Mais da metade das empresas reconhece que as mudanças climáticas representam riscos financeiros, mas apenas 10% traçam cenários
Os riscos climáticos são uma preocupação cada vez maior no mercado financeiro. Recentemente, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), uma espécie de banco central dos bancos centrais, publicou um extenso documento no qual alerta que as mudanças climáticas podem ser o gatilho de uma nova crise financeira global, mais grave do que a do coronavírus.
É cada vez maior a pressão para que os governos incluam as mudanças climáticas como um dos pilares da retomada econômica pós-pandemia. No final de maio, a União Europeia apresentou o Green Deal Europeu, um plano de incentivo econômico que tem a redução das emissões de carbono como fio condutor.
O objetivo é promover uma retomada verde, digital e resiliente. “Precisamos ter a certeza de que a recuperação da crise do coronavírus esteja calcada na transformação ambiental e digital”, afirmou Frans Timmermans, primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, que está à frente do plano.
Apesar do cenário de risco crescente e da pressão de investidores e reguladores, poucas empresas estimam os impactos financeiros associados às mudanças climáticas. A conclusão é de um estudo feito pela consultoria EY. Enquanto 54% das companhias reconhecem o clima como uma questão material para os negócios, apenas 10% traçam cenários climáticos, tanto para estimar os riscos quanto para prospectar oportunidades.
O estudo, denominado Barômetro Global de Divulgação de Riscos Climáticos, examinou a divulgação de resultados de mais de 950 empresas, em 34 países, durante o período 2018-2019. O objetivo do trabalho foi identificar o nível de adoção, pelas companhias, das recomendações da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês), organização que busca desenvolver uma taxonomia para os riscos climáticos, de modo que possam ser mensurados financeiramente.
“A divulgação de informações sobre o planejamento dos cenários das mudanças climáticas fornece às empresas novas contribuições para a estratégia e o planejamento do negócio, o que melhora a capacidade e os processos internos”, afirma Leonardo Dutra, sócio da EY responsável pela área de mudanças climáticas.
No Brasil, os bancos são os que melhor trabalham o tema. Empresas com grande exposição ao chamado risco de transição, que são os riscos associados à perda de mercado em virtude de novos padrões tecnológicos ou de consumo, que afeta especialmente setores intensivos em carbono, como mineração, manufatura e transportes, também apresentam uma pontuação mais elevada.
De modo geral, o Brasil está entre os dez países com mais empresas que utilizam a metodologia da TCFD. Quase 90% dos respondentes mencionam elementos da força-tarefa e 42% aprofundam o tema.
Fonte: Exame
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