Um pedaço de gelo que caiu de uma tempestade supercelular na cidade de Villa Carlos Paz, na Argentina, é possivelmente a maior pedra de granizo já registrada.
Infelizmente, suas dimensões foram apenas estimadas (em até 23,7 centímetros) a partir de evidências em vídeo, e não através de medições diretas. É por isso que os pesquisadores não podem dizer conclusivamente que esse é o maior granizo do mundo.
Outra pedra de granizo da mesma tempestade foi medida em 18 centímetros.
Como granizos se formam
Para tais granizos gigantescos se formarem, condições especiais são necessárias: tempestades massivas com correntes ascendentes de ar poderosas para mantê-los flutuando por tempo o suficiente para adquirirem esse tamanho.
As pedras começam como gotas de chuvas sugadas para acima das altitudes geladas em uma tempestade. Quando no alto, camadas de água líquida supergelada se congelam sobre as gotas, formando os granizos e moldando suas estruturas irregulares.
Vale observar que as correntes de ar que se fortalecem com a altura, embora sejam frias, são promovidas por condições quentes e úmidas.
O estudo
A tempestade argentina ocorreu em 2018. Os residentes, na época, registraram os granizos caindo em fotos e vídeos que foram publicados nas mídias sociais.
Um ano depois, pesquisadores da Universidade Estadual de Pensilvânia (EUA), liderados pelo meteorologista Matthew Kumjian, estudaram esses registros, entrevistando testemunhas, visitando locais onde ocorreram danos, coletando dados fotogramétricos e analisando observações de radar.
Usando fotogrametria – uma técnica para fazer medidas a partir de fotografias – e evidências em vídeo, os cientistas estimaram que uma das pedras teria quebrado um recorde mundial. O recorde anterior era de um granizo de 20,3 centímetros que caiu em Dakota do Sul, nos EUA.
As informações de radar coletadas mostraram que os enormes granizos argentinos caíram próximos ao local onde a principal corrente de ar da tempestade ocorreu. As pedras analisadas também indicaram crescimento úmido substancial, que ocorre na parte inferior das zonas de formação de granizo dentro das tempestades, sugerindo que a corrente de ar deve ter sido particularmente forte para que esses objetos ficassem tão grandes.
Perigo!
Granizos podem ser bonitos, mas também são extremamente perigosos. Qualquer coisa do tamanho de uma moeda já pode amassar um carro, por exemplo. “Em alguns casos raros, granizos de 15 cm já passaram por telhados e vários andares nas casas”, contou Kumjian.
Os cientistas propuseram a classificação oficial de “gigantescas” para pedras maiores do que 15 centímetros, a fim de chamar a atenção para seu potencial prejudicial. Essas pedras podem danificar propriedades e agriculturas, e eventualmente até causar lesões e morte.
Uma das ideias da equipe era ajudar a mitigar os impactos desse tipo de ocorrência natural, antecipando-o. Infelizmente, os achados da pesquisa não revelaram nenhum sinal de alerta que indicasse uma tempestade de granizo perigosa.
Segundo os pesquisadores, essa “falta de indicações de um evento extremo” tanto no ambiente antes da tempestade, quanto nas previsões de modelos numéricos e nas imagens de radar destacam que precisamos de muito mais estudos nesta área.
Vai ficar pior…
Até agora, as pesquisas realizadas sobre tempestades de granizo sugerem que algumas regiões irão ver um aumento na incidência desses eventos no futuro, enquanto outras podem ver uma diminuição.
Além disso, com o clima ficando mais extremo e as temperaturas globais subindo, provavelmente haverá uma mudança de pedras pequenas para grandes.
Segundo a meteorologista Rachel Gutierrez, voluntários podem ajudar os cientistas a entender melhor a dinâmica e os riscos das pedras de granizo gigantescas ao documentar essas tempestades, incluindo horário e localidade da queda e peso, e compartilhar essas informações.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Bulletin of the American Meteorological Society. [ScienceAlert, Phys].
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