sábado, 30 de junho de 2018

Pesquisa encontra ‘rios perdidos’ e malha hidrográfica do planeta deve ser 44% maior.

                                                    Direito de imagemMARIANA VEIGA/ BBC NEWS BRASIL
Estudo aponta que a malha fluvial do mundo é, no mínimo, 44% maior do que se acreditava
Um estudo publicado na revista ‘Science’ nesta quinta-feira conseguiu mostrar, graças a novas tecnologias, que a área coberta por rios no mundo é, no mínimo, 44% maior do que se acreditava.
No total, a superfície de rios e riachos – dos caudalosos aos mais ínfimos, excetuando-se apenas aqueles congelados – é de 773 mil quilômetros quadrados, segundo pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas Geológicas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
“As superfícies turbulentas dos rios e riachos são pontos naturais de intercâmbio biogeoquímico com a atmosfera. Em escala global, o fluxo de gases entre rios e atmosfera, gases como o dióxido de carbono, depende diretamente da proporção da superfície coberta pelos rios”, contextualiza o geógrafo George Allen, da Universidade Texas A&M.
“Para chegar aos resultados, utilizamos um banco de dados global de hidromorfologia e uma abordagem estatística. Mostramos que a área global da superfície dos rios é de 773 mil quilômetros quadrados, até 44% maior do que estimativas espaciais anteriores”, explica o geógrafo Tamlin Pavelsky, professor de hidrologia global da Universidade da Carolina do Norte.
Liberação de gases pelos rios na atmosfera equivalem por um quinto do total das emissões combinadas da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento do mundo
Mais do que descobrir água doce de forma mais abundante, a importância científica da descoberta é outra: o estudo mostra que a rede fluvial desempenha um papel maior no controle ambiental da Terra, justamente por serem essas superfícies pontos primordiais nas trocas de carbono com a atmosfera.
Por conta de reações denominadas “de equilíbrio”, a água que corre pelos rios interage com o ar em uma série de processos biogeoquímicos. São trocas de massa e energia. Para se ter uma ideia, a liberação de gases pelos rios na atmosfera equivalem a um quinto do total das emissões combinadas da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento do globo.
Os rios, portanto, têm um notório papel controlador do calor terrestre.

Direito de imagemDIVULGAÇÃO/ REVISTA SCIENCE

Mapa mostra método que chegou ao mês ideal do ano para medir cada um dos rios
Conta-gotas
Um parâmetro muito utilizado para determinar a importância dos rios é o volume de água que eles despejam nos oceanos. Antes, apenas dois estudos tentaram estimar a superfície total da malha fluvial na Terra.
Em 2012, o professor de Ecologia da Universidade de Iowa John Downing e sua equipe publicaram uma levantamento que chegou a duas estimativas. A mais conservadora afirmava serem 485 mil quilômetros quadrados de superfície. Na outra, o número foi de 682 mil quilômetros quadrados.
                                                    Direito de imagemEDISON VEIGA/ BBC NEWS BRASIL
Downing realizou cálculos a partir de uma situação hipotética em que todos os rios do mundo pertenceriam a uma única rede fluvial de ramificação
Downing realizou cálculos a partir de uma situação hipotética em que todos os rios do mundo pertenceriam a uma única rede fluvial de ramificação. Então, um software de computador pôde fazer as contas a partir de uma escala entre largura e comprimento desse suposto rio gigante. Como modelo, a pesquisa utilizou o tronco principal do Rio Amazonas.
No ano seguinte, a equipe do químico ambiental Peter Raymond, professor de Ecossistemas Ecológicos da Universidade de Yale, publicou o único estudo a estimar a variabilidade espacial da superfície dos rios. Sua estimativa foi de uma área de 536 mil quilômetros quadrados.
“Ambos os estudos anteriores são limitados pela falta de observações diretas da superfície total dos rios, pelas incertezas estatísticas dos métodos aplicados e por conta da variabilidade regional da geometria hidráulica”, aponta Allen.
No estudo publicado nesta quinta, por outro lado, foram utilizados dados de observação por satélite dos rios, com uma abordagem estatística capaz de produzir uma estimativa mais precisa da cobertura dos mesmos na superfície terrestre.
                                                Direito de imagemMARIANA VEIGA/ BBC NEWS BRASIL

Pesquisadores excluíram do estudo os meses com maior variabilidade positiva ou negativa do nível desses rios, principalmente no caso dos mais sujeitos a sazonalidade
“Construímos um banco de dados chamado Global River Widths from Landsat (GRWL), que é a primeira compilação global da geometria planificada do rio a uma descarga de frequência constante”, diz Pavelsky. Para tanto, foi utilizado um banco de dados de 3.693 estações que medem variações de volumes de rios pelo mundo.
Com isto, os pesquisadores excluíram os meses com maior variabilidade positiva ou negativa do nível desses rios, principalmente no caso dos mais sujeitos à sazonalidade – e o estudo se deteve nas vazões médias.
“Adquirimos 7.376 imagens de satélite, capturadas durante esses meses da média. Aplicamos técnicas de processamento de imagens para classificar os rios e medir a localização e a largura”, explica o pesquisador.
No total, o banco de dados acumulou mais de 58 milhões de medições, sendo 2,1 milhões de quilômetros lineares de rios com pelo menos 30 metros de largura em sua vazão média anual. Na conta também entraram 7,6 milhões de lagos, reservatório ou canais conectados à rede fluvial.
Para ter certeza da viabilidade do método, os pesquisadores validaram os dados do sistema realizando algumas medições in loco em rios americanos e canadenses.
“Como descobrimos que os dados são mais precisos quanto maior a largura dos rios, na criação do modelo estatístico do software consideramos apenas os dados colhidos em rios de largura superior a 90 metros, o que significa cerca de 3 pixels das imagens de satélite”, afirma Pavelsky.
Sede
Ao compilarem os dados, os pesquisadores chegaram a uma conclusão alarmente: regiões mais desenvolvidas do globo, como os Estados Unidos e a Europa, são as que apresentam menor superfície fluvial disponível. “Isso pode ser em decorrência da retirada dessa água para uso, além de sua canalização”, observa o cientista.
O efeito pode já ser grande no descontrole ambiental, justamente pela redução das possibilidades de trocas gasosas. Mas tais hipóteses ainda precisam ser validadas em estudos subsequentes.
                                                              Direito de imagemDIVULGAÇÃO/ REVISTA SCIENCE

Imagem mostra como o software da pesquisa trabalha; esta imagem é o mapeamento de trecho do Rio Amazonas
Com a valorização de questões ambientais e uma maior consciência ecológica, a descoberta de novos rios deve aumentar pelo mundo. E, espera-se, a população pode forçar o poder público a promover o renascimento de muitos deles.
Em São Paulo, por exemplo, o Mapa Hidrográfico do Município mostra que existem, oficialmente reconhecidos pela Prefeitura, 287 cursos d’água. Mas estimativas do geógrafo Luiz de Campos Júnior e do urbanista José Bueno, que com o projeto Rios e Ruas fazem expedições a nascentes desde 2010, são de que essa malha hidrográfica seja pelo menos o dobro.
Fonte: BBC

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Um campo de futebol de floresta foi perdido a cada segundo em 2017.


Segundo uma pesquisa da Global Forest Watch, o mundo perdeu mais de um campo de futebol de floresta a cada segundo em 2017, totalizando uma área equivalente a toda a Itália.
A perda registrada foi de 29,4 milhões de hectares, a segunda maior desde o início do monitoramento, em 2001. Os dados foram colhidos do mundo todo por satélite.

O papel do Brasil nesse cenário

As perdas de cobertura florestal dobraram desde 2003, enquanto o desmatamento de florestas tropicais cruciais dobrou desde 2008.
O Brasil, que vinha em uma tendência de queda da perda florestal, voltou a sofrer com esse problema em 2017 em meio à instabilidade política. A nação, com seu vasto território amazônico, é vital no combate ao desmatamento.
Durante uma década, a partir de 2005, uma repressão governamental levou a baixas no desmatamento, mas a derrubada de árvores está subindo rapidamente novamente, à medida que a disputa política tira a atenção das autoridades das ações ambientais.
O Brasil foi o país que mais sofreu perda florestal no mundo todo desde que a Global Forest Watch começou a realizar esse levantamento. Enquanto houve uma diminuição no ano passado em relação ao desmatamento recorde que ocorreu em 2016, os números de 2017 ainda são os segundos mais altos da história.

Mais de um quarto das perdas de árvores no Brasil em 2017 foi devido a incêndios deliberadamente causados por humanos para limpar a terra.

No resto do mundo

Outras nações importantes, como Colômbia e República Democrática do Congo, também sofreram perdas recordes.
A Colômbia é um centro global para a biodiversidade, mas as perdas aumentaram 46% em 2017. A Farc, o maior grupo rebelde do país, anteriormente controlava grande parte do território amazônico colombiano, bloqueando o acesso à floresta. A desmobilização dessas forças armadas rebeles deixou um vácuo de poder e o desmatamento ilegal para gado, extração de madeira e produção de cocaína dispararam.
A boa notícia é que, na Indonésia, o desmatamento caiu 60% em 2017. Foi um ano úmido para o país, o que diminuiu as perdas por incêndios. Uma maior proteção do governo às florestas de turfa também entrou em vigor.

Consequências

As perdas florestais são um grande contribuinte para as emissões de carbono que impulsionam o aquecimento global. Seu efeito é quase o mesmo que o total de emissões dos EUA, que é o segundo maior poluidor do mundo.
O desmatamento destrói o habitat da vida selvagem e é uma das principais razões para as populações de animais selvagens terem caído pela metade nos últimos 40 anos, iniciando uma sexta extinção em massa.
Enquanto apenas 2% do financiamento para a ação climática vai para a proteção de florestas, estas têm o potencial de fornecer um terço dos cortes de emissões globais necessários até 2030. “É realmente uma questão urgente que devia estar recebendo mais atenção”, explicou Frances Seymour, do World Resources Institute, que produz o Global Forest Watch ao lado de colaboradores.

É nossa culpa

De acordo com as informações coletadas pela pesquisa, a destruição humana causa virtualmente todo o desflorestamento nos trópicos.
“A principal razão pela qual as florestas tropicais estão desaparecendo não é um mistério – vastas áreas continuam sendo desmatadas para soja, carne bovina, óleo de palma, madeira e outras commodities comercializadas globalmente”, disse Seymour. “Grande parte é ilegal e ligada à corrupção”.
Os incêndios são dominantes em latitudes mais altas, causando cerca de dois terços das perdas na Rússia e no Canadá, e podem estar se tornando mais comuns devido à mudança climática.
Novas florestas estão sendo cultivadas na China e na Índia, por exemplo, mas a extensão exata em que elas compensam a destruição das florestas já existentes ainda é desconhecida. Por enquanto, o que está claro é que o desmatamento excede significativamente o reflorestamento.
Estima-se que apenas cerca de 15% das florestas que provavelmente existiam antes da civilização humana permaneçam intactas hoje. Um quarto foi destruído e o resto fragmentado ou degradado.

Não é só o meio ambiente que sofre

A destruição das árvores não prejudica apenas o meio ambiente. “Junto com essa violência contra a Terra, há uma crescente violência contra as pessoas que defendem essas florestas”, disse Victoria Tauli-Corpuz, relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas.
De acordo com Tauli-Corpuz, metade dos 197 defensores ambientais mortos em 2017 eram de grupos indígenas.
“Os povos indígenas há muito administram as florestas do mundo que são cruciais para a luta contra as mudanças climáticas”, completou. “Os novos dados mostram que a taxa de perda de cobertura de árvores é menos da metade em terras comunitárias e indígenas, em comparação com outros lugares”.

Fonte: Natasha Romanzoti. Hypescience

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Ibama impede avanço do desmatamento em cinco municípios de MT.

Foto: Ibama
Operação realizada pelo Ibama em conjunto com a Força Nacional para coibir o desmatamento ilegal em florestas nativas nas regiões centro-norte e noroeste de Mato Grosso resultou até o momento no embargo de 1.418 hectares em cinco municípios.
Agentes ambientais apreenderam 12 tratores, 1 pá carregadeira, 5 caminhões, 3 motos e 88 metros cúbicos de madeira. Foram aplicados 11 autos de infração, que totalizam cerca de R$ 4 milhões.
Alertas do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter-B) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), associados à análise de imagens de satélite, permitiram às equipes de fiscalização interromper a abertura de novas áreas por corte raso.
“A apreensão dos equipamentos usados em infrações ambientais, prevista no Decreto 6.514/2008, é estratégica para impedir a continuidade do dano e descapitalizar os infratores”, disse o chefe da Unidade Técnica do Ibama em Juína (MT), Evandro Selva, que coordenou a operação. As máquinas apreendidas pela fiscalização estarão à disposição de demandas públicas de prefeituras da Amazônia.
Segundo a superintendente do Ibama em Mato Grosso, Lívia Martins, a entrada de madeira ilegal no comércio torna a concorrência desleal e compromete a viabilidade de empreendimentos de base florestal autorizados.
A operação será mantida por prazo indeterminado.
Fonte: Ibama

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Plástico nos oceanos pode superar os peixes até 2050.

O plástico representa hoje uma grande ameaça para os oceanos. Material onipresente na vida moderna, um novo relatório afirma que, se as tendências atuais continuarem, até 2050 o lixo plástico nos oceanos vai superar em número os peixes.
O relatório foi feito pela Fundação Ellen MacArthur e divulgado no Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, recentemente.

Toneladas nocivas

95% das embalagens de plástico são “perdidas” todos os anos após uso único, custando cerca de US$ 80 a 120 milhões para a economia mundial. Enquanto apenas 5% é reciclada de forma eficaz, em torno de 40% é enterrada em aterros sanitários, e um terço de todo plástico produzido a cada ano vai parar nos oceanos.
Isso é equivalente a despejar o conteúdo de um caminhão de lixo a cada minuto no ambiente marinho.
Desde 1964, a produção de plástico aumentou em um fator de 20, e atualmente está em cerca de 311 milhões de toneladas por ano. O relatório estima que este número dobre nos próximos 20 anos, e quadruplique até 2050, conforme as nações em desenvolvimento passem a consumir mais plástico.
O lixo que hoje vai parar nos mares já causa impactos nocivos na vida selvagem. Por exemplo, plásticos são frequentemente encontrados nos estômagos de aves marinhas, sacolas são comumente ingeridas por tartarugas e focas, e microplástico que não podemos sequer ver é constantemente ingerido pelos peixes que, em seguida, nós consumimos.

Revisão completa

As desvantagens do plástico não se concentram apenas na quantidade de lixo que acaba nos oceanos. Outro grande problema é o uso de combustíveis fósseis necessários para criar o material.
Atualmente, a produção de plásticos utiliza cerca de 6% do consumo mundial de petróleo – em 2050, esse número pode subir 20%.
O relatório pede uma revisão completa da forma como nós fabricamos plásticos e, em seguida, como lidamos com as montanhas de lixo que o material produz.
“Este relatório demonstra a importância de desencadear uma revolução no ecossistema industrial e é um primeiro passo para mostrar como transformar a maneira que os plásticos se movem através de nossa economia”, explicou Dominic Waughray no Fórum Econômico Mundial. “Para passar de uma visão para a ação em larga escala, é claro que ninguém pode trabalhar sozinho. O público, o setor privado e a sociedade civil todos precisam se mobilizar para capturar a oportunidade de uma nova economia circular de plásticos”.

Economia circular

Esse é o conceito o qual a Fundação Ellen MacArthur defende. De acordo com seu website, o modelo econômico “extrair, transformar, descartar” da atualidade depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e fácil acesso, além de energia, mas está atingindo seus limites físicos.
A economia circular é uma alternativa atraente e viável que as empresas já começaram a explorar: uma economia regenerativa e restaurativa, cujo objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
Hoje, nos EUA, o preço do petróleo está tão baixo que significa que a reciclagem de plásticos sai muito mais cara do que fabricar novos produtos. A Fundação acredita que parte da solução é repensar a forma como usamos plásticos, reduzindo a sua utilização em embalagens, por exemplo. Os fabricantes poderiam ajudar através da produção de artigos de plástico que possam ser reutilizados.

Fonte: Natasha Romanzoti, Hypescience

terça-feira, 26 de junho de 2018

Desmate no cerrado sobe 9% em 2017.

O desmatamento no cerrado subiu 9% em 2017 em relação ao ano anterior, mostram dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta quinta-feira (21) no Ministério do Meio Ambiente.
No ano passado, 7.408 quilômetros quadrados de savana tombaram diante da expansão da agropecuária no Brasil, contra 6.777 quilômetros quadrados em 2016. Para comparação, em 2017 a Amazônia perdeu 6.947 quilômetros quadrados – cerca de 6,5% menos do que o cerrado.
O dado parece uma péssima notícia, e é. Mas há um lado positivo: pela primeira vez, agora, é possível comparar os números da destruição na savana mais biodiversa do mundo de um ano ao outro. Esses dados integram o Prodes do cerrado, um sistema de monitoramento que vinha sendo prometido pelo governo desde 2009. As séries anuais estão disponíveis na internet, no site do Inpe. O Inpe também passa a monitorar o cerrado diariamente, com o sistema Deter B, já usado na Amazônia e cuja resolução permite antecipar com muito mais precisão qual será a taxa anual de desmatamento.
Na Amazônia, o Deter A, versão mais “míope” do sistema de detecção em tempo real, ajudou a reduzir as taxas de desmatamento a partir de 2005, informando a fiscalização do Ibama. Com o Deter B no cerrado, o órgão ambiental poderá enxergar desmatamentos ilegais com precisão e mandar as multas aos infratores pelo correio – como ocorre com multas de trânsito e como já acontece em certa medida na Amazônia.
Mesmo com o aumento em 2017, o Prodes do cerrado mostra que a devastação no bioma caiu em relação a 2015: naquele ano, foram destruídos 11.881 quilômetros quadrados, o que mostra uma queda acumulada de cerca de 40% nos últimos dois anos (43% em 2016 e 38% em 2017).
“São números expressivos [de redução], mas não representam conformismo em relação àquilo que estamos fazendo”, disse o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte. Ele afirmou que o trabalho de fiscalização do desmatamento ilegal será ampliado, assim como o diálogo com o setor produtivo.
O monitoramento também confirma que o cerrado vem sendo devastado muito mais rápido do que a Amazônia: desde 2005, quando a taxa de desmatamento amazônica começou a cair, a perda absoluta do cerrado foi 34% maior. Considerando a área remanescente de cerrado, que é bem menor que a da Amazônia, a perda proporcional em relação ao que ainda existe de pé é pelo menos três vezes mais rápida.
O ministro do Meio Ambiente também destacou que o Brasil superou em 40% a meta de redução de desmatamento no cerrado para 2020, dada pela Política Nacional de Mudanças Climáticas. Pela política, cujas metas foram anunciadas em 2009 na conferência do clima de Copenhague, o Brasil se comprometia a reduzir em 40% o desmatamento do cerrado até 2020 em relação à média de 1999 a 2008 (9.420 quilômetros quadrados).
A meta foi tesourada pessoalmente no dia de seu anúncio pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff: técnicos do governo propunham pelo menos 50% de redução. Como não existia monitoramento detalhado do cerrado na época, a linha de base foi superestimada (15.400 quilômetros quadrados) e meta já havia sido quase cumprida no ano em que foi anunciada. Em 2009, como mostra a série do Prodes cerrado, o desmatamento era de 10.055 quilômetros quadrados (queda de 36%), sem que nenhuma ação efetiva de controle tivesse sido adotada. Em 2011, a queda era de 39,5%, ou seja, a meta estava essencialmente atingida. A barreira dos 40% seria ultrapassada, com folga, em 2016 (queda de 57%).
Fonte: O Eco

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Hidrelétricas ameaçam Pantanal e sobrevivência de ribeirinhos.

Usinas e pequenas centrais hidrelétricas mudam a dinâmica dos afluentes do Rio Paraguai (Divulgação/Ecoa)
Ecossistemas são organismos complexos e interdependentes e cada ser vivo, por menor que seja, contribui para o seu funcionamento. Um dos principais ecossistemas do mundo é o Pantanal, que se estende por mais de 200 mil quilômetros quadrados. A sobrevivência do complexo organismo está ameaçada.
É o que alerta a ong Ecoa, que contabilizou e mapeou usinas hidrelétricas em toda a BAP (Bacia do Alto Paraguai). Ao reter a água e depois soltá-la para gerar energia, as usinas hidrelétricas e PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) alteram toda a dinâmica do Paraguai e de seus afluentes.
As consequências são desastrosas e entre elas está a sobrevivência de milhares de ribeirinhos, que dependem da vida dos peixes para permanecerem ao longo da Bacia. Em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o que se observa é um êxodo das comunidades.
É o que explica a pesquisadora da Ecoa e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Silvia Santana.
“Aqui em Mato Grosso do Sul tem a Porto dos Bispos, onde tinha a maior atividade turística na comunidade, ela foi totalmente afetada, famílias que possuíram chalanas, está apodrecendo porque não tem como navegar. Não recebem nenhum apoio do poder público”, conta ela.
Já são 38 empreendimentos na BAP. Além desses, 4 estão em fase de construção, 7 estão outorgadas e outros 11 em fase de estudos aceitos. Além disso, ainda há promessas de futuras usinas: 81 PCHs e 3 hidrelétricas em fase de estudo.
A maioria dos empreendimentos, explica Silvia, pertence à empresas e a energia gerada não fica no Estado.
“Existe uma demanda por energia, principalmente pra abastecer indústrias, a maior parte dessa energia gerada cai num sistema geral, no sistema brasileiro de energia. Toda a produção vai pra Minas Gerais e São Paulo, não ficam aqui no estado, cai na rede. Essa energia é para abastecer os grandes centros”, comenta.
Silvia relata que a construção de usinas no pantanal é proibida, mas a construção na chamada “borda”, não. A proliferação desse tipo de empreendimento muda completamente o funcionamento do pantanal. Até as pastagens, que dependem dos componentes nutritivos, podem ser alterados.
Sobrevivência dos pescadores é ameaçada pela falta de peixes (Divulgação/Ecoa)
Em carta divulgada pela Ecoa, comunidades que vivem ao longo do rio Correntes pedem socorro. O local marca a divisa entre Sonora (MS) e Itiquira (MT) e tem uma usina e duas PCHs. Agora, a construção de mais uma PCH pode tornar a situação insustentável.
“O rio que antes era a principal fonte de renda de muitas famílias, hoje já não oferece mais peixes. O setor turístico que gerava empregos e movimentava a economia local, se tornou quase inexistente. A violação dos direitos humanos é evidente, e até agora absolutamente nada foi feito para a mitigação, tanto de ordem ambiental como social, dos impactos gerados”, explica a carta assinada por Eleuza Bispo da Silva Roman, Presidente Associação de moradores da comunidade Porto dos Bispos, em Sonora.
“A usina por reter a água e soltar só quando ela quer, ao mesmo tempo que está alto eles seguram e em questão de 40 minutos está uma lâmina. Não existe como o peixe viver ali. A vida aquática acaba. Quando eles soltam a água vai comendo todo o barranco do rio, então o impacto na fauna, na flora, é enorme. Esse movimento atinge os barrancos, muitos carandás estão caindo no rio, que é a casa das araras, elas estão saindo da região”, explica Silvia.
“Todo o sistema do local é alterado. Isso a gente falando só de impactos ambientais. São cerca de 200 famílias que dependem única e exclusivamente do rio. Eles saem pra pescar e voltam as vezes sem nenhum peixe. Situações constrangedoras da pessoa falar que não tem o que comer”, conta a pesquisadora.
Estudo – A ANA (Agência Nacional das Águas) encomendou estudo para avaliar os possíveis riscos das usinas. O estudo vai analisar também se o aproveitamento hidrelétrico está em consonância com o uso múltiplo das águas no âmbito socioeconômico, ambiental, além das estratégicas relativas à pesca, abastecimento urbano, saneamento básico, irrigação, transporte, usos industriais, lazer, entre outros.
Fonte: Campo Grande News

domingo, 24 de junho de 2018

Meio Ambiente O parque com maior biodiversidade do mundo se encontra na Bolívia

De acordo com uma expedição liderada pelo inglês Robert Wallace, o Parque Nacional Madidi, na Bolívia, pode ser considerado como a área protegida com maior biodiversidade do planeta

Titulada “Identidade Madidi”, a expedição formada por pesquisadores bolivianos, mas liderada pelo inglês Robert Wallace, visitou quinze lugares do parque para registrar a maior quantidade possível de espécies que convivem no lugar.
A expedição durou dois anos e meio, entre 2015 e 2017. Segundo Wallace, do programa da Wildlife Conservation Society (WCS) em Bolívia, “os resultados indicam que o Madidi é a área protegida com mais espécies de plantas, espécies e subespécies de borboletas, aves e mamíferos, confirmadas dentro da área protegida”.
A expedição conseguiu detectar mais 1.383 espécies de plantas e animais na lista de registro do parque, com novos registros de 100 mamíferos, 41 aves, 27 répteis, 138 peixes, 611 borboletas e 440 plantas. Agora, alcançam 8.880 espécies.
Entre estes novos registros, estima-se que pelo menos 124 espécies podem ser consideradas novas, sem dados anteriores, segundo Wallace. “O Madidi é extraordinariamente espetacular, tem uma grande diversidade de plantas e animais, e como equipe, estamos conscientes do privilégio de visitar esta área e compartilhar a beleza do lugar”, afirmou.
O parque foi criado em 1995, e conta com uma superfície de quase dois mil hectares.  Tem montanhas com altos relevos, profundos cânions e diferentes andares ecológicos que vão desde a região amazônica até a zona dos Andes, com grande variação climática e de ecossistemas.
Listas de biodiversidade
Como comenta o jornal New York Times, as listas de registro de espécies nunca são definitivas, e podem variar com os exemplos, as épocas do ano, as mudanças climáticas, e outros aspectos que afetam a biodiversidade de uma região.
Outras áreas protegidas como o Parque Nacional Manu, no Peru, que concorre com Madidi pela riqueza de biodiversidade, poderiam realizar novas expedições que resultariam em totais de espécies diferentes.
Entretanto, como ressalta Wallace, revelar estes números é uma forma de estimular a proteção desta riqueza. É necessário levar em conta a importância do Parque Nacional Madidi para políticas de conservação nacionais na Bolívia.
A legislação a favor da conservação ambiental exige que os profissionais conheçam sobre o uso sustentável dos recursos nas empresas. A FUNIBER patrocina o Mestrado em Gestão e Auditoria Ambientais, que oferece os conhecimentos necessários para tomar decisões oportundas com base em critérios ecológicos, econômicos e sociais.
Fontes:
Foto: CC Dirk Embert / WWF

sábado, 23 de junho de 2018

Esta árvore mágica produz 40 tipos diferentes de frutas.


San Van Aken é um artista estadunidense que cria obras de arte vivas. Ele cresceu em uma cidade pequena no estado da Pensilvânia, e estudou artes no ensino superior. Anos depois, porém, sua infância na fazenda passou a fazer parte importante de seu trabalho artístico. Aken conta que seu trabalho “sempre foi inspirado pela natureza e pela nossa relação com a natureza”.
Ele ficou famoso em 2008 por criar a exposição “Eden”, com plantas malucas formadas por vários enxertos de diversas espécies. Mais tarde, ele criou a Árvore das 40 Frutas, que é tão incrível quanto seu nome sugere.
Projeção digital de como a árvore será quando for madura
O artista já criou 16 dessas árvores que envolvem 40 enxertos, e as espalhou por museus, centros comunitários e as vendeu para colecionadores particulares nos EUA todo, em estados como Massachusetts, New York, New Jersey, Arkansas e Califórnia.
Usando uma técnica que ele chama de “escultura através do enxerto”, Aken cria árvores que contêm galhos de pessegueiros, cerejeiras, ameixeiras, nectarinas e amêndoas. Algumas dessas plantas vêm de árvores raríssimas de mais de 150 anos de um antigo pomar.
Aken conta que em 2008 ficou sabendo sobre um pomar no estado de Nova York que seria fechado por falta de investimentos. Este único pomar tinha um grande número de espécies raras, antigas e nativas da região, espécies que hoje praticamente não existem mais por causa da pressão da agricultura comercial. Algumas das árvores que seriam perdidas tinham entre 150 e 200 anos.

                                                                                                Rascunho do artista
Para isso, ele escolheu uma árvore forte para ser o porta-enxerto, a base para as outras plantas. Depois de uma espera de dois anos para a base crescer, ele começou a adicionar lentamente enxertos das novas plantas. Essa árvore maluca passou o inverno inteiro se recuperando e na primavera teve a ponta dos enxertos podadas para incentivar a planta a crescer mais rápido.
Depois de cerca de cinco anos e vários enxertos, a Árvore dos 40 Frutos estava completa.
Durante a maior parte do tempo ela parece uma árvore comum, mas na primavera cada galho dá flores de uma cor diferente. Há flores brancas, roxas e de diferentes tons de rosa.
O artista conta que as pessoas que compraram uma dessas árvores estão muito felizes com o resultado. “Elas me contam que ela dá a variedade perfeita de frutos. Então ao invés de ter uma variedade que produz mais do que você sabe que pode comer, ela dá uma quantidade boa de cada uma das 40 variedades. Já que essas frutas ficam maduras em épocas diferentes, entre julho e outubro, você não fica inundado por frutas”.
A árvore é sem dúvidas muito eficiente e bonita, e o melhor de tudo é que preserva um pouco das espécies que estão praticamente extintas dos Estados Unidos.

Fonte: Hypescience

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Adicionar legenda

O que são os misteriosos cristais verdes encontrados após a erupção do vulcão Kilauea, no Havaí.

Direito de imagemGARY LEWIS/GEOETC.COM
Será que o poderoso vulcão Kilauea, que entrou em erupção em maio em Big Island, a maior ilha do arquipélago do Havaí (EUA), estaria literalmente fazendo chover pedras verdes?
Muita gente está se perguntando, inclusive, se essa seria essa uma espécie de recompensa oferecida pelo vulcão aos milhares de habitantes afetados pela erupção.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram belos cristais de cor verde que teriam sido encontrados nos arredores do Kilauea.
"Amigos meus vivem no Havaí, bem ao lado da área afetada pelos fluxos de lavas mais recentes. No meio da destruição dos arredores e do estresse causado pelo desconhecido, eles acordaram com isso: pequenos pedaços de olivina por todo o chão. Está literalmente chovendo joias. A natureza é realmente incrível", escreveu a meteorologista Erin Jordan no Twitter.
Nas redes sociais, ganhou força a ideia de que as explosões de lava da cratera vulcânica resultaram em uma chuva de pedras que estariam colorindo de verde a paisagem do arquipélago.
Mas essas pedras seriam verdadeiras e realmente teriam "caído do céu" depois da recente erupção do Kilauea?
A BBC News consultou especialistas para averiguar que pedras seriam essas. A verdade é que, segundo eles, elas seriam resultado de erupções mais antigas, e não desse vulcão.

O que é a olivina

O serviço geológico dos Estados Unidos ainda não estudou em detalhes os efeitos da mais recente erupção do Kilauea.
Mas, de acordo com especialistas, as pedras que aparecem nas fotos que circulam nas redes sociais seriam fragmentos de olivina, mineral muito comum em áreas vulcânicas e que pode variar significativamente de tamanho – indo de um grão de areia a algo equivalente a uma unha.
No arquipélago, existem praias que parecem ter sido pintadas de verde, tamanha a concentração desse mineral.
"A olivina é muito frequente no Havaí. É um dos componentes fundamentais do basalto, um mineral que compõe 99,99% das rochas dessas ilhas", disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o geólogo e responsável pelo portal especializado GEOetc, Gary Lewis.
                                                      Direito de imagemGARY LEWIS/GEOETC.COM
Os cristais de olivina presentes no líquido de basalto vulcânico são expelidos durante as erupções na lava que flui em direção ao oceano.
Quando entra em contato com água ou a lava esfria, o mineral se converte em uma olivina com qualidade da pedra, conhecida como peridoto – usada por muitas pessoas como amuleto de proteção para afastar a inveja e maus espíritos.

Herança mais antiga

Como o Kilauea continua ativo, ainda estão sendo avaliados os efeitos mais recentes da atividade do vulcão.
Ainda assim, especialistas concordam que é difícil associar o aparecimento dessas pedras com suas últimas erupções.
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Cheryl Gansecki, geóloga da Universidade do Havaí-Hilo, acredita que a densidade e outras características desse último fluxo de lava fazem com que seja muito difícil encontrar olivina do tamanho das pedras que aparecem nas fotos.
"Se você separasse a lava e a esmagasse, poderia encontrar alguns minúsculos cristais de olivina, mas eles teriam apenas um ou dois milímetros de tamanho, difíceis de ver", disse à TV havaiana Khon TV.
Para o geólogo Gary Lewis, do portal GEOetc, a afirmação de que esses cristais caíram do céu é "mais um mito" fomentado pelas redes sociais.
"Não há dúvida de que parte do material rochoso que está se formando na erupção atual contém olivina, mas será pequeno (especialmente microscópico) e nunca terá uma qualidade de gema", diz ele, descartando a teoria de que as últimas explosões do Kilauea estariam provocando uma chuva de pedras verdes.
Lewis, assim como outros especialistas, afirma que pedras de olivina "estão aparecendo a partir de velhos fluxos de lava".
Alguns deles acreditam que elas podem estar relacionadas às erupções do vulcão Kapoho, em 1960.
Velhas ou novas, as pedras de cor verde podem ser compradas pela internet. O preço do quilate do peridoto pode variar de R$ 189 a R$ 302.
Fonte: BBC