segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Orcas estão passando fome nos EUA.

As orcas que vivem em Puget Sound, uma enseada do Oceano Pacífico localizada na costa noroeste dos EUA e pertencente ao estado de Washington, estão passando por graves problemas. Uma foto tirada na véspera de Ano Novo de uma das orcas, conhecida como “J-17”, mostra que o animal está morrendo de fome. Segundo matéria do portal Komo News, que faz a cobertura da região, Ken Balcomb, pesquisador do Center for Whale Research, diz que uma das orcas do local também está perigosamente magra devido à falta de peixe.
Existem apenas 74 orcas restantes na região, o número mais baixo em 35 anos. O governo do estado de Washington lançou um Plano de Recuperação das Orcas orçado em 1,1 bilhão de dólares. O plano inclui lidar com o escoamento da poluição, ajudar os incubatórios de peixes e adicionar balsas elétricas híbridas mais silenciosas. “Nossas orcas estão criticamente em perigo”, diz Chris Wilke, diretor executivo da organização defensora da água limpa Puget Soundkeeper, na matéria do Komo News.
“Precisamos tirar produtos químicos tóxicos do nosso esgoto. Precisamos proteger nossa água da chuva. E precisamos limpar nossos córregos em áreas rurais para garantir que eles sejam hospitaleiros para o salmão, para que possamos ter os abundantes recursos de salmão que já tivemos”, explica Wilke.
A Folha de S. Paulo reproduziu uma matéria do New York Times em julho de 2018 alertando para o problema. “Classificadas como espécie ameaçada desde 2005, as orcas estão morrendo de fome porque sua presa preferencial, o salmão rei, ou chinook, está em extinção. No mês passado, outro integrante do grupo Southern Resident de orcas, conhecido pelo apelido Crewser, que não é visto desde novembro, foi considerado como morto pelo Center for Whale Research”, diz o texto.
Uma outra ameaça, vinda de outro país mais ao norte, também é citada. “O recente acordo entre o governo canadense e o grupo Kinder Morgan para a expansão do oleoduto Trans Mountain Pipeline multiplicaria em 700% o tráfego de petroleiros no habitat das orcas, de acordo com algumas estimativas, e as exporia a ruídos excessivos e a possíveis vazamentos de petróleo. A construção deve começar em agosto, a despeito da oposição do governador Inslee e de muitos ambientalistas”.

Apocalipse no oceano

As orcas estão ameaçadas de extinção em todo o planeta, principalmente por causa da poluição. Um estudo publicado em setembro de 2018 aponta que metade da população destes animais estaria condenada.
“É como um apocalipse de baleias assassinas”, diz Paul Jepson, da Zoological Society of London, parte da equipe de pesquisa internacional por trás do estudo, em matéria publicada no jornal The Guardian.
O maior problema são os PCBs, compostos químicos venenosas que poluem os oceanos. Eles se concentram na cadeia alimentar, o que faz com que as baleias assassinas, os principais predadores, sejam os animais mais contaminados do planeta. E o que é pior, seu leite, rico em gordura, passa em doses muito altas para seus filhotes recém-nascidos. Some-se a isso a lentidão das orcas para se reproduzirem – baleias assassinas saudáveis levam 20 anos para atingir o pico de maturidade sexual e 18 meses para gestar um filhote, e o risco se torna enorme.
As concentrações de PCB encontradas em baleias assassinas podem ser 100 vezes maiores do que as concentrações seguras, danificando gravemente os órgãos reprodutivos, podendo causar câncer e danificar o sistema imunológico. A pesquisa analisou as perspectivas para as populações de baleias assassinas ao longo do próximo século e descobriu que aquelas no mar das nações industrializadas poderiam desaparecer entre 30 e 50 anos.
PCBs foram utilizados em todo o mundo a partir da década de 1930 em componentes elétricos, plásticos e tintas, mas sua toxicidade já é conhecida há 50 anos. Eles foram proibidos pelas nações nos anos 1970 e 1980, mas 80% dos 1 milhão de toneladas produzidos ainda não foram destruídos e ainda estão vazando para os mares através de aterros sanitários e outras fontes. [Komo News, The Guardian, Folha de S. Paulo]
Fonte: Hypescience

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