Símbolo do Natal, renas sofrem com aquecimento global e população cai pela metade no Ártico.
A população de renas selvagens e de caribus foi reduzida em mais da metade no Ártico.
Um novo relatório sobre o impacto das mudanças climáticas na região revelou que o número de animais passou de quase 5 milhões para cerca de 2,1 milhões nas últimas duas décadas. Em algumas manadas, porém, o recuo supera 90%.
O relatório foi divulgado durante reunião da American Geophysical Research Union, organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, nos Estados Unidos, e com foco na organização e disseminação de informações científicas no campo da geofísica.
De acordo com o documento, padrões climáticos e mudanças na vegetação estão tornando a tundra do Ártico – o bioma mais frio da Terra – menos acolhedora para a espécie.
Os animais
As renas e os caribus pertencem à mesma espécie, mas são de subespécies diferentes. As renas são um pouco menores e, embora ainda existam algumas populações selvagens, já chegaram a ser domesticadas, ao contrário dos caribus.
De acordo com cientistas que monitoram os números, na porção canadense do Alasca o total de cabeças em algumas manadas recuou mais de 90% – “foram declínios tão drásticos que não há recuperação à vista”, afirmou o relatório.
Por que eles são afetados pelo aquecimento do Ártico?
Há vários motivos.
Howard Epstein, cientista ambiental da Universidade da Virgínia e parte da equipe internacional de pesquisadores responsável pelo relatório, disse à BBC News que o aquecimento na região não tem mostrado sinais de arrefecimento.
“Nós vemos que a seca tem aumentado em algumas áreas, e o aquecimento em si leva a uma mudança de vegetação.”
O líquen – ou fungos liquenizados – que o caribu come cresce no nível do solo.
“Com o clima mais quente, ele perde espaço para vegetações mais altas que estão crescendo e acabam eliminando os concorrentes”, disse o pesquisador à BBC News.
Problemas relacionados à alimentação não são, entretanto, os únicos que os animais enfrentam.
Eles também são afetados, por exemplo, com o número de insetos que tem aumentado com o aquecimento da região.
“Se está quente e sem ventar muito, os insetos viram um tormento e os caribus acabam gastando muita energia seja tentando retirá-los do corpo seja buscando lugares onde possam se esconder deles”.
A chuva também é um grande problema. O aumento das precipitações no Ártico, muitas vezes sobre o solo coberto de neve, leva à formação de duras camadas de gelo que acabam cobrindo a pastagem – e impedindo que os animais alcancem os alimentos naturais.
O que pode ser feito para resolver?
Em escala global, um dos caminhos seria reduzir a emissão de dióxido de carbono – gás que contribui para o aquecimento global – e limitar o aumento da temperatura.
Mas os cientistas dizem que foi aberta a porta do “congelador do mundo” e o calor pôde entrar; segndo eles, uma pilha crescente de evidências indica que o aquecimento no Ártico vai continuar.
O objetivo desta e de outras pesquisas na região é entender os impactos disso e como se adaptar às mudanças climáticas.
O relatório, aprovado pela US National Oceanographic and Atmospheric Administration (Noaa) – Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos – está agora em sua 13ª edição e a gerente do programa de pesquisa do Ártico, Emily Osborne, diz que a região está atualmente em “território desconhecido”.
“Em todos os anos de publicação do boletim, vemos que o aquecimento persiste e continua a piorar”, disse ela. “E isso está contribuindo para eventos climáticos extremos em outras partes do mundo”.
OUTROS IMPACTOS
O relatório não focou apenas no impacto do aquecimento global sobre as renas e os caribus. Veja outros alertas que faz:
• Poluição por plásticos: a pequena contaminação por microplásticos identificada no Ártico está em crescimento, representando uma ameaça às aves marinhas e à vida marinha, que podem ingerir esse tipo de resíduos.
• Temperatura do ar: Nos últimos cinco anos (2014-2018), as temperaturas ultrapassaram todos os recordes batidos desde 1900.
• Impacto no gelo : em 2018, o gelo do mar Ártico se manteve mais novo, mais fino e cobrindo menos área do que no passado.
• Algas daninhas: As condições de aquecimento do Oceano Ártico estão coincidindo com uma expansão da proliferação de algas daninhas no oceano, uma ameaça às fontes de alimentação.
Os cientistas também revelaram que as geleiras da Antártida Oriental começaram a “acordar” e mostrar reação ao aquecimento. É uma prova de mudanças sem precedentes impulsionadas por fatores climáticos no topo e na base do planeta.
Fonte: BBC
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