quarta-feira, 27 de maio de 2020

Desmatamento na Amazônia tem tendência de alta no ano; veja 10 motivos de alerta sobre o tema.

Depois de alta nos quatro primeiros meses, desmatamento segue crescendo também em maio. Multas paralisadas e ataques aos fiscais mostram que 2020 trará novo round no combate ao desmatamento na região.

Árvores caídas em área desmatada da Amazônia em Itaituba, no Pará — Foto: Ricardo Moraes/Reuters/Arquivo

O aumento no desmatamento, as mudanças na fiscalização e o avanço da pandemia entre os povos indígenas marcaram as primeiras 20 semanas do ano na Amazônia. Em 10 tópicos nesta reportagem, o G1 coloca em perspectiva os desafios que a região enfrenta neste 2020.

O crescimento da destruição da floresta, já verificado no primeiro trimestre do ano, continua mesmo com o avanço do novo coronavírus. Só primeiros 7 dias de maio, por exemplo, o desmatamento aumentou 64% em relação ao mesmo período de 2019, segundo análise do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Considerando o acumulado desde o início de 2020, foram 1.536 km² desmatados na Amazônia, alerta o WWF-Brasil. O alto índice colabora para que o Brasil apresente uma previsão contrária à dos demais países durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Segundo análise feita pelo Observatório do Clima, divulgada nesta quinta (21), as emissões devem subir entre 10% e 20% no Brasil em 2020 em comparação com 2018, quando foram disponibilizados os últimos dados.

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu durante a reunião ministerial de 22 de abril, que seria hora de fazer uma “baciada” de mudanças nas regras de proteção ambiental para evitar críticas e processos na Justiça.

Para ele, o governo deveria aproveitar o momento em que o foco da sociedade e da mídia está voltada para o novo coronavírus para mudar regras. A fala foi documentada em vídeo divulgado na sexta-feira (22) após a autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.

Depois da divulgação do vídeo, o ministro se justificou em uma rede social. “Sempre defendi desburocratizar e simplificar normas, em todas as áreas, com bom senso e tudo dentro da lei. O emaranhado de regras irracionais atrapalha investimentos, a geração de empregos e, portanto, o desenvolvimento sustentável no Brasil”, disse Salles.

Abaixo, veja em 10 pontos por que a situação Amazônia é motivo de preocupação:

1- Primeiro trimestre tem recorde histórico de desmate

Os alertas de desmatamento na floresta Amazônica bateram o recorde histórico para o primeiro trimestre de 2020, se comparado ao mesmo período dos últimos quatro anos, quando começou a série de monitoramento do sistema Deter-B, do Inpe.

Nos meses de janeiro, fevereiro e março, foram emitidos alertas para 796,08 km² da Amazônia. É um aumento de 51,45% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve alerta para 525,63 km².

2 – Imazon alerta para recorde em abril

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou que o desmatamento da Amazônia, em abril de 2020, foi o maior dos últimos dez anos. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do próprio instituto, que aponta 529 km² de floresta derrubada.

Em comparação com o mês de abril de 2019, houve um aumento de 171%. Segundo a organização, quase um terço (32%) de toda a área desmatada está no Pará.

3 – Sistema do governo aponta alta de mais de 60% em abril

O sistema Deter-B, desenvolvido pelo Inpe, apontou que os alertas de desmatamento na floresta Amazônica cresceram 63,75% em abril, se comparado ao mesmo mês do ano passado. Neste ano, foram emitidos alertas para 405,6 km², enquanto no ano anterior, no mesmo período, foram 247,7 km².

Mato Grosso foi o estado com a maior área agregada a receber avisos de desmatamento em abril: foram 144,58 km² – correspondente a 35,6% do total devastado. Em seguida, está Rondônia, com 103,97 km². O terceiro é o Amazonas, com 76,88 km². Em março, o número de alertas foi 20,9% superior ao mesmo mês de 2019.

4 – Multas por por desmatamento estão paralisadas

Segundo a organização não-governamental Human Rights Watch, as multas por desmatamento ilegal na Amazônia foram praticamente suspensas desde outubro de 2019, por causa de um decreto do governo Bolsonaro. A medida estabelece que as penalidades devem ser revistas em audiências de conciliação, nas quais podem ser oferecidos descontos ou até anulações da infração.

De acordo com a ONG, agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicaram milhares de multas por desmatamento ilegal e por outras infrações ambientais na Amazônia e em outras partes do Brasil. No entanto, em apenas cinco casos, foram realizadas as audiências, que impuseram aos infratores a obrigação de pagar multa.

5 – Previsão de aumento nas emissões

As emissões de gases de efeito estufa devem subir entre 10% e 20% no Brasil em 2020 em comparação com 2018, último ano de dados disponíveis. A análise feita pelo Observatório do Clima coloca o país na contramão de outras nações. A expectativa é de que a recessão causada pela pandemia de Covid-19 leve a uma queda de 6% na emissão destes gases no planeta neste ano.

A razão para que o Brasil contrarie a tendência mundial é o forte aumento no desmatamento da Amazônia, segunda nota técnica do Sistema de Estimativas de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima divulgada nesta quinta-feira (21).

6 – Exonerações no ICMBio preocupam o setor

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse em reunião ministerial que o foco da mídia na cobertura da pandemia é oportunidade para promover mudanças em marcos regulatórios; Salles foi duramente criticado por entidades.

Em 13 de maio, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro e entidades do setor criticaram as mudanças estruturais promovidas no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A autarquia federal é responsável por gerir e fiscalizar as áreas de conservação no país. Entre as mudanças em curso, estava a exoneração em série de chefes de 18 unidades de conservação. Eles passaram a trabalhar em endereços mais distantes do foco das ações. Em um dos exemplos, a sede de fiscalização ambiental da Floresta da Tijuca, no Rio, foi transferida para a unidade do Ibama em São Paulo.

Para o MPF, as mudanças são um “desastre” e essa ação torna a fiscalização “acéfala”.

Na véspera, onze coordenações do ICMBio foram substituídas por cinco gerências regionais. A Associação Nacional de Servidores de Meio Ambiente (Ascema) afirma que cargos de poder dentro do ICMBio estão sendo ocupados por PMs.

Em fevereiro, outra movimentação do Ministério do Meio Ambiente gerou preocupação: a pasta demitiu duas autoridades de alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas. Com o aumento do desmatamento, eleva-se também a emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

7 – Operações do Ibama geram reações dentro do governo

No dia 30 de abril, o Ministério do Meio Ambiente e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, exoneraram Renê Luiz de Oliveira e o coordenador de operação de fiscalização, Hugo Ferreira Netto Loss, responsável por operações contra crimes ambientais no Brasil.

Segundo funcionários do Ibama, os coordenadores foram ameaçados de exoneração do cargo após reportagem no Fantástico mostrar uma operação realizada pelo Instituto para fechar garimpos ilegais e proteger as aldeias de quatro terras indígenas no Sul do Pará: Apyterewa, Cachoeira Seca, Trincheira, Bacajá e Ituna Itatá.

Na ocasião, fiscais do Ibama apreenderam dezenas de armas e destruíram mais de 70 tratores e outros equipamentos.

Em nota, o Instituto Socioambiental (ISA) questionou as exonerações no Ibama, afirmando que não existia razão para demitir os fiscais “que diminuíram ou acabaram com o desmatamento” em Terras Indígenas. “Por que retirá-los no momento em que eles combatiam o garimpo?”, diz o ISA.

Procurado pelo G1, o Ministério do Meio Ambiente informou que “é prerrogativa do novo diretor compor a equipe com nomes capacitados e da sua confiança”.

Em fevereiro, uma outra operação do Ibama na terra indígena Ituna Itata, também no Pará, já tinha desagradado parte do governo por causa da destruição de equipamentos de garimpeiros. O garimpo em terra indígena conta com o apoio de Bolsonaro. Ele já declarou publicamente diversas vezes que é contra a queima de maquinário.

Em 5 de maio, o presidente deixou aparecer uma mensagem em que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro ressaltava que a Força Nacional não havia destruído máquinas de desmatadores durante operação do Ibama, em abril.

“Coronel Aginaldo da FN [Força Nacional] também nega envolvimento da FN nas destruições. FN só acompanha Ibama nas operações para segurança dos agentes, mas não participa da destruição de máquinas”, escreveu Moro. O site “O Antagonista” exibiu esse trecho das mensagens.

8 – Investigações apuram fraudes em manejos florestais

Em março, a Polícia Federal deu detalhes sobre as investigações que apuram a aprovação fraudulenta de Planos de Manejo Florestais, realizados por servidores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), em empreendimentos rurais para exploração de madeira.

A ações buscavam acobertar a exploração ilegal de madeira em áreas de proteção federal, como em terras indígenas e na Reserva Biológica Gurupi. Na prática, segundo a PF, o objetivo da associação criminosa era desmatar mais áreas florestais em áreas indígenas e federais para gerar mais dinheiro, a favor de empresas rurais e de servidores públicos.

As fraudes puderam ser comprovadas por imagens de satélite. Algumas fotos mostram a extração de madeira invadida na Reserva Indígena Arariboia, na área de floresta amazônica no Maranhão, que tem 413 mil hectares.

Área em vermelho mostra a área de desmatamento que excede a área azul, na Terra Indígena Arariboia — Foto: Reprodução/TV Mirante

Segundo a PF, o grupo criminoso entrava com um pedido de desmatamento de uma área e explorava outra. As investigações foram lentas, segundo a PF, por conta de foro privilegiado de alguns investigados e documentos que sumiram da Sema.

Sobre as acusações, o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, informou apenas que vai cooperar com todas as investigações, sempre que necessário, e que não foi procurado pela Polícia Federal a respeito da operação.

9 – Novo ‘Conselho Nacional da Amazônia’

Em janeiro de 2020, Bolsonaro anunciou a criação do Conselho da Amazônia Legal, para “coordenar as diversas ações em cada ministério voltadas para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável” do bioma.

Nos primeiros meses, já houve atritos: em fevereiro, o presidente excluiu os governadores da Amazônia Legal do conselho. O órgão passou a ser formado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e por 14 ministros do governo federal.

Mourão afirmou que, mesmo sem compor o conselho, os governadores seriam consultados para estabelecer as prioridades para a região. O presidente, na ocasião, reforçou que a presença dos governadores não faria sentido.

Como o novo Conselho, o governo pretende implantar nova dinâmica de fiscalização com apoio das Forças Armadas. Desde o começo de maio, o governo federal voltou a usar a garantia da lei e da ordem (GLO) para enviar militares à floresta. Na primeira fase da operação, o governo diz que vai empregar 3,8 mil homens e 122 veículos ao custo de R$ 60 milhões para atuar no combate ao desmatamento ilegal e aos focos de incêndio na região.

10 – Fiscais atacados e emboscada

A Polícia Federal investiga as agressões sofridas no começo de maio por um fiscal do Ibama em Uruará, no sudoeste do Pará. O fiscal teria apreendido um caminhão que transportava madeira ilegal na região. Os madeireiros prepararam uma emboscada para impedir que o veículo fosse apreendido. Durante a discussão, um dos madeireiros joga uma garrafa contra o fiscal e o atinge no rosto.

Já em Rondônia, invasores de terra armaram uma emboscada contra policiais que faziam uma operação no Parque Estadual Guajará-Mirim, em Nova Mamoré. O grupo de fiscais teve o caminho interditado, precisou passar a noite na mata e acabou cercado por 50 pessoas encapuzadas. Os invasores foram afastados com tiros de advertência e spray de pimenta.

E mais: mudança na regularização de ocupação de terras públicas

A regularização de terras da União por meio de autodeclaração dos próprios ocupantes foi tema de debate e mobilização neste mês. O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória sobre o assunto em dezembro do ano passado. Com validade de 120 dias, a matéria precisaria ser votada até 19 de maio no Congresso, mas isso foi descartado. No lugar da MP, o deputado Zé Silva (SD-MG), líder do Solidariedade, protocolou um projeto de lei.

Para entidades de defesa do meio ambiente, nem a MP e nem o projeto de lei oferecem mecanismos fortes de controle da grilagem e de cumprimento da legislação ambiental.

Fonte: G1

Ritmo de expansão em energia renovável deve cair pela 1ª vez em 20 anos, diz IEA.

Mundo deve construir menos parques eólicos, solares e outras instalações que produzem energia limpa neste ano.

Turbinas de um parque eólico são vistas na região do norte da Bahia, perto da cidade de Juazeiro — Foto: Marcelo Brandt/G1

O ritmo de crescimento da capacidade global em energia renovável deve ver o primeiro recuo anual em 20 anos em 2020, em meio a impactos da pandemia de coronavírus, mas a expectativa é de retomada no próximo ano, disse a Agência Internacional de Energia (IEA) nesta quarta-feira (20).

O mundo deve construir menos parques eólicos, solares e outras instalações que produzem energia limpa neste ano devido à retração na demanda dos setores comerciais e industrial e a problemas logísticos que devem atrasar projetos.

“Os países continuam a construir novas turbinas eólicas e parques solares, mas em um ritmo bem mais lento”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol.

“Mesmo antes do impacto da pandemia de Covid-19, o mundo precisava acelerar significativamente o desenvolvimento de renováveis para ter chances de atingir suas metas de energia e climáticas”, acrescentou ele.

A capacidade instalada em renováveis neste ano deve crescer em um total de 167 gigawatts, ou 13% a menos que no ano passado, segundo relatório da IEA sobre o setor. Mas a capacidade global em renováveis ainda terá uma expansão, com crescimento estimado de 6% em 2020.

A expansão mais lenta neste ano reflete atrasos em construções devido a problemas na cadeia de suprimentos, medidas de isolamento e de distanciamento social e também desafios de financiamento.

No próximo ano, o ritmo de crescimento deve voltar ao nível visto em 2019, com a entrada em operação de projetos atrasados e levando em conta uma continuidade de políticas governamentais de apoio ao setor. Ainda assim, a expansão combinada em 2020 e 2021 deverá ser 10% menor que a prevista pela IEA antes da pandemia.

Quase todos mercados maduros foram afetados por revisões da expansão prevista, exceto os Estados Unidos, onde investidores estão correndo para terminar projetos antes do vencimento de créditos fiscais.

Fonte: G1

CEPAL e Pacto Global realizam webinar sobre investimentos no desenvolvimento sustentável.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Rede Brasil do Pacto Global convidam para webinar Big Push para a Sustentabilidade, que será realizado na terça-feira (26) das 16h às 18h (horário de Brasília).

A CEPAL vem desenvolvendo o Big Push para a Sustentabilidade, que é uma abordagem renovada para apoiar os países da região na construção de estilos de desenvolvimento mais sustentáveis, baseada na coordenação de políticas para promover investimentos transformadores.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi adotada pelos países-membros da ONU no fim de 2015. Foto: ONU

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Rede Brasil do Pacto Global convidam para webinar Big Push para a Sustentabilidade, que será realizado na terça-feira (26) das 16h às 18h (horário de Brasília).

A CEPAL vem desenvolvendo o Big Push para a Sustentabilidade, que é uma abordagem renovada para apoiar os países da região na construção de estilos de desenvolvimento mais sustentáveis, baseada na coordenação de políticas para promover investimentos transformadores.

Em 2019, foi realizada a Chamada Aberta de Estudos de Casos de Investimentos para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil, pela CEPAL em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com o apoio da Fundação Friedrich Ebert (FES) e da Cooperação Técnica Alemã (GIZ).

O webinar tem o duplo objetivo de:

  • Lançar o repositório online com mais de 60 estudos de caso do Big Push para a Sustentabilidade no Brasil
  • Anunciar os casos de investimentos selecionados como mais transformadores rumo à sustentabilidade do desenvolvimento, que compõem uma publicação que também será lançada no evento.

Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL, fará um keynote speech sobre o Big Push para a Sustentabilidade na América Latina e Caribe.

Participarão do evento especialistas, autoridades e pessoas que estão liderando agendas de investimentos transformadores no Brasil (acesse o programa).

Participe e conheça casos de investimentos com resultados positivos já observados nas dimensões social, econômica e ambiental no Brasil.

É necessário inscrever-se para ter acesso ao evento, por meio do seguinte link: https://bit.ly/BigPushSustentabilidade

Mais informações podem ser encontradas no link do evento que se encontra na página do Escritório da CEPAL no Brasil: https://www.cepal.org/pt-br/node/51415

Fonte: ONU

terça-feira, 26 de maio de 2020

Ritmo de expansão em energia renovável deve cair pela 1ª vez em 20 anos, diz IEA.

Mundo deve construir menos parques eólicos, solares e outras instalações que produzem energia limpa neste ano.

Turbinas de um parque eólico são vistas na região do norte da Bahia, perto da cidade de Juazeiro — Foto: Marcelo Brandt/G1

O ritmo de crescimento da capacidade global em energia renovável deve ver o primeiro recuo anual em 20 anos em 2020, em meio a impactos da pandemia de coronavírus, mas a expectativa é de retomada no próximo ano, disse a Agência Internacional de Energia (IEA) nesta quarta-feira (20).

O mundo deve construir menos parques eólicos, solares e outras instalações que produzem energia limpa neste ano devido à retração na demanda dos setores comerciais e industrial e a problemas logísticos que devem atrasar projetos.

“Os países continuam a construir novas turbinas eólicas e parques solares, mas em um ritmo bem mais lento”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol.

“Mesmo antes do impacto da pandemia de Covid-19, o mundo precisava acelerar significativamente o desenvolvimento de renováveis para ter chances de atingir suas metas de energia e climáticas”, acrescentou ele.

A capacidade instalada em renováveis neste ano deve crescer em um total de 167 gigawatts, ou 13% a menos que no ano passado, segundo relatório da IEA sobre o setor. Mas a capacidade global em renováveis ainda terá uma expansão, com crescimento estimado de 6% em 2020.

A expansão mais lenta neste ano reflete atrasos em construções devido a problemas na cadeia de suprimentos, medidas de isolamento e de distanciamento social e também desafios de financiamento.

No próximo ano, o ritmo de crescimento deve voltar ao nível visto em 2019, com a entrada em operação de projetos atrasados e levando em conta uma continuidade de políticas governamentais de apoio ao setor. Ainda assim, a expansão combinada em 2020 e 2021 deverá ser 10% menor que a prevista pela IEA antes da pandemia.

Quase todos mercados maduros foram afetados por revisões da expansão prevista, exceto os Estados Unidos, onde investidores estão correndo para terminar projetos antes do vencimento de créditos fiscais.

Fonte: G1

Deslizamentos subaquáticos ocultos representam novos perigos no Golfo do México.

Dados sísmicos demonstram que terremotos a mais de 965 quilômetros de distância podem ameaçar plataformas de petróleo e causar derramamentos.

Foto de 31 de março de 2015 mostra o rastro de uma embarcação cruzando uma mancha de petróleo no Golfo do México no local da antiga plataforma de petróleo da Taylor Energy, que foi destruída em 2004 por um deslizamento de terra subaquático provocado pelo furacão Ivan.
FOTO DE GERALD HERBERT, AP PHOTO

Um erro humano causou alguns dos derramamentos de óleo mais infames da história dos Estados Unidos, como os da Exxon Valdez e Deepwater Horizon. Mas causas naturais também podem desencadear desastres épicos: um derramamento que jorra petróleo bruto há 16 anos começou quando uma plataforma de produção de petróleo na costa da Louisiana foi destruída por um deslizamento de terra subaquático.

Agora, evidências obtidas a partir de dados sísmicos sugerem que essas avalanches submarinas são mais comuns no Golfo do México do que anteriormente se acreditava, levantando preocupações sobre as quase duas mil plataformas de petróleo offshore da região, bem como dezenas de milhares de quilômetros de oleodutos e gasodutos que transportam combustíveis fósseis para a costa.

A análise, publicada na revista científica Geophysical Research Letters, mostra que, entre 2008 e 2015, ocorreram 85 deslizamentos anteriormente desconhecidos no fundo do mar no Golfo. Dez deles, segundo o estudo, ocorreram sem nenhum gatilho detectável. Para surpresa dos pesquisadores, os outros 75 parecem ter sido causados por terremotos distantes — principalmente tremores de pequeno a médio porte que ocorreram a centenas de quilômetros de distância ao longo da costa oeste da América do Norte.

“Eu não esperava que deslizamentos de terra fossem tão comuns no Golfo do México”, diz o principal autor do estudo, Wenyuan Fan, sismólogo da Universidade Estadual da Flórida. “E eu não sabia que deslizamentos de terra são tão suscetíveis ao desencadeamento dinâmico causado pela passagem de ondas sísmicas. Sempre tentei provar que eu estivesse errado.”

Um mistério sísmico no Golfo

Os cientistas sabem há muito tempo que o Golfo do México possui um histórico de deslizamentos de terra subaquáticos. O maior fenômeno subaquático desse tipo já documentado ao longo de qualquer costa dos Estados Unidos ocorreu próximo da costa do Texas. Sinais de outros grandes deslizamentos de terra são visíveis no fundo do mar, perto da foz do rio Mississippi.

Os pesquisadores também têm informações do motivo de esse terreno ser tão propenso ao colapso: todos os anos, os rios despejam grandes quantidades de sedimentos no Golfo, fazendo com que esse material solto se acumule rapidamente no leito do mar e crie uma topografia íngreme e instável.

Mas a maioria dos deslizamentos de terra no Golfo que os geólogos catalogaram por meio de levantamentos cartográficos do fundo do mar ocorreram há milhares de anos. Esses eventos não podem nos dizer muito sobre a frequência dos deslizamentos subaquáticos de hoje ou o que exatamente os desencadeia.

Fan e seus colegas começaram a obter algumas das informações ausentes utilizando dados do USArray, uma rede de 400 sismógrafos que migraram de oeste a leste na região continental dos Estados Unidos entre 2007 e 2013, coletando dados por vários anos em cada local. O projeto teve como objetivo “transformar a América em um laboratório natural” e ajudar os cientistas a entender como os terremotos funcionam, diz Fan.

Os dados sísmicos coletados pela rede não refletem apenas terremotos. Muitos outros eventos de movimentação da terra podem acionar um sismômetro, que capta ondas na superfície da Terra, bem como ondas P e S de movimento mais rápido, que viajam através de rochas sólidas mais profundas.

Logo depois que Fan começou a usar alguns dos dados da rede para estudar terremotos no noroeste do Pacífico no fim de 2017, ele começou a detectar sinais no Golfo do México, região onde o número de terremotos é bastante baixo. Depois de analisar as propriedades dessas ondas e projetar modelos para recriá-las, Fan e seus colegas ficaram convencidos de que estavam observando as pegadas sísmicas de deslizamentos de terra subaquáticos — diversos deles.

Em dados coletados continuamente entre 2008 e 2015, os pesquisadores identificaram ondas de superfície associadas a 85 deslizamentos subaquáticos diferentes no Golfo. E o fato mais surpreendente para a equipe foi que quase 90% deles ocorreram poucos minutos depois de um terremoto que ocorreu a mais de 965 quilômetros de distância.

A maioria desses terremotos ocorreu ao longo do limite das placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte, entre o noroeste do Pacífico e o México. Muitos deles foram apenas de magnitude 5 — tão leves que, na Califórnia, “os repórteres nem sequer os noticiariam”, afirma Fan.

Essas observações, combinadas ao fato de que terremotos mais poderosos e distantes não produziram deslizamentos de terra detectáveis, sugerem a Fan que a força do terremoto pode não ser o principal fator que determina a ocorrência de um deslizamento de terra no Golfo. Fan enfatiza que são necessárias mais pesquisas para elucidar exatamente como terremotos distantes conseguem derrubar cumes no fundo do mar em uma bacia oceânica a centenas de quilômetros de distância.

“E isso exige um experimento offshore para descobrir todos os mecanismos físicos que podem causar deslizamentos de terra subaquáticos”, diz ele.

A sismóloga do Serviço Geológico dos Estados Unidos Joan Gomberg, que atuou como revisora independente do artigo publicado, diz que os geólogos costumam usar depósitos de sedimentos formados por deslizamentos de terra subaquáticos como evidência de terremotos passados.

“Mas para interpretar esses eventos, a premissa envolve um terremoto nas proximidades”, afirma ela. “O que o trabalho de [Fan] mostra é que o terremoto responsável pode estar bem distante. Então isso complica a forma como interpretamos esses registros.”

O pior derramamento que se poderia esperar

As descobertas de Fan têm implicações que vão além da reconstrução histórica do terremoto. Elas sugerem que as plataformas de petróleo e gás e os oleodutos espalhados pelo Golfo do México podem enfrentar uma ameaça geológica para a qual não estão preparados.

“Não é impossível que uma plataforma possa ser destruída por um deslizamento de terra. Isso já aconteceu”, diz Ian MacDonald, professor de oceanografia da Universidade Estadual da Flórida, que não participou do novo estudo. “Não é impossível que o evento cause um derramamento de óleo extremamente difícil de controlar. Isso já aconteceu.”

MacDonald está se referindo ao derramamento de óleo da Taylor Energy na costa de Louisiana, onde petróleo bruto jorra no oceano a uma taxa de cerca de cem barris por dia desde 2004. Apesar de não ser bem conhecido, esse derramamento é considerado um dos piores desastres petrolíferos da história dos Estados Unidos. A causa? Um deslizamento de terra subaquático desencadeado por ondas poderosas e tempestades provocadas pelo furacão Ivan.

Em 2019, MacDonald publicou um artigo no periódico The Conversation alertando sobre o potencial de outro desastre e considerando-o “a pior hipótese que se poderia esperar para uma catástrofe envolvendo derramamento de óleo”. Enquanto o derramamento de óleo da BP Deepwater Horizon foi causado por uma única falha no poço de perfuração, no caso do derramamento de óleo da Taylor Energy, uma plataforma inteira foi derrubada pela lama, destruindo diversos poços e deixando destroços repletos de petróleo enterrados sob uma espessa camada de sedimentos, onde os vazamentos são difíceis de acessar e conter.

Fan leu o artigo de MacDonald e entrou em contato com ele, iniciando um diálogo que levaria a “diversas conversas frutíferas”, conta MacDonald. Analisando os dados de Fan sobre recentes deslizamentos de terra no Golfo do México, MacDonald percebeu que o risco para a infraestrutura de combustíveis fósseis era potencialmente muito maior do que ele havia pensado.

“[Agora] conseguimos apontar para muitos desses eventos ocorridos ao longo dos últimos dez anos”, diz MacDonald. “O que significa, de uma maneira ou de outra, que estivemos nos esquivando de balas, mesmo sem saber que as balas haviam sido disparadas.”

Fan espera que sua pesquisa ajude as empresas de energia e as agências regulamentadoras a tomarem decisões mais esclarecidas sobre onde novas infraestruturas podem ser construídas com segurança. Ele observa que a maioria dos deslizamentos subaquáticos que sua equipe detectou ocorreu no oeste do Golfo, uma região não autorizada para exploração de petróleo e gás no governo Obama, mas que o presidente Trump começou a abrir para negócios em 2018.

O método de detecção sísmica desenvolvido por Fan também pode ser reformulado para criar um sistema de alerta capaz de proteger a infraestrutura existente. Se uma rede de sismógrafos fosse instalada no leito do mar no Golfo do México para detectar deslizamentos de terra, as empresas poderiam ser alertadas sempre que um sinal fosse registrado nos arredores de sua plataforma, dando-lhes minutos preciosos para implementar procedimentos de desativação de emergência.

Com esse sistema, é possível que um desastre petrolífero seja impedido antes mesmo de começar.

Fonte: National Geographic Brasil

Mais de 150 empresas se unem para pedir a líderes mundiais ações climáticas na retomada econômica.

No maior esforço de defesa do clima apoiado pelo Pacto Global e liderado por CEOs, 155 empresas, que somam US$ 2,4 trilhões em valor de mercado, e representam mais de 5 milhões de funcionários, assinaram um comunicado pleiteando junto aos governos ao redor do mundo o alinhamento de seus esforços na recuperação econômica frente à crise instaurada pela COVID-19 aos estudos mais atuais em relação às ciências climáticas.

As empresas, que fazem parte da iniciativa Science Based Targets, pedem políticas que aumentem a resistência a choques futuros, apoiando os esforços para manter o aumento da temperatura global até 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, em linha com o alcance de emissões líquidas zero antes de 2050. No Brasil, as empresas que já participam da iniciativa são Movida, Grupo Malwee, AES Tietê, Lojas Renner, Natura, NELM Advogados e Baluarte.

Foto: Pixabay

Um grupo de 155 empresas, que somam US$ 2,4 trilhões em valor de mercado, e representam mais de 5 milhões de funcionários, assinaram um comunicado pleiteando junto aos governos ao redor do mundo o alinhamento de seus esforços na recuperação econômica frente à crise instaurada pela COVID-19 aos estudos mais atuais em relação às ciências climáticas.

À medida que os debates sobre pacotes de recuperação em todo o mundo aumentam nas próximas semanas, as empresas, que fazem parte da iniciativa Science Based Targets, pedem políticas que aumentem a resistência a choques futuros, apoiando os esforços para manter o aumento da temperatura global até 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, em linha com o alcance de emissões líquidas zero antes de 2050. No Brasil, as empresas que já participam da iniciativa são Movida, Grupo Malwee, AES Tietê, Lojas Renner, Natura, NELM Advogados e Baluarte.

Os participantes são convocados pela iniciativa Science Based Targets (SBTi), pelo Pacto Global da ONU e pela coalizão We Mean Business a participar da campanha “Business Ambition for 1,5 °C”. O SBTi – que é uma colaboração entre o CDP, o Pacto Global da ONU, o World Resources Institute e WWF – avalia e valida independentemente as metas climáticas corporativas em relação às mais recentes ciências climáticas.

A declaração surge quando governos de todo o mundo estão destinando trilhões de dólares em pacotes de estímulo para ajudar as economias a se recuperarem dos impactos da pandemia de coronavírus e se preparando para enviar planos climáticos nacionais aprimorados sob o Acordo de Paris.

Nas próximas semanas, várias economias tomarão decisões importantes em seus esforços de recuperação, incluindo o Plano de Recuperação da União Europeia, novos pacotes de estímulo dos Estados Unidos e da Índia e a cúpula dos Chefes de Estado do G7, em junho.

Para o diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira, é muito importante não só pensar na retomada, mas também em como retomar. “Por isso, estamos trabalhando para engajar as empresas globalmente desde o começo das nossas ações. Agora, precisamos combinar as questões econômicas com uma mudança profunda de atitude em prol do futuro do planeta. O cenário já era problemático e não podemos piorá-lo”.

As 155 empresas já estabeleceram, ou se comprometeram a estabelecer, metas de redução de emissões baseadas na ciência. Ao assinar a declaração, eles reafirmam que suas próprias decisões e ações permanecem fundamentadas na ciência, enquanto pedem aos governos que “priorizem uma transição mais rápida e justa de uma economia cinza para uma economia verde”. Políticas e gastos que incorporem metas climáticas reduzirão a vulnerabilidade a futuros choques e desastres, criarão bons empregos, reduzirão as emissões e garantirão o ar limpo, segundo um estudo da Universidade de Oxford.

A chefe de programas do Pacto Global da ONU e membro do Conselho da iniciativa Science Based Targets, Lila Karbassi, disse que os governos têm um papel fundamental a desempenhar, alinhando políticas e planos de recuperação com a mais recente ciência climática, mas não podem conduzir apenas uma transformação socioeconômica sistêmica. “Para lidar com as crises interconectadas que enfrentamos, precisamos trabalhar juntos como uma comunidade internacional para entregar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris”.

“O surto de coronavírus é uma forte lembrança da fragilidade do nosso sistema econômico atual. Também nos lembra que a ciência deve ser nosso guia coletivo no caminho para uma economia mais resiliente. Definir e trabalhar em direção a metas baseadas na ciência é a melhor maneira de empresas e governos se protegerem contra futuros negócios relacionados ao clima e interrupções econômicas”, explicou o CEO da CDP e um dos parceiros do SBTi, Paul Simpson.

Já a CEO da coalizão We Mean Business, Maria Mendiluce, afirmou: “Os governos podem ter certeza de que as empresas estão implementando metas baseadas na ciência para nos colocar em uma trajetória de 1,5 °C. Eles estão pedindo políticas de recuperação que impulsionem a economia e aumentem a resiliência. Uma recuperação líquida zero alinhada permitirá que as empresas invistam e inovem no ritmo e na escala necessários para recuperar melhor, criando empregos decentes, protegendo a saúde, reduzindo as emissões e aumentando a resiliência no futuro”.

“É imperativo que não apenas reiniciemos a economia mundial – mas também a redefinamos. Seria uma tragédia se, depois de gastar US$ 10-20 trilhões em dinheiro público, simplesmente reconstruíssemos a mesma economia desigual, vulnerável e de alto carbono que tínhamos antes”, disse o Presidente e CEO do World Resources Institute e membro do Conselho da SBTiDr, Andrew Steer. “Aplaudimos os líderes dessas 155 empresas, que não apenas se comprometem a redefinir suas próprias empresas, mas também exigem que os governos do mundo atuem à luz das melhores ciências e melhores economias, o que mostra que políticas inteligentes em termos de clima criarão mais empregos e estimular um crescimento econômico inclusivo e resiliente”.

Signatários

Além dos brasileiros Movida, Grupo Malwee, AES Tietê, Lojas Renner, Natura, Baluarte e Nelm Advogados, os signatários abrangem 34 setores, têm sede em 33 países e incluem: Abdi Ibrahim Pharmaceuticals, ACCIONA, Accor, Adobe, Agder Energi, Arabesque, Arc’teryx Equipment, AstraZeneca, Auchan Retail Portugal, Bayer, Beiersdorf, BIAL, Bonava, Burberry, Capgemini, Cargotec, Carlsberg Group, Cellnex, CEWE Stiftung & Co. KGaA, City Developments Limited, CMA CGM, Coca-Cola European Partners, Colgate Palmolive Company, Corbion, Cranswick, Dalberg Advisors, Dalmia Cement (Bharat) Limited, Danfoss Group, Diageo, Diam Group, dormakaba, Dutch-Bangla Pack, EcoVadis, EDF Group, EDP Energias de Portugal, Electrolux, En+ Group, Enel, ERM, Europcar Mobility Group, Ferrocarrils de la Generalitat de Catalunya, Firmenich, Gleeds, Glovo, Grundfos Holding, Grupo Red Eléctrica, H. Lundbeck, H&M Group, Henkel, Hewlett Packard Enterprise, Husqvarna Group, HP Inc., Iberdrola, ICA Gruppen, Inditex, Ingka Holding, Inter IKEA Group, Intuit, JLL, Kearney, Kelani Valley Plantations, Kuehne + Nagel Management, LafargeHolcim, Legrand, Lojas Renner, Maeda Corporation, Magyar Telekom, Mars, Marshalls, Marui Group, Media 6, MP Pension, Nestlé, Nomad Foods, Novartis, Novo Nordisk, NR Instant Produce Public Company, O. T. Sports Manufacture, Orange, Orbia Advance, Orkla, Ørsted, Pearson, PensionDanmark, Pernod Ricard, PVH Corp., Refinitiv, Ronald Lu & Partners, Royal DSM, RSE (Ross-shire Engineering), Safaricom, Saint-Gobain, Salesforce.com inc., Sanofi, Scania, Scapa Inter, Schneider Electric, Schüco International, SIG Combibloc, Signify, Sky, SkyPower Global, Sofidel, Sonae Sierra, Sopra Steria Group, Stora Enso Oyj, SUEZ, Symrise, Syngenta Group, Takasago International Corporation, Talawakelle Tea Estates, Tate & Lyle, Tech Mahindra, Telefonica, The Co-op, The Lux Collective, TMG Automotive, Unilever, Vattenfall, Vaude Sport, Verbund, Vestas Wind Systems, Vodafone Group, Wipro, Yarra Valley Water, YKK Corporation, e Zurich Insurance Group, entre outros.

Fonte: ONU

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Shell, Vale e Votorantim assinam compromisso de proteção à biodiversidade.

Empresas participam, com outras 10 companhias que atuam no Brasil, de movimento ecológico global. Ações poderão ser acompanhadas em plataforma digital

O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, concentrando 20% da biodiversidade global. Além disso, detém 12% da água do planeta (Leonardo Ramos/Wikimedia Commons)

Um grupo de 13 empresas brasileiras ou com atuação no país firmou um compromisso para estabelecer e divulgar metas de proteção à biodiversidade. A iniciativa, capitaneada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), faz parte de um movimento global e proteção à natureza, liderado pela coalizão Business for Nature, que já conta com 400 companhias.

Assinaram o compromisso as companhias Anglo American, Bayer, Boticário, BRK Ambiental, Eletrobras, Equinor, Furnas, Natura, Philip Morris, Shell, Suzano, Vale e Votorantim Cimentos. Foram estabelecidas nove metas de proteção à biodiversidade, sendo que cada empresa se comprometeu com no mínimo três delas.

“Além de buscar atingir as metas, as companhias terão de divulgar periodicamente seus avanços”, afirma Henrique Luz, coordenador da câmara temática de biodiversidade do CEBDS. Para dar transparência a esse processo, o conselho está lançando uma plataforma digital que vai divulgar as ações e os resultados obtidos pelas empresas.

Por meio da plataforma, será possível acompanhar o cumprimento das metas estabelecidas, tanto em relação à mensuração do impacto do negócio na natureza quanto à dependência que cada empresa tem dos serviços ambientais, ou seja, dos recursos naturais. “Um dos objetivos da iniciativa é demonstrar quanto as atividades econômicas dependem da biodiversidade”, afirma Luz. “A pandemia atual é um exemplo claro disso.” O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, concentrando 20% da biodiversidade global. Além disso, detém 12% da água do planeta.

Esses recursos naturais geram dividendos ao país. Estudo publicado pela revista científica Perspectives In Ecology and Conservation, endossado por mais de 400 cientistas brasileiros, aponta que a vegetação nativa preservada em propriedades rurais, área que soma 270 milhões de hectares, rende por ano ao país cerca de 6 trilhões de reais em serviços florestais, como polinização, controle de pragas, segurança hídrica, produção de chuvas e qualidade do solo.

Outra publicação, desenvolvida pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, mostra que cada hectare de floresta em pé na Amazônia movimenta 3.500 reais na economia, por ano. Já 1 hectare desmatado para a pecuária movimenta até 100 reais. Se usado para soja, o valor sobre para 1.000 reais.

O CEBDS também participa de um esforço mundial que busca definir métricas mais precisas para avaliar os impactos das atividades econômicas na biodiversidade. Liderado pela Natural Capital Coalition, coalizão formada por 300 organizações empresariais e da sociedade civil, o projeto deve publicar neste ano o resultado de um trabalho multidisciplinar para determinar parâmetros de atuação responsável, com foco na biodiversidade. “É importante que as empresas trabalhem baseadas em ciência”, afirma Luz.

Fonte: Exame