segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CIÊNCIA

Introdução

Na vastidão do norte do Oceano Pacífico, existe o Redemoinho Subtropical do Pacífico Norte, um lento espiral de correntes, criado por um sistema de alta pressão de correntes de ar. A área é um deserto oceânico, cheio de fitoplânctons minúsculos, mas com alguns peixes e mamíferos grandes. Devido à falta de peixes grandes e ventos suaves, pescadores e marinheiros raramente viajam pelo redemoinho. Mas a área tem mais coisa além de plâncton: lixo, milhões de quilos de lixo, a maioria plástica. É o maior depósito de lixo do mundo, que flutua no meio do oceano.

água viva presa no lixo
Imagem cedida por Algalita Marine Research Foundation
Na vasta área da Grande Porção de Lixo do Pacífico, a água-viva e outros animais que se alimentam por filtragem, freqüentemente consomem o lixo flutuante ou ficam presos nele

O redemoinho realmente deu origem a duas grandes massas de lixo que se acumulam, conhecidas como Porções de Lixo do Pacífico Ocidental e Oriental, às vezes, chamados coletivamente de Grande Porção de Lixo do Pacífico. A Porção de Lixo Oriental flutua entre o Havaí e a Califórnia; os cientistas estimam que seu tamanho é duas vezes maior o estado americano do Texas [fonte: LA Times]. A Porção de Lixo Ocidental se forma a leste do Japão e a oeste do Havaí. Cada massa de refugo que gira é maciça e recolhe o lixo de todo o mundo. As porções são ligadas por uma fina corrente de 3720km de comprimento chamada de Zona de Convergência Subtropical. Vôos de pesquisa mostraram o acúmulo de quantidades significativas de lixo também na Zona de Convergência.
As porções de lixo apresentam vários perigos à vida marinha, à pesca e ao turismo. Mas antes de discutirmos sobre eles, é importante analisar o papel do plástico. O plástico constitui 90% de todo o lixo que bóia nos oceanos do mundo [fonte: LA Times]. O United Nations Environment Program (Programa Ambiental das Nações Unidas) estimou, em 2006, que cada milha quadrada do oceano abriga 46.000 pedaços de plásticos flutuantes [fonte: UN Environment Program]. Em algumas áreas, a quantidade de plástico supera a quantidade de plâncton por uma relação de seis para um. Dos mais de 100 bilhões de quilogramas de plástico que o mundo produz por ano, cerca de 10% acabam no oceano [fonte: Greenpeace]. Setenta por cento disso finalmente afunda, prejudicando a vida no fundo do oceano. [fonte: Greenpeace]. O resto flutua; boa parte termina nos redemoinhos e nas porções de lixo maciças que se formam, com o plástico sendo levado pelas águas a uma costa distante.
O principal problema com o plástico - além de sua quantidade enorme - é que ele não é biodegradável. Nenhum processo natural consegue eliminá-lo. Especialistas apontam que a durabilidade que torna o plástico tão útil às pessoas é o que também o torna tão prejudicial à natureza. Ao contrário, o plástico fotodegrada. Um isqueiro jogado ao mar se fragmentará em pedaços menores de plástico sem se quebrar em compostos mais simples, o que os cientistas estimam que poderia levar centenas de anos. Os pequenos pedaços de plástico produzidos pela fotodegradação são chamados de lágrimas de sereia ou grãos.

Essas partículas minúsculas podem ser sugadas pelos animais que se alimentam por filtragem e prejudicar seus corpos. Outros animais marinhos comem o plástico, que pode envenená-los ou levá-los a bloqueios fatais. Os grãos também têm a propriedade traiçoeira de absorver produtos químicos. Ao longo do tempo, mesmo os produtos ou venenos que se misturam à água podem tornar-se altamente concentrados à medida que são eliminados pelos grãos. Essas massas venenosas ameaçam toda a cadeia alimentar, especialmente quando ingeridas por animais que se alimentam por filtragem que, geralmente, são devorados por criaturas grandes.

Efeitos do plástico e a grande porção de lixo do Pacífico


albatroz e lixo
Image courtesy
Algalita Marine Research FoundationA população de albatroz foi
devastada pelo plástico
O plástico afetou severamente os albatrozes, que percorrem um grande caminho do norte do Oceano Pacífico. Eles geralmente apanham o alimento onde quer que esteja, o que faz muitos pássaros ingerirem plástico e outros lixos, levando-os a morte. Na Ilha Midway, que fica em contato com partes da Porção de Lixo Oriental, os albatrozes dão à luz a 500.000 filhotes anualmente. Duzentos mil deles morrem, muitos pelo consumo de plástico que seus pais lhes dão, confundindo-o com comida [fonte: LA Times]. No total, mais de um milhão de pássaros e animais marinhos morrem por ano, seja porque ingeriram plástico e outros lixos ou porque ficaram presos neles.

Além de acabar com os animais selvagens, o plásticos e outros detritos danificam barcos e equipamentos submarinos, espalham-se pelas praias, impedem as pessoas de nadarem e prejudicam as indústrias de pesca local e comercial. O problema do plástico e outros lixos acumulados afeta praias e oceanos do mundo inteiro, incluindo os dois pólos. As massas de terra que acabam no caminho dos redemoinhos giratórios recebem grande quantidade de lixo. As 19 ilhas do arquipélago havaiano, incluindo a Midway, recebem quantidades maciças de lixo lançadas dos redemoinhos. Boa parte do lixo é antiga. Algumas praias ficam cobertas de 1,5m a 3m de lixo, enquanto outras ficam cheias de "areia plástica", milhões de pedacinhos, como se fossem grãos, de plástico que são praticamente impossíveis de limpar.
A maior parte desse lixo não vem dos navios - 80% do lixo do oceano origina-se da terra [fonte: LA Times]. O resto vem de navios comerciais e particulares, de equipamentos de pesca, de plataformas petrolíferas (em inglês) e da queda de contêiners no mar (seus conteúdos freqüentemente são levados pelas águas e chegam às costas distantes anos depois).
Alguns esforços podem ajudar a lutar contra a maré do lixo. Os tratados internacionais que proíbem o despejo de lixo no mar devem ser reforçados. A água de esgoto não tratada não deveria desaguar no oceano. Muitas comunidades e alguns países que se encontram em pequenas ilhas acabaram com o uso de sacolas plásticas. Essas sacolas geralmente são recicláveis, mas bilhões delas são jogadas fora todo ano. Nas Ilhas Havaianas, programas de limpeza levam voluntários às praias para recolherem o lixo, mas algumas delas, mesmo as que passam por limpezas regulares, ainda estão repletas de camadas grossas de lixo.
Os cientistas que estudaram o problema afirmam que recolher todo o lixo do oceano é simplesmente impossível, além de prejudicar o plâncton e outras vidas marinhas. Em algumas áreas, podem ser coletados grandes fragmentos, mas não é possível, por exemplo, limpar completamente uma parte do oceano que amplia a área de um continente e estende-se mais de 30m abaixo da superfície [fonte: UN Environment Program].
Praticamente todos os especialistas que falam do assunto levantam o mesmo ponto: depende do controle do lixo na terra, de onde vem a maior parte dele. Eles recomendam convencer as empresas a encontrarem alternativas para o plástico, especialmente seguras, em relação ao ambiente, e com embalagem reutilizável. Programas de reciclagem deveriam ser ampliados para acomodar mais tipos de plástico, e a população deveria ser educada sobre seu valor.

Em outubro de 2006, o governo dos Estados Unidos estabeleceu o Monumento Marinho das Ilhas Havaianas do Noroeste. Essa longa faixa de ilhas, localizadas a noroeste do Havaí, freqüentemente, entram em contato com a Porção de Lixo Oriental. Após a criação do monumento, o congresso aprovou a legislação para aumentar os fundos para os esforços de limpeza e obrigou que várias agências governamentais expandissem seu trabalho de limpeza. Pode ser um passo importante, especialmente se levar a uma maior atenção do governo para um problema que, embora terrível, apenas recebeu atenção científica séria no início da década de 90.
FONTE: HTTP://CIENCIA.HSW.UOL.COM.BR/LIXO-PACIFICO2.HTM

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