sábado, 22 de dezembro de 2018

Algoritmo indica os melhores lugares para restaurar a Mata Atlântica.

MATA ATLÂNTICA (FOTO: CREATIVE COMMONS / RICARDOSEEFELDT)
Instituído em 2017, o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa determina a necessidade do Brasil restaurar 12 milhões de hectares de floresta em 20 anos, sendo 5 milhões na Mata Atlântica — o equivalente a 4% desse bioma.
Mas não basta só plantar árvores. O local escolhido pode maximizar em muito os benefícios ecossistêmicos da restauração do bioma. “Onde promover essa restauração faz uma grande diferença”, afirma o economista e cientista ambiental Bernardo Strassburg,
Com um time internacional de pesquisadores, o pesquisador desenvolveu um algoritmo que, cruzando diversos dados sobre as regiões, determina em quais áreas a recuperação traria um melhor custo-benefício. “Essa ferramenta deveria ter uma abordagem flexível que integrasse múltiplos critérios – não apenas a conservação da biodiversidade, a mitigação das mudanças climáticas ou a redução de custos. Queríamos um algoritmo que fizesse os três ao mesmo tempo.”
Por exemplo, uma restauração concentrada no litoral Sudeste, por exemplo, é boa para a conservação da biodiversidade, enquanto que, se feita apenas em terras mais áridas do Nordeste, que são mais baratas, os custos são reduzidos, mas os benefícios para biodiversidade e clima são muito baixos.
Com o uso do software, foram mapeadas 362 soluções para recuperação florestal com um custo-benefício oito vezes maior do que aquelas obtidas por métodos usuais. “A diferença que isso faz para a Mata Atlântica é enorme: são 450 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) a menos na atmosfera, 308 espécies que não serão extintas e US$ 4 bilhões de redução de custos”, afirma Strassburg, que é diretor do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS).
A tarefa de encontrar a melhor solução é complexa. Se essa restauração é feita em áreas com o maior benefício para a mitigação das mudanças climáticas por sequestro de carbono, as vantagens para a biodiversidade serão medianas e o custo será alto. Se ela se dá nas áreas mais benéficas para biodiversidade, a redução de CO2 na atmosfera será menos eficiente.
Em um dos melhores cenários, cada um dos três fatores – conservação da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e custos – têm um desempenho de cerca de 94%, 90% e 80%, respectivamente.
“Mas definir se é melhor ter um desempenho de 94% para conservação e 90% para redução de CO2 na atmosfera ou o contrário, isso se trata de uma escolha da sociedade”, destaca Strassburg. “Soluções extremas são boas para um fator e ruim para os outros. No entanto, há aquelas que não são excelentes individualmente, mas muito boas para tudo.”
Pela legislação, cada propriedade deve ter, no mínimo, 20% de vegetação de Mata Atlântica, e as que estiverem abaixo da meta devem fazer a restauração – não necessariamente na sua própria terra, pois a lei permite que o produtor pague por essa recuperação em outros locais.
“O pior cenário encontrado na análise é cada proprietário restaurar a vegetação em seu terreno, em pequenos projetos pulverizados”, revela Strassburg. “Sai mais caro e é pior para a biodiversidade e para o clima. Por isso, é importante considerar a inteligência espacial trazida pelas soluções do algoritmo.”
Fonte: Revista Galileu

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Proliferação de emas preocupa fazendeiros alemães.

Emas alemãs descendem de casais que escaparam de uma fazenda de carnes exóticas em Lübeck
Nesta semana, cooperativas de agricultores anunciaram que “pássaros gigantes sul-americanos não voadores” estão causando caos no norte da Alemanha.
Um censo no segundo semestre deste ano da única população selvagem de emas da Europa, na fronteira entre os estados alemães de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Schleswig-Holstein, constatou que seu número aumentou de 205 para 566 pássaros, de acordo com o Ministério da Agricultura.
A explosão populacional das emas aconteceu apesar dos esforços de controle populacional na Reserva da Biosfera de Schaalsee.
Quase 300 das aves contadas nasceram neste ano, possivelmente devido ao verão excepcionalmente quente e seco.
Parentes do avestruz, as emas podem crescer até 1,7 metro de altura e podem pesar até 40 quilos. Os fazendeiros não gostam desses pássaros gigantes pois eles estão devorando as suas plantações de colza e cereais.
O sindicato dos agricultores locais alega que as aves causam dezenas de milhares de euros de prejuízos às fazendas a cada ano. Eles também passeiam ocasionalmente sobre as autoestradas, causando dores de cabeça para passageiros e condutores.
A população alemã de emas descende de alguns casais reprodutores que escaparam de uma fazenda de carnes exóticas perto de Lübeck, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
Elas migraram para Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde encontraram um refúgio e prosperaram nos extensos campos e prados da Reserva da Biosfera de Schaalsee, que está na lista da Unesco.
Agentes responsáveis pela vida selvagem têm controlado a população, perfurando os ovos de ema e cobrindo-os com cera, mas a campanha parece estar perdendo eficácia.
Os agricultores têm pressionado o governo para expandir seus esforços e permitir que os machos sejam caçados. As autoridades estaduais concordaram em investigar métodos alternativos de controle populacional.
No entanto, esses chamados “neozoas” (espécies introduzidas) não são listados como espécies invasoras, pois não causam danos à fauna e flora nativas, dificultando os esforços de erradicação.
Fonte: Deutsche Welle

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Erupção do Kilauea foi a maior do vulcão nos últimos 200 anos.

LAVA ESCORRE PELO VULCÃO KILAUEA, DO HAVAÍ (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Na primeira metade deste ano, uma cratera na parte leste do vulcão Kilauea entrou em colapso. A região, então uma atração turística graças ao vulcão, teve centenas de casas engolidas pela lava, em um fluxo contínuo que durou cerca de cinco meses, com um prejuízo estimado em US$ 800 milhões.
Tanto estrago não foi pra menos, já que, segundo um estudo recém publicado na revista Science, a erupção foi a maior em pelo menos 200 anos naquele que já era considerado um dos vulcões mais ativos do mundo.
Antes deste evento, o Kilauea tinha sido bastante consistente por mais de 30 anos. No entanto, cientistas observam que, em meados de março, o chão em torno de Pu’u ‘Ō’ō, como se chama a cratera, colapsou e começou a se deformar – provavelmente a partir do acúmulo de magma.
A pressão continuou a aumentar e, por fim, o lago de lava em Pu’u ‘Ō’ō transbordou. Todo o sistema de encanamento do vulcão foi afetado. Em 30 de abril, dados indicavam que mudanças rápidas estavam ocorrendo no sistema de magma e, em 3 de maio, a primeira das 24 fissuras eruptivas foi aberta. No total, ocorreram 62 eventos de colapso entre maio e agosto.
Uma semana após o magma começar a jorrar, fissuras se abriram, levando a uma rachadura que se estendia por mais de seis quilômetros. No início de maio, um terremoto de magnitude 6,9 ​​causou um deslizamento, e a lava começou a entrar em erupção a uma taxa de 100 metros cúbicos por segundo. A lava cobriu uma área de 35 quilômetros quadrados.
Pesquisadores disseram que a erupção forneceu uma visão sem precedentes do sistema vulcânico de Kilauea – e eles ainda estão aprendendo com os dados produzidos a partir dele. Isso é extremamente importante, já que em outubro, a Avaliação Nacional de Ameaças Vulcânicas do Serviço Geológico dos Estados Unidos listou o Kilauea como o vulcão mais perigoso do país.
Pete Rowley, vulcanologista da Universidade de Hull, no Reino Unido, que não esteve envolvido no estudo, disse à revista Newsweek que as descobertas foram altamente valiosas para o monitoramento do Kilauea: “Ter medições de alta resolução de deformação antes, durante e depois da erupção é excepcional, e nos ajudará a entender como o magma se comporta melhor em ambientes rasos – no sistema de encanamento do Kilauea em particular”.
Fonte: Revista Galileu

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Símbolo do Natal, renas sofrem com aquecimento global e população cai pela metade no Ártico.

Em algumas manadas, o número de animais recuou mais de 90% , de acordo com pesquisadores
A população de renas selvagens e de caribus foi reduzida em mais da metade no Ártico.
Um novo relatório sobre o impacto das mudanças climáticas na região revelou que o número de animais passou de quase 5 milhões para cerca de 2,1 milhões nas últimas duas décadas. Em algumas manadas, porém, o recuo supera 90%.
O relatório foi divulgado durante reunião da American Geophysical Research Union, organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, nos Estados Unidos, e com foco na organização e disseminação de informações científicas no campo da geofísica.
De acordo com o documento, padrões climáticos e mudanças na vegetação estão tornando a tundra do Ártico – o bioma mais frio da Terra – menos acolhedora para a espécie.

Os animais

As renas e os caribus pertencem à mesma espécie, mas são de subespécies diferentes. As renas são um pouco menores e, embora ainda existam algumas populações selvagens, já chegaram a ser domesticadas, ao contrário dos caribus.
De acordo com cientistas que monitoram os números, na porção canadense do Alasca o total de cabeças em algumas manadas recuou mais de 90% – “foram declínios tão drásticos que não há recuperação à vista”, afirmou o relatório.

Por que eles são afetados pelo aquecimento do Ártico?

Há vários motivos.
Howard Epstein, cientista ambiental da Universidade da Virgínia e parte da equipe internacional de pesquisadores responsável pelo relatório, disse à BBC News que o aquecimento na região não tem mostrado sinais de arrefecimento.
“Nós vemos que a seca tem aumentado em algumas áreas, e o aquecimento em si leva a uma mudança de vegetação.”
O Ártico está mais verde, mas essa não é uma boa notícia para as renas selvagens e os caribus
O líquen – ou fungos liquenizados – que o caribu come cresce no nível do solo.
“Com o clima mais quente, ele perde espaço para vegetações mais altas que estão crescendo e acabam eliminando os concorrentes”, disse o pesquisador à BBC News.
Problemas relacionados à alimentação não são, entretanto, os únicos que os animais enfrentam.
Eles também são afetados, por exemplo, com o número de insetos que tem aumentado com o aquecimento da região.
“Se está quente e sem ventar muito, os insetos viram um tormento e os caribus acabam gastando muita energia seja tentando retirá-los do corpo seja buscando lugares onde possam se esconder deles”.
A chuva também é um grande problema. O aumento das precipitações no Ártico, muitas vezes sobre o solo coberto de neve, leva à formação de duras camadas de gelo que acabam cobrindo a pastagem – e impedindo que os animais alcancem os alimentos naturais.

O que pode ser feito para resolver?

Em escala global, um dos caminhos seria reduzir a emissão de dióxido de carbono – gás que contribui para o aquecimento global – e limitar o aumento da temperatura.
Mas os cientistas dizem que foi aberta a porta do “congelador do mundo” e o calor pôde entrar; segndo eles, uma pilha crescente de evidências indica que o aquecimento no Ártico vai continuar.
O objetivo desta e de outras pesquisas na região é entender os impactos disso e como se adaptar às mudanças climáticas.
O relatório, aprovado pela US National Oceanographic and Atmospheric Administration (Noaa) – Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos – está agora em sua 13ª edição e a gerente do programa de pesquisa do Ártico, Emily Osborne, diz que a região está atualmente em “território desconhecido”.
“Em todos os anos de publicação do boletim, vemos que o aquecimento persiste e continua a piorar”, disse ela. “E isso está contribuindo para eventos climáticos extremos em outras partes do mundo”.

OUTROS IMPACTOS

O relatório não focou apenas no impacto do aquecimento global sobre as renas e os caribus. Veja outros alertas que faz:
• Poluição por plásticos: a pequena contaminação por microplásticos identificada no Ártico está em crescimento, representando uma ameaça às aves marinhas e à vida marinha, que podem ingerir esse tipo de resíduos.
• Temperatura do ar: Nos últimos cinco anos (2014-2018), as temperaturas ultrapassaram todos os recordes batidos desde 1900.
• Impacto no gelo : em 2018, o gelo do mar Ártico se manteve mais novo, mais fino e cobrindo menos área do que no passado.
• Algas daninhas: As condições de aquecimento do Oceano Ártico estão coincidindo com uma expansão da proliferação de algas daninhas no oceano, uma ameaça às fontes de alimentação.
Os cientistas também revelaram que as geleiras da Antártida Oriental começaram a “acordar” e mostrar reação ao aquecimento. É uma prova de mudanças sem precedentes impulsionadas por fatores climáticos no topo e na base do planeta.
O número de animais passou de quase 5 milhões para cerca de 2,1 milhões nas últimas duas décadas
Fonte: BBC

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Hikvision e Green River unem forças para proteger a população ameaçada de gansos indianos.

A Hikvision, fornecedora líder mundial de soluções e produtos de segurança inovadores, está fazendo uma parceria com a Green River, uma ONG localizada na China que promove e organiza atividades de proteção ambiental para proteger o ganso indiano, uma das aves que voam mais alto do mundo.

A fonte do Rio Yangtze e do Lago Bender na China Ocidental é um habitat natural de altitude alta do ganso indiano selvagem. Embora esta área seja uma “terra de ninguém” a 4.700 metros acima do nível do mar, ela serve como refúgio para espécies raras de animais. O número de gansos indianos desta área, ameaçados por caçadores clandestinos e ladrões de seus ovos, chegou a baixar para cerca de 1.000. Em 2012, a Green River lançou seu programa para monitorar e proteger o ganso indiano, com contínuo monitoramento e proteção das aves e do meio ambiente local.
No início deste ano, a Green River começou a usar câmeras de segurança Hikvision para monitorar e proteger os gansos indianos. Foram criadas dezenas de pontos de observação de aves para instalar uma solução de monitoramento 24/7 para todos os climas na área selvagem de alta altitude. A Hikvision forneceu a tecnologia de vídeo que reduz a necessidade de patrulha manual convencional, bem como o impacto negativo associado às atividades humanas nos habitats das aves. A Green River usa equipamento Hikvision de vídeo de alta definição a fim de transmitir ao vivo para o público online, aumentando a conscientização sobre a necessidade de proteger todos os tipos de animais selvagens, incluindo o ganso indiano.
Em 6 de dezembro de 2018, a Green River e a Hikvision assinaram um Memorando de Entendimento (MdE) para continuar com a parceria em 2019. A Hikvision desenvolverá câmeras de vídeo personalizadas para serem usadas em habitats de alta altitude do ganso indiano. A empresa continuará a apoiar a Green River usando processamento de imagem, tecnologia de armazenamento e transmissão de dados avançados para garantir que a organização possa eficientemente coletar e processar dados sobre a fauna selvagem. Tudo isso serve para proteger a biodiversidade e a sustentabilidade da região de origem do Rio Yangtze.
“O bem-estar público e a proteção ambiental estão se beneficiando da adoção de alta tecnologia em todo o mundo. Em particular, a tecnologia de vídeo ajuda imensamente os esforços de proteção da vida selvagem. A Hikvision tem os recursos e a vontade de ajudar”, disse Yang Xin, fundador e presidente da Green River. “A assinatura deste MdE é apenas o começo. No futuro, vamos colaborar para promover a pesquisa e a conservação, e usaremos novas tecnologias para desvendar a beleza da biodiversidade”.
A Hikvision é mais conhecida como fornecedora de equipamentos de segurança que são usados para proteger empresas, comunidades e famílias. No entanto, como evidenciado em sua parceria com a Green River, os equipamentos de segurança da Hikvision também podem ser usados para proteger a natureza. Observando que a tecnologia de vídeo da Hikvision tem sido usada em diversos projetos de proteção ambiental, Cai Changyang, vice-presidente sênior da Hikvision, disse que a empresa está feliz em promover a conservação e a proteção ambiental.
“Nos últimos anos, a Hikvision ganhou valiosa experiência e conhecimento técnico sobre proteção ambiental com a tecnologia de vídeo. Já participamos de programas de proteção de pandas e tigres siberianos, e agora de gansos indianos. Mas ainda há um longo caminho a percorrer”, disse Cai Changyang. “E vamos continuar a explorar novas tecnologias no futuro para dar nossa contribuição para o desenvolvimento sustentável do mundo”.
Assista ao vídeo sobre proteção do ganso indiano chamado de “Let the world see more hope of life” (Deixe o mundo ver mais esperança de vida).
Sobre a Hikvision
A Hikvision é líder mundial no fornecimento de produtos e soluções de segurança inovadores. Com a mais importante força de trabalho em P&D do setor, a Hikvision desenvolve as principais tecnologias de codificação de áudio e vídeo, processamento de imagens de vídeo e armazenamento de dados relacionados, além de tecnologias voltadas para o futuro, como computação em nuvem, big data e aprendizado profundo. Além do setor de vigilância por vídeo, a Hikvision amplia seu alcance para as indústrias de tecnologia residencial inteligente, automação industrial e eletrônica automotiva para realizar sua missão de longo prazo. Sempre agregando valor para seus clientes, a Hikvision opera 38 subsidiárias regionais no mundo todo para alcançar uma presença verdadeiramente global.
Fonte: Hikvision Digital Technology

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Todas as tartarugas marinhas do planeta têm plástico no organismo.

(FOTO: PROTEÇÃO ANIMAL MUNDIAL)
Uma pesquisa recente demonstrou que organismos marinhos que vivem de filtrar comida na água do mar, como as vieiras, absorvem bilhões de micropartículas de plástico em poucas horas. Mas como funciona com seres maiores, como as tartarugas? É o que buscou descobrir um grupo de pesquisadores da Universidade de Exeter, do Laboratório Marinho de Plymouth e do Greenpeace.
Eles analisaram 102 exemplares de tartarugas marinhas encontradas nos oceanos Atlântico, Pacífico e Mediterrâneo e encontraram plástico nos intestinos de todas elas. Apenas parte do intestino de cada animal foi analisado – então, estima-se que o número total de partículas com menos de 5 milímetros seja cerca de 20 vezes maior.
Partículas sintéticas foram encontradas em todas as tartarugas, sendo as mais comuns as fibras, que podem vir de fontes incluindo roupas, pneus, filtros de cigarro e equipamentos marítimos, como cordas e redes de pesca. “O efeito dessas partículas sobre as tartarugas é desconhecido”, disse a autora principal, Emily Duncan, do Centro de Ecologia e Conservação do Campus Penryn, na Universidade de Exeter, na Cornualha.
“Seu pequeno tamanho significa que eles podem passar pelo intestino sem causar um bloqueio, como é freqüentemente relatado com fragmentos maiores de plástico”, contou. “No entanto, o trabalho futuro deve se concentrar em saber se os microplásticos podem estar afetando os organismos aquáticos de forma mais sutil. Por exemplo, eles podem possivelmente conter contaminantes, bactérias ou vírus, ou podem afetar a tartaruga em nível celular ou subcelular. Isso requer mais investigação”.
Penelope Lindeque, do Laboratório Marinho de Plymouth, alerta que, infelizmente, o microplástico está em quase todo o reino animal. “Do nosso trabalho, ao longo dos anos, encontramos microplástico em quase todas as espécies de animais marinhos que observamos; de minúsculo zooplâncton na base da teia alimentar marinha para pescar larvas, golfinhos e agora tartarugas.”
O perigo do plástico tampouco se restringe às micropartículas. Um relatório elaborado pela Proteção Animal Mundial alertou para uma ameaça cada vez mais comum nos oceanos, mas quase nada pesquisada, que chamaram de “pesca fantasma”.
ANIMAIS MARINHOS DE TODOS OS TAMANHOS SÃO CAPTURADOS PELA ‘PESCA FANTASMA” (FOTO: PROTEÇÃO ANIMAL MUNDIAL)
Todos os anos pelo menos 640 mil toneladas de equipamentos de pesca, como redes, varas, linhas, anzóis, cordas e armadilhas se perdem nos oceanos, onde devem permanecer por mais de 600 anos.
Ao longo de tempo, apesar da falta de controle humano, segue aprisionando espécies marinhas. Provocam ferimentos ou simplesmente impedem a locomoção, fazendo com que morram de fome, ou, como as tartarugas, que precisa deixar a água para respirar, e morrem afogadas. A “pesca fantasma” pode impactar até 69 mil animais marinhos por dia no Brasil.
Fonte: Revista Galileu

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Paládio: Para que serve o mineral, mais caro que o ouro.

O preço do paládio aumentou cerca de 50% em apenas quatro meses
Há um mercado em ascensão que deve grande parte do sucesso a uma das maiores ondas da indústria automotiva: o paládio.
O preço deste metal raro vem subindo há um ano, mas nesta semana superou o valor do ouro pela primeira vez em 16 anos.
O paládio atingiu um novo recorde de US$ 1.253,30 (cerca de R$ 4.850,00) por onça (cerca de 31 gramas) na quarta-feira, ultrapassando o ouro em cerca de US$ 10, e fechando a US$ 1.249,50 de acordo com a London Metal Exchange (LME), o maior mercado de metais do mundo.
Há apenas dois anos, no entanto, a mesma quantidade de paládio era cotada a US$ 681.
Uma das principais razões para este aumento está na polêmica desencadeada na indústria automotiva pelo uso de carros com motor a diesel.

Desconfiança

A Volkswagen, montadora alemã, admitiu em 2015 que havia utilizado um software em milhões de veículos para conseguir burlar controles ambientais.
O presidente da companhia, Martin Winterkorn, teve de renunciar. Desde então, a empresa é alvo de ações judiciais, inspeções e multas milionárias.
Mas as acusações de alteração nos motores se estenderam a outras montadoras, como a Daimler e a PSA Peugeot-Citroën, investigadas por autoridades de países como França e Alemanha por possíveis fraudes.
Como resultado, a imagem dos carros a diesel foi seriamente arranhada e os consumidores começaram a desconfiar desses produtos, principalmente na Europa, afirma o analista do setor metalúrgico do ICBC Standard Bank, Marcus Garvey, à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Mas qual é a relação disso com o paládio?
Desde o ano passado, as vendas de carros a gasolina na Europa superam a de veículos a diesel, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA, na sigla em inglês). Isso não acontecia desde 2009,
E o paládio é um elemento essencial para a fabricação de catalisadores que são colocados nos sistemas de escapamento de veículos a gasolina.

Demanda maior, oferta estável

“Na Europa, o diesel se tornou o tipo de motor mais difundido. Mas o que aconteceu nos últimos anos teve um impacto”, explicou Garvey.
A isso se soma o aumento na compra de carros na China e na Índia, onde são vendidos mais veículos a gasolina.
Esses fatores fizeram a demanda por paládio crescer.
“Mas a oferta, estimada em um milhão de onças por ano, praticamente não mudou nos últimos quatro anos”, afirmou.
No ano passado, os carros a diesel foram os únicos veículos que registraram queda nas vendas no continente.
Os europeus compraram mais carros híbridos, elétricos, a gás natural e até a gasolina, que emitem mais CO2.
“As autoridades devem estar cientes de que uma mudança repentina da tecnologia a diesel para gasolina levará a um aumento nas emissões de CO2, uma vez que a penetração de motores que funcionam com energias alternativas permanece baixa”, disse o secretário-geral da ACEA, Erik Jonnaert.

Alto preço ‘justificado’

A preocupação de Jonnaert é que os veículos a gasolina consolidem esse avanço sobre o mercado dos carros a diesel.
Os primeiros, que representaram 45,8% dos novos registros em 2016, chegaram a 48,5% em 2017. O diesel, por sua vez, caiu de 49,9% para 46,3%.
Entre 75% e 80% do paládio extraído das minas são utilizados na fabricação de catalizadores, de acordo com os dados do ICBC Standard Bank.
Esses dispositivos são responsáveis pela conversão de gases nocivos, como hidrocarbonetos ou monóxido de carbono, em vapor d’água e CO2, composto que também polui, mas em menor grau.
Ao contrário do que acontece com outros metais, como o cobalto, cujo preço aumentou muito porque alguns investidores o armazenaram para especular, Garvey acredita que os altos preços do paládio são “justificados”.
O paládio é extraído como subproduto de minas de platina na África do Sul
O analista explicou que, apesar do alto custo, o atual maquinário da indústria automotiva não suporta outros materiais além do paládio. E, embora possa se adaptar a outros tipos, levaria “pelo menos dois ou três anos”.
Além disso, a maioria dos produtores não respondeu ao aumento da demanda.

Um subproduto

O paládio, como lembrou o especialista, costuma ser extraído como um subproduto da platina na África do Sul e do níquel na Rússia, onde são encontrados os principais depósitos desse metal precioso.
“O preço da platina tem se mantido estável, por isso não compensa aumentar sua extração para obter mais paládio. Na Rússia, tampouco há previsão para produzir mais”, afirmou. Garvey acredita que não haverá novas minas de paládio até dentro de dois ou três anos, mas que a demanda continuará.
“Nós usamos como referência a Suíça, onde está o maior mercado de paládio. É lá que esse metal é armazenado e vendido.”
As exportações de paládio saltaram para níveis não vistos desde agosto do ano passado, segundo dados da alfândega suíça.
Em outubro passado, as exportações do metal no país europeu chegaram a 1,3 toneladas. Em comparação com outubro de 2017, o aumento foi de 60%.
Por outro lado, as importações de metal em outubro foram de 1,2 toneladas, segundo a agência de notícias Reuters.
“Ou seja, está saindo mais paládio da Suíça do que entrando”, o que Garvey interpreta como uma forte demanda que não cairá em breve.
Fonte: BBC