Lula, e hoje foi totalmente desmantelado. Isso vai ter que ser refeito. Mas, para isso, é preciso que o Ministério [do Meio Ambiente] tenha uma orientação clara, forte e firme, tanto da sociedade quanto do governo, de que nós vamos trabalhar para reduzir o desmatamento a zero na Amazônia. É possível, não custa muito dinheiro, precisa somente de vontade política.
Olhando para nossa história, que políticas foram mais efetivas no combate ao desmatamento na Amazônia e quais foram mais desastrosas?
As políticas mais eficientes já são muito conhecidas hoje no Brasil. O Brasil é o país de maior sucesso na redução de desmatamento no mundo todo, nas décadas de 1990 e 2000. O Brasil sabe como fazer isso, funciona e custa muito pouco. A primeira delas é a implantação completa e fazer valer o chamado cadastro ambiental rural. Então, você vai poder monitorar por satélite e emitir multas para empresas que estão desrespeitando a lei, e para os indivíduos que estão desrespeitando a lei. As demais, que se tratam de invasões de terras públicas, aí é uma questão de polícia, porque é crime ambiental. Então, a Polícia Federal e o Exército têm que coibir esses crimes, porque, afinal, a lei tem que valer alguma coisa no nosso país.
E o que foi mais desastroso em termos de políticas para a Amazônia?
O que deu mais errado foi, na verdade, o incentivo a um processo de ocupação desordenado, sem qualquer planejamento e sem qualquer preocupação com a sustentabilidade ambiental do processo de ocupação da Amazônia. Hoje, o Brasil tem uma ciência muito forte, desenvolvida pela Embrapa, pelos institutos da Amazônia, pelas universidades, sobre como fazer o processo de ocupação da Amazônia ter o mínimo de dano ambiental. Isso é possível, temos exemplos muito fortes, inclusive financiados pelo Fundo Amazônia, de muito sucesso, de várias ONGs, como o ISA (Instituto Socioambiental), o Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), e assim por diante. Então, o Brasil tem o conhecimento científico necessário para implantar políticas públicas para a Amazônia. Agora, é necessário ter vontade política para implementar esse conhecimento científico. 
Quem são os maiores responsáveis pelo desmatamento ilegal na Amazônia? Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Davos que as pessoas destroem o meio ambiente porque têm fome.
Obviamente, esse argumento é totalmente falho e errado porque a grande maioria do desmatamento não é feita pela população faminta da Amazônia. A maior parte do desmatamento é feita por empresas e pessoas ricas que detêm o poder na região, têm muita influência no Judiciário e no Poder Executivo e que simplesmente fazem invasões de terras públicas, e o Ministério Público e a polícia não vão atrás. Não são os pobres que desmatam a Amazônia. Na verdade, são empresas muito ricas e que têm uma taxa de lucros imensa. Esse discurso é totalmente falso.
Em dezembro, o presidente Bolsonaro falou em enviar um projeto para autorizar mineração e criação de gado em terras indígenas. Qual sua avaliação sobre uma medida como essa?
Bom, não precisa nem ser cientista para responder. As áreas mais preservadas na Amazônia são as áreas indígenas. Porque os índios, ao longo dos milênios ocupando a Amazônia, sabem como fazer o desenvolvimento sustentável da região. As áreas mais bem preservadas são as áreas indígenas, e são protegidas pela Constituição brasileira – é importante salientar isso. Ao tentar abrir para o garimpo e para a exploração agropecuária territórios que hoje são os mais preservados da Amazônia, primeiro você está fomentando atividades ilegais, segundo, você está indicando que vai aumentar a invasão de terras públicas, de terras indígenas.
No ano passado, alguns líderes, como a chanceler federal alemã, Angela Merkel, se pronunciaram a respeito da Amazônia. Que atores hoje têm poder para pressionar, nacional e internacionalmente, o Brasil a preservar a floresta?
A questão das commodities é muito importante, é uma fração importante do PIB brasileiro, e evidentemente pressões, por exemplo, para que atores internacionais não comprem carne advinda de áreas de desmatamento nos últimos dez ou 20 anos podem ser muito efetivas. Por exemplo, não comprar soja de áreas desmatadas nos últimos 20 anos. Isso faz com que o ganho de novas áreas a serem desmatadas diminua bastante, já que você vai ter limitado o seu poder de exploração econômica sobre aquelas áreas. Então, as sanções econômicas são sim uma ferramenta de combate ao desmatamento.
Fonte: Deutsche Welle

Brasil adianta ponteiros do Relógio do Juízo Final

O Relógio do Juízo Final teve seus ponteiros ajustados nesta quinta-feira (23/01) para a marca de apenas 100 segundos para a meia-noite, simbolizando o maior perigo para humanidade registrado desde criação do dispositivo em 1947.
O Brasil foi citado pela primeira vez como um dos causadores do aumento do nível de perigo em razão das políticas ambientais do governo e do desmantelamento da proteção à Amazônia.
O avanço dos ponteiros foi decidido pelo Boletim de Cientistas Atômicos, um painel internacional de especialistas que controla o dispositivo e conta com a participação de 13 vencedores do prêmio Nobel.
Outros fatores levados em conta foram o aumento das tensões internacionais, a maior utilização de tecnologias destrutivas, a militarização do espaço e o desenvolvimento de novas armas supersônicas, além do risco de uma nova corrida nuclear.
“Passamos a contar em segundos o quanto estamos próximos de uma catástrofe, não em horas ou minutos”, disse Rachel Bronson, presidente do organismo. O Relógio do Juízo Final foi inicialmente criado para medir os riscos de uma catástrofe nuclear, mas desde 2007 passou a incluir também as mudanças no clima do planeta e seus efeitos.
“No ano passado, alguns países agiram para combater as mudanças climáticas enquanto outros, incluindo os Estados Unidos, que deixaram o acordo de Paris, e o Brasil, que desmantelou políticas de proteção à floresta amazônica, deram vários passos para trás”, afirma um comunicado do Boletim.
Entre as causas de preocupação, os cientistas destacaram o fracasso da Conferência do Clima em Madrid, o aumento as emissões de CO2 e incêndios de grandes proporções ocorridos “desde o Ártico até a Austrália”.
No ano passado, o aumento das queimadas na Amazônia gerou comoção internacional e fez com que o Brasil se tornasse alvo de pesadas críticas de governos e organizações ambientalistas em todo o mundo.
Em 2019, em torno de 10 mil quilômetros quadrados de floresta foram devastados no Brasil. O desmatamento na Amazônia cresceu 85,3% em comparação com 2018, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Brasil abriga 60% da Floresta Amazônica, que é um regulador chave para os sistemas vivos do planeta e também para o índice de chuvas no país. Suas árvores absorvem cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano e liberam 20% do oxigênio do planeta.
Depois de ter sido considerado uma história de sucesso ambiental, o Brasil vem perdendo prestígio, principalmente desde a eleição de Jair Bolsonaro à presidência. Ele já declarou várias vezes a intenção de explorar a floresta amazônica, ameaçando reservas naturais e terras indígenas, e chegou a negar a existência das mudanças climáticas.
Devido ao discurso do presidente e à agenda ambiental do governo, especialistas temem que o desmatamento no Brasil atinja níveis alarmantes nos próximos anos.
O Relógio do Juízo Final foi inicialmente acertado em sete minutos para a meia noite. A pior marca até agora – dois minutos para a meia-noite – havia sido registrada nos anos de 2018 e 2019.
Segundo o dispositivo, o mais longe que a humanidade já esteve de uma catástrofe foi em 1991 com o fim da Guerra Fria, quando o relógio marcou 17 minutos para o fim dos tempos. 
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Ibama realiza primeira soltura de animais silvestres na Bahia em 2020

Analistas e técnicos do Ibama realizaram na última sexta-feira (17/01) a primeira soltura de animais silvestres na Bahia em 2020. Foram devolvidos à Mata Atlântica 79 animais: 35 répteis (jacaré, serpentes), 24 mamíferos (ouriços-cacheiros, sariguês, tatus) e 20 aves (periquitos-rei, corujas, gaviões).
Parte dos animais eram mantidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto no estado e o restante estava sob os cuidados do zoológico de Salvador.
“Agora eles poderão voltar a cumprir seu papel ecológico”, comemora a bióloga que chefia a Divisão Técnico-Ambiental do Ibama na Bahia, Lívia Martins. Ela explica que os animais prestam serviços ambientais importantes, como dispersão de sementes, controle de pragas e até fertilização do solo. “A soltura devolve ao ambiente seus verdadeiros cuidadores”, concluiu Lívia.
A Superintendência do Ibama na BA contou com o apoio do Instituto de Veterinária da Universidade Federal da Bahia, do zoológico estadual e dos órgãos policiais e de controle que integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).
Fonte: IBAMA

Após desastre em Brumadinho, segurança em barragens de minas é reforçada


Cartaz assinala rota de evacuação perto da zona onde ocorreu a tragédia.
Um ano depois do rompimento da barragem que deixou 270 mortos em Brumadinho, e quatro anos após o desastre em Mariana – com 19 mortos – o estado de Minas Gerais reforça a sua segurança para não viver tragédias como as anteriores.
Tanto as autoridades de Minas como as da mineradora Vale, à frente das barragens de Brumadinho e Mariana – reforçaram os protocolos de segurança para a extração de minério.
Em 25 de janeiro de 2019, uma volumosa enxurrada de lama sepultou a região de Brumadinho após a ruptura da barragem. O desastre lembrou o episódio em Mariana, o maior impacto ambiental da história brasileira.
Atualmente, há obras sendo feitas nas barragens com classificação de risco, situadas em Minas Gerais.
Esse estado do sudeste – que concentra 41 das 61 barragens de rejeitos de montante no país, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM) – votou no mês seguinte à tragédia mais recente a lei “Mar de Lama Nunca Mais”, que restringe as condições para obtenção de licenças para atividades mineradoras.
O método de alteamento a montante permite aumentar o nível da barragem utilizando os seus próprios rejeitos acumulados.
A Defesa Civil de Minas Gerais também tem colocado em prática planos de evacuação de emergência em áreas próximas às barragens com classificação de risco. Para tal, bombeiros, soldados e policiais treinam os moradores.
“Até agora, só fizemos simulações de emergência em metade das zonas de risco” por falta de tempo, admitiu o tenente coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil no estado.
“Todos os moradores devem saber exatamente onde devem ir depois de escutar a sirene que avisa sobre a ruptura de uma barragem”, ressaltou. “Esse tipo de prevenção evitará outro desastre”, acrescentou o tenente coronel.
No caso de Brumadinho, a sirene não tocou quando houve o rompimento na mina do Córrego do Feijão.
Mas o colapso não foi um imprevisto, na avaliação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que denunciou nesta terça-feira (21) por homicídio doloso o ex-presidente da Vale, Fabio Scvartsman, e outros 15 funcionários e ex-funcionários da empresa e da alemã TÜV SÜD, que emitia os certificados de segurança, por terem omitido os sinais de risco.
Flávio Godinho, coordenador da Defensa Civil de Minas Gerais
– “Medo da barragem” –
Mas para que os riscos realmente desapareçam, as formas de extração do minério devem ser repensadas.
Em outros estados “já existem métodos de extração chamados ‘secos’, com muitos menos resíduos, ou seja, com menos água carregada de resíduos para armazenas”, explica o tenente coronel.
O rompimento da barragem foi resultado do acúmulo de água na represa.
Para não colocar nenhuma vida em risco, as zonas de extração devem estar muito distantes das cidades povoadas, conclui o coronel Godinho.
O povoado de Macacos, também em Minas Gerais, está rodeado de várias barragens, uma das quais entrou em alerta de nível 3 – o máximo – em 16 de fevereiro de 2019.
Os moradores, sob tensão após a tragédia em Brumadinho ocorrida semanas antes, evacuaram o povoado de imediato. Embora tenha sido um alarme falso, a Vale realocou mais de 300 moradores em hotéis.
Eles ainda estão ali, como Sebastiana Gonçalves Leal, ex-moradora de Macacos.
“Não sabemos se algum dia poderemos voltar a nossa casa ou se a Vale nos compensará para que possamos comprar outra”, relata Leal.
O povoado vive em câmera lenta. “O medo relacionado à barragem assolou Macacos; não existe mais movimentação aqui”, acrescenta a moradora.
Na área que até o ano passado era considerada turística, quase todos os restaurantes e cafés estão com as portas fechadas.
– “Rota de evacuação” –
Hellen Jesus de Souza diante de sua loja em Macacos
“A Vale está com planos, propostas de revitalização da cidade, mas os turistas têm medo de chegar aqui e a barragem romper”, conta Hellen Jesus de Souza, que perdeu o seu trabalho no Judith Bistrô, que fechou por causa da falta de clientes.
Os moradores de Macacos parecem confiar nas obras em andamento e no plano de evacuação.
Em muitas ruas, há placas onde se lê “rota de evacuação”, instaladas nas paredes pela Defesa Civil do estado, apontando o caminho a ser seguido em caso de emergência.
Para evitar essa situação, as obras financiadas pela Vale continuam. Com intuito de conter a lama caso a barragem se rompa, a construção de um muro de contenção com pedras de 30 metros de altura deve ser finalizada em dezembro deste ano, informou a Vale.
Fonte: AFP

Chefe da Comissão Europeia defende taxa de carbono sobre importações.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta quarta-feira (22/01)
“Não há sentido em reduzir as emissões em casa se aumentarmos as importações de CO2 do exterior”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou os principais parceiros econômicos do bloco para a criação de uma taxa de carbono sobre as importações da União Europeia (UE) para compensar o que chamou de concorrência injusta.
“Não há sentido em reduzir as emissões de gases do efeito estufa em casa [na Europa] se aumentarmos as importações de dióxido de carbono do exterior. É uma questão de justiça perante nossas empresas e nossos trabalhadores. E vamos protegê-los de concorrência injusta”, afirmou Von der Leyen perante a plateia do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta quarta-feira (22/01).
Recentemente, a Comissão Europeia defendeu que o bloco alcance um balanço líquido de emissões igual a zero até 2050. Para isso, apresentou um plano de transição ao custo de 1 trilhão de euros, dos quais um terço de investimentos privados.
Von der Leyen elogiou o sistema de comércio de emissões da Califórnia e também a China pela criação de um mercado de carbono. Se medidas como essas virarem uma “tendência mundial, então não haverá mais necessidade de taxas de carbono nas alfândegas”, acrescentou.
O presidente da França, Emmanuel Macron, tem defendido a ideia de uma taxa de carbono sobre as importações europeias de países que não assinaram o Acordo de Paris e que não têm legislações sobre emissões de CO2 tão rígidas como as europeias.
Fonte: Deutsche Welle

Espanha declara “emergência climática”

Premiê espanhol, Pedro Sánchez discursa diante de logomarca da COP25
Premiê espanhol, Pedro Sánchez, durante Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, em Madri, em dezembro.
O novo governo da Espanha declarou “emergência climática” nesta terça-feira (21/01), dando um primeiro passo formal para promulgar medidas ambiciosas para combater as mudanças do clima.
A declaração afirma que o governo socialista enviará ao Parlamento, dentro de cem dias, sua proposta de legislação climática. As metas coincidem com as da União Europeia, incluindo a redução das emissões líquidas de carbono para zero até 2050.
O governo de coalizão da Espanha quer que 95% da eletricidade do país seja produzida a partir de fontes renováveis ​​até 2040. O plano prevê também a eliminação da poluição por ônibus e caminhões e a transformação da agricultura numa prática neutra em carbono.
Os detalhes do plano devem ser divulgados quando a proposta for enviada para aprovação parlamentar.
Com a declaração de “emergência climática”, a Espanha se coloca entre os primeiros países a aprovarem tal medida, de cunho principalmente simbólico. Entre os governos no mundo a implementarem declarações do tipo estão Irlanda, Canadá e França.
Em novembro passado, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução declarando “emergência climática”, tornando a Europa o primeiro continente a adotar a medida.
Além disso, mais de duas dezenas de cidades ao redor do planeta declararam “emergência climática” nos últimos anos.
Cientistas dizem que a década que acabou foi de longe a mais quente já registrada na Terra.
Fonte: Deutsche Welle

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Vombates estão mesmo salvando outros animais em incêndios na Austrália?


O vombate é um tipo de marsupial de aproximadamente um metro de comprimento. Ele pode pesar entre 20 e 35 quilos (Foto: JJ Harrison / Wikimedia Commons)
Durante os incêndios que assolam a Austrália desde julho de 2019, a internet encontrou um herói inesperado: o vombate. Recentemente, relatos nas redes sociais apontaram que esse tipo de marsupial estava trazendo animais menores para suas tocas, ajudando-os a se refugiarem das chamas. Mas será que isso é verdade?
“Estamos vendo mais liderança e empatia desses caras do que do Governo Federal inteiro [da Austrália]“, disse um dos tweets que viralizaram com a suposta boa ação dos vombates. A notícia chegou a ser compartilhada pelo Greenpeace – que logo editou a sua publicação original esclarecendo que as informações haviam sido retiradas das próprias redes sociais, e não estavam corretas.
Em entrevista ao site IFLScience, a diretora da Fundação The Wombat, Jackie French, colocou essa narrativa surpreendente de heroísmo em dúvida. De acordo com ela, vombates normalmente têm um comportamento limitado a comer, dormir e cavar, mas também são capazes de “uma ingenuidade extrema nas poucas vezes em que ela é necessária”.
“Eu descartaria a declaração de que [os marsupiais estão guiando outros animais para suas tocas] completamente se eu não tivesse conhecido um vombate que decidiu se tornar meu amigo há 40 anos”, admitiu a especialista. “Ele não me guiava – só me esperava, olhando para trás para ver se eu o seguia.”
French também explicou que vombates dificilmente teriam necessidade de guiar outras criaturas para as suas tocas: “[Outros animais] são inteligentes o bastante para procurar esse abrigo”.
As tocas desses marsupiais são estruturas complexas que podem chegar a mais de 100 metros de comprimento e ter diversas câmaras e entradas. Em abril de 2019, alunos da Universidade de Melbourne, na Austrália, conseguiram capturar imagens de um coala e um coelho saindo de um desses esconderijos:
“Em tempos de crise, já vi vombates compartiharem suas tocas com outros vombates, cobras, quolls, possuns, bandicoots, equidnas, bettongs e possivelmente, outras criaturas menores”, disse French. Dessa forma, é mesmo possível que vombates estejam compartilhando seu espaço com vizinhos; só é pouco provável que eles estejam chamando e guiando esses outros animais para suas casas.
Os incêndios na Austrália já devastaram cerca de 10 milhões de hectares e mataram 28 pessoas e mais de meio bilhão de animais. Apesar das queimadas acontecerem todos os anos de forma natural no país, elas saíram de controle em 2019, e estão agravando o aquecimento global.
Fonte: Revista Galileu

China anuncia plano para banir plásticos descartáveis até 2025


China anuncia plano para banir plásticos descartáveis até 2025 (Foto: Pixabay)
O governo chinês anunciou um novo plano para combater a poluição por plásticos em todo o país. Até 2025, a China pretende banir canudos, sacos plásticos e outros descartáveis.
Em comunicado divulgado neste domingo (19), a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China disse que tanto a produção quanto o uso de plásticos de uso único ​​serão gradualmente eliminados em todo o país.
Segundo as autoridades, os sacos de plástico serão proibidos em todas as principais cidades da China até o final de 2020 e em todas as cidades e vilas até 2022. Os mercados que vendem produtos frescos, entretanto, terão mais tempo para se adaptar à mudança: até 2025.
Já em restaurantes, até o fim deste ano os canudos descartáveis deverão ser substituídos por alternavas ecológicas. Até 2025, esses estabelecimentos terão de reduzir em no mínimo 30% seu consumo de itens de plástico descartável. As restrições também afetarão a rede hoteleira e os correios: pacotes embalados em plástico não poderão ser enviados.
Hoje os chineses são os maiores fabricantes de plástico do mundo, produzindo cerca de 29% do material descartável, de acordo com um estudo de 2019 realizado pela Universidade Columbia, nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade de Zhejiang, na China.
O país também abriga alguns dos maiores consumos de plástico do mundo: segundo Fórum Econômico Mundial, o rio Yangtze transporta mais poluição plástica para o oceano do que qualquer outra hidrovia do mundo.
Além das proibições anunciadas ontem, o governo chinês disse que promoverá o uso de produtos plásticos degradáveis ​​ou reciclados e criará programas abrangentes de reciclagem. Em declaração divulgada à imprensa, a comissão disse que combater a poluição por plásticos é importante para a saúde das pessoas e essencial para “construir uma bela China”.
Fonte: Revista Galileu

Por que a maçã vermelha corre risco de desaparecer

Maçãs vermelhas juntas e com gotas d'água
Até no ‘berço’ das maçãs silvestres, variedades estrangeiras e conhecidas pela forte cor vermelha estão sendo cultivadas.
Quando você pensa em uma maçã, provavelmente a imagina na cor vermelha.
Até existem outras variedades, como as amarelas e verdes que às vezes vemos no supermercado. Em alguns lugares, é possível até encontrar variedades listradas e manchadas com uma profusão de tons, como a do tipo Cox.
Mas é o vermelho que costuma colorir as maçãs dos livros usados para alfabetizar. Isto não é trivial, porque as maçãs nem sempre foram tão monocromáticas.
Os ancestrais da maçã moderna eram árvores silvestres que cresciam no que é hoje o Cazaquistão, na encosta ocidental das montanhas que fazem fronteira com a China. Hoje, macieiras selvagens ainda crescem ali, perfumando o ar com frutas caídas e alimentando os ursos que cruzam a floresta — embora o número de maçãs silvestres tenha diminuído 90% nos últimos 50 anos, graças à interferência humana.
As maçãs silvestres variam do amarelo pálido ao vermelho cereja e o verde primavera, mas o vermelho não é, geralmente, mais proeminente do que as outras cores.
A cor da maçã corresponde ao nível de expressão de certos genes em sua casca, conforme já demonstraram cientistas. David Chagne, geneticista da Plant and Food Research na Nova Zelândia, explica que conjuntos de enzimas trabalham juntos para transformar certas moléculas em pigmentos chamados antocianinas, as mesmas que dão cor à batata doce roxa, às uvas e às ameixas.
Vale no Cazaquistão
Ancestrais de muitas variedades de maçãs que apreciamos até hoje vêm do Cazaquistão
Os níveis dessas enzimas são controlados por um fator de transcrição — uma proteína que regula a expressão de um gene — chamado MYB10, de modo que quanto mais MYB10 houver, mais vermelha será a casca da fruta. Em maçãs com listras vermelhas, um estudo mostrou que os níveis de MYB10 eram mais altos nas porções listradas das frutas.
Mas a cor também depende da temperatura. Para obter uma maçã totalmente vermelha, ela deve permanecer relativamente baixa, diz Chagne, Isso porque, segundo ele, se atingir cerca de 40° C, o MYB10 e os níveis de antocianina caem.
Na região dos Pireneus, na Espanha, o geneticista e seus colegas descobriram que maçãs com listras bastante vermelhas estavam completamente pálidas depois de um julho bastante quente. Com o aquecimento global, prevê ele, pode ficar mais difícil as maçãs ficarem vermelhas.
Ainda assim, explorando a biologia por trás da cor, a equipe está tentando produzir frutas muito vermelhas para o mercado asiático, onde um rubi profundo é muito popular.
Talvez a ameaça que as mudanças climáticas representam à maçã vermelha seja contrabalançada por nossa determinação de continuar cultivando-as, mesmo que sejam necessários investimentos mais altos na produção.
Mesmo antes de entendermos a genética, as maçãs com cores marcantes exerceram forte influência sobre os humanos. John Bunker, um colecionador de maçãs em Palermo, nos EUA, já salvou da extinção algumas variedades quase esquecidas. Isso inclui maçãs que eram cultivadas um século ou mais atrás, ou variedades com particularidades encantadoras, como a Black Oxford, cujo vermelho é tão escuro que você pode confundi-la com uma ameixa enorme antes de ver sua brilhante polpa branca.
“As cores são fenomenais. E acho que para algumas pessoas, inclusive eu, essa foi a primeira fonte de atração”, diz ele.
A cor provavelmente não superou outras características de uma maçã quando os produtores do passado estavam avaliando o que plantar. Outros fatores determinantes podiam ser o sabor ou o objetivo de uso da fruta: algumas são melhores para cidra, outras, para tortas, outras, para doces, outras, para comer na hora…
Não importava exatamente a aparência da fruta, porque os agricultores estavam produzindo alimentos para si e para o mercado local — assim, a função importava mais.
Bunker diz que tudo mudou há cerca de 100 anos.
“Em uma cultura de pequenas fazendas diversificadas, a uniformidade tem um valor limitado”, diz ele.
Mas se maçãs cultivadas a milhares de quilômetros de distância entre si forem compradas como intercambiáveis, a cor se tornará uma espécie de marca. Em um mercado globalizado, a uniformidade foi se tornando mais valiosa. Ao mesmo tempo, as maçãs começaram a ser colhidas antes de estarem realmente maduras — para que pudessem viajar longas distâncias sem apodrecer.
Dezenas de maçãs vermelhas, verdes e amarelas expostas
Aumento de temperaturas dificulta mudanças químicas que deixam cor da casca da fruta vermelha
Surgiu um problema, no entanto.
“A cor é um indicador de maturidade”, lembra Bunker.
Assim, maçãs colhidas cedo não tinham a cor “certa”.
E aí veio outra novidade: uma maçã com uma mutação que lhe dava um tom vermelho forte antes de amadurecer. Ela acabou sendo apelidada de Red Delicious e, em 1921, foi lançada comercialmente para pomaristas.
Outras maçãs também cresceram nas preferências — variedades com cores mais uniformes e regulares, especialmente se essas características já se mostrassem antes da maturação total, eram boas para os negócios.
O número de variedades cultivadas pelos agricultores começou a encolher. E pouco a pouco, algumas delas pararam de ter um sabor tão bom, pois a ênfase na aparência não incentivou o investimento no sabor.
David Bedford, criador de maçãs da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, diz que cresceu comendo Red Delicious e, consequentemente, não gostava muito de maçãs. Foi preciso tentar outras variedades na faculdade para finalmente descobrir que sim, ele apreciava a fruta — ou suas várias formas.
Ele e seus colegas estão por trás do bem sucedido cultivo da variedade Honeycrisp, lançada há alguns anos e conhecida por sua suculenta crocância. Na aparência, a Honeycrisp mescla listras amarelas e vermelhas.
Mas mesmo em maçãs criadas para fugir do padrão Red Delicious, a inexorável busca pelo vermelho continua. As pessoas já introduziram Honeycrisps com mutações que as tornam cada vez mais vermelhas.
“Isso acontece com todas as maçãs do mercado”, diz Bedford. “Essa é a natureza do nosso desejo de ter maçãs com a aparência que queremos. Desde que o homem começou a fazer escolhas, ele o faz tornando a fruta cada vez mais vermelha.”
“O vermelho vende, esse é o problema”, resume.
Para estimular mudanças de hábitos, a Universidade de Minnesota lançou um sistema de produção chamado de modelo de clube. Nele, os produtores não podem selecionar frutas mais vermelhas.
Surge então uma variedade selvagem de cores a apreciar — na vista e no paladar. Mas será que a verdadeira e estranha natureza da maçã triunfará sobre a mania vermelha?
Fonte: BBC

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Depois de tanto acasalar e salvar espécie, tartaruga gigante Diego se aposenta em Galápagos

A tartaruga gigante que é considerada a salvadora de sua espécie — graças a sua extraordinária libido — vai agora se aposentar, retornando à vida selvagem em sua ilha de origem.
Diego, como é chamado, estava entre os 14 machos selecionados para um programa de acasalamento de tartarugas na ilha de Santa Cruz, no arquipélago de Galápagos.
Diego
Atribui-se a Diego a salvação de sua espécie, que esteve à beira da extinção
O programa foi considerado bem-sucedido, produzindo mais de 2 mil tartarugas gigantes desde seu início, ainda nos anos 1960, e o apetite sexual de Diego foi crucial para isso.
Agora com cem anos de idade, Diego ajudou a produzir centenas de filhotes — segundo algumas estimativas, esse número talvez chegue a 800.
Diego
Ao voltar para sua ilha natal, Diego vai conviver com uma população de 1,8 mil tartarugas, das quais ao menos 40% são suas descendentes diretas
Com o programa concluído, Diego vai retornar em março para sua ilha nativa, Española, segundo informou o serviço de Parques Nacionais de Galápagos (PNG).
Assim, ele vai se somar a uma população de 1,8 mil tartarugas, das quais ao menos 40% são suas descendentes diretas.
“Ele contribuiu com uma grande porcentagem da linhagem que estamos devolvendo a Española”, afirmou Jorge Carrion, diretor do PNG, à agência France Presse.
“Estamos felizes com a possibilidade de devolver essa tartaruga a seu habitat natural.”
Diego é um Chelonoidis hoodensis, espécie encontrada na natureza apenas nessa ilha ao sul do arquipélago de Galápagos, no Pacífico.
O arquipélago, a 900 km da costa do Equador, ficou famoso mundialmente por ter sido palco de estudos do naturalista inglês Charles Darwin, autor da Teoria da Evolução, graças a sua grande e peculiar biodiversidade.
Calcula-se que Diego tenha sido retirado de Galápagos cerca de 80 anos atrás, por uma expedição científica que o levou ao Zoológico de San Diego, nos EUA.
Cerca de 60 anos atrás, sobravam apenas 2 machos e 12 fêmeas de sua espécie em Española. Para ajudar no programa de repovoamento, Diego foi identificado como um dos últimos remanescentes entre os Chelonoidis hoodensis e levado de volta para a Estação de Pesquisas Charles Darwin, em Galápagos, em 1977.
Técnicos medem e pesam tartaruga bebê nascida neste ano em Galápagos

Técnicos medem e pesam tartaruga bebê nascida neste ano em Galápagos; programa de acasalamento foi considerado bem-sucedido no arquipélago
Fonte: BBC

Alemanha registra recorde de energia renovável

Turbinas eólicas contra pôr-do-sol
Expansão da energia eólica é necessária para que Alemanha alcance metas climáticas
Nunca houve tanta eletricidade verde na rede alemã como em 2019. De acordo com uma análise do Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar ISE, a participação de energias renováveis no mix energético alemão foi em média de 46%, chegando até a 65%, em diversos dias.
O declínio significativo na porcentagem do uso do carvão foi útil para a proteção climática. Comparado com o ano anterior, a participação na Alemanha da eletricidade proveniente do linhito (carvão de superfície) caiu 22%, e do carvão de pedra, 33%.
A geração de eletricidade a partir do carvão diminuiu na Alemanha por vários motivos. Como ventou muito em 2019, produziu-se mais energia eólica e consumiu-se menos eletricidade proveniente do carvão. Esta se tornou bastante mais cara e, portanto, menos lucrativa, devido ao aumento de preço dos certificados de CO2, de uma média de 16 euros por tonelada, para 25 euros em 2019.
Como as usinas a gás emitem menos dióxido de carbono, essa forma de geração de eletricidade se tornou mais lucrativa para os fornecedores da Alemanha e do exterior, suprimindo assim a geração de energia por meio do linhito e do carvão de pedra.
Segundo uma avaliação inicial do AG Energiebilanzen (Grupo de Trabalho de Balanços Energéticos – AGEB), particularmente esses efeitos foram responsáveis pela redução das emissões de CO2 na Alemanha em 50 milhões de toneladas, ou 7%, em relação ao ano anterior.
A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, diz estar satisfeita com essa tendência e enfatiza o sucesso de medidas políticas como o fechamento acordado de usinas a carvão e a reforma do comércio europeu de emissões.
Atualmente a eletricidade proveniente do carvão está mais cara, e as alternativas favoráveis ao clima são mais atraentes: “Agora tudo depende de a coalizão de governo criar as condições legais para a expansão da energia eólica e solar”, alerta a ministra alemã do Meio Ambiente. “Aqui me preocupa já termos perdido tempo demais, colocando em risco, assim, tanto oportunidades de proteção climática  quanto empregos na indústria eólica.”
A tendência a aumentar as energias renováveis e reduzir a geração de eletricidade à base de carvão está “na direção certa”, confirmou Claudia Kemfert, professora de Economia Energética no Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas (DIW), em entrevista à DW.
Ao mesmo tempo, porém, Kemfert também alerta contra uma imagem enganosa: “A expansão da energia eólica parou quase completamente, são necessárias medidas urgentes para evitar uma quebra completa da produção de eletricidade verde. Caso não se reaja, paira sobre a Alemanha a ameaça de uma lacuna nesse setor.”
O governo da chanceler federal Angela Merkel prometeu reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2020, em relação a 1990. De acordo com a estimativa preliminar do AGEB, até 2019 a redução das emissões carbônicas foi de 35%. Na Alemanha, o tráfego é motivo de preocupação para especialistas climáticos. As vendas de diesel, gasolina e querosene continuaram a aumentar em 2019, de acordo com a AGEB.
“Principalmente os setores de transporte e construção têm que contribuir mais para reduzir as emissões”, enfatizou Kemfert. “Os transportes ferroviário e público devem receber um incentivo significativamente maior. Também precisamos de uma cota vinculativa para carros elétricos no licenciamento de novos veículos, da expansão da infraestrutura da rede de recarga, de um endurecimento dos limites de emissões da União Europeia e de um pedágio climático”.
Quem dirige muito e emite muito dióxido de carbono ou material particulado, “deve arcar futuramente com os custos sociais para o meio ambiente e a saúde”, diz Kemfert. Para o diesel, gasolina e gás natural, o preço fixado pelo governo alemão de 25 euros por tonelada de CO2 a partir de 2021 e um aumento gradual para 55 euros até 2025 “segue na direção certa”, no entanto ele “deve ser elevado ainda mais”: “O pacote de proteção climática deve ser reforçado em todas essas áreas”, reivindica Kemfert.
A Alemanha ainda poderá alcançar a prometida redução de emissões em 2020, se houver uma “reversão maciça” de sua política, afirma Tina Löeffelbein, porta-voz do Greenpeace, pois a “chave decisiva aqui é a desistência consequente do particularmente poluente carvão de superfície”.
Para a organização ambiental Germanwatch, as cifras atuais “são uma boa notícia à primeira vista. É encorajador que a altamente industrializada Alemanha extraia agora quase metade de sua eletricidade de fontes renováveis, com efeitos colaterais positivos para a economia”, aponta Oldag Caspar, especialista em política climática europeia na Germanwatch.
No entanto, ressalta, a expansão da energia solar e eólica da Alemanha poderia e deveria ter sido significativamente mais rápida para que se alcançassem as metas climáticas estabelecidas, “o teto para o subsídio da energia fotovoltaica e a má gestão do governo alemão na expansão da energia eólica retardaram o crescimento de fontes renováveis”.
Segundo Kemfert, “se mudanças maciças forem feitas”, ainda seria possível alcançar a meta de redução de 40% das emissões de CO2 em relação a 1990. Para isso, “o ritmo de expansão das energias renováveis teria que ser pelo menos quadruplicado, a eliminação progressiva do carvão ser iniciada, termelétricas antigas e ineficientes, imediatamente desativadas. A produção de energia a carvão deveria ser reduzida, e novas minas a céu aberto, proibidas”.
Fonte: Deutsche Welle