quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Purpurina biodegradável, uma tendência crescente no carnaval carioca.

Fantasias de sereia, com um turbante de frutas tropicais à la Carmen Miranda ou um toucado de faraó egípcio: nenhum ‘look’ do carnaval de rua no Rio de Janeiro está completo sem uma grande quantidade de purpurina.

Mas acompanhando uma tendência mundial, muitos foliões estão tomando consciência do problema representado pelas 8 milhões de toneladas de plástico que a cada ano param no oceano dos cinco continentes e apostam numa versão ecológica para reduzir seu impacto.
“Eu sempre fui muito fã de glitter, usava muita purpurina no carnaval, tomava banho, dava banho nos outros, soltava glitter como se fosse uma coisa maravilhosa. Quando descobri que era de plástico, fiquei bem incomodada e pensei que deveria fazer alguma coisa a esse respeito”, contou à AFP Frances Sansão, uma arquiteta carioca de 29 anos que criou há dois anos a Pura Bioglitter, uma das marcas de purpurina ecológica pioneiras no Brasil.
As micropartículas que refletem a luz e embelezam a festa de noite e de dia perduram no planeta para sempre e podem, como muitos plásticos, acabar no estômago da fauna marinha.
– Menos brilhante e mais sustentável –
Insatisfeita com a ideia de espalhar microplásticos durante sua festa favorita, Frances começou a pesquisar em 2016 como fabricar sua própria purpurina ecológica; Importá-lo dos Estados Unidos ou da Grã-Bretanha era inviável, devido aos altos custos.
Inspirada pela culinária vegana, experimentou receitas até chegar a uma fórmula à base de algas marinhas e pó de mica (uma pedra brilhante), que tenta patentear.
“Esse glitter é mais leve, não tem material nocivo, ao contrário, as algas são super-hidratantes, faz bem para a pele. E ele não tem impacto sobre a vida marinha”, garante.
Após três dias, “quando ele se decompõe, volta ao estado natural, volta a ser alga e pedra e é menos agressivo para o meio ambiente, não há problema em ir para o mar”, explica.
Ao contrário da purpurina industrial, os “flocos” de glitter orgânico têm uma forma irregular e uma aparência mais metalizada, já que a mica é menos reflexiva que o alumínio.
“Quem é mais comprometido com a sustentabilidade entende que não vai ser igual [ao glitterde plástico]. Esta é uma alternativa sustentável”, mas tem tido uma boa recepção entre o público porque “é muito bonito”, assegura.
Em meio ao tumulto da música e da dança, a cozinheira Denise Davidson acaba de ser maquiada por Frances e uma de suas sócias, durante um dos blocos carnavalescos que tomam a cidade todo mês de fevereiro.
“Achei legal, é diferente, a gente vive um momento em que as pessoas se preocupam mais com a natureza, a sustentabilidade está super em alta, e acredito que seja viável, as pessoas vão aderir, sim”, diz Denise.
– Negócio em expansão –
Usando protetor para o rosto e luvas de borracha, Frances tritura em um liquidificador pedaços de papel metalizado para repor o estoque de purpurina dourada, que vende, como as demais cores, em frascos de 1 ou 3 gramas, a dez reais o grama.
Esse é o último passo de um processo que começa com a cocção de uma espécie de gelatina de alga, que é então misturada ao pó de mica, corantes e espalhado em um superfície plana para secar e adquirir a consistência de um papel, pronta para ser triturada em pedacinhos.
As três sócias e duas ajudantes produzem 800 gramas por dia. Até o final do Carnaval, esperam ter fabricado 50 kg de glitter.
“Quando criei a Pura, as pessoas me criticaram, disseram que era mi mi mi (a preocupação com a purpurina sintética), mas o discurso das pessoas foi mudando. Hoje em dia eu vejo que as pessoas estão muito mais engajadas, mais conscientes. Acho que vem mesmo da ignorância sobre o assunto. As pessoas não divulgavam muito essa questão do plástico”, assegura Frances.
Apesar de a demanda continuar crescendo, ela não acredita que a purpurina orgânica vai substituir completamente a versão industrial no Brasil, uma vez que não é possível fabricá-la a preço competitivo.
Por isso, para aqueles que continuarem usando a purpurina convencional, recomenda retirá-la do corpo e descartá-la no lixo antes do banho, para evitar que pare no mar.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

O mistério da baleia encontrada na Ilha de Marajó.

O gerador de probabilidade infinita do universo parece estar ligado. Na última sexta-feira, uma baleia jubarte foi encontrada morta nos manguezais da Ilha de Marajó. Pela foto, parece que o animal está bem no meio da floresta, o que torna tudo ainda mais estranho. Como ele foi parar lá? Como morreu? O que o universo quis dizer com isso? Aos poucos, porém, o mistério vai sendo resolvido e, mais uma vez, algo que aparentemente é inexplicável, tem sim suas explicações científicas e plausíveis.
Embora pareça que está no meio do matagal fechado, o mamífero foi encontrado a cerca de 15 metros da costa oceânica. Uma equipe de biólogos do Instituto Bicho D’água postou fotos da baleia no Instagram. Segundo eles, tratava-se de um filhote de 12 meses de idade, com cerca de 11 metros.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a oceanógrafa Maura Elisabeth Moraes de Sousa, do Instituto Bicho D’Água, afirma que, provavelmente, o animal foi parar na ilha devido às altas amplitudes das marés na região. “As macro marés comuns na costa Norte do Brasil tornam compreensível que uma carcaça vá parar dentro do manguezal. É um filhotão que deve ter tentado fazer sua primeira migração e por algum motivo não conseguiu, deve ter se perdido e já chegou ali morto”, afirma.
O fato da baleia ter sido encontrada nessa época do ano, entretanto, ainda intriga os cientistas. “Ainda não sabemos ao certo como ela veio parar aqui, mas acreditamos que a criatura estava flutuando perto da costa e da maré, que tem sido considerável os últimos dias, e foi pega e jogada para o interior do mangue. Além dessa façanha surpreendente, ficamos perplexos com o que uma baleia jubarte está fazendo na costa norte do Brasil em fevereiro, porque essa é uma ocorrência muito incomum”, sugere a pesquisadora de vida marinha Renata Amin, presidente do Instituto Bicho D’Água, em entrevista ao jornal O Liberal, do estado do Pará.
A Secretaria Municipal de Saúde, Saneamento e Meio Ambiente (SEMMA) está investigando por que o mamífero estava tão distante de seu habitat natural nesta época do ano. Durante o inverno na Antártida, baleias jubarte migram para o norte e costumam ser vistas na costa do nordeste brasileiro, mas dificilmente vão até o norte do país. “Acreditamos que este é um filhote que pode ter viajado com sua mãe e provavelmente se perdeu ou se separou durante o ciclo migratório entre os dois continentes”, disse Emin.
Fonte: Hypescience

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Apesar de criticar desmatamento, Noruega é dona de mineradora denunciada por contaminação na Amazônia.

O governo da Noruega, responsável por duras críticas a políticas ambientais do Brasil na última semana, é o principal acionista da mineradora Hydro, alvo de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) do Pará e de quase 2 mil processos judiciais por contaminação de rios e comunidades de Barcarena (PA), município localizado em uma das regiões mais poluídas da floresta amazônica.

Além de enfrentar ações na Justiça, a empresa até hoje não pagou multas estipuladas pelo Ibama em R$ 17 milhões, após um transbordamento de lama tóxica em rios por uma de suas subsidiárias na região amazônica, em 2009. Segundo o Ibama, o vazamento colocou a população local em risco e gerou “mortandade de peixes e destruição significativa da biodiversidade”.
Dono de 34,3% das ações da megaprodutora mundial de alumínio, o governo da Noruega ganhou manchetes em todo o mundo na última semana, após criticar publicamente o aumento do desmatamento na Amazônia. Despertando constrangimento na primeira visita oficial do presidente Michel Temer à Noruega, o país anunciou um corte estimado em R$ 200 milhões nos recursos que repassa ao Fundo Amazônia, destinado à preservação ambiental.
Mas testes realizados pelo Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Federal do Pará (UFPA) indicaram que um em cada cinco moradores da região onde estão as empresas norueguesas está contaminado por chumbo, com uma concentração do elemento químico no corpo sete vezes maior do que a média mundial.
Entre os efeitos tóxicos do chumbo no organismo estão doenças nos sistemas nervoso e respiratório, problemas no coração e efeitos “extremamente preocupantes” no desenvolvimento cognitivo de crianças, segundo o MPF.
“Como acionista em várias empresas, o Estado norueguês tem expectativas claras em relação à responsabilidade social corporativa das empresas, incluindo questões ambientais”, afirmou o Ministério do Comércio, Indústria e Pesca do país à reportagem. A assessoria do ministério não comentou diretamente as multas do Ibama – que alega que a empresa “dificultou a ação do poder público” no exercício de fiscalização de infrações ambientais na área da empresa.
O governo da Noruega disse que a responsabilidade social é “parte central do diálogo entre o ministério e a empresa” e afirmou que foi informado, assim como os demais acionistas, das consequências do derramamento de 2009 pelos relatórios anuais da Hydro.
Procurada, a empresa negou responsabilidade sobre os índices de contaminação registrados na cidade, disse que investe em soluções sustentáveis e no diálogo com comunidades e informou que o vazamento de rejeitos químicos de 2009 foi fruto de chuvas intensas.
A embaixada na Noruega em Brasília não quis comentar o caso.
Contaminação – Graças a uma rede de abastecimento de água que atende a apenas 40% da população local, os rios e poços artesianos são a principal fonte de água na região da pequena Barcarena – que viu sua população crescer em ritmo três vezes mais rápido que o do resto do país nos últimos 40 anos graças aos empregos gerados pelas mineradoras.
Formado por dezenas de ilhas e igarapés que deságuam em rios como o Icaraú, Tauaporanga e Barcarena, o município experimenta crescimento desordenado desde que se tornou um importante exportador de commodities minerais (bauxita, alumínio e caulim), vegetais (soja) e animais (gado vivo).
À BBC Brasil, a Hydro questionou as pesquisas utilizadas pela Procuradoria da República, afirmando que os derramamentos da subsidiária Alunorte não representam “ameaças significativas nem para a vida humana nem aquática”.
A empresa também não comentou as multas aplicadas pelo Ibama, mas disse que busca diálogo transparente com todos os envolvidos no processo da mineração, que possui rigorosos sistemas de monitoramento de água, solo e ar e que “garantir uma conduta responsável com a sociedade é altamente importante em todas as fases das operações”.
Por meio da Hydro, o governo norueguês é acionista majoritário de duas grandes mineradoras na região: Albrás, que produz alumínio a partir da alumina (óxido de alumínio), e Alunorte, que realiza o processo de obtenção da alumina a partir da bauxita – ambas compradas da Vale, que ainda é acionista minoritária.
Desde o ano passado, o Ministério Público Federal exige que as duas mineradoras, ao lado de quatro outras empresas do polo industrial de Barcarena, forneçam “em caráter emergencial” dois litros diários de água potável por morador e “indenizem os danos ambientais e à população afetada pela contaminação”.
A procuradoria afirma que emissões destas empresas, em conjunto com as demais empresas da região, seriam responsáveis pela contaminação da área.
“O histórico de acidentes ambientais em Barcarena é impressionante, uma média de um por ano”, disse à BBC Brasil o procurador da República Bruno Valente, que assina a ação civil pública movida em 2016.
“O transbordamento de lama da bacia de rejeitos da Hydro afetou uma série de comunidades em 2009 e até hoje nunca houve uma compensação ou pagamento de multa”, afirmou.
Chuvas – A Hydro se exime de qualquer responsabilidade e diz que a tragédia foi fruto de um “período de chuvas intensas em abril de 2009”.
A empresa norueguesa diz que tomou medidas de prevenção e correção após o episódio, incluindo reforços “da capacidade do sistema de drenagem”, nas “instalações de tratamento de água” e nos “planos de emergência” em casos de acidente.
Mas a coordenadora do laboratório federal que constatou índices de contaminação por chumbo em moradores da região, Simone Pereira, contesta os argumentos.
“Técnicos mostraram que a barragem já estava cheia e transbordaria de qualquer forma, não se pode atribuir a um fenômeno natural uma falha que é humana”, afirmou a coordenadora do Laboratório de Química Analítica e Ambiental da UFPA, criticando o que qualifica como omissão do governo norueguês em relação aos impactos de suas mineradoras na Amazônia.
“Se a Noruega está preocupada com o meio ambiente, não deveria só se preocupar com as árvores e o desmatamento, mas também com os rios, o solo, o ar e a população”, completou.
À reportagem, a Hydro informou que “não conhece detalhes dos resultados apresentados pelo laboratório da UFPA e que “não há conexão” entre as atividades da empresa e “um suposto aumento nos níveis de chumbo encontrados na área”.
‘Hipócrita’ – Para o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), que tem forte eleitorado na região, a contaminação dos rios locais é “toda fruto de vulnerabilidades no sistema de proteção das mineradoras”.
“A mão que afaga é a mesma que apedreja”, afirmou o deputado à BBC Brasil, citando os investimentos noruegueses contra o desmatamento. “Me parece hipócrita. Eles fazem na Amazônia o não fazem na Noruega, porque lá o controle é maior.”
Em 2012, segundo dados oficiais da Hydro, mais de 5.300 processos judiciais ligados a crimes socioambientais tramitavam em primeira instância contra a mineradora – a maior parte fruto do transbordamento registrado em 2009, ainda sem conclusão definitiva.
Após a multinacional ganhar em 3.593 casos em primeira instância e 599 em segunda instância, aproximadamente 2 mil casos ainda aguardam decisão judicial.
“As decisões do tribunal após a primeira instância se baseiam no fato de que não há provas de que os autores sofram ou tenham sofrido os supostos danos relacionados ao derramamento de água contaminada com resíduos de bauxita”, diz a Hydro.
Segundo o MPF, entretanto, o episódio de 2009 pode ser considerado “o acidente ambiental mais grave da história do Distrito Industrial de Barcarena”.
Para o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, que reúne 110 organizações, sindicatos e movimentos sociais, o caso da Hydro é “um alerta para a sociedade brasileira que é preciso discutir o modelo mineral brasileiro”.
“Não é possível que o presidente e o ministro de Minas e Energia saiam pelo mundo oferecendo novas minas ao capital estrangeiro, sem olhar o rastro de destruição social e ambiental que empresas norueguesas, canadenses e tantas transnacionais deixam no nosso país”, afirmou o comitê.
Já a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Alessandra Cardoso, ressaltou que moradores desapropriados pela empresa ainda aguardam indenizações garantidas por lei.
“Algumas comunidades abriram mão de continuar em seus locais de origem porque os igarapés foram contaminados, mas as empresas não cumprem seus compromissos, enquanto fazem uma enorme propaganda de que são responsáveis e sustentáveis”, disse.
Segundo o Inesc, a empresa recebeu isenções fiscais de R$ 7 bilhões do governo brasileiro. 
(Fonte: Terra)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Como o glitter usado no carnaval polui os oceanos.

O Carnaval está chegando e, com ele, os inúmeros tutoriais e inspirações de maquiagens para se usar nos dias de festa. Em comum, eles têm dois elementos fundamentais: criatividade e muito glitter.

Utilizado em cosméticos e maquiagens, o glitter tem uso intenso durante as comemorações carnavalescas e é fundamental para muitos foliões, pois eleva a cor e o brilho das fantasias. Mas tem um lado negativo: eleva também a poluição dos oceanos com microplásticos.
Feito de alumínio e plástico cortado em milímetros, o glitter é classificado como um microplástico por suas dimensões inferiores a 5mm de diâmetro. Por serem minúsculos, os microplásticos não são filtrados no tratamento de esgoto e, assim, chegam a rios e oceanos, onde são incorporados pela flora e ingeridos pela fauna.
“Quando o folião se lava, esse material vai para a rede de esgoto. Um agravante é que muitas cidades brasileiras não tratam seu esgoto, então isso é lançado diretamente nos corpos de água, o que afeta a biota desde os corpos de água doce até o destino final, que são os oceanos”, diz a professora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp.
No ambiente aquático, o maior problema é a possibilidade de ingestão pelos seres vivos que nele habitam. Além de o microplástico substituir um alimento sem oferecer em troca qualquer valor alimentício, o que gera desnutrição, ele oferece risco de obstrução das vias e alteração das funções do corpo. Quanto menor a partícula, maior a chance de ela ser ingerida por organismos menores, ampliando o alcance do problema.
“No caso do mar, o microplástico é ingerido pelo plâncton, que é ingerido pelos peixes, e acaba indo parar na  alimentação humana. É a mesma coisa se considerarmos o microplástico em ambiente terrestre: de alguma maneira vai parar na comida das pessoas”, diz o biólogo Cláudio Gonçalves Tiago, do Centro de Biologia Marinha da USP.
Novas linhas de pesquisas estudam também os possíveis riscos químicos associados ao glitter. Para o biólogo, um deles são os produtos químicos usados no glitter assim como os do próprio do plástico, que podem ser liberados na água.
Outra frente investiga o potencial desses plásticos de, ao entrar nos sistemas de água doce e irem parar nos oceanos, funcionarem como vetores de transporte de outros contaminantes, causando um dano químico maior. Segundo Montagner, os estudos existentes não são conclusivos.
Por se espalharem com facilidade e dada a abundância de material plástico, os microplásticos estão amplamente disseminados. Há evidências da presença deles em diversos ambientes naturais e em produtos para o consumo humano, como alimentos e bebidas. Os estudos sobre impactos para a saúde humana ainda são iniciais. No Brasil, sua presença está concentrada nas regiões costeiras do Nordeste e do Sudeste.
Diante dos riscos ambientais, fabricantes de glitter têm investido em versões ambientais, e essa tendência também chegou ao Brasil. É possível encontrar nas redes sociais, em especial no Instagram, uma vasta gama de marcas dedicadas a alternativas biodegradáveis e de cosméticos naturais que expandiram sua linha de produtos.
Em lugar de plástico, o glitter biodegradável tem componentes naturais, como celulose, óleos, ceras, agar agar, materiais alimentícios e corantes naturais.
Com preços e composições variáveis, o bioglitter é feito para deixar rastros mínimos no meio ambiente depois do uso, ao contrário do produto tradicional, que demora centenas de anos para se decompor.
Uma alternativa mais barata, para quem não pode pagar pelo bioglitter, é fazê-lo em casa. Estão disponíveis na internet vídeos no estilo “faça você mesmo” que ensinam a produzir versões caseiras.
Tiago destaca que um glitter biodegradável eficiente deve se dissolver na água sem gerar produtos químicos indesejáveis ou matéria orgânica que, em quantidades exageradas, pode causar prejuízos aos cursos d’água, como o amido. “Tudo tem que ser pensado nos termos da grande população humana que nós temos e que utilizam esses produtos.”
Uma outra sugestão que circula pela internet para evitar que o glitter chegue aos oceanos é removê-lo com lenços umedecidos. A eficácia da proposta depende, porém, de os lenços serem descartados corretamente. Na prática, o biólogo é cético. “Tirar com o lenço evita chegar ao oceano amanhã, mas vai chegar daqui a 150 anos”, diz.
Na opinião do professor de engenharia oceânica Paulo Cesar Rosman, da UFRJ, jogar um lenço umedecido cheio de glitter no vaso sanitário é o pior dos cenários, diante da precariedade de tratamento de esgoto e saneamento no Brasil.
Fonte: Deutsche Welle

Glifosato: mitos e verdades sobre um dos agrotóxicos mais usados do mundo.

Comercializado para agricultores desde 1974, o glifosato é hoje o herbicida mais comum do mundo, mas a discussão científica sobre sua segurança ainda não chegou a uma conclusão clara.

Herbicidas são agrotóxicos que matam ervas daninhas que prejudicam a monocultura produzida em uma fazenda.
Até pouco tempo atrás, o glifosato era considerado um dos agrotóxicos menos problemáticos, explica o agrônomo Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Princípio ativo de centenas de herbicidas no mercado, ele age inibindo a ação de uma enzima usada pelas plantas invasoras para realizar fotossíntese. Os animais não possuem essa enzima, então, em tese, não deveriam ser afetados pela substância.
Essa suposta segurança, aliada ao desenvolvimento de soja geneticamente modificada resistente aos efeitos do glifosato, fez com que ele se espalhasse rapidamente pelo mundo e se tornasse amplamente usado.
No entanto, em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc), parte da Organização Mundial de Saúde, concluiu com base em centenas de pesquisas que o glifosato era “provavelmente cancerígeno” para humanos.
Já a EPA (agência de proteção ambiental americana) continua a insistir que o glifosato é seguro quando usado corretamente. Na Europa, a agência ambiental alemã corroborou essa avaliação da EPA. E os últimos estudos da EFSA (Autoridade Europeia de Segurança Alimentar) e da ECHA (Agência Europeia de Produtos Químicos) foram positivos para a substância.
Por causa disso, a Comissão Europeia autorizou o uso do glifosato no continente até 2022, quando voltará a fazer uma avaliação.
No Brasil, o glifosato também é permitido, mas está sob reavaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2008.
Mas qual das entidades afinal está certa sobre o glifosato? Por que as instituições dão informações tão discrepantes sobre a segurança do uso? Ele causa câncer ou não?

Objetivos distintos

A diferença entre as análises existe pois as instituições usam metodologias diferentes.
Elas não baseiam suas conclusões em experimentos próprios, mas sim em pesquisas científicas já publicadas sobre o assunto, explica Letícia Rodrigues, especialista em toxicologia, regulação e vigilância sanitária, e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná.
Ela afirma que há muitos critérios diferentes para determinar quais estudos são levados em consideração para que aquela instituição chegue a uma conclusão.
E há bastante diferença entre ciência acadêmica – produzida nas universidades, com as últimas descobertas – e a ciência regulatória – das agências de regulação, que segue uma série de portarias e protocolos estabelecidos em lei para avaliar os estudos.
“O Iarc e a EPA são instituições com objetivos diferentes”, afirma Luiz Claudio Meirelles, da Fiocruz. “O Iarc é ligado à OMS, está preocupado com as últimas descobertas na proteção da saúde. Enquanto a EPA e as outras agências têm fins de registro e podem ter um viés econômico muito forte.”
A possibilidade de que pressões econômicas tenham tido influência na decisão do órgão foi levantada por ativistas nos Estados Unidos, e alguns deputados democratas chegaram a pedir que o Departamento de Justiça investigue se há relações entre funcionário do governo e indústrias de agrotóxicos.
Defensores da avaliação das agências afirmam que os resultados são diferentes porque a EPA teve um rigor maior no filtro para os estudos e pesquisas científicas analisados – selecionando apenas estudos nos quais havia peer-review (revisão feita por outros cientistas), credenciamento em boas práticas de laboratório etc. Dizem também que o Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer) não detalhou os critérios usados para a análise dos estudos.
Mas especialistas em agrotóxicos têm confiança na conclusão do órgão.
“A OMS tem um perfil até conservador e o Iarc é muito responsável na sua análise”, diz Meirelles. “Os estudos (que apontam que o glifosato é provavelmente carcinogênico para humanos) foram feito por pesquisadores relevantes, publicados em revistas internacionais respeitadas.”

‘Caminho sem volta’

Segundo Luiz Claudio Meirelles, da Fiocruz, o entendimento de que o glifosato é uma substância prejudicial é um “caminho sem volta”.
“Se você olha como algumas substâncias foram tratadas historicamente, percebe semelhanças. O DDT (pesticida muito usado na segunda metade do século passado), por exemplo. Quando começou a se descobrir seus efeitos cancerígenos, quem tinha interesse econômico fez de tudo para negar”, afirma ele.
“Mas a ciência independente foi avançando, comprovando que os malefícios eram verdadeiros, e não havia mais como negar. Hoje, o DDT é proibido mundialmente. O glifosato é o DDT de hoje, vai passar pelo mesmo processo.”
E, de fato, o entendimento de que o glifosato é perigoso à saúde, mesmo quando usado corretamente, está se ampliando cada vez mais.
No ano passado, a Monsanto foi condenada pela Justiça americana a pagar US$ 289 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) a Dewayne Johnson, que afirma que o câncer que teve em 2014 foi causado pelo uso de um dos agrotóxicos que contêm glifosato da empresa. A Monsanto nega que a substância cause câncer e afirma que vai recorrer da decisão.
O processo foi o primeiro alegando que agrotóxicos com glifosato causam câncer a ir a julgamento e gera precedente para centenas de processos parecidos na justiça americana.
Na França, o presidente Emmanuel Macron havia prometido acabar com o uso do glifosato até 2021, mas voltou atrás em janeiro deste ano após protestos de fazendeiros e agricultores. “Não é mais viável, vai matar nossa agricultura”, disse Macron.
O argumento usado pelos agricultores franceses e por outras pessoas contrárias ao banimento da substância é que os agrotóxicos substitutos podem ser piores e menos estudados.
Mas, para especialistas como Meirelles, essa é uma forma muito simplista de pensar. “O controle de pragas nem sempre precisa ser feito com substâncias químicas agressivas”, diz ele.
“Há várias formas de resolver esse problema. Você tem inimigos naturais, permacultura, uma série de soluções. Hoje a gente usa muito pouco a tecnologia para tentar reduzir o consumo de agrotóxicos. É preciso substituir tecnologias prejudiciais por tecnologias mais avanças, menos nocivas”.

A questão das abelhas

É um fato científico conhecido que alguns pesticidas são responsáveis pela morte de abelhas. As substâncias chamadas neonicotinoides, por exemplo, estão relacionadas ao desaparecimento de colônias nos EUA e na Europa – tanto que muitos produtos com esse princípio ativo foram proibidos na União Europeia. Não havia, no entanto, uma ligação clara entre a morte desses insetos – essenciais para polinização das plantas – e o glifosato.
Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences expôs as abelhas a níveis da substância encontrados em jardins e plantações e descobriu que, quando ingerido pelas abelhas, o glifosato afeta o micribioma intestinal dos insetos e diminuiu sua capacidade de combater infecções.
Após a contaminação, as abelhas expostas a um parasita comum morreram com muito mais frequência do que as que tinham um microbioma saudável por não terem sido expostas ao herbicida.
“Precisamos de diretrizes melhores para o uso do glifosato, porque no momento as regras supõem que as abelhas não são prejudicadas pelo herbicida. Mas nosso estudo prova que isso não é verdade”, disse Erick Motta, um dos líderes da pesquisa.

Confusão e desinformação

Apesar de a substância estar sendo cada vez mais pesquisada e entendida no meio cientifico, o fato de informações conflitantes virem de instituições confiáveis cria uma confusão no público sobre os efeitos da substância e abre um espaço propício para a disseminação de desinformação.
Nos últimos tempos, dezenas de informações falsas têm sido espalhadas nas redes sociais sobre o glifosato. Foi muito compartilhado, por exemplo, que glifosato causa autismo – informação para a qual não há nenhuma evidência científica.
A mentira começou quando Stephanie Seneff, pesquisadora da área de Ciência da Computação no MIT (Massachusetts Institute of Technology), disse em um evento que “o glifosato causará autismo em 50% das crianças até 2025”.
Tanto o uso do glifosato quanto os índices de autismo aumentaram nos últimos anos, mas não há nenhuma prova de que exista uma relação de causa e efeito entre ambos, segundo médicos e pesquisadores.
“O autismo tem sido muito estudado e não tem relação nenhuma com glifosato”, explica Ana Arantes, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), pesquisadora do Instituto LAHMIEI/Autismo e BCBA (certificada internacionalmente para trabalhar com a condição). “Não há nenhuma pesquisa científica que relacione glifosato com a condição.”
Seneff não usou estudo ou pesquisa como base, apenas mostrou um gráfico com o uso de glifosato no mundo e outro com o número de registros de autismo. Segundo a agência Drops, de checagem de informações médicas, ela deduziu sozinha, sem apresentar nenhuma evidência, que um causava o outro.
“A cada uma dessas teorias malucas sobre o autismo está atrelado um tratamento, que custa caro e pode ser perigoso”, diz Arantes.
Fonte: BBC

sábado, 23 de fevereiro de 2019

As tartarugas estão desaparecendo

Um artigo publicado recentemente na revista BioScience alerta para as ameaças que estão sofrendo as tartarugas e a importância de preservá-las

Segundo o biólogo Jeffrey Lovich, do Serviço Geológico dos Estados Unidos, e um dos autores do artigo, das 356 espécies de tartaruga com linhagem anterior a 200 milhões de ano, “aproximadamente um 61% estão sendo ameaçadas de extinção”.
As tartarugas conseguiram se adaptar às variações ecológicas, permitiram superar os dinossauros que desapareceram há 65 milhões de anos atrás, “quando as tartarugas já estavam numa antiga linhagem”, detalham os pesquisadores.
Mas no mundo moderno, elas têm que lutar para sobreviver. As mudanças climáticas, a contaminação dos mares, práticas de exploração e o uso comercial das tartarugas vêm afetando o número
O artigo critica a falta de programas para a proteção da diversidade de tartarugas, e lamenta que nem os conservacionistas nem a opinião pública esteja preocupada com esta situação.
Como o desaparecimento das tartarugas pode afetar o meio ambiente?
As tartarugas são considerados animais com elevada biomassa, um conceito ecológico para medir a quantidade de energia, de plantas e animais, que ocupam um ecossistema. Esta medida está associada ao impacto sobre o meio.
Com a diminuição das espécies, em quantidade e variedade, perdemos potencial biológico. Isso porque a carne da tartaruga alimenta a diversas espécies, os corpos em decomposição oferecem nutrientes valiosos para os ecossistemas, especialmente nos ciclos minerais, que mostram que as tartarugas têm indicadores excelentes para a saúde humana.
O desaparecimento das tartarugas pode representar uma perda grande para diversas comunidades. “O descenso e a extinção das populações de tartarugas a escala global significam que suas funções ecológicas vêm sendo reduzidas enormemente em comparação com os tempos em que as tartarugas eram mais abundantes”, afirmam. Os autores afirmam que faltam estudos para analisar as consequências desta diminuição para o meio ambiente.
Os profissionais interessados em uma formação de qualidade que possa enfrentar os desafios da conservação ambiental, podem optar pelo Mestrado em Gestão e Auditorias Ambientais, patrocinado pela FUNIBER.
Estudo:

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Ibama e PF combatem pesca ilegal e contrabando na fronteira com a Colômbia e o Peru.

O Ibama e a Polícia Federal (PF) apreenderam 18,6 toneladas de pescado, 56 metros cúbicos de madeira, 100 kg de carne de caça e 5,4 mil litros de gasolina na fronteira com a Colômbia e o Peru.
Realizada de 11 a 20 de fevereiro para combater a pesca ilegal, a Operação Catena teve como alvo frigoríficos, feiras e pontos estratégicos de distribuição em Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamim Constant, Amaturá e Santo Antônio do Içá, no oeste do Amazonas.
Das 18,6 toneladas de peixe apreendidas, 10 são de piracatinga, 4 de pirarucu e 4,6 de espécies protegidas pelo defeso (que vigora de 15 de novembro a 15 de março), como tambaqui, surubim, caparari, aruanã e matrinxã.
“A região da tríplice fronteira, usada como rota do tráfico internacional de animais silvestres e peixes, é prioritária para a fiscalização do Ibama”, diz chefe da Divisão Técnico-Ambiental no Amazonas, Hugo Loss, que coordenou a operação.
A captura do pirarucu é restrita às áreas de manejo. A pesca da piracatinga está proibida desde a publicação da Instrução Normativa Interministerial n° 6/2014 dos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Pesca e Aquicultura (MPA), que entrou em vigor em 2015 e tem como objetivo preservar espécies usadas como isca, a exemplo do boto e do jacaré.
Durante a investigação, foi constatado que a pesca da piracatinga ocorria em condições sanitárias preocupantes. A carne apodrecida de animais, usada como isca, era armazenada junto ao pescado, favorecendo a contaminação.
Em serrarias, além de identificar madeira ilegal, agentes ambientais verificaram o lançamento de resíduos diretamente no rio Javari, causando poluição que pode afetar a população que vive às margens do rio.
A equipe de fiscalização também descobriu esquema de comércio ilegal de combustível contrabandeado do Peru. Além de caracterizar crime ambiental, as condições de armazenamento colocavam em risco a população e os trabalhadores.
Na feira municipal de Tabatinga, infratores comercializavam carne e partes de animais silvestres. Os produtos foram apreendidos, os feirantes autuados e a prefeitura notificada pelo Ibama, que exigiu a adoção de medidas para evitar e punir os responsáveis pelo comércio ilegal.
Parte da mercadoria foi destinada a instituições sem fins lucrativos. A madeira foi encaminhada à Defesa Civil dos municípios do Alto Solimões para realização de obras no período de cheia dos rios. A gasolina foi doada à PF, que ofereceu apoio à operação com uma embarcação e as instalações da base anzol, em Tabatinga.
Fonte: Ibama

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Insetos estão desaparecendo rapidamente do planeta, diz estudo.

Os insetos são os animais mais abundantes no planeta Terra, com cerca de 30 milhões de espécies existentes. Eles têm papel fundamental nas cadeias alimentares e nos ecossistemas. E uma nova pesquisa traz um dado alarmante: eles estão desaparecendo rapidamente em algumas partes do mundo.

A biomassa – peso estimado de todos os insetos na Terra – está caindo em aproximadamente 2,5% por ano. “O ritmo das atuais extinções de insetos supera a dos vertebrados”, escreveram cientistas na em uma revisão de artigos publicados nos últimos 40 anos sobre o declínio populacional de insetos. O resultado foi divulgado no periódico Biological Conservation.
De acordo com o relatório, até 40% de todas as espécies podem estar ameaçadas nas próximas décadas. E cerca de 41% registraram declínios populacionais nos últimos dez anos. A maioria dos dados foi obtida a partir de estudos realizados na Europa e na América do Norte. No entanto, muitas espécies de insetos vivem nos trópicos – onde outras ainda estão sendo descobertas, e não há registros suficientes para pesquisas.
Vida de inseto
Segundo o estudo, borboletas e mariposas da ordem Lepidoptera, são algumas das mais atingidas: 53% tiveram números populacionais em declínio. Isso é preocupante, pois as borboletas, que são muito sensíveis às mudanças na paisagem e nas fontes de alimentação, indicam como está a saúde do meio ambiente.
Cerca de 50% das espécies de Orthoptera (gafanhotos e grilos, alimentos para uma enorme variedade de animais) também estão em declínio. Além disso, 40% das espécies de abelhas são listadas como vulneráveis ​​à extinção, assim como a maioria das espécies de escaravelhos.
O que também é preocupante é que as perdas parecem impactar insetos “especialistas”, que ocupam um pequeno nicho em um ecossistema, e “generalistas”, que são mais adaptáveis e podem mudar facilmente de ambientes e fontes de alimentos. “Isso sugere que as causas do declínio de insetos não estão vinculadas a habitats particulares, mas afetam traços comuns compartilhados entre todos os insetos”, indicaram os pesquisadores.
Interação com humanos
Os pesquisadores descrevem quatro problemas globais que levam à extinção de insetos: perda de habitat como resultado do desenvolvimento humano, desmatamento e expansão da agricultura; poluição, particularmente via pesticidas, fertilizantes e resíduos industriais; parasitas e patógenos – como os vírus que atacam as abelhas – e espécies invasoras; e alterações climáticas. Em resumo, atividade humana é a culpada.
“A restauração de habitat, junto com uma redução drástica nos insumos agroquímicos e ‘redesenho’ agrícola, é provavelmente a maneira mais eficaz de deter novos declínios”, afirmaram os cientistas. Neste caso, o redesenho é tornar as propriedades agrícolas mais habitáveis para os insetos nativos.
O uso de pesticidas também precisa diminuir drasticamente. “A menos que mudemos nossas formas de produzir alimentos, os insetos irão seguir o caminho da extinção em algumas décadas.”
Fonte: Revista Galileu

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Pesquisadores encontram plástico em ovos de aves no Ártico.

Pesquisadores descobriram a presença de componentes químicos de plástico em aves fulmares (Fulmarus glacialis)em trechos da ilha do Príncipe Leopoldo, no Ártico canadense.

Segundo o jornal The Times, os cientistas responsáveis pelo trabalho falaram sobre as descobertas na American Association for the Advancement of Science, encontro que acontece anualmente em Washington, capital dos Estados Unidos.
A teoria apresentada por eles é de que os componentes químicos do plástico foram ingeridos pelas aves enquanto caçavam por peixes. Após a ingestão, a contaminação provavelmente chegou até a corrente sanguínea e, depois, nos ovos das aves.
“É realmente trágico. O pássaro, desde o início de seu desenvolvimento, terá esses contaminantes dentro dele”, disse Jennifer Provencher, pesquisadora da agência governamental Canadian Wildlife Service, no encontro.
A cientista contou que analisou a gema e a albumina — a proteína da clara do ovo — de cinco ovos de aves fulmares do norte. Provencher descobriu que um dos testes tinha dado positivo para o composto químico ftalatos. Comum em plásticos, a substância é conhecida por afetar hormônios, sistema endócrino, infertilidade e uma série de outras questões, chegando a ser proibida em algumas partes do mundo.
“Nós sabemos que esses produtos químicos frequentemente são disruptores do sistema endócrino e que eles podem interromper o desenvolvimento hormonal e causar deformações. Mas se eles realmente causam algum dano nos ovos é algo que ainda não sabemos”, disse a pesquisadora em entrevista ao jornal The Guardian.
Provencher e sua equipe querem analisar se essas mesmas substâncias químicas estão presentes nos ovos de outras aves. “Precisamos verificar se eles têm os mesmos produtos químicos, ou níveis mais altos dessas substâncias”, explicou. “O reconhecimento de que pelo menos alguns desses contaminantes estão surgindo em ovos abre as portas para outras questões do que deveríamos estar fazendo em áreas de concentrações plásticas mais altas.”
Fonte: Revista Galileu