Um novo estudo conduzido por Gerardo Ceballos, da Universidade Nacional do México (México), Paul Erhlich, da Universidade de Stanford (EUA) e Peter Raven, do Jardim Botânico de Missouri (EUA) concluiu que o impacto humano tem levado centenas de animais selvagens à beira da extinção e que os ecossistemas regionais estão atualmente enfrentando um colapso.
A pesquisa observa que atividades como extração madeireira e caça furtiva diminuíram enormemente as populações de mais de 500 mamíferos, pássaros, répteis e anfíbios em todos os continentes do globo, exceto a Antártica.
Essas espécies estão desaparecendo a uma taxa mais de 100 vezes maior do que a natural – e essa é mais uma evidência que sugere que o mundo está passando por sua sexta extinção em massa, desta vez não por causa de erupções vulcânicas massivas ou colisões de asteroides, mas sim por nossa própria culpa.
“Entramos na sexta extinção em massa. Com base em nossa pesquisa e no que estamos vendo, a crise de extinção é tão grave que qualquer coisa que fizermos nos próximos 10 a 50 anos é o que definirá o futuro da humanidade”, disse Ceballos à BBC.
Menos de 100 indivíduos na natureza
Para catalogar os animais em vias de extinção, os pesquisadores utilizaram dados da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla original) sobre espécies ameaças, bem como do Birdlife (a autoridade de aves da IUCN).
O trio identificou nada menos do que 515 espécies animais das quais menos de 100 indivíduos ainda resistem na natureza, incluindo o mico-leão-dourado, o lobo-etíope, o rinoceronte-de-java, a águia-imperial-ibérica, o papagaio-de-crista-amarela, o gavial (um tipo de crocodilo) e o sapo venenoso verde (Andinobates viridis).
Ameaça existencial
De acordo com cientistas, essa crise de extinção representa uma ameaça existencial à civilização, ao lado das mudanças climáticas e da poluição, fatores aos quais esse colapso está ligado.
Eles consideram a perda da biodiversidade uma realidade bastante ignorada pela maioria das pessoas, algo endossado pela professora Diana Fisher, da Universidade de Queensland (Austrália).
“O estudo merece atenção porque muitas pessoas não percebem o quanto a vida selvagem do mundo enfrenta uma extinção iminente. Eu concordo com os autores que essa crise de extinção precisa ser elevada a uma emergência igual à da mudança climática”, comentou.
Caso você ainda não tenha entendido a gravidade da situação, a atual taxa de extinção de espécies é a maior desde 66 milhões de anos atrás, quando a queda de uma rocha espacial na Terra extinguiu os dinossauros e muitas outras espécies.
“[A nova pesquisa] é uma confirmação ainda mais terrível de que estamos destruindo a vida em um ritmo e escala horríveis”, argumentou Euan Ritchie, da Universidade Deakin (Austrália).
Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). [BBC]
Fonte: Hypescience
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