sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Oslo, a capital ecológica da Europa.

A orla de Oslo costumava ser um monte de contêineres e um vasto cruzamento engarrafado de carros expelindo fumaça. Hoje, o tráfego é desviado através de um túnel submarino, e boa parte dele é composta de carros elétricos ou híbridos. Acima, a paisagem começa a ser dominada por um novo museu de arte sobre Edvard Munch e uma biblioteca central – ambos a serem inaugurados em 2020.
O novo empreendimento tem credenciais ambientais e culturais impressionantes, com todos os novos edifícios atendendo aos padrões de eficiência energética, explica Anita Lindahl Trosdahl, gerente de projetos do ano de Oslo como “Capital Verde da Europa”.
O escritório dela fica à beira-mar, a poucos passos de outro colosso cultural em fase de conclusão – o novo museu nacional. Ao mesmo tempo, novas moradias têm surgido em toda a cidade.
Os edifícios não são projetados apenas para funcionar de forma sustentável – o conselho da cidade também garante que as construções tenham um impacto ambiental limitado.
“Usamos nosso poder de mercado para introduzir uma construção livre de combustíveis fósseis”, diz Trosdahl. “Assim, a edificação será tão sustentável quanto possível não só durante seu tempo de utilização, mas também durante o período da construção em si”.
Mais ao norte, longe da orla marítima, fica o bairro de Vulkan, outro centro importante para construções ecologicamente corretas. No século 19, ele abrigava grande parte da indústria manufatureira de Oslo. Hoje, você pode encontrar colmeias no telhado de um dos edifícios modernos daqui, o Scandic Vulkan Hotel.
“Neste verão, tivemos 500 mil abelhas que produziram 271 quilos de mel”, diz Monica Egeberg, gerente-geral do hotel. A rede hoteleira vê as abelhas como um símbolo de sua abordagem respeitosa frente ao meio ambiente. “Também somos quase autossuficientes em energia”, diz Egeberg.
O hotel foi construído em 2011, quando o resto da antiga área industrial foi convertido em um bairro badalado com bares, restaurantes, entretenimento, escritórios e casas.
Uma usina de energia construída no porão de um antigo salão industrial, que agora também funciona como o maior mercado de Oslo, fornece mais de 80% de toda a eletricidade necessária para a vizinhança inteira usando um sistema de recuperação de calor, poços geotérmicos e painéis solares térmicos.
Iniciativas verdes urbanas como essas ajudaram Oslo a superar outras 13 cidades e receber o título de Capital Verde da Europa em 2019. A competição, lançada em 2008 pela Comissão Europeia, visa mostrar soluções que outras cidades possam imitar ou nas quais podem se inspirar.
Numa escala global, Oslo é uma cidade pequena: tem uma população de menos de 700 mil. Por si só, seus valiosos esforços para reduzir as emissões não retardarão em muito as mudanças climáticas. Mas Trosdahl acredita que a capital norueguesa seja perfeitamente adequada para a implantação de ideias pioneiras que possam fazer uma diferença real internacionalmente.
“Somos grandes o suficiente para testar soluções que também possam ser transferidas para cidades maiores”, aponta. “Estamos entre os melhores do mundo quando se trata da introdução de veículos elétricos, por exemplo, e outras cidades podem usar nosso modelo”.
Quase metade de todos os carros novos vendidos aqui são totalmente elétricos. Há bondes, ônibus elétricos e balsas, todos operando com energia hidrelétrica renovável. Durante os invernos gelados, uma usina de incineração de resíduos esquenta muitas casas da cidade.
A cidade pretende cortar as emissões em 36% em relação aos níveis de 1990 até o final do próximo ano e 95% até 2030. Para alcançar esse objetivo, o conselho municipal introduziu seu próprio orçamento climático – possivelmente o primeiro do tipo no mundo.
“Contamos as emissões de carbono da mesma maneira que contamos dinheiro”, diz o prefeito de Oslo, Raymond Johansen. “Todas as partes de Oslo precisam informar o quanto podem reduzir suas emissões, com metas significativas muito claras”.
O orçamento climático dá ao conselho uma visão geral das medidas tomadas em toda a capital, de modo que sempre se sabe se Oslo está no caminho certo para alcançar suas metas climáticas. E até agora, tudo indica que sim.
Johansen lidera uma coalizão do governo municipal que inclui seu próprio Partido Trabalhista, os Verdes e a Esquerda Socialista. Desde que chegou ao poder, há quatro anos, ele impôs sua agenda verde de forma implacável, algo a que alguns se opuseram.
As empresas, em particular, se opuseram a tornar grande parte do centro da cidade livre de carros, e os planos foram reduzidos. Carros serão banidos de algumas ruas principais. Em outras áreas, pedestres e ciclistas ganharão mais espaço.O tráfego rodoviário é a maior fonte de emissões de Oslo.
Os pedágios já causaram um corte considerável no setor. Mas como os preços têm aumentado ano a ano – de 3,2 euros em 2016 para 5,6 euros em 2019 para um carro particular – críticos dizem que o limite já foi alcançado por muitos.
“Agora, o principal desafio para avançarmos é reduzir o número de carros particulares”, diz Johansen. Mas ele admite que essa é uma ideia difícil de emplacar, porque a cidade não pode exercer tanta pressão econômica sobre os motoristas.
Os veículos totalmente elétricos são isentos de pedágio, contribuindo para o rápido aumento das vendas de carros movidos a combustíveis não fósseis. Mas é uma tática que favorece os que estão em melhor situação, fazendo com que muitos que não podem se dar ao luxo de trocar seus veículos a gasolina ou a diesel se sintam punidos injustamente.
Ainda assim, a maioria dos cidadãos de Oslo apoia as metas de emissões da cidade. Uma pesquisa recente mostrou que três em cada quatro moradores concordam ser importante fazer o necessário para reduzir as emissões em 95% até 2030.
Pouco mais da metade disse apoiar os objetivos de tornar o centro da cidade livre de carros, enquanto 63% disseram acreditar que as medidas introduzidas para alcançar as metas climáticas tornarão Oslo uma cidade melhor para se viver.
Fonte: Deutsche Welle

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