terça-feira, 5 de março de 2019

Sistema online impulsiona gestão de dados sobre biodiversidade no Brasil.

O Brasil está no topo da lista dos 18 países mais diversos do mundo. Abriga entre 15% e 20% da diversidade biológica global, com mais de 120 mil espécies de invertebrados, cerca de 9 mil vertebrados e mais de 4 mil espécies de plantas. Com isso, surge um enorme potencial para impulsionar o crescimento econômico e a inclusão social, mas também uma enorme responsabilidade.

Com o apoio da ONU Meio Ambiente e do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tem trabalhado para criar uma ferramenta abrangente para compilar dados e informações sobre a biodiversidade nacional.

O Brasil está no topo da lista dos 18 países mais diversos do mundo. Abriga entre 15% e 20% da diversidade biológica global, com mais de 120 mil espécies de invertebrados, cerca de 9 mil vertebrados e mais de 4 mil espécies de plantas. Com isso, surge um enorme potencial para impulsionar o crescimento econômico e a inclusão social, mas também uma enorme responsabilidade.
O uso sustentável de recursos naturais é fundamental para as gerações presentes e futuras do país. Mas para fazer isso enquanto monitora a perda de biodiversidade e os esforços de conservação, é crucial primeiramente entender os recursos brasileiros.
Com uma média de 700 novas espécies de animais descobertas todos os anos no Brasil, armazenar todas as informações de maneira utilizável é um enorme desafio, especialmente considerando o vasto tamanho do país e o número de diferentes instituições envolvidas na pesquisa da biodiversidade.
“Quando a informação está espalhada em diferentes instituições, é mais difícil encontrá-la, julgar a qualidade dos dados e entender como ela pode ser usada. Além disso, o tempo necessário para compilar os dados pode tornar seu uso ineficiente, como é o caso das políticas públicas”, explicou Andréa Nunes, coordenadora geral de biomas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e diretora nacional do Projeto Sistema de Informação sobre Biodiversidade.
Nunes destacou, por exemplo, o caso do mapa de áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade, uma ferramenta de política pública para apoiar os processos participativos de tomada de decisão, como a criação de áreas protegidas. “O desenvolvimento deste mapa pode levar dois anos, por isso, ele só é atualizado a cada quatro ou cinco anos, o que é muito tempo quando pensamos em termos de dinâmica do território e mudanças no uso da terra”.
Mas, com o apoio da ONU Meio Ambiente e do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tem trabalhado para mudar esse cenário, criando uma ferramenta mais abrangente sobre a biodiversidade nacional.
O Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade reúne atualmente dados e informações de mais de 230 instituições, de universidades a centros de pesquisa, museus, órgãos estaduais, jardins botânicos e zoológicos.
Operacional desde novembro de 2014, o sistema visa apoiar a ciência, a política pública e a tomada de decisões relacionadas à conservação ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais. Isso é alcançado incentivando e facilitando a digitalização e a publicação online, integrando dados e informações de acesso aberto sobre a biodiversidade brasileira.
Para os pesquisadores, o sistema é um ativo inestimável. Por exemplo, um cientista pesquisando uma espécie em extinção — como o lobo-guará — pode agora encontrar informações abrangentes sobre a espécie, bem como divulgar seu próprio trabalho para um público mais amplo de colegas pesquisadores em todo o mundo.
Mas o sistema também tem outros usos práticos. Os agricultores podem usar a plataforma para ajudar a calcular os créditos de compensação ambiental ou para decidir sobre quais espécies devem priorizar os esforços de restauração — como a flora em extinção, ou plantas que fornecem abrigo e alimento para espécies ameaçadas da vida selvagem na região. Finalmente, qualquer usuário pode contribuir com o sistema enviando fotografias, documentação e informações sobre a biodiversidade por meio do programa Ciência Cidadã.
“A implementação do Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade é um passo importante para a disseminação de dados biológicos no país, tanto para pesquisa acadêmica quanto para a gestão ambiental”, afirmou Denise Hamú, representante da ONU Meio Ambiente no Brasil. “Estamos convencidos de que o sistema é cada vez mais relevante para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e a conservação da natureza.”
O banco de dados do sistema já conta com mais de 15 milhões de registros sobre a ocorrência de espécies brasileiras publicadas pelas principais instituições de pesquisa do país, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), além de dados obtidos em parcerias com herbários na Europa e nos Estados Unidos.
Parte dessa informação apoiou a criação de uma ferramenta chamada Biodiversidade e Nutrição, que fornece um banco de dados sobre a composição nutricional de espécies brasileiras nativas e ingredientes relacionados a receitas.
Em novembro de 2018, o Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade foi convertido de um projeto do GEF para um banco de dados do governo brasileiro, tornando-se a referência oficial do Relatório Nacional Brasileiro à Convenção sobre Diversidade Biológica e para medir as conquistas das Metas de Aichi pela biodiversidade.
O Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade também atua como o nó nacional da Global Biodiversity Information Facility, uma rede internacional e infraestrutura de pesquisa que oferece acesso livre e aberto a dados sobre biodiversidade de mais de 1,3 mil instituições em todo o mundo. Ao publicar seus dados no Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade, os pesquisadores também decidem se os dados devem ser disponibilizados na rede global.
Nos próximos meses, o sistema continuará expandindo seu banco de dados, completará a migração para uma nova plataforma, melhorará o modo como utiliza dados e fortalecerá a nova governança estabelecida no ano passado por lei.
Fonte: ONU

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