Micos e onças ganham estrada particular em área ameaçada na Mata Atlântica.
Um jovem mico-leão-dourado agarra-se a um galho de árvore.
FOTO DE STUART PIMM
Às vezes os animais precisam apenas de espaço, particularmente se estiverem ameaçados ou em perigo. E dar espaço aos animais é exatamente o que pretender um novo corredor para a vida selvagem na Mata Atlântica brasileira.
“Este corredor está ajudando a curar uma ferida na floresta, no local com o maior número de espécies ameaçadas”, diz Stuart Pimm. Pimm tem uma longa lista de credenciais de conservação: ele é o presidente da Duke University, do SavingSpeciese explorador da National Geographic.
Uma nova ponte terrestre permitirá que as espécies saiam da agora isolada Reserva Biológica União, a apenas 150 quilômetros a nordeste do Rio de Janeiro. São alguns dos únicos remanescentes intactos de Mata Atlântica, uma área duas vezes maior que o estado americano do Texas, que abraça a costa brasileira. Hoje, mais de 85% desse bioma foi destruído.
A reserva abriga espécies em extinção e ameaçadas, e é o habitat do famoso mico-leão-dourado, quase levado à extinção.
Por meio de programas de reprodução e reintrodução em cativeiro, os ambientalistas conseguiram aumentar lentamente a população de micos. Mas, “se você quiser salvar uma espécie da extinção, você tem que ter um lugar para realocá-la”, acrescenta Pimm.
Acordo essencial
Nos últimos 10 anos, Pimm e sua equipe vêm negociando um acordo sobre as terras brasileiras. Eles primeiro tiveram que convencer uma empresa brasileira de construção de estradas a deixá-los construir uma ponte sobre uma rodovia importante. Depois, eles precisavam que aquela ponte levasse a algo.
“Se tivesse sido apenas uma ponte, teria sido uma ponte para lugar nenhum”, diz ele.
Depois que a ponte foi garantida, eles tiveram que esperar pelos proprietários do rancho ao norte da reserva venderem sua propriedade. Uma vez que o rancho entrou no mercado, eles prontamente o compraram. Agora, planejam reflorestar a região com a flora nativa.
O acordo foi anunciado nesta segunda-feira (09/04), após a finalização das negociações entre as várias partes interessadas. A Associação Mico-Leão-Dourado do Brasil e a SavingSpecies, sediada nos EUA, lideraram o projeto com uma doação da DOB Ecology, na Holanda.
O projeto custou vários milhões (exatamente o quanto, não pôde ser divulgado), mas os grupos ambientalistas de apoio ainda veem isso como uma maneira relativamente barata de garantir que as espécies não sejam extintas e os habitats cruciais permaneçam saudáveis.
Por que corredores?
Corredores de vida selvagem já foram uma prática de conservação controversa por aqueles que alegaram expor animais a poluentes e batidas de carro. Mas, nas últimas duas décadas, eles se tornaram mais populares. Em 2006, um estudo publicou dados mostrando que as regiões conectadas por esses corredores tiveram espécies mais abundantes e diversificadas.
Quando as reservas naturais estão isoladas, as espécies dentro delas são isoladas de outros membros de sua população. Com o tempo, isso pode levar à endogamia, menor diversidade genética e, eventualmente, a extinção.
No Brasil, as florestas foram dizimadas por uma série de questões, como a exploração madeireira, agricultura e pastoreio de gado.
Enquanto Pimm diz que o projeto do corredor brasileiro é um dos mais ambiciosos de sua organização, eles ainda estão pressionando por outros corredores como este em todo o mundo.
Eles usam um software acessível em biodiversitymapping.org para ver em quais regiões, como Pimm informa, “nós podemos ter maior retorno pelo nosso investimento”.
Fonte: National Geographic
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