sexta-feira, 29 de março de 2019

Ibama e PF combatem pesca ilegal e contrabando na fronteira com a Colômbia e o Peru.

O Ibama e a Polícia Federal (PF) apreenderam 18,6 toneladas de pescado, 56 metros cúbicos de madeira, 100 kg de carne de caça e 5,4 mil litros de gasolina na fronteira com a Colômbia e o Peru.
Realizada de 11 a 20 de fevereiro para combater a pesca ilegal, a Operação Catena teve como alvo frigoríficos, feiras e pontos estratégicos de distribuição em Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamim Constant, Amaturá e Santo Antônio do Içá, no oeste do Amazonas.
Das 18,6 toneladas de peixe apreendidas, 10 são de piracatinga, 4 de pirarucu e 4,6 de espécies protegidas pelo defeso (que vigora de 15 de novembro a 15 de março), como tambaqui, surubim, caparari, aruanã e matrinxã.
“A região da tríplice fronteira, usada como rota do tráfico internacional de animais silvestres e peixes, é prioritária para a fiscalização do Ibama”, diz chefe da Divisão Técnico-Ambiental no Amazonas, Hugo Loss, que coordenou a operação.
A captura do pirarucu é restrita às áreas de manejo. A pesca da piracatinga está proibida desde a publicação da Instrução Normativa Interministerial n° 6/2014 dos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Pesca e Aquicultura (MPA), que entrou em vigor em 2015 e tem como objetivo preservar espécies usadas como isca, a exemplo do boto e do jacaré.
Durante a investigação, foi constatado que a pesca da piracatinga ocorria em condições sanitárias preocupantes. A carne apodrecida de animais, usada como isca, era armazenada junto ao pescado, favorecendo a contaminação.
Em serrarias, além de identificar madeira ilegal, agentes ambientais verificaram o lançamento de resíduos diretamente no rio Javari, causando poluição que pode afetar a população que vive às margens do rio.
A equipe de fiscalização também descobriu esquema de comércio ilegal de combustível contrabandeado do Peru. Além de caracterizar crime ambiental, as condições de armazenamento colocavam em risco a população e os trabalhadores.
Na feira municipal de Tabatinga, infratores comercializavam carne e partes de animais silvestres. Os produtos foram apreendidos, os feirantes autuados e a prefeitura notificada pelo Ibama, que exigiu a adoção de medidas para evitar e punir os responsáveis pelo comércio ilegal.
Parte da mercadoria foi destinada a instituições sem fins lucrativos. A madeira foi encaminhada à Defesa Civil dos municípios do Alto Solimões para realização de obras no período de cheia dos rios. A gasolina foi doada à PF, que ofereceu apoio à operação com uma embarcação e as instalações da base anzol, em Tabatinga.
Fonte: Ibama

Dois filhotes de peixe-boi encontrados em Parintins chegam ao Inpa nesta quarta-feira.

Dois filhotes de peixe-boi chegaram nesta quarta-feira (27) ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) local que recebe e reabilita os animais junto à equipe do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, patrocinado pela Petrobras. Os dois animais, que chegaram à capital no barco Leão de Judá, foram encontrados na área rural do Munícipio de Parintins (370 km de Manaus).

O primeiro filhote de peixe-boi, um macho de 15 quilos, foi encontrado na comunidade do Espírito Santo, já o segundo filhote, uma fêmea de 21 quilos, foi resgatada pelos comunitários de Catispera, ambos próximos ao município de Parintins.
De acordo com o veterinário do Inpa, Anselmo D´Affonseca, somando os dois peixes-bois que chegaram hoje, já são cinco que chegam ao Inpa somente neste ano. “Apenas de Parintins já são três animais que foram resgatados. Os filhotes podem ter caído na malhadeira de algum pescador ou também podem ter perdido a mãe para caça ilegal, já que aquela região é conhecida por consumir a carne de peixe-boi. Mas é difícil ter certeza”, explica.
Segundo o analista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Robson Czaban, a fiscalização da matança de peixes-bois na Amazônia é muito difícil por conta da imensidão geográfica. “Se a caça ocorre para o comércio nas feiras é mais fácil de fiscalizar, agora se for a própria comunidade que mata para consumo fica quase impossível saber. O que pode ser feito é uma sensibilização maior nessas áreas para tentar minimizar este ato”, disse.
“Como liberar filhotes de peixe-boi capturados acidentalmente”
O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, executada pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), preocupada com a quantidade de filhotes presos em malhadeira, produziu uma cartilha para auxiliar os pescadores e comunitários que avistam filhotes de peixes-bois na beira do rio e aqueles quesão pegos em malhadeiras de pesca.
A cartilha “Como liberar filhotes de peixe-boi capturados acidentalmente” está disponível na versão online na página da Ampa. Segundo o diretor executivo da organização, Ricardo Romero, a intenção é que este material chegue ao máximo de comunidades do Amazonas.
“O Projeto pretende fazer parcerias com instituições ambientais do município e do Estado para que por meio deles consigamos maior contato com as comunidades mais longínquas, principalmente àquelas que possuem grande histórico de caça de peixe-boi”, conta o gestor.
Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia
A Ampa é responsável por executar o Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, cujo principais objetivos são resgatar, reabilitar e reintroduzir peixes-bois (Trichechus inunguis) aos rios da Amazônia, além de auxiliar o projeto Boto do Inpa, que pesquisa a bioecologia do boto-vermelho e do tucuxi para a conservação das espécies.
As pesquisas realizadas em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa) geram informações que alertam as autoridades e a comunidade internacional sobre a e caça ilegal do peixe-boi para comercialização da carne e a matança do boto-vermelho.
Fonte: Fernanda Farias – Inpe

quarta-feira, 27 de março de 2019

Berço das águas, cerrado precisa de proteção para garantir abastecimento no país.

O bioma que ocupa um quarto do território brasileiro não tem rios de grande vazão, mas concentra nascentes que alimentam oito das 12 grandes regiões hidrográficas brasileiras. Especialistas consideram o cerrado como o berço das águas, já que nele estão localizados três grandes aquíferos – Guarani, Bambuí e Urucuia –, responsáveis pela formação e alimentação de importantes rios do continente. Para esses pesquisadores, a preservação da vegetação do cerrado é fundamental para a manutenção dos níveis de água em grande parte do país.

“O cerrado é como uma floresta ao contrário, as raízes são profundas, maiores que as copas. Elas são responsáveis por absorver a água da chuva e depositá-la em reservas subterrâneas, os aquíferos”, explica o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e diretor do Instituto do Trópico Subúmido, Altair Sales Barbosa.
Segundo o especialista, com o desmatamento e a diminuição da vegetação nativa, responsável por levar a água para regiões mais profundas, os aquíferos chegaram ao nível de base, ou seja, deixaram de abastecer diversas nascentes.
“A quantidade de água existente nesses aquíferos já chegou ao seu nível mínimo. É como se fosse uma caixa d’água com vários furos. Os furos são as nascentes. Quando ela está cheia, a água sai por muitos furos. Conforme vai esvaziando, vai saindo nos furos mais inferiores, até chegar ao último furo e há um momento em que não sai mais. Estamos em um momento em que [a água] está saindo, mas de maneira muito rudimentar, menor do que saía há 20, 40 anos”, diz o especialista.
Segundo ele, cerca de dez rios desaparecem na região anualmente.
O professor ressalta que, uma vez degradado, o cerrado não se recupera totalmente. Também é difícil cultivá-lo. Das 13 mil espécies vegetais catalogadas, apenas 180 são produzidas em viveiro.
“O cerrado é diferente da Amazônia e da Mata Atlântica, por exemplo. Enquanto esses biomas têm 3 mil e 7 mil anos, o cerrado tem mais de 45 milhões de anos que se completou totalmente. Como ele é muito antigo, evolutivamente já chegou ao seu clímax. Uma vez degradado, não se recupera jamais na plenitude de sua biodiversidade”.
De acordo com dados disponibilizados pela organização não governamental (ONG) WWF Brasil (sigla em inglês para Fundo Mundial para a Natureza), o cerrado é a segunda maior formação natural da América do Sul e concentra cerca de 5% da biodiversidade do planeta e 30% da biodiversidade do Brasil. Metade da vegetação nativa do cerrado foi eliminada e menos de 3% está protegida de forma integral.
“A ocupação dessa região se deu de forma acelerada nos últimos 60 anos e isso trouxe problemas. Ambientes importantes foram perdidos ou estrangulados por cidades, plantações e hidrelétricas”, diz o coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF Brasil, o engenheiro florestal Julio Cesar Sampaio.
Para agravar a questão da reserva de água, o regime de chuva tem mudado na região nos últimos 20 anos.
Para o pesquisador da área de hidrologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Cerrados, Jorge Werneck, os períodos de chuva têm ficado mais curtos e os de seca, mais longos. A média pluviométrica em determinadas estações caiu de 1,5 mil milímetros para 1,2.
“Isso muda bastante o ciclo hidrológico, faz com que nossos solos fiquem mais secos, os lençóis freáticos desçam, sejam rebaixados e isso afeta diretamente todo o regime de vazão dos nossos rios”, explica.
A coordenadora de Monitoramento da Qualidade Ambiental do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Vandete Inês Maldaner, reforça os prejuízos com a mudança no regime de chuva. “Anteriormente, tínhamos uma estação chuvosa, com distribuição ao longo do dia nos meses de dezembro e janeiro, e tínhamos uma chuvinha bem distribuída. Hoje temos períodos grandes de veranico e chuvas torrenciais, que não contribuem para o abastecimento dos lençóis freáticos. Batem no solo e escorregam, causando o assoreamento dos rios”, diz.
Para Werneck, não é possível dizer se a causa da diminuição da chuva é a ação do homem, nem se essa redução será permanente. Barbosa diz ser inegável a influência da ação do homem e da ocupação desordenada nos grandes centros urbanos, responsáveis pela formação de ilhas de calor que impedem a chegada de massas úmidas.
O coordenador do curso de engenharia ambiental e sanitária da Universidade Católica de Brasília, Marcelo Gonçalves Resende, acredita que a ação do homem é a grande responsável pela diminuição da chuva.
“A meu ver, tudo está relacionado. O grande problema é a má gestão do uso e da ocupação do solo, seja em áreas urbanas ou rurais. É possível que haja ocupação, desde que seja feita de forma sustentável, existem técnicas, claro que tem que ter agricultura, criação de gado, indústria, moradia. Mas isso tem que ser feito de forma sustentável. Existem técnicas, mas o ser humano esquece, pela ganância, pela vontade de obter lucro fácil. O último ponto que leva em consideração é a questão ambiental.” 
(Fonte: Agência Brasil)

Identificada planta que floresce no Cerrado apenas um dia depois de queimada.

As plantas do Cerrado evoluíram na presença do fogo. E, quando usado com inteligência, como método de manejo criterioso, o fogo é fator indispensável para a preservação desse formidável ecossistema, que constitui a mais biodiversa savana do mundo. Bastam dois meses para que o Cerrado queimado se transforme em um jardim exuberante.

O estudo From ashes to flowers: a savanna sedge initiates flowers 24 hours after fire, publicado na revista Ecology nesta segunda-feira (25/03), confirmou essa teoria. O artigo enfocou uma espécie vegetal que inicia sua floração apenas 24 horas após a queima.
“Trata-se da Bulbostylis paradoxa, uma erva perene da família Cyperaceae, conhecida popularmente como cabelo-de-índio”, disse a primeira autora do artigo, Alessandra Fidelis, à Agência FAPESP.
Fidelis é professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Rio Claro, e investigou o assunto com apoio da FAPESP no âmbito do projeto “Como a época do fogo afeta a vegetação do Cerrado”.
O Cerrado é uma savana peculiar. E sua capacidade de rebrotar e florescer depois de queimada é um importante diferencial em relação às savanas africanas e australianas. Isso já havia sido relatado, desde o século 19 e início do 20, por naturalistas que visitaram o Brasil, como o francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) e o dinamarquês Eugenius Warming (1841-1924). E, mais tarde, foi tema da tese de livre-docência do professor Leopoldo Magno Coutinho (1934-2016), da Universidade de São Paulo (USP). A própria Fidelis vem estudando essa regeneração pós-fogo do Cerrado desde 2009, mas o que chamou sua atenção, e constitui o ineditismo do artigo em pauta, é a rapidez com que a Bulbostylis paradoxa floresce. “É o único evento desse tipo descrito até o momento no mundo”, disse.
Bulbostylis paradoxa é uma planta amplamente difundida na América do Sul, desde a Venezuela até o sul do continente. E só floresce em escala significativa após o fogo. “Em nossos experimentos com queima criteriosa como prática de manejo, verificamos que as plantas dessa espécie, reduzidas pelo fogo à condição de tocos carbonizados, começam a apresentar pontinhos brancos 24 horas depois de queimadas. Esses pontinhos são as inflorescências despontando. Em pouco mais de uma semana, as flores se encontram completamente formadas e aptas à polinização. A rapidez da resposta constitui uma grande vantagem para a planta, porque possibilita que ela floresça, frutifique e disperse suas sementes por meio do vento em um espaço livre, com o solo descoberto, sem barreiras nem competidores. Apenas 40 dias depois do fogo já é muito difícil encontrar sementes, porque elas se disseminaram”, contou Fidelis.
De maneira geral, a grande oferta de sementes após a queima do Cerrado constitui um importante recurso para animais predadores, como formigas ou aves. A rebrota também oferece folhas mais tenras e palatáveis para mamíferos de grande porte, como veados e bois. O grande problema em relação ao fogo são os incêndios criminosos ou mesmo incêndios espontâneos que acabam assumindo proporções desastrosas devido ao acúmulo de material combustível depois de anos sem queima adequada.
“O Cerrado evoluiu com o fogo. Por isso, sua vegetação se regenera facilmente, inclusive com a manifestação de espécies que antes não ocorriam em determinadas áreas. A fauna, porém, pode sofrer perdas, pois muitos animais ficam presos nos incêndios. E, em relação à flora, é preciso lembrar que, no meio da vegetação do Cerrado, existem matas de galeria, matas de vale e veredas. Nesse caso, algumas espécies sensíveis ao fogo podem não se recuperar após os grandes incêndios. Por isso, é preciso haver um manejo criterioso do fogo. A queima preventiva, nas épocas certas, com zoneamento da área total e rodízio das parcelas a serem queimadas, constitui a melhor defesa contra os incêndios desastrosos”, explicou Fidelis.
A expansão da fronteira agrícola, com monoculturas em grande escala e uso intensivo de maquinário e herbicidas, que deixam o solo completamente limpo e sujeito à ação de plantas invasoras como braquiária e capim-gordura, constitui atualmente a maior ameaça à sobrevivência do Cerrado. A segunda principal ameaça é o uso inadequado do fogo. Conjugados, esses dois fatores põem em risco a manutenção de todo o ecossistema. Alguns dos mais importantes rios do Brasil nascem no Cerrado. Entre eles, o Xingu, o Tocantins, o Araguaia, o São Francisco, o Parnaíba, o Gurupi, o Jequitinhonha, o Paraná e o Paraguai. Além da irreparável perda de biodiversidade, a destruição do Cerrado compromete as bacias desses rios, com seu formidável aporte de água doce e potencial hidrelétrico.
Além de Fidelis, participaram do estudo Patrícia RosalemVagner ZanzariniLiliane Santos de Camargos e Aline Redondo Martins – todos da Unesp.
O artigo From ashes to flowers: a savanna sedge initiates flowers 24 hours after fire pode ser lido em: https://esajournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/ecy.2648.
Fonte: FAPESP

terça-feira, 26 de março de 2019

Ibama apreende mais de mil toneladas de pescado irregular em 14 estados.

Operação de combate a irregularidades na cadeia produtiva do pescado realizada pelo Ibama em 14 estados resultou até o momento na apreensão de 1,2 mil toneladas de peixe e na aplicação de 112 autos de infração.
O Amazonas concentrou a maior quantidade de irregularidades identificadas. Das 17,8 toneladas de pescado apreendidas no estado, cerca de 9,6 toneladas são de piracatinga, que tem a captura proibida desde 2015.
Em Alagoas, os 29 autos de infração emitidos somam R$ 11 milhões, valor mais elevado entre os estados que foram alvo de fiscalização.
Inspeções frequentes na cadeia produtiva impulsionam a busca por mercadoria de origem legal, o que leva pescadores a regularizar embarcações e atividades de pesca.
A Operação Catena, termo em latim que dá origem à palavra cadeia, investiga infrações em cada etapa do comércio pesqueiro nos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O objetivo é coibir a pesca predatória e a comercialização de espécies proibidas para estimular a conformidade das atividades, com reflexo positivo em todo o setor.
O pescado apreendido será doado a instituições sem fins lucrativos.
Fonte: IBAMA

sexta-feira, 22 de março de 2019

Perigo de extinção: população de raro mamífero marinho está agora reduzida a 10 animais.

A vaquita, o mamífero marinho mais ameaçado do mundo, está cada vez mais perto da extinção: de acordo com um relatório recente do CIRVA, um comitê internacional para a recuperação da espécie, restam apenas 10 dos pequenos cetáceos ainda vivos.
Parente das baleias e dos golfinhos, a rara vaquita (Phocoena sinus), também conhecida como toninha-do-golfo e boto-do-pacífico, é endêmica do norte do Golfo da Califórnia.
Dos cerca de 600 indivíduos existentes há duas décadas, seu número caiu para estimados 10 nos dias atuais. Por quê?

Pesca ilegal

Em uma pequena seção do Mar de Cortez no México, pescadores largam redes ilegais para capturar o totoaba, um peixe grande criticamente ameaçado cuja bexiga é usada na medicina tradicional chinesa.
Estas redes de pesca não apanham apenas este peixe, no entanto. Também matam a vaquita, o mamífero marinho mais ameaçado do mundo.
No mesmo dia em que o relatório do CIRVA foi divulgado, a organização ativista Sea Shepherd, que colabora com o governo mexicano para retirar essas redes da água, anunciou que seus membros encontraram uma vaquita morta enredada.

Ameaça única

Essas redes são a única ameaça aos animais, de acordo com Barbara Taylor, que lidera o Programa de Genética de Mamíferos Marinhos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
Taylor observou os animais em setembro, e todas as vaquitas que ela viu estavam saudáveis e gordas, incluindo dois filhotes. Em outras palavras, os animais se sairiam muito bem, obrigado, em seu habitat natural, não fosse sua alta taxa de mortalidade graças a redes de pesca ilegais.
Essas redes têm uma malha grande o suficiente para prender a cabeça das vaquitas, que se afogam. Enquanto os conservacionistas costumam tirar essas redes da água quando a encontram, no momento não estão ganhando a batalha contra os pescadores ilegais.

Governo do México

Como os animais enfrentam uma ameaça singular, eliminá-la deve ajudar seus números a se recuperarem.
Atualmente, funcionários do governo mexicano não estão protegendo as vaquitas, embora alguns grupos mantenham vigilância durante a noite para saber onde os pescadores largam suas redes.
O relatório do CIRVA recomenda que o México se envolva em vigilância 24 horas na pequena área onde os animais vivem e prenda qualquer um que desrespeite a lei, implantando as redes, especialmente durante a temporada de totoaba, que vai de dezembro a maio. Em 2018, cerca de 400 redes ativas foram removidas pela Sea Shepherd.
O governo mexicano já conseguiu salvar o elefante-marinho-do-norte, na época quase extinto, no início de 1900. Vamos esperar que faça o mesmo com suas últimas vaquitas. [NewScientistGizmodo]
Fonte: Hypescience

quarta-feira, 20 de março de 2019

Ibama identifica madeira ilegal em 17 serrarias de RR.

Agentes do Ibama identificaram madeira sem origem legal em 17 das 18 serrarias inspecionadas em quatro municípios de Roraima: Rorainópolis, Caracaraí, São Luiz e São João da Baliza. Foram apreendidos 4.118,53 metros cúbicos de madeira, que equivalem à carga de pelo menos 200 caminhões adaptados para transporte do produto. A operação de fiscalização teve apoio das Polícias Civil e Militar do estado.
Os agentes ambientais embargaram área de 572,93 hectares explorada ilegalmente e quatro empresas. Foram aplicados 43 autos de infração, que totalizam R$ 6,63 milhões.
Agentes do Ibama identificaram madeira sem origem legal em 17 das 18 serrarias inspecionadas em quatro municípios de Roraima: Rorainópolis, Caracaraí, São Luiz e São João da Baliza. Foram apreendidos 4.118,53 metros cúbicos de madeira, que equivalem à carga de pelo menos 200 caminhões adaptados para transporte do produto. A operação de fiscalização teve apoio das Polícias Civil e Militar do estado.
Os agentes ambientais embargaram área de 572,93 hectares explorada ilegalmente e quatro empresas. Foram aplicados 43 autos de infração, que totalizam R$ 6,63 milhões.
Em uma das vistorias, foram encontradas 1.881 toras nativas escondidas na mata ao fundo da empresa. A equipe de fiscalização estima que outras 2 mil toras estejam ocultas sob o pó da serragem. O estabelecimento foi autuado por dificultar a ação de fiscalização, apresentar informações falsas e lançar de resíduos sólidos a céu aberto.
A segunda fase da operação, iniciada no fim de fevereiro, tem como objetivo identificar os fornecedores e as áreas de onde a madeira ilegal foi extraída.
Fonte: Ibama

terça-feira, 19 de março de 2019

Por que o Brasil deveria se importar com a morte de abelhas.

A morte de abelhas não é um fenômeno recente: é observada por pesquisadores ao menos desde a década passada. No entanto, nos últimos meses, a mortandade alcançou números alarmantes no Brasil.
“A morte de abelhas não é só um risco para o Brasil, mas para o mundo todo. Quando se pensa em abelhas, se pensa em mel. O principal produto delas, porém, é a polinização”, afirma Fábia Pereira, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na área de Apicultura.
Apenas nos últimos três meses, 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores no país, segundo um levantamento feito pela ONG Repórter Brasil em parceria com a Agência Pública. A grande maioria dos casos foi registrada no Rio Grande Sul, seguido por Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Além da morte em massa de colmeias em apiários, cinco espécies nativas de abelhas estão ameaçadas de extinção – três delas habitam a Mata Atlântica, uma o Cerrado e outra o pampa gaúcho. Não há dados, porém, sobre a mortandade em comunidades selvagens.
As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das plantas cultivadas para alimentação, principalmente frutas e verduras. Sua morte coloca em risco a agricultura e, consequentemente, a própria segurança alimentar. Sem elas, o ser humano enfrentaria uma mudança drástica na sua dieta, que ficaria restrita apenas a culturas autopolinizáveis, como feijão, arroz, soja, milho, batata e espécies de cereais.
Além da agricultura, as abelhas são ainda agentes fundamentais para a polinização de florestas nativas. Seu desaparecimento poderia desencadear a morte de ecossistemas inteiros. “Se o homem parasse de fazer qualquer outra intervenção ambiental, e as abelhas apenas sumissem, haveria um desaparecimento da mata correspondente a entre 30% e 90% do que temos hoje, provocando um processo de extinção em cadeia até chegar em nós que estamos no topo”, ressalta Pereira.
Essa mortandade tem ainda potencial para impactar a economia brasileira. O país é o oitavo produtor mundial de mel e, em 2017, as exportações totalizaram 121 milhões de dólares. A diminuição na produção diante da redução do número de colmeias resultaria numa queda nas vendas. Além disso, em caso de mortes causadas por agrotóxicos, resíduos destas substâncias possivelmente poderiam ser encontrados no mel, o que levaria compradores estrangeiros a rejeitarem o produto brasileiro.
“A exportação para a Europa é muito exigente, e qualquer resíduo é detectado. O mel que foi produzido nos últimos meses está contaminado. No exterior, ninguém vai querê-lo, e não há um mercado interno suficiente para a quantidade produzida. Isso vai desestimular a apicultura”, afirma o engenheiro agrônomo Aroni Sattler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Números alarmantes
A morte de abelhas começou a chamar a atenção mundial a partir da identificação do Distúrbio do Colapso das Colônias (CCD), em 2006 nos Estados Unidos, quando um forte surto dizimou milhares de colmeias. Na Europa, fenômenos semelhantes estão sendo observados desde o fim da década de 1990. Pesquisadores descobriram que, além das doenças e da redução do habitat das espécies, os agrotóxicos são um dos fatores que desencadeia essa mortandade.
Além da toxicidade elevada de alguns defensivos agrícolas, contribui para esse cenário o uso incorreto destas substâncias. Elas são aplicadas durante o dia, quando as abelhas estão fora das colmeias, sem seguir parâmetros de segurança e sem comunicar apicultores para que possam deixar as caixas fechadas.
No atual caso brasileiro, pesticidas à base de neonicotinoides e de fipronil foram os principais agentes causadores das mortes. “O histórico da mortandades agudas que temos constatado deixa muito clara a sua relação com o uso de agrotóxicos”, ressalta Sattler, especialista em apicultura.
No Rio Grande do Sul, onde mais de 400 milhões de abelhas morreram só no primeiro trimestre, 80% das mortes foram causadas pelo fipronil, inseticida usado amplamente em lavouras de monoculturas, mas também em pequenas propriedades rurais. A substância é ainda muito popular no extermínio de formigas e em remédios veterinários para controle de insetos, como pulgas. Em Santa Catarina, resquícios do pesticida foram detectados em colmeias mortas entre o fim do ano passado e início deste.
“Precisamos começar a questionar o modelo agrícola atual. Os efeitos da expansão do monocultivo baseado em agrotóxicos estão comprovados. Os Estados Unidos tinham 6 milhões de colmeias na década de 1940, e hoje estão com cerca de 2,5 milhões”, destaca Sattler.
Pressão popular
Na Europa, a morte abelhas é há alguns anos um tema presente na mídia e na política. Em 2017, um estudo chamou atenção da opinião pública alemã ao revelar que as populações de insetos voadores haviam recuado 75% ao longo de 25 anos no país. A pesquisa desencadeou um debate sobre a questão.
Atualmente na Alemanha a iniciativa popular “Salvem as abelhas” quer forçar o governo da Baviera a buscar soluções para a diminuição da biodiversidade. A proposta prevê o incentivo à agricultura orgânica, proteção de matas ciliares, a ampliação da ligação de habitats naturais e o banimento de agrotóxicos.
A pressão popular e de ativistas ambientais foi fundamental para a União Europeia (UE) aprovar no ano passado a proibição de três substâncias neonicotinoides – clotianidina, imidacloprida e tiametoxam, que danificam o sistema nervoso central de insetos, como as abelhas. Já a França foi mais além e baniu cinco inseticidas desta categoria de derivados da nicotina.
Já o fipronil teve seu uso restrito na Europa. Proibida completamente na França desde 2004 e, posteriormente, em vários países europeus, a aplicação do pesticida na União Europeia foi limitada em 2013 a cultivos em estufas e de alho-poró, cebola, cebolinha e couve. A substância também é banida da indústria alimentícia do bloco, podendo ser usada apenas para combater pulgas, piolhos e carrapatos de animais domésticos.
A Europa patina, porém, ainda no banimento do glifosato, outro defensivo agrícola que, segundo uma pesquisa divulgada no ano passado, é prejudicial às abelhas.
Enquanto países europeus estão reavaliando e restringindo o uso de agrotóxicos, o Brasil nos últimos meses tem incentivado a liberação de defensivos agrícolas. Em relação às abelhas, o tema continua negligenciado, ainda mais diante do impacto que a extinção destas espécies pode ter.
“Apesar de todos os esforços, ainda não conseguimos sensibilizar suficientemente o público em geral e o próprio governo sobre a importância de trabalharmos na proteção das abelhas. Já foram realizados eventos sobre o assunto, reuniões explicando a importância das abelhas e com sugestões de políticas públicas, mas ainda precisamos avançar nas ações efetivas”, ressalta Pereira.
Satller tem opinião semelhante. “A situação é bastante grave, mas ainda dá para reverter”, afirma o pesquisador, que defende o questionamento do atual modelo do agronegócio no país e a restrição do uso indiscriminado de agrotóxicos.
Fonte: Deutsche Welle

segunda-feira, 18 de março de 2019

Projeto do Banco Mundial impulsionará agricultura sustentável no Brasil.

O Banco Mundial e o governo da Paraíba assinaram na quarta-feira (13), em Brasília (DF), projeto para melhorar o acesso a água, reduzir a vulnerabilidade agroclimática e aumentar o acesso da população rural aos mercados. A meta é atender 150 mil pessoas.

O projeto investirá em sistema de abastecimento de água em comunidades rurais e em tecnologias agrícolas que protegem os cultivos dos efeitos das mudanças climáticas, além de um sistema de informações sobre riscos agroclimáticos.
A Paraíba tem mais de 70% de seu território localizado no “polígono da seca”, que é caracterizado por solos pobres e secas recorrentes. Acredita-se que as mudanças climáticas prejudicarão ainda mais a disponibilidade de água e a segurança hídrica.
E o impacto sobre os agricultores familiares do Sertão e da Borborema deve ser maior, pois eles têm menos condições de se proteger contra períodos adversos e dispõem de menos recursos para se adaptar.

Alianças

Para aumentar o acesso a mercados, o projeto também vai trabalhar com organizações de produtores para formação de alianças produtivas com compradores privados e governamentais.
Essas mesmas organizações poderão receber capacitações para fortalecer suas habilidades organizacionais e gerenciais. Com isso, poderão vender mais produtos, a um preço mais justo, nos mercados locais.
Fonte: ONU

domingo, 17 de março de 2019

Movimento abraça Mata Atlântica para estimular o desenvolvimento regional.

Conhecida como uma das florestas tropicais mais exuberantes e biodiversas do mundo, a Mata Atlântica foi abraçada por um movimento que busca resgatar e fortalecer os principais atrativos turísticos, culturais, de lazer, gastronômicos e naturais para garantir o desenvolvimento de cidades e comunidades situadas no maior remanescente contínuo do bioma no Brasil. Instituições, empresas, poder público e pesquisadores estão unidos para incentivar o turismo na região, estimular a população local para estar cada vez mais preparada para receber visitantes e estruturar novas experiências para que as pessoas valorizem a natureza e a cultura local.

Batizado como Grande Reserva Mata Atlântica, o movimento atua em cerca de 4 milhões de hectares de florestas, ambientes urbanos e área costeiro-marinha que abrange o Litoral Norte de Santa Catarina, o Litoral do Paraná e o Sudeste de São Paulo. A região abriga hoje 45 municípios, sendo quatro cidades históricas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – São Francisco do Sul (SC), Paranaguá (PR), Antonina (PR) e Iguape (SP) – e duas das mais antigas cidades do Brasil – Guaraqueçaba (PR) e Cananeia (SP).
Além de apreciar a arquitetura colonial, a culinária típica da região e a cultura caiçara, os visitantes têm a oportunidade de praticar atividades ao ar livre e conhecer atrativos naturais em diferentes tipos de paisagens, como montanhas, rios, cachoeiras, praias, manguezais, florestas e ilhas.
O contato com a natureza também pode garantir ao turista a surpresa de encontrar espécies de fauna e flora restritas dessa região – o mico-leão-de-cara-preta, o papagaio-de-cara-roxa e o gavião-pombo-pequeno, por exemplo – e outros animais, como guará, anta, muriqui, onça-pintada, botos e golfinhos. Ao todo, a Mata Atlântica é o lar de cerca de 23 mil espécies de animais e plantas.

O movimento

O movimento Grande Reserva Mata Atlântica não possui liderança única e aceita o apoio de qualquer organização ou cidadão interessado em desenvolver de forma sustentável o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil. A partir desta ação, Unidades de Conservação, empresas, poder público, instituições, pesquisadores e comunidade local estão unidos em um objetivo comum: aliar o desenvolvimento econômico e social da região com a preservação do meio ambiente.
De acordo com a coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Marion Silva, o movimento busca desenvolver e fortalecer iniciativas que transformem a região, seguindo uma agenda comum de conservação. “Queremos mobilizar organizações, empresários, prefeituras e moradores para mostrar os potenciais turísticos, econômicos e culturais da região. Nós queremos promover uma convivência harmônica entre sociedade e o meio natural, que fortaleça negócios e traga desenvolvimento econômico e social”, afirma, lembrando que o movimento foi inspirado em uma ação semelhante ocorrida no Parque Iberá, na província de Corrientes, na Argentina.
Números
Atualmente, a Mata Atlântica possui 32 milhões de hectares cobertos com vegetação nativa, contudo, apenas 7% estão em bom estado de conservação, sendo parte significativa localizada na Grande Reserva. A Mata Atlântica passa por 17 estados brasileiros e cerca de 125 milhões de brasileiros vivem na sua área de abrangência, onde também estão concentrados aproximadamente 70% do Produto Interno Bruto do País.

Sobre a Fundação Grupo Boticário

A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.
Fonte: Grupo Boticário

Movimento internacional contra mudanças climáticas chega ao Brasil.

Manifestantes de mais de 1.600 cidades ao redor do mundo sairão às ruas para protestar contra as mudanças climáticas nesta sexta-feira (15/03), em ato que é considerado por ativistas uma das maiores mobilizações pelo clima já vistas. O Brasil está entre os mais de cem países que aderiram ao Fridays for Future (ou Greve pelo Futuro, como vem sendo chamado no Brasil) neste 15 de março, com 19 cidades participantes, segundo a organização.

À frente do movimento global, está a ativista sueca Greta Thurnberg, de 16 anos, que desde agosto do ano passado falta às aulas para pressionar o governo sueco a cumprir o Acordo de Paris, um tratado mundial assinado por quase 200 países, incluindo o Brasil, para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Inicialmente sozinha em frente ao Parlamento sueco, Greta conquistou o apoio de estudantes de diferentes países – e de adultos também. Recentemente, mais de 12 mil cientistas de países de língua alemã se posicionaram publicamente a favor das manifestações. O apoio é uma resposta às críticas de políticos que condenam o fato de crianças e adolescentes faltarem às aulas para protestar.
Apesar das polêmicas, as ideias da ativista sueca e o convite à participação nas “greves pelo clima” ganharam enorme repercussão e encontraram adeptos no Brasil. As diferentes manifestações planejadas para esta sexta-feira no país devem contar com a participação de jovens estudantes e também de adultos e têm como foco os impactos locais das mudanças climáticas.
Pensar globalmente, agir localmente
As turmas de 6° ano do Colégio Guarani, de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, vão aderir ao movimento global. Cerca de 90 estudantes, que estão aprendendo sobre mudanças climáticas em sala de aula, devem participar de uma caminhada da escola até a prefeitura, usando cartazes de materiais reciclados feitos por eles.
Além disso, alunos do primeiro ano do ensino médio estão elaborando uma carta com sugestões para deixar a cidade mais sustentável. O documento será entregue à Câmara Municipal.
“Estou tentando marcar um horário para apresentarmos as propostas”, afirma a professora de Ciências e Biologia Jenifer Rocha. Entre as ideias estão o incentivo a telhados verdes ou jardins verticais em prédios e a criação de pontos de coletas de materiais recicláveis vinculados a um sistema de bônus.
Em Peruíbe, no litoral paulista, cerca de 150 alunos da Escola Estadual Portal da Jureia, também planejaram uma passeata com cartazes e faixas até a Praia de Peruíbe, depois de assistirem a uma palestra sobre mudanças climáticas. Lá, eles planejam demarcar o ponto aonde deve chegar o nível do mar caso o aquecimento global não seja contido e alertar para possíveis consequências disso, que incluem inundações. Ao final, eles vão plantar árvores nativas.
O litoral também é uma preocupação para manifestantes em Recife. “Em Maracaípe [praia a 75 quilômetros de Recife], onde moro, tinha uma estrada na beira-mar que chegava até o final da baía. Agora só tem uma parte, porque o mar arrasou o restante dela. Tem gente que está perdendo terrenos porque o mar os está engolindo”, diz a artesã argentina Gisela Díaz, que está à frente do movimento na cidade.
Ela também menciona a chamada maré vermelha, ocorrida no mar de Maracaípe recentemente. O fenômeno acontece quando o aquecimento da água provoca a proliferação de algas que soltam toxinas e fazem mal aos banhistas e à fauna marinha. O aumento da temperatura dos oceanos é um dos efeitos das mudanças climáticas e, segundo estudos recentes, está acontecendo em ritmo mais rápido do que o esperado.
Gisela e um grupo de amigos vai tentar conscientizar motoristas e pedestres sobre as mudanças climáticas nos semáforos de Recife, com a ajuda de placas e o apoio de iniciativas ambientais locais, como Greenpeace e Recife sem lixo.
“A gente não é estudante, alguns nem brasileiros somos, mas acho que isso não tem importância. O mundo é um só, e todos precisamos dele. No último discurso da Greta, ela disse que se os adultos acham ruim que as crianças façam greve, poderiam ocupar seus lugares, ou melhor, se somar a elas. Então, aqui estou”, explica.
Em Juazeiro do Norte, no Ceará, manifestantes vão se reunir numa praça, munidos de cartazes e focando temas locais. “Por sermos do Ceará, iremos falar da atual seca de seis anos, a pior da história, além das pautas globais da Greta e das nacionais, como as medidas do novo governo para o meio ambiente”, diz o estudante de Pedagogia Davi Mota, responsável pela manifestação na cidade.
União e parcerias em prol do clima
Embora as iniciativas no Brasil sejam locais e tenham lideranças distintas, os idealizadores uniram esforços nas redes sociais para fazer o movimento Greve pelo Futuro crescer e conseguir parceiros.
“Contamos com o apoio da ONG internacional 350.org, da ONG Engajamundo, do projeto Criativos da Escola, voluntários nacionais do Greenpeace e outros”, diz Davi, que criou grupos de mobilização.
No Rio de Janeiro, alunos de colégios e universitários vão se reunir diante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para protestar e também identificar a partir do contato com moradores quais são as demandas locais mais relevantes no contexto das mudanças climáticas.
“Estamos construindo uma lista de reivindicações e vamos visitar os gabinetes da Assembleia para cobrar dos deputados o que eles estão fazendo ou vão fazer”, explica a estudante de Gestão Ambiental Milena Batista.
Em São Paulo, uma das manifestações, organizadas pelo negócio social Muda de Ideia, está marcada para ocorrer em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, e deve contar com a adesão de estudantes da capital.
“Eu tinha que trabalhar na sexta, mas vou estar lá porque quero ser a mudança que desejo para o planeta”, diz Diego Gazola, um dos mobilizadores do evento na Avenida Paulista e pesquisador do projeto Nascentes da Crise, da Muda de Ideia.
Manifestações da Fridays for Future, ou Greve pelo Futuro, também estão planejadas nesta sexta-feira em Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Brasília (DF), Confresa (MT), Salvador (BA), Florianópolis, (SC), Santa Maria (RS), Imbé (RS), Francisco Beltrão (PR), Santos (SP), Jundiaí (SP), Bragança Paulista (SP) e Socorro (SP).
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 15 de março de 2019

ONU: danos ao meio ambiente provocam uma em cada quatro mortes prematuras.

Uma em cada quatro mortes prematuras e por doenças no mundo estão relacionadas à poluição e a outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem, alerta a ONU em um relatório sobre o estado do planeta.

A poluição atmosférica, os produtos químicos que afetam a água potável e a destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de epidemia mundial, segundo o texto, que adverte ainda para os efeitos negativos sobre a economia.
O relatório, que em inglês tem o título Global Environment Outlook (GEO) e contou com a participação de 250 cientistas de 70 países durante seis anos, destaca ainda uma brecha crescente entre países ricos e pobres: o consumo excessivo, a poluição e desperdício de alimentos no hemisfério Norte precipitam a fome, a pobreza e as doenças no Sul.
Ao mesmo tempo que aumentam as emissões de gases que provocam o efeito estufa e, em consequência, o aquecimento do planeta, os desastres climáticos como as secas e fortes tempestades devem aprofundar a vulnerabilidade de bilhões de pessoas.
O Acordo de Paris de 2015 aspira limitar o aquecimento global a +2 ºC, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial.
Mas não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar industrializada são menos conhecidos.
– 9 milhões de mortos –
O relatório GEO, que utiliza centenas de fontes de dados para calcular o impacto do meio ambiente sobre uma centena de doenças, compila uma série de emergências de saúde relacionadas com poluições de todo tipo.
As condições ambientais “medíocres” são responsáveis por “quase 25% das mortes e doenças no mundo”, afirma o documento, que calcula em 9 milhões o número de mortes em 2015.
Em consequência da falta de acesso à água potável, 1,4 milhão de pessoas morrem a cada ano de enfermidades que poderiam ser evitadas como diarreia e parasitas relacionados com a água contaminada.
Os produtos químicos despejados no mar prejudicam a saúde de “potencialmente várias gerações” e 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras degradadas pela agricultura intensiva ou o desmatamento.
O relatório calcula que a poluição atmosférica provoca entre 6 e 7 milhões de mortes prematuras por ano.
Além disso, o uso excessivo de antibióticos na produção alimentar acarreta o risco de provocar o nascimento de bactérias resistentes, que poderiam se tornar a principal causa de morte prematura em meados do século.
– Crescimento em xeque –
“São necessárias ações urgentes e de uma envergadura sem precedentes para frear e inverter a situação”, afirma o resumo que acompanha o relatório.
Sem uma reorganização da economia mundial para uma produção mais sustentável, o conceito de crescimento poderia não fazer nenhum sentido ante as mortes e os custos dos tratamentos de saúde, afirmam os autores.
“A mensagem central é que com um planeta saudável se contribui não apenas para o crescimento mundial, mas também beneficia os mais pobres que dependem de ar puro e de água limpa”, afirmou à AFP Joyeeta Gupta, copresidente do GEO.
“Ao contrário, um sistema em má condição de saúde provoca danos imensos nas vidas humanas”.
O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das emissões de CO2 e do uso de pesticidas.
O desperdício de alimentos também deve ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço da comida produzida (56% nos países mais ricos).
“Em 2050 teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar a produção”, insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado.
“Isto levaria a uma mudança do modo de vida”, reconheceu.
A publicação do informe acontece durante a Assembleia Geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que acontece em Nairóbi.
De acordo com fontes próximas às negociações, alguns países ricos, Estados Unidos à frente, ameaçam não receber favoravelmente o relatório, um sinal ruim para um futuro acordo sobre a redução do desperdício de alimentos, o consumo excessivo e a poluição.
Porém, ricos ou pobres, todos os países deverão adaptar-se à realidade de seu meio ambiente, destaca Gupta.
“A água doce supõe mais ou menos (um volume) fixo”, cita como exemplo. “No fim das contas será necessário compartilhar. Este é um discurso que não agrada muitos países desenvolvidos”.
Fonte: AFP