Biodiversidade
sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
sábado, 5 de dezembro de 2020
quinta-feira, 25 de junho de 2020
Círculo Polar Ártico registra calor recorde e preocupa os cientistas.
As temperaturas no Círculo Polar Ártico provavelmente atingiram no sábado a maior temperatura já registrada na história, com escaldantes 38 graus na cidade siberiana de Verkhoyansk, na Rússia.
O recorde ainda precisa ser confirmado, mas ele parece ser 18 graus maior do que a média de máximas para o mês de junho.
Verões quentes não são incomuns no Círculo Polar Ártico, mas os últimos meses têm tido temperaturas altas fora do normal.
O Ártico parece estar se aquecendo duas vezes mais rápido que a média global.
Verkhoyansk, que abriga cerca de 1,3 mil pessoas, está dentro do Círculo Polar Ártico, em um lugar remoto na Sibéria. O local tem temperaturas extremas, que podem ir de uma média de -42 graus em janeiro a uma média de 20 graus na estação quente.
Este ano, uma onda de calor persistente está preocupando os meteorologistas. Em março, abril e maio, o serviço de meteorologia Copernicus Climate Change noticiou que a temperatura média esteve 10 graus acima do normal.
Neste mês, partes da Sibéria chegaram a registrar 30 graus, enquanto no mês passado, a localidade de Khatanga, também no Círculo Ártico na Rússia, registrou o recorde de 25,4 graus.
“Os recordes de temperatura estão sendo quebrados em todo o mundo, mas o Ártico está se aquecendo mais aceleradamente do que em qualquer outra parte”, diz Dann Mitchell, professor de ciências atmosféricas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
“Então, não é surpreendente ver recordes sendo quebrados nesta região. Veremos mais disso no futuro próximo.”
Por que devemos nos preocupar com aquecimento no Ártico?
O aquecimento no Ártico está provocando o derretimento da chamada permafrost – camada que antes ficava permanentemente congelada abaixo do solo.
Isso está preocupando os cientistas porque o derretimento da permafrost faz com que gases como dióxido de carbono e metano, que estavam presos ali, sejam liberados na atmosfera.
Esses gases do efeito estufa podem aquecer ainda mais o planeta e causar mais derretimento, em um círculo vicioso de retroalimentação.
As temperaturas altas também fazem com que o gelo na superfície derreta em um ritmo mais acelerado, fazendo com que o nível do mar cresça.
Também existe retroalimentação neste caso, porque a diminuição da superfície branca do gelo faz com que o mar absorva mais calor. Isso provoca ainda mais aquecimento.
O impacto de incêndios florestais também é um fator. No verão passado, houve incêndios no Ártico.
Apesar de comuns no verão, as altas temperaturas e os ventos fortes foram mais graves do que o normal.
Geralmente eles começam em maio e chegam ao seu ápice em julho e agosto, mas este ano já no final de abril esses fenômenos estavam dez vezes maiores na região de Krasnoyarsk, na Sibéria, comparado com o ano passado, segundo o ministro de Emergências da Rússia.
Este será o verão mais quente da história?
2020 certamente é um forte candidato para isso. A maior parte do norte da Europa e da Ásia teve uma primavera moderada e um verão com temperaturas até 10 graus acima do normal, em alguns lugares.
O ano mais quente já registrado foi 2016, que ainda está apenas levemente na frente de 2020.
Isso não deve surpreender ninguém.
“Nós perturbamos o equilíbrio de energia do planeta inteiro”, alerta o professor Chris Rapley, da University College London (UCL).
Ano após ano vemos recordes de temperatura sendo quebrados, diz o cientista.
“Isso é uma mensagem de alerta da própria Terra. Nós a ignoramos por nossa conta e risco.”
Microplásticos são encontrados em ecossistema da Antártica.
Micropartículas de plástico já foram detectadas em todos os oceanos do mundo, incluindo na Fossa das Marianas, o local mais profundo do planeta
Os microplásticos poluem até os ecossistemas mais remotos, como a Antártica – é o que aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (24) na revista “Biology Letters”.
Um grupo de cientistas encontrou fragmentos de poliestireno nas entranhas de colêmbolos, minúsculos artrópodes terrestres, na costa da Ilha King George. Trata-se de uma das regiões mais poluídas da Antártica, devido à presença de estações de pesquisa científica, de infraestrutura militar e de turismo.
Essas micropartículas de plástico já foram detectadas em organismos vivos em todos os oceanos do mundo, incluindo na Fossa das Marianas, no Pacífico, o local mais profundo do planeta.
Os colêmbolos foram analisados por meio de imagens infravermelho, as quais permitiram detectar, de modo inequívoco, traços de poliestireno no intestino desses pequenos animais que podem saltar como pulgas.
O fato de que essas amostras “ingiram microplástico implica que estes materiais sintéticos entraram profundamente na cadeia alimentar”, explicam os autores.
Estas amostras estão muito presentes nos solos antárticos, que não estão cobertos de gelo e representam menos de 1% do território.
“O plástico entrou em uma das cadeias alimentares terrestres mais remotas do planeta”, e isso “representa um novo fator de estresse potencial para os ecossistemas polares, que já enfrentam a mudança climática e o aumento das atividades humanas”, alertam.
Os pesquisadores destacam o problema específico apresentado pelo poliestireno expandido, cuja porosa estrutura facilita a instalação de musgos e de microalgas. Estes, por sua vez, atraem outros organismos.
Os efeitos da ingestão de microplásticos entre os animais – marinhos, ou terrestres – são objeto de vários estudos no mundo, que tentam avaliar o impacto dos produtos químicos presentes e de patógenos que podem se fixar nos detritos flutuantes.
Fonte: Exame
Riscos climáticos são ignorados pelas empresas, diz estudo.
Mais da metade das empresas reconhece que as mudanças climáticas representam riscos financeiros, mas apenas 10% traçam cenários
Os riscos climáticos são uma preocupação cada vez maior no mercado financeiro. Recentemente, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), uma espécie de banco central dos bancos centrais, publicou um extenso documento no qual alerta que as mudanças climáticas podem ser o gatilho de uma nova crise financeira global, mais grave do que a do coronavírus.
É cada vez maior a pressão para que os governos incluam as mudanças climáticas como um dos pilares da retomada econômica pós-pandemia. No final de maio, a União Europeia apresentou o Green Deal Europeu, um plano de incentivo econômico que tem a redução das emissões de carbono como fio condutor.
O objetivo é promover uma retomada verde, digital e resiliente. “Precisamos ter a certeza de que a recuperação da crise do coronavírus esteja calcada na transformação ambiental e digital”, afirmou Frans Timmermans, primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, que está à frente do plano.
Apesar do cenário de risco crescente e da pressão de investidores e reguladores, poucas empresas estimam os impactos financeiros associados às mudanças climáticas. A conclusão é de um estudo feito pela consultoria EY. Enquanto 54% das companhias reconhecem o clima como uma questão material para os negócios, apenas 10% traçam cenários climáticos, tanto para estimar os riscos quanto para prospectar oportunidades.
O estudo, denominado Barômetro Global de Divulgação de Riscos Climáticos, examinou a divulgação de resultados de mais de 950 empresas, em 34 países, durante o período 2018-2019. O objetivo do trabalho foi identificar o nível de adoção, pelas companhias, das recomendações da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês), organização que busca desenvolver uma taxonomia para os riscos climáticos, de modo que possam ser mensurados financeiramente.
“A divulgação de informações sobre o planejamento dos cenários das mudanças climáticas fornece às empresas novas contribuições para a estratégia e o planejamento do negócio, o que melhora a capacidade e os processos internos”, afirma Leonardo Dutra, sócio da EY responsável pela área de mudanças climáticas.
No Brasil, os bancos são os que melhor trabalham o tema. Empresas com grande exposição ao chamado risco de transição, que são os riscos associados à perda de mercado em virtude de novos padrões tecnológicos ou de consumo, que afeta especialmente setores intensivos em carbono, como mineração, manufatura e transportes, também apresentam uma pontuação mais elevada.
De modo geral, o Brasil está entre os dez países com mais empresas que utilizam a metodologia da TCFD. Quase 90% dos respondentes mencionam elementos da força-tarefa e 42% aprofundam o tema.
Fonte: Exame
terça-feira, 23 de junho de 2020
Alterações no regime de inundação ameaçam árvores centenárias da Amazônia.
Estudo do Inpa mostra que degradações do ambiente provocadas pela construção de hidrelétricas em combinação com mudanças do clima podem alterar permanentemente o pulso de inundação abaixo das barragens, prejudicando ecossistemas inteiros
A implantação da hidrelétrica de Balbina e as mudanças climáticas alteraram o regime de inundação de florestas alagáveis pobres em nutrientes causando mortalidade de árvores centenárias da Amazônia, como a macacarecuia ou cueira (Eschweilera tenuifolia), árvore símbolo dos igapós de águas pretas e altamente adaptada ao pulso de inundação (subida e descida anual das águas dos grandes rios da Amazônia Central). É o que aponta o artigo publicado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) na revista científica New Phytologist.
O trabalho tem como primeira autora a egressa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Botânica do Inpa, Angélica Resende, como um dos frutos da sua tese, além dos pesquisadores Jochen Schöngart (orientador principal de Resende), Maria Teresa Piedade, e a pós-doutoranda Flavia Durgante. Piedade e Schöngart são coordenador e vice, respectivamente, do projeto Ecológico de Longa Duração executado pelo Grupo de Pesquisa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Peld-Maua/Inpa), grupo que há décadas estuda as áreas alagáveis da Amazônia.
No artigo “Perturbações do pulso de inundação como ameaça a árvores centenárias da Amazônia” (Flood-pulse disturbances as a threat for long-living Amazonian trees), buscou-se elucidar a relação de distúrbios climáticos e antrópicos com o crescimento e a mortalidade da macacarecuia, pertencente à mesma família da castanha-do-pará (Lecythidaceae), que durante períodos evolutivos desenvolveu adaptações sofisticadas para sobreviver às inundações prolongadas. A espécie pode passar até dez meses do ano total ou parcialmente submersa, porém precisa de um a dois meses em terreno seco para executar suas atividades fisiológicas. Á árvore forma madeira densa, possui crescimento lento e alta longevidade (no estudo foi encontrada uma árvore de mais de 800 anos).
Para isso, Resende comparou o crescimento e a mortalidade da espécie em um ambiente não perturbado (Parque Nacional do Jaú) e em outro ambiente perturbado pela alteração do pulso de inundação, causado pela implementação da hidrelétrica de Balbina (a jusante da barragem), no Rio Uatumã, na década de 1980, no município de Presidente Figueiredo. “A usina foi um dos piores desastres socioambientais brasileiros. A construção inundou uma área de floresta nativa de 2,4 mil km2 e quando entrou em operação não atendeu nem metade da demanda de energia elétrica da capital amazonense, que continuou dependente de usinas térmicas”, destaca Schöngart.
Conforme o estudo, o patrimônio genético de uma das espécies arbóreas mais adaptadas à inundação está ameaçado. “Isso representa o risco de perda de indivíduos que durante séculos passaram por diferentes eventos de cheias e secas, bem antes da chegada dos europeus à região amazônica, mas que agora morrem em consequências da atuação do ser humano moderno que vem alterando direta (usina hidrelétrica) ou indiretamente (mudanças climáticas) o regime de inundação da maior bacia hidrográfica do mundo”, destacam os autores no artigo.
Reultados
As árvores que cresciam na área não perturbada apresentaram diferenças no crescimento após 1975, quando se sucederam períodos de intensas cheias nos rios da Amazônia Central, e grandes mudanças climáticas no panorama global se intensificaram, o que afetou até mesmo as áreas remotas de igapó da Amazônia. “Ainda na área não perturbada, algumas árvores morreram em períodos distintos, muitas vezes associados a eventos de La Niña e nas fases frias da Oscilação Interdecadal do Pacífico, que é o resfriamento das águas superficiais do Oceano Equatorial do Pacífico a curto (ano) e em longo (décadas) prazos, respectivamente, resultando no aumento das chuvas e cheias na Amazônia Central, como observada nas décadas recentes”, explicou Schöngart.
Quanto às árvores crescendo na área perturbada pela alteração no pulso de inundação, causada pela hidrelétrica de Balbina, houve alterações distintas no padrão de crescimento após a implementação da hidrelétrica, período no qual ocorreu mortalidade em massa de macacarecuia, e também de outras espécies como o arapari. Estudo anterior feito pelos autores deste artigo mostrou por meio de análises de imagens de satélite alta mortalidade de árvores em igapós que ficam até 125 km abaixo da barragem de Balbina (publicado em 2019 em Science of the Total Environment), chegando a ter áreas baixas de florestas alagadas dominadas por milhares de árvores mortas, conhecidas como paliteiros. Neste estudo os autores já evidenciavam que as árvores desta espécie morreram em consequência da construção e operação da barragem de Balbina.
Para chegar a esses resultados, foram usados dados de campo, coleta de amostras de árvores vivas e mortas para analisar os anéis de crescimento no Laboratório de Dendroecologia do Inpa e no laboratório de isótopos de carbono do Instituto Max Planck de Biogeoquímica com o qual o grupo MAUA tem um longo histórico de cooperação técnico-científica. A partir dessas análises, foram feitas análises estatísticas cruzando as informações com eventos históricos de alterações climáticas e antrópicas nas duas unidades de conservação.
Conforme Resende, parte das árvores morreram no período da construção da barragem, quando houve uma grande redução na disponibilidade de água nos igapós a jusante da barragem, como consequência do represamento do Rio Uatumã, para a criação do Reservatório de Balbina. Outro momento que causou a morte de árvores foi durante a operação da barragem que criou condições permanentes de inundação, ultrapassando a capacidade adaptativa da espécie, e resultando em mortalidade massiva, ou seja, extremos de falta ou excesso de água, causam a mortalidade desta espécie superadaptada à inundação regular.
“A previsão é que a frequência e magnitude desses dois extremos de falta e excesso de água deverão aumentar, devido às mudanças climáticas em curso e dos planos de implementação de dúzias de grandes usinas hidrelétricas nos rios amazônicos”, diz Resende, que é engenheira florestal e atualmente faz pós-doutorado na Embrapa Amazônia Oriental, no Pará.
Recomendações
Em conjunto com outros resultados obtidos no âmbito do projeto Peld-Maua do Inpa, os resultados evidenciam os impactos em florestas alagáveis de igapó na Amazônia Central, causados por alterações do pulso de inundação em consequência de mudanças do clima e do uso de terra (usinas hidrelétricas).
Os autores recomendam em termos de políticas públicas que os tomadores de decisão considerem os potenciais impactos nas áreas alagáveis a jusante das usinas hidrelétricas planejadas, quando da realização do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima). Também sugerem que haja ajuste na geração de energia das usinas existentes e em construção, de forma a considerar a manutenção de um pulso de inundação nas áreas alagáveis a jusante da barragem assegurando a sobrevivência dos organismos e dos importantes processos ecológicos desses ambientes críticos.
Para a mitigação das mudanças climáticas globais na Amazônia, os autores entendem que isso exige ações concretas em nível internacional, reduzindo as emissões de gases de efeito de estufa em nível global e regional e, simultaneamente, reflorestando áreas degradadas em grande escala.
Financiamento
O estudo foi financiado pelo CNPq-Fapeam, no âmbito de projetos do Programa Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), PELD e INCT-Adapta.
Fonte: INPA
Cidade da Sibéria, no Circulo Polar Ártico, registra 38°C no fim de semana.
Temperaturas recorde na Sibéria preocupam cientistas. Calor incomum para a região está ligado ao aumento nos incêndios florestais.
Termômetros marcaram temperaturas acima do comum neste fim de semana, mesmo para o verão, no norte da Rússia — inclusive em cidades localizadas acima do Círculo Polar Ártico. No sábado (20), a cidade de Verkhoyansk, na Sibéria, registrou 38°C, um recorde local de calor.
De acordo com o site Pogoda i Kimat, que reúne dados meteorológicos da Rússia, a cidade vem registrando temperaturas médias de 10°C a 14°C acima do normal para a estação.
Autoridades russas estão preocupadas com a onda de calor na região do Ártico. Com o calor, incêndios florestais se arrastaram pela região. Só na República de Sakha, onde está localizada a cidade de Verkhoyansk, mais de 275 mil hectares de floresta pegaram fogo, segundo agências de monitoramento.
Recorde de amplitude
Verkhoyansk entrou para o “Guiness” como a cidade com maior amplitude de máxima e mínima temperaturas registradas: o mais frio registrado no local foi de -68°C. Até este sábado, os termômetros por lá tinham marcado 37,2°C como o recorde de calor.
Fonte: G1