quinta-feira, 8 de março de 2018

Em Dia Mundial da Água, ONU defende soluções para problemas hídricos baseadas na natureza

Atualmente, 1,8 bilhão de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas contra a contaminação por fezes humanas. Mais de 80% das águas residuais geradas por atividades do homem — incluindo o esgoto caseiro — são despejadas no meio ambiente sem ser tratadas ou reutilizadas. Até 2050, a população global terá aumentado em 2 bilhões de indivíduos, e a demanda por água poderá crescer até 30%.
A agricultura é responsável por 70% do consumo de recursos hídricos — a maior parte vai para a irrigação das plantações. A participação do setor agrícola aumenta em áreas com maior densidade populacional e falta d’água. O campo é seguido pela indústria, que responde por 20% da água utilizada em atividades humanas. O uso doméstico representa apenas 10% do consumo total, e a proporção de água potável que é bebida pela população equivale a menos de 1%.
Com as transformações do clima e a manutenção de padrões insustentáveis de produção, a poluição e a desigualdade na distribuição vão se agravar, bem como os desastres associados à gestão da água.
Hoje, 1,9 bilhão de indivíduos vivem em áreas que poderão ter escassez severa de água. Até 2050, o número pode chegar a cerca de 3 bilhões. A quantidade de pessoas em zonas de risco para enchentes também aumentará, passando do atual 1,2 bilhão para 1,6 bilhão, o que representará 20% da população mundial em 2050. Aproximadamente 1,8 bilhão de pessoas já são afetadas pela degradação da terra e pelo fenômeno conhecido como desertificação.
Anualmente, a erosão do solo desloca de 25 bilhões a 40 bilhões de toneladas de camadas vegetais — o que reduz de forma significativa a produção das safras e a capacidade da terra de regular quantidades de água, carbono e nutrientes. Os rejeitos escoados do solo erodido, contendo nitrogênio e fósforo, são um dos principais poluentes dos recursos hídricos.
Soluções baseadas na natureza
Para reverter esse cenário, a ONU celebra o Dia Mundial da Água com o tema “A natureza pela água”, um chamado em prol de soluções para questões hídricas baseadas na natureza. Mas o que são essas estratégias? São iniciativas que focam na gestão de recursos ambientais, como vegetações, solos, mangues, pântanos, rios e lagos, utilizados por suas capacidades naturais para o armazenamento e limpeza da água.
A proteção e expansão de zonas pantanosas, bem como a reposição de reservatórios hídricos subterrâneos são duas possibilidades para garantir estoques de água limpa, que são mantidos pelo próprio meio ambiente, com custo menor do que represas construídas pelo homem.
A poluição gerada pela agricultura pode ser reduzida com metodologias de conservação que evitam a erosão do solo por meio da diversificação das culturas. Outra medida é a criação de corredores de proteção vegetal ao longo de cursos d’água, com o replantio de árvores e arbustos nativos nas margens de rios — o que também pode amortecer o impacto de enchentes em comunidades ribeirinhas. Para contornar cheias, a ONU também recomenda reconectar rios a planícies de inundação, a fim de facilitar o escoamento natural da água.
Essas soluções baseadas na natureza criam a chamada “infraestrutura verde”, que são sistemas naturais ou seminaturais capazes de oferecer os mesmos benefícios que a “infraestrutura cinza”, fabricada pelo ser humano.
Programas hídricos inspirados no meio ambiente podem trazer outras vantagens, além de melhorias na gestão da água. Mangues e pântanos criados para a filtragem de águas residuais fornecem biomassa para a produção de energia, ampliam a biodiversidade das comunidades e criam espaços de lazer, gerando mais empregos.
As atividades em comemoração ao Dia Mundial da Água são lideradas pela UNESCO e seu Programa Mundial de Avaliação da Água; pela Organização Internacional do Trabalho (OIT); pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); pela Universidade das Nações Unidas; pela WWF; pelo Conselho Mundial da Água; pelo Secretariado da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica; pela ONU Meio Ambiente; pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN); pela WaterLex; e pela ONU Água, um organismo de aconselhamento técnico com mais de 30 departamentos, agências e secretariados de convenções das Nações Unidas que atuam na área de água e saneamento.
Fonte: ONU

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