Por que as geleiras importam?
Localizado na Tanzânia, o Monte Kilimanjaro é famoso por sua cobertura nevada a quase 5,9 mil metros de altura. Mas até 2030, essa geleira montanhosa — que existe há aproximadamente 12 mil anos — poderá desaparecer. O fenômeno será mais um sintoma das mudanças climáticas e do aumento global da temperatura. O derretimento desta e outras calotas de gelo em altitudes elevadas preocupa a ONU Meio Ambiente.
“Os ecossistemas de montanha são fundamentais para as vidas de mais da metade da população mundial”, afirma a secretária-geral assistente das Nações Unidas e chefe do escritório de Nova Iorque da ONU Meio Ambiente, Satya Tripathi.
“Eles são fonte de água, energia, agricultura e outros bens e serviços essenciais. Mas eles estão desaparecendo diante de nossos olhos.”
Por exemplo, a geleira de Humboldt nos andes da Venezuela, a última do país, está prestes a sumir. Quase todas as geleiras em montanhas nos trópicos deverão derreter em poucas décadas.
Do outro lado do planeta, as calotas de gelo mais altas do mundo, na cordilheira do Himalaia, também estão encolhendo, o que ameaça meios de subsistência e a segurança hídrica. Para obter água potável, quase 2 bilhões de pessoas dependem do ecossistema gelado da cadeia montanhosa do Himalaia e Hindu Kush. Isso significa que perturbações dessas geleiras podem ter impacto na economia global.
Com um clima em transformação, as montanhas viraram palco de desafios ambientais únicos. No Peru, por exemplo, foi necessário construir barreiras de proteção contra enchentes causadas pela cheia de lagos glaciais. Nesse cenário de problemas inéditos, o compartilhamento de experiências e a cooperação global são cruciais para uma adaptação bem-sucedida.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em Katowice (COP24), na Polônia, a ONU Meio Ambiente e fundação GRID-Arendal lançaram um relatório sobre lacunas nos esforços de adaptação dos ecossistemas de montanha.
O documento avalia problemas nas áreas-chave definidas por um projeto da agência da ONU e do governo da Áustria — a inciativa Ação contra a mudança climática em países em desenvolvimento com ecossistemas montanhosos frágeis de uma perspectiva sub-regional.
A ONU Meio Ambiente, a GRID-Arendal e o Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD) também apresentaram um panorama das estratégias de adaptação climática na cadeia montanhosa do Hindu Kush e Himalaia.
Um herói das montanhas
O alpinista e atleta Will Gadd, um dos mais célebres do mundo, foi nomeado recentemente Herói das Montanhas da ONU Meio Ambiente, um título honorário semelhante ao de embaixador da Boa Vontade das agências das Nações Unidas.
Gadd estabeleceu rotas de alpinismo em diferentes partes do planeta e bateu duas vezes o recorde de maior distância percorrida por parapente (423 km). Em 2014, o montanhista escalou as partes remanescentes da geleira do Kilimanjaro.
Os Heróis da Montanha da ONU são esportistas extraordinários que dedicam parte de seu tempo a questões ambientais, em especial a proteção das montanhas, onde indicadores precoces dos efeitos da mudança climática já estão se tornando visíveis. O grupo de atletas inclui a esquiadora queniana Sabrina Simader e o ciclista australiano Michael Strasser, que recentemente quebrou o recorde mundial de circuito mais rápido do extremo norte da América do Norte até a ponta mais ao sul da Patagônia.
Alpinistas também têm a responsabilidade de proteger as paisagens onde se divertem. Para aumentar a conscientização sobre os desafios enfrentados por ecossistemas e comunidades montanhosos, será necessária a cooperação entre todos os atores interessados.
Por isso a ONU Meio Ambiente implementa uma parceria com a Federação de Alpinismo e Montanhismo, a fim de fortalecer a proteção ambiental nessas regiões. A colaboração inclui o treinamento de guias em questões de sustentabilidade, em colaboração com a Federação Internacional das Associações de Guias de Montanha. Um exemplo é a sensibilização de alpinistas com o objetivo de reduzir o lixo abandonado nessas frágeis paisagens.
Fonte: ONU
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