sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Utqiaġvik, o povoado que só voltará a ver a luz do sol em 23 de janeiro.

Os pouco mais de 4 mil moradores de Utqiaġvik vão passar cerca de dois meses sem ver o sol
Os moradores de Utqiaġvik vão passar os próximos dois meses quase totalmente na escuridão.
Os habitantes desta pequena cidade no Alasca – o Estado dos Estados Unidos mais ao norte – já estão acostumados a longas noites sem ver a luz do dia.
No domingo, seus pouco mais de 4 mil habitantes viram o último pôr do sol do ano.
A próxima oportunidade para ver a luz do dia será no dia 23 de janeiro de 2019, às 13h04 (horário local).

A noite polar

Utqiaġvik – conhecida antigamente como Barrow – não é a única cidade no Alasca privada de iluminação solar por longos períodos como este.
O norte do Alasca está localizado no Círculo Polar Ártico, que circunda a gélida região polar do Ártico.
O fenômeno conhecido como noite polar se refere a regiões que passam mais de 24 horas sem ver a luz do sol
De maneira que outros pequenos povoados como Kaktovik, Point Hope e Anaktuvuk Pass tampouco veem a luz do sol por um longo período.
O fenômeno da penumbra prolongada é conhecido como noite polar e é comum em regiões localizadas dentro dos círculos polares, que passam mais de 24 horas sem sol.
No caso de Utqiaġvik, serão muito mais de 24 horas – as pessoas vão passar 65 dias no escuro.
O fenômeno acontece ano após ano e Utqiaġvik é o primeiro lugar do Alasca a ser afetado, por sua localização extrema ao norte.
A cidade é o lar da população indígena Iñupiac e abriga várias estações de pesquisa climática.

80 dias de sol

Segundo o site Weather.com, “a partir de meados de novembro até o fim de janeiro, o sol não nasce ao norte do Círculo Ártico, devido à inclinação da Terra longe da luz solar direta”.
Localizada 530 km acima da linha que delimita o Círculo Ártico, Utqiaġvik não ficará, no entanto, mergulhada na escuridão total nos próximos dois meses.
Após 65 dias no crepúsculo, o povo de Utqiaġvik pode desfrutar de 80 dias sem pôr do sol, quando começar o verão
Um fenômeno chamado crepúsculo civil – que ocorre quando o sol está a 6 graus abaixo da linha do horizonte e cria uma pequena iluminação – permitirá que haja um pouco de luz.
O crepúsculo civil dura seis horas por noite, mas diminuirá para três horas por noite no fim de dezembro.
Embora o cenário pareça assustador, muitos destacam uma vantagem que a maioria dos lugares no mundo não tem: quando o verão chega a esta pequena cidade no Alasca, seus habitantes podem desfrutar de 80 dias seguidos sem pôr do sol.
Fonte: BBC

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Brasil desiste de sediar Conferência do Clima em 2019.

Última Conferência do Clima foi realizada em Bonn, na Alemanha, onde a UNFCC está baseada
Único candidato para sediar a 25° Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-25), em 2019, o Brasil desistiu de ser o país anfitrião. O governo brasileiro alegou restrições orçamentárias ao comunicar a retirada da candidatura à UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).
“Tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro viu-se obrigado a retirar sua oferta de sediar a COP-25”, diz  comunicado do Itamaraty enviado às Nações Unidas nesta terça-feira (27/11).
Há pouco mais de um mês, o Itamaraty comemorava a candidatura do Brasil como sede da COP-25, destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, destacando o “o papel de liderança mundial do país em temas de desenvolvimento sustentável, em especial no que se refere à mudança do clima”.
Para o Observatório do Clima, coalização da sociedade civil formada por mais de 20 organizações, o motivo principal é a transição para o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro.
“O novo governo já deu todas as indicações de que não vai levar adiante como prioridade aquilo que é o maior desafio do século 21: combater as mudanças climáticas”, criticou Carlos Rittl, secretário-executivo do observatório.
Em entrevista à DW Brasil, Rittl lamentou o abandono do protagonismo internacional do Brasil. “Se tinha uma única área em que o país se destacava, era meio ambiente e mudanças climáticas. Vemos um governo – que nem assumiu ainda – já abrindo mão desse papel e tentando desmontar tudo o que foi construído.”
A UNFCCC, que organiza as conferências do clima e coordena as negociações internacionais para conter o avanço das mudanças climáticas, foi criada na Rio 92, encontro sediado pelo Brasil. Vinte anos depois do evento histórico, em que 179 países concordaram em levar mais a sério os problemas ambientais globais, o Rio de Janeiro recebeu a Rio+20, que elaborou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Para o Greenpeace, a retirada da candidatura demonstra que o próximo governo “vira as costas” para as mudanças climáticas, o que significa “virar as costas para as populações mais pobres”.
“São elas que sentirão primeiro os efeitos de um planeta mais quente, com consequências graves como a escassez de água e dificuldades para a produção de alimentos”, comenta a organização.
Fontes ligadas à administração federal disseram que a desistência provocou reações diferentes em Brasília. De um lado, teria livrado o país de uma “saia justa”, já que a organização de uma COP, em que circulam mais de 20 mil pessoas, requer tempo.
Por outro lado, a desistência aumentou as críticas e a preocupação quanto ao cumprimento das metas nacionais assumidas no Acordo de Paris para redução dos gases de efeito estufa, principais causadores das mudanças climáticas.
Entre as principais metas estão o corte de emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030 com base nos níveis de 2005, além do fim do desmatamento ilegal até 2020. A destruição da Floresta Amazônica, uma das maiores fontes de gases do efeito estufa do país, voltou a subir e atingiu em 2018 o patamar mais alto da última década, com uma área de 7.900 km2 de devastação.
A candidatura do Brasil como anfitrião da COP em 2019 fora anunciada por Sarney Filho, então ministro de Meio Ambiente, na última Conferência do Clima, realizada em Bonn, na Alemanha no ano passado. À época, os comentários nos bastidores eram de que a proposta não havia sido negociada entre os ministérios e que chegou a pegar alguns setores de surpresa.
Segundo a prática da UNFCCC, as sedes das COPs se alternam numa rotação de regiões do globo. Depois da Polônia, onde a COP-24 se inicia no próximo dia 2 de dezembro, na cidade de Katowice, caberia a um país da América Latina e do Caribe sediar o próximo fórum.
O imbróglio terá agora que ser resolvido pelo Grupo de Países Latino-americanos e Caribenhos (Grulac), que havia endossado a candidatura do Brasil junto à UNFCCC. Por enquanto, a sede da COP em 2019 está indefinida.
O presidente em exercício do Grulac, o senador argentino Rodolfo Urtubey, disse que ficou decepcionado com a reviravolta. Para ele, é muito estranho que o Brasil tenha mudado de ideia menos de dois meses após o grupo ter comunicado oficialmente à UNFCCC a intenção do país de sediar o evento.
Urtubey vai procurar a União Interparlamentar (UIP), a qual integra, para encontrar uma saída para o impasse. A organização internacional trabalha em estreita colaboração com a ONU.
“Acho que a discussão de mudanças climáticas deve acontecer numa nação em desenvolvimento. A agenda de desenvolvimento não é incompatível com a luta contra as mudanças climáticas. Ainda queremos que a COP seja sediada na América Latina ou Caribe para mostrar que também temos esse compromisso com o desenvolvimento sustentável”, disse à DW Brasil.
O senador argentino, no entanto, evitou relacionar a desistência do Brasil com a ascensão de Bolsonaro à Presidência da República. “Eu gostaria de pensar que não foi uma decisão por influência de Bolsonaro. É estranho. Mas não podemos julgar ainda a situação”, declarou.
Fonte: Deutsche Welle

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Mundo se distancia da meta climática.

Aquecimento provavelmente atingirá 3,2°C até o final do século, diz ONU
Detalhando o abismo entre a real situação das emissões de CO2 e aquela que seria desejável, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou nesta terça-feira (27/11) seu relatório anual sobre a emissão de gases de efeito estufa, antes da cúpula climática COP24 na próxima semana na Polônia.
O relatório concluiu que os atuais compromissos assumidos pelos países no Acordo de Paris estão aquém do necessário para manter o aquecimento global abaixo de 2°C. O lapso entre a real situação da proteção climática e aquela que realmente precisa-se alcançar é conhecido como o hiato de emissões.
O Pnuma adverte que, se não for fechado o hiato de emissões até 2030, a possibilidade de limitar o aquecimento a um máximo de 2° Celsius será inacessível. O relatório também levanta preocupações sobre a minguante probabilidade de alcançar o teto de aquecimento de 1,5°C, muito mais desejável.
Se as tendências atuais continuarem como estão, o aquecimento provavelmente atingirá 3,2°C até o final do século, de acordo com os autores do relatório.
“Se o estudo do IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] representou um alarme global de incêndio, este relatório é a investigação incendiária”, diz em comunicado Joyce Msuya, vice-diretora-executiva do Pnuma. “Estamos alimentando este fogo enquanto os meios para extingui-lo estão ao nosso alcance.”
O relatório também destaca como as emissões de CO2 aumentaram em 2017 após uma redução de três anos, refreando o otimismo de que as emissões globais possam estar chegando ao máximo.
Segundo a equipe internacional de cientistas que preparou a avaliação, limitar o aquecimento a 2°C exigiria triplicar os compromissos nacionais assumidos no Acordo de Paris. Isso se destina apenas a atingir a meta de 2°C. Para manter o aquecimento global a 1,5°C, os esforços precisariam ser quintuplicados.
Philip Drost, coordenador do comitê de orientação do relatório, aponta Costa Rica, Suécia e Marrocos como os países “incrivelmente ambiciosos” quando se trata de seus objetivos e esforços.
Ele explica ainda que alguns países que vão além de seus compromissos podem não ter estabelecido metas suficientemente ambiciosas, deixando espaço para melhorias.
“Nem tudo são más notícias”, afirma Drost à DW, apontando para a inovação em torno da proteção climática e formas concretas de os países melhorarem seu desempenho. “Todo mundo é capaz de encontrar algo em que podem melhorar.”
As áreas sugeridas, onde esse hiato pode ser fechado, incluem o desenvolvimento de energias renováveis, eletrodomésticos e carros energeticamente eficientes e a reversão do desmatamento.
“O relatório mostra que os países têm poucas desculpas”, diz Jan Burck, do grupo ambiental alemão Germanwatch, que não participou do estudo. “As energias renováveis são muito baratas, a proteção climática traz fortes cobenefícios – como o ar mais limpo – e as vantagens para o desenvolvimento sustentável são evidentes.”
Ele acrescentou que uma rápida e completa eliminação do carvão seria decisiva para fechar o hiato.
A política fiscal – especialmente a precificação de carbono – também foi um dos principais focos do relatório.
Brigitte Knopf, secretária-geral do Mercator Research Institute e um dos 20 autores do relatório, diz que o “hiato político” deve ser abordado. “Eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e estabelecer um preço nas emissões de carbono seriam fundamentais para fechar essa lacuna e cumprir o Acordo de Paris”, disse Knopf em comunicado.
Tecnologias inovadoras também foram consideradas cruciais: o Pnuma apontou para um “impulso crescente do setor privado” como um ponto de otimismo.
Segundo o relatório, é tecnicamente possível preencher o hiato de emissões, o que implica que a verdadeira questão é se há vontade política e econômica para realizar as mudanças necessárias.
“Vontade política – no final, essa sempre é a questão”, diz Drost. “É realmente difícil prever o que esta COP trará.”
Embora o relatório tenha a intenção de influenciar a COP24 na próxima semana e disponibilizar muitas soluções, ainda não se sabe se tal alerta causará verdadeiras mudanças políticas entre as nações.
Fonte: Deutsche Welle

terça-feira, 27 de novembro de 2018

As baleias, estrelas do ecoturismo na Islândia, escapam da caça.

Durante muito tempo, as baleias na Islândia tradicionalmente acabavam nos pratos em forma de filés. Mas os tempos mudaram, e com a peregrinação de turistas a esta ilha no Atlântico Norte, esses animais se tornaram estrelas do ecoturismo.

“Uma baleia Minke no fundo à direita, a cerca de 200 metros!”, gritou Alberto Alejandro, um guia espanhol da companhia Elding, cujo barco navega ao longo da costa da capital, Reykjavík.
O aparecimento do cetáceo é rápido e furtivo, e só se vê a barbatana caudal, mas esses poucos segundos são suficientes para tirar o fôlego dos 60 turistas a bordo da embarcação, que suspiram em coro.
“Esta é uma das coisas que queríamos fazer de qualquer jeito em nossa primeira visita aqui”, disse Joachim Holm, um visitante sueco. “Temos poucas chances de ver baleias vivas”, acrescentou.
Em um momento em que grupos ambientalistas e alguns cientistas lutam contra a caça destes animais, a presença dos turistas também não é inócua, e perturba estes mamíferos marinhos.
Mas no fim das contas, é preferível que os animais estejam vivos a que terminem esfolados, segundo os defensores do meio ambiente.
Em Húsavík, no norte do país, e também na baía de Faxaflói, perto de Reykjavík, mais de 355 mil pessoas foram observar baleias em 2016, na esperança de vislumbrar os animais no Atlântico Norte.
Isto representa um aumento de 30% em relação a 2015, e quadruplica o número de dez anos atrás.
– Tradição versus turismo verde –
Na baía de Faxaflói também ocorre a pesca da baleia Minke, cuja população estável nas águas islandesas é estimada em cerca de 32.000 exemplares, segundo dados do governo.
Ao contrário da pesca da baleia-comum, suspensa após a falta de interesse comercial do Japão, a caça da baleia Minke persiste na Islândia, que é um dos dois únicos países do mundo, junto com a Noruega, que ignora a moratória sobre a pesca comercial destes cetáceos, que data de 1986.
Alessandro Rosa, um turista italiano, disse que respeita “as tradições” da Islândia, onde a pesca de baleias é registrada desde o século XIII. Mas “nunca comi carne de baleia e não tenho intenção de fazer isso”, assegurou.
Os próprios islandeses consomem pouca carne de baleia, e se a pesca continua é sobretudo para satisfazer a demanda dos turistas. No ano passado, o país recebeu 1,8 milhão de visitantes, e deve receber mais de dois milhões neste ano.
Há vários anos, a Islândia está longe de explorar as cotas às que tem direito, devido, em grande parte, ao mau tempo.
A empresa IP-Utgerd Ltd, uma companhia especializada na caça da baleia Minke, abateu 17 mamíferos em 2017 (em comparação com 46 em 2016), muito abaixo do limite estabelecido, de 224.
– Baleia no cardápio –
Em Reikiavik, o restaurante Thrír Frakkar inclui carne de baleia em seu cardápio desde que abriu suas portas, em 1989. Os asiáticos são os clientes mais assíduos.
“Eles estão acostumados com a carne de baleia, é algo que está na sua cultura”, explicou o chef, Stefán Úlfarsson.
A americana Sarah Krieger disse que não tem nada contra este costume, defendendo uma gestão “responsável” das populações. “Os humanos estão no topo da cadeia alimentar”, argumentou.
Entre a caça e a observação, as baleias contribuem com cerca de 100 milhões de euros em rendimentos por ano no país, uma pequena ilha com cerca de 300.000 habitantes e um PIB de 20 bilhões de euros, segundo dados dos especialistas.
A caça continua sendo rentável e, segundo dados do setor, com cerca de 45 exemplares pescados a cada ano desde 2003, seu preço dobrou em uma década, passando a 2.500 coroas por quilo (20 euros, 24 dólares), mais que o frango ou o porco.
Mas os consumidores são cada vez mais escassos. Segundo pesquisas do Fundo Internacional para a Proteção dos Animais (IFAW), o consumo da carne de baleia caiu entre os turistas estrangeiros. Em 2016, só 12% afirmaram ter comido, em comparação com 40% em 2009, segundo esta ONG.
O responsável da filial islandesa da IFAW, Sigursteinn Másson, disse estar convencido de que a caça de baleias vive suas últimas horas, devido à mudança de mentalidade da população.
Fonte: AFP

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Índios propõem criação de gigantesco “corredor da vida” na Amazônia.

DESMATAMENTO ACOMPANHA O CURSO DAS ESTRADAS NA AMAZÔNIA. (FOTO: NASA)
Um corredor de 200 milhões de hectares, conectando os Oceanos Atlântico e Pacífico com florestas, vida selvagem e os povos que vivem e dependem da floresta amazônica para viver. A ideia não é nova, e já vinha sendo articulada pela Colômbia, que, segundo noticiou o the Guardian, planejava apresentar com apoio do Equador na conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que acontece no início de dezembro em Katowice, na Polônia.
O Triplo A (Andes, Amazonas e Atlântico) chegou a fazer os olhos de muitos ambientalistas brilharem, mas perdeu força desde uma eleição em junho na qual o populista direitista Iván Duque assumiu o poder. A ideia também encontra ferrenha resistência de Jair Bolsonaro.
Em entrevista coletiva, o presidente eleito condicionou a permanência do Brasil no Acordo Climático de Paris à garantia de que o Triplo A não fizesse parte dele, embora nunca tenha feito. “136 milhões de hectares de terra e os rios Solimões e Amazonas não estariam em nossa jurisdição porque seriam considerados essenciais para a sobrevivência da humanidade”, afirmou. “Então, eu te pergunto, com esse acordo de Paris, nós correríamos o risco de desistir da Amazônia?”
A proposta da Colômbia, no entanto, não colocava em risco a soberania brasileira sobre a região. Apenas pregava a defesa da biodiversidade e o fim do desmatamento, por exemplo, o que seria visto como a grande contribuição da América do Sul para conter o avanço do aquecimento global e limitar os impactos das mudanças climáticas.
As chances de algo assim acontecer  são pequenas, principalmente pelo posicionamento dos governos conservadores, mas ganhou coro na última Conferência da ONU sobre biodiversidade, que aconteceu em meados de novembro no Egito, reportou o jornal The Guardian. Uma aliança indígena, que representa 500 culturas de nove países amazônicos, entrou na briga para a criação de um corredor  sagrado de vida e cultura”, que seria do tamanho do México.
“Nós viemos da floresta e nos preocupamos com o que está acontecendo”, disse Tuntiak Katan, vice-presidente do Coica (Coordenador da Organização Indígena da Bacia do Rio Amazonas). “Este espaço é o último grande santuário do mundo para a biodiversidade. Ele está lá, porque estamos lá. Diferente de outros lugares que foram destruídos.”
Ao contrário da versão colombiana, essa proposta colocaria limites à soberania do governo brasileiro sobre sua parcela da floresta amazônica, mas não em favor de interesses internacionais. Os favorecidos seriam os descendentes das populações que originariamente ocupam a região.
A organização não reconhece as fronteiras nacionais, que foram estabelecidas pelos governos coloniais e seus descendentes sem o consentimento dos povos indígenas que viveram na Amazônia por milênios. Katan disse que o grupo estava disposto a conversar com qualquer pessoa que estivesse pronta para proteger não apenas a biodiversidade, mas os direitos territoriais das comunidades florestais.
Os líderes do Coica disseram que iriam avançar com o plano, independentemente da situação política em mudança. Eles estão buscando representação no nível do governo na Convenção da ONU sobre Biodiversidade e querem se aliar com grupos indígenas e ONGs de outros países. Mas seu poder político é fraco e muitos temem que possam ser atacados de forma mais violenta pelo agronegócio e grupos mineradores diante da vista grossa dos governos.
Katan disse que o diálogo era o melhor caminho a seguir, mas algumas comunidades já estavam se preparando para defender suas terras com suas vidas. “Nós sabemos que os governos vão tentar passar por cima de nossas cabeças. Precisamos de uma estratégia defensiva, uma estratégia de comunicação. Isso não é novidade para nós. Nós enfrentamos desafios há centenas de anos ”.
Fonte: Revista Galileu

domingo, 25 de novembro de 2018

Descoberto no Brasil dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo.

Ilustração mostra como seria o “Macrocollum itaquii”
Pesquisadores brasileiros apresentaram uma nova espécie de dinossauro descoberta no Brasil em estudo publicado na revista científica britânica Biology Letters nesta quarta-feira (21/11). O animal, que recebeu o nome de Macrocollum itaquii, seria o dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo.
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de São Paulo (USP) escavaram três esqueletos fossilizados em rochas triássicas do município de Agudo, no Rio Grande do Sul. Trata-se também da primeira descoberta de esqueletos completos de dinossauros no Brasil, segundo nota divulgada pela UFSM.
Com cerca de 3,5 metros de comprimento, o Macrocollum itaquii possui um pescoço bastante longo – uma das principais características do grupo de dinossauros gigantes pescoçudos, os saurópodes, como o braquiossauro e o apatossauro.
As rochas de onde os esqueletos foram escavados têm cerca de 225 milhões de anos, o que faz com que o Macrocollum itaquii seja considerado o dinossauro mais antigo de pescoço longo já descoberto.
Cientificamente, a descoberta preenche uma lacuna no registo fóssil de dinossauros, pois há diversos esqueletos de períodos mais antigos e mais recentes, mas aqueles com aproximadamente 225 milhões de anos são bastante raros. Trata-se de um período importante para a história evolutiva dos dinossauros, pois antecede ao período em que eles se tornaram dominantes em quase todo o planeta.
Arqueólogos descobriram e iniciaram a escavação dos esqueletos do dinossauro “Macrocollum itaquii” em 2013
A dentição do Macrocollum itaquii indica que ele se alimentava de plantas. Acredita-se que o pescoço longo lhe tenha permitido chegar a vegetações mais altas que as alcançadas por outros animais e que isso tenha sido o que garantiu o sucesso do grupo dos sauropodomorfos – do qual o Macrocollum itaquii faz parte – durante a Era Mesozoica.
Com base em fósseis de outros animais desse grupo no Rio Grande do Sul, mas de diferentes idades, os pesquisadores concluíram que durante um intervalo de 8 milhões de anos, a dieta herbívora foi aprimorada, os sauropodomorfos cresceram significativamente e o pescoço se tornou proporcionalmente duas vezes mais longo.
O nome “Macrocollum” significa pescoço longo, e “itaquii” é uma homenagem a José Jerundino Machado Itaqui, que foi um dos principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa/UFSM), onde os fósseis do dinossauro estão depositados.
Fóssil do “Macrocollum itaquii”, descoberto no Rio Grande do Sul 
Os esqueletos foram coletados no início de 2013 e passaram por um cuidadoso processo de extração da rocha em que seus restos foram preservados. Os fósseis serão mantidos no Cappa, em São João do Polêsine, onde poderão ser visitados.

Fonte: Deutsche Welle

Cientistas descobrem nova população de ursos polares.

NOVA POPULAÇÃO DE URSOS POLARES É DESCOBERTA NO MAR DE CHUKCHI (FOTO: PIXABAY)
Não é de hoje que as mudanças climáticas preocupam os cientistas. Mas, em meio à tanta tragédia, ainda há uma esperança: biólogos do Centro de Ciências Polares da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram uma nova população de ursos polares (Ursos Maritimus) ainda não estudada, no Mar de Chukchi, entre o Alasca e a Rússia. Os resultados foram publicados na revista científicaScientific Reports.
O mar de Chukchi é, de acordo com estudos anteriores, abundante em vida selvagem, incluindo focas, que são boas refeições para os ursos. “A maior parte do mar de Chukchi é rasa, com águas ricas em nutrientes vindas do Pacífico”, disse disse o biólogo e um dos responsáveis pelo estudo, Eric Rogehr. “Isso se traduz em alta produtividade biológica.”
A descoberta é resultado de uma década de pesquisas. “Ele nos dá uma primeira estimativa da abundância e da situação da subpopulação do Mar Chukchi”, afirma Rogehr. Mas, apesar de ser uma excelente notícia, os pesquisadores ressaltam que os animais não estão isentos das ameaças. “A perda de gelo marinho, resultante das mudanças climáticas, continuam sendo a principal ameaça à espécie.”
Entre 2008 e 2016, os ursos de Chukchi mantiveram uma população bastante saudável. No entanto, se compararmos o período com 25 anos atrás, eles estão passando cerca de um mês a menos em gelo do mar. O habitat é onde os ursos polares costumam caçar, se reproduzir e até mesmo migrar.
Existem 19 subpopulações de ursos polares no mundo inteiro. Eles estão oficalmente listados como vulneráveis na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Estima-se que 26 mil ursos polares estejam nessas condições, sendo que algumas subpopulações estão diminuindo mais rápido do que outras. Uma dessas subpopulações afetadas pelas mudanças climáticas são os Beaufort, que perambulam entre os Estados Unidos e o Canadá, e estão ficando sem gelo em seu habitat natural.
O fato de os ursos passarem menos tempo no gelo é motivo de preocupação. Pesquisas recentes da NASA descobriram que mais da metade do gelo permanente do Ártico foi perdido desde 1958.
Os pesquisadores conseguem identificar 60 ursos polares anualmente, alguns inclusive com dispositivos de GPS. De acordo com o estudo, a subpopulação contava com pouco menos de 3 mil animais que tinham boas taxas de sobrevivência reprodutiva.
Fonte: Revista Galileu

sábado, 24 de novembro de 2018

Ibama aplica multa de R$ 450 mil por desmatamento em terra indígena no centro-oeste de MS.

O Ibama identificou desmatamento de 90 hectares de Cerradão na Terra Indígena (TI) Taunay-Ipégue, em Aquidauana (MS), durante operação realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). Agentes ambientais embargaram a área de especial preservação, que integra o bioma Pantanal, e aplicaram multa de R$ 450 mil (R$ 5 mil por hectare) ao proprietário rural responsável pelo desmate.
Em 5 de outubro de 2017, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico do Mato Grossso do Sul havia emitido a Autorização Ambiental para Supressão Vegetal n˚ 760/2017, que permitia o desmatamento de 573,21 hectares. Deveriam ser áreas privadas, mas 90 hectares estão dentro da TI.
Com cerca de 33,9 mil hectares no município de Aquidauana (MS), a Terra Indígena Taunay-Ipégue foi declarada posse permanente da etnia Terena pela Portaria n.º 497/2016 do Ministério da Justiça.
A Portaria Interministerial nº 60 de 24/03/2015 define como Terra Indígena as áreas ocupadas por povos indígenas, cujo relatório circunstanciado de identificação e delimitação tenha sido aprovado por ato da Fundação Nacional do Índio (Funai), publicado no Diário Oficial da União.
Fonte: Ibama

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Ibama impede captura diária de até 64 mil aves em rota migratória no sertão da PB.

Foto: Ibama
Operação de combate à caça e ao tráfico de arribaçãs (Zenaida auriculata) iniciada pelo Ibama no fim de setembro impediu a captura diária de pelo menos 64 mil aves em rota migratória no sertão da Paraíba. Agentes ambientais apreenderam e incineraram 16.130 armadilhas, cada uma com capacidade para aprisionar 4 pássaros por dia.
As multas aplicadas durante a Operação Migratorius II totalizam R$ 96,5 mil. Trinta e duas aves silvestres recolhidas com vida pela equipe de fiscalização foram devolvidas à natureza.
As operações de fiscalização na região foram intensificadas para evitar a matança de espécies e assegurar o ciclo reprodutivo.
A arribaçã é uma ave migratória de dorso pardo, com duas faixas negras nas laterais da cabeça e manchas nas asas. Nesta época do ano, a espécie faz ninhos diretamente no solo da caatinga, em áreas chamadas de pombais, que chegam a ter 12 km² de extensão, com 3 a 4 ninhos por km². Este hábito torna a arribaçã uma presa fácil para caçadores.
Fonte: Ibama

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Agronegócio segue como maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil.

(FOTO: CREATIVE COMMONS / AMISSPHOTOS)
atualização dos dados sobre a participação brasileira no aquecimento global, divulgado na manhã desta quarta-feira (21 de novembro) pelo Observatório do Clima, traz boas e más notícias. Como dado positivo, reduzimos nossas emissões de gases de efeito estufa, que caíram 2,3% em 2017 em comparação ao ano anterior.
Foram 2,071 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), uma conta que converte todos os gases e seu potencial de aquecimento no equivalente em CO2, que foram parar na atmosfera, contra 2,119 bilhões de toneladas emitidos em 2016, revelaram os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Essa redução de 49 bilhões foi puxada principalmente pela redução da taxa de destruição da Amazônia, que caiu em 12%. Isso fez as emissões por mudança de uso da terra, setor que responde por quase metade do total nacional de gases-estufa, recuarem 5,5% em 2017.
A situação geral, porém, não mudou muito. O desmatamento continua sendo o principal responsável por nossas emissões de gases poluentes. Embora tenha caído na Amazônia, aumentou quase 11% no no Cerrado no mesmo período. Mudanças no uso da terra contribuíram com 46% das emissões nacionais. Isso faz com que um habitante dos estados de Mato Grosso e Rondônia tenham emissões até nove vezes mais que a média global.
Ao realizar a avaliação por atividade econômica, é a agropecuária a grande responsável pela liberação de gases poluentes. Se o Brasil é hoje o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, o agronegócio brasileiro sozinho seria o oitavo maior emissor do mundo: em números, essa atividade econômica representa 71% de todas as emissões, contra 72% do ano passado.
Em 2017, as emissões diretas do setor caíram principalmente por conta do acentuado abate de animais devido aos baixos preços. A lenta saída da recessão aumentou o consumo de carne e o número de bois mais jovens nos pastos, o que reduz as emissões de metano.
O rebanho bovino brasileiro diminuiu 1,5% em 2017 na comparação com o ano anterior, enquanto houve aumento de 4% nos abates e 7% nas exportações de carne. No ano de 2016, o inverso ocorreu: a crise reduziu o consumo e aumentou o número de animais mais velhos, que emitem mais gases poluentes com flatulência e excrementos.
(Foto: Flickr/ stanze)
Quase todos os outros setores da economia tiveram aumento nas emissões em 2017, ano em que o Brasil começou a sair da pior recessão de sua história. A elevação mais expressiva (4%) foi no setor de processos industriais, que saiu de 95,6 milhões de toneladas de COe para 99 milhões de toneladas CO2e. Já o setor de energia representou a emissão de 431 milhões de toneladas CO2e.
Pela primeira vez no Brasil, o SEEG fez uma estimativa de emissões alocadas por município. O cálculo foi realizado para todos os 646 municípios do estado de São Paulo, cobrindo o período de 2007 a 2015, e revelou que o município de Alumínio, por exemplo, emite por pessoa 71 toneladas de CO2 por ano, sete vezes mais do que a média do Brasil e dez vezes mais do que a média mundial. O aluminense médio causa mais aquecimento global do que um cidadão do Catar, o país com maior emissão per capita do mundo.
No outro extremo estão os moradores de Francisco Morato e Rio Grande da Serra, que emitem menos do que os habitantes dos países mais pobres do mundo: 700 quilos por ano. O município de São Paulo é disparado o maior emissor, com 20 milhões de toneladas CO2e em 2015, número maior do que de diferentes estados, como Piauí e Paraíba. Já as emissões per capita são relativamente baixa (2 toneladas CO2e por habitante) por conta da grande  concentração populacional na cidade.
Fonte: Revista Galileu

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Pesquisadores encontram 80 sacolas plásticas em estômago de baleia morta na Tailândia.

Direito de imagemAFP/THAIWHALES
Animal ingeriu cerca de oito quilos de plástico – depois, não conseguiu mais se alimentar
Uma baleia-piloto morreu no sul da Tailândia depois de engolir 80 sacolas plásticas, segundo autoridades do país.
A baleia chegou a vomitar cinco sacolas durante uma tentativa de salvamento realizada por funcionários de conservação em um canal da província de Songkhla.
As 80 sacolas pesavam cerca de oito quilos. Elas impediram que a baleia conseguisse se alimentar de outras formas, segundo a marinha tailandesa.
A morte da baleia é mais um sintoma do crescimento da poluição nos oceanos. Um relatório sobre o futuro dos mares, divulgado recentemente pelo governo do Reino Unido, alertou que a quantidade de plástico no mar pode triplicar em uma década, a menos que o lixo seja contido.
A Tailândia é um dos maiores usuários de sacolas plásticas no mundo. No mês passado, o governo do país anunciou que está estudando criar uma taxa para tentar conter o uso do material.
Acredita-se que o plástico seja responsável por milhares mortes de animais todos os anos.
A pequena baleia-piloto, um macho, foi descoberta no Canal Na Thap na última segunda-feira. Ela estava doente e praticamente incapaz de se mexer.
Autoridades ambientais da Tailândia usaram barcos para tentar ajudar a baleia a voltar ao mar. Um guarda-sol também foi utilizado para protegê-la. Mas as tentativas não deram certo e o animal marinho acabou morrendo.
O biólogo marinho Thon Thamrongnawasawat disse à agência de notícias France Press que as sacolas teriam impedido a baleia de comer alimentos nutritivos.
“Se você tem 80 sacolas plásticas no estômago, você acaba morrendo”, disse ele.
Fonte: BBC