Os três biomas apresentaram aumento no total de focos no ano: Pampa, 343%; Pantanal, 186% e Mata Atlântica, 44%. Na Amazônia, que teve explosão dos registros em 2019, queda foi de 35%.
A temporada de queimadas no Brasil, que em geral vai de maio/junho a setembro/outubro, começa este ano com o aumento percentual de focos de incêndio no Pampa, Pantanal e Mata Atlântica, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
Em termos absolutos, a Amazônia é o bioma com maior número de focos de incêndios, antes mesmo do início da estação mais seca do bioma. Entretanto, na Amazônia, o acumulado no ano é inferior ao verificado em 2019.
A falta de chuva registrada nesses biomas pode ser apontada como um dos motivos para o aumento no número de incêndios – e a previsão de estiagem sinaliza uma possível piora da situação, caso os focos não sejam fiscalizados e controlados.
O maior aumento percentual foi registrado no Pampa, no Sul do país. O registro de focos de incêndio de 1º de janeiro a 1º de junho deste ano teve aumento de 343% – 917 no período em 2020 contra 207 nos mesmos meses de 2019.
No Pantanal, foram 2.128 focos de incêndio neste ano, aumento de 186% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve 742 focos no bioma. Na Mata Atlântica, o aumento foi de 44% – foram 3.479 focos este ano contra 2.395 no mesmo período de 2019.
Queimadas na Amazônia
Na Amazônia, de 1º de janeiro a 1º de junho deste ano, foram registrados 5.655 focos de incêndio – queda de 35% em relação ao mesmo período de 2019.
Com o aumento dos alertas de desmatamento nos primeiros meses de 2020, a preocupação é que a vegetação seja queimada nos próximos meses. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para depois ser usado na pecuária ou agricultura. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.
“90% de tudo que vai queimar está pela frente ainda. Se vai aumentar ou diminuir depende de diversos fatores, como o clima e a fiscalização. Depende de como os fiscais vão atuar, uma vez que todos os desmatamentos e queimadas são ilegais, seja contra a legislação federal, estadual e municipal. Para se ter uma ideia do impacto da fiscalização, em outubro de 2019 houve o menor registro histórico de focos de incêndio na Amazônia. Isso coincide com a operação Brasil Verde, instituída com decreto pelo governo federal, com uso das Forças Armadas na Amazônia”, afirma Alberto Setzer, coordenador do programa de monitoramento de queimadas do Inpe.
A operação na região amazônica durou dois meses, de setembro a outubro de 2019. Dez mil soldados combateram quase dois mil focos de queimadas na floresta. Em novembro, após a saída do Exército, os índices de desmatamento e queimada voltaram a crescer na região.
Incêndios no Pantanal
Os meses de março e abril de 2020 tiveram recorde de incêndios no Pantanal e maio registrou índice acima da média história, de acordo com os dados do Inpe.
Em março de 2020, foram 602 focos no bioma – o máximo já registrado havia sido 141 focos, em março de 2004. Abril teve pico de 784, acima do recorde anterior, de 525 focos no mesmo mês em 2009. Maio teve 313 focos, acima da média histórica para o mês, que é de 106 focos no bioma.
“Esses incêndios têm origem diferentes, como acampamento de pescadores, fazendas manejando fogo na hora errada, queima de áreas para fazer roça. Não tem apenas um culpado, são vários que deixaram de considerar as condições climáticas para chegarmos na situação atual” afirmou o presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Ângelo Rabelo, que combatia o fogo na região em abril deste ano.
Previsão climática
A estimativa para o trimestre de junho, julho e agosto é de chuvas abaixo da média para os estados do Centro-Oeste, Minas Gerais, oeste da Bahia e Rondônia, segundo dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), também do Inpe.
Em grande parte dos estados da Amazônia, a baixa média de chuvas, comum para o período, deve se manter. A temperatura deve se manter na média ou acima dela em grande parte do país, exceto para o Sul.
Fiscalização e multas
A organização Human Rights Watch (HRW) alerta que as multas por crimes ambientais estão praticamente paralisadas desde outubro do ano passado, quando um decreto do governo Jair Bolsonaro estabeleceu que as multas deveriam ser revistas em audiências de conciliação.
De acordo com HRW, agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicaram desde outubro milhares de multas por desmatamento ilegal e outras infrações no Brasil. No entanto, em apenas cinco casos foi imposta aos infratores a obrigação de pagar multa.
Segundo a ONG, só em 2020, as multas emitidas podem chegar a R$ 412 milhões.
Fonte: G1
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