quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Agronegócio segue como maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil.

(FOTO: CREATIVE COMMONS / AMISSPHOTOS)
atualização dos dados sobre a participação brasileira no aquecimento global, divulgado na manhã desta quarta-feira (21 de novembro) pelo Observatório do Clima, traz boas e más notícias. Como dado positivo, reduzimos nossas emissões de gases de efeito estufa, que caíram 2,3% em 2017 em comparação ao ano anterior.
Foram 2,071 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), uma conta que converte todos os gases e seu potencial de aquecimento no equivalente em CO2, que foram parar na atmosfera, contra 2,119 bilhões de toneladas emitidos em 2016, revelaram os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Essa redução de 49 bilhões foi puxada principalmente pela redução da taxa de destruição da Amazônia, que caiu em 12%. Isso fez as emissões por mudança de uso da terra, setor que responde por quase metade do total nacional de gases-estufa, recuarem 5,5% em 2017.
A situação geral, porém, não mudou muito. O desmatamento continua sendo o principal responsável por nossas emissões de gases poluentes. Embora tenha caído na Amazônia, aumentou quase 11% no no Cerrado no mesmo período. Mudanças no uso da terra contribuíram com 46% das emissões nacionais. Isso faz com que um habitante dos estados de Mato Grosso e Rondônia tenham emissões até nove vezes mais que a média global.
Ao realizar a avaliação por atividade econômica, é a agropecuária a grande responsável pela liberação de gases poluentes. Se o Brasil é hoje o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, o agronegócio brasileiro sozinho seria o oitavo maior emissor do mundo: em números, essa atividade econômica representa 71% de todas as emissões, contra 72% do ano passado.
Em 2017, as emissões diretas do setor caíram principalmente por conta do acentuado abate de animais devido aos baixos preços. A lenta saída da recessão aumentou o consumo de carne e o número de bois mais jovens nos pastos, o que reduz as emissões de metano.
O rebanho bovino brasileiro diminuiu 1,5% em 2017 na comparação com o ano anterior, enquanto houve aumento de 4% nos abates e 7% nas exportações de carne. No ano de 2016, o inverso ocorreu: a crise reduziu o consumo e aumentou o número de animais mais velhos, que emitem mais gases poluentes com flatulência e excrementos.
(Foto: Flickr/ stanze)
Quase todos os outros setores da economia tiveram aumento nas emissões em 2017, ano em que o Brasil começou a sair da pior recessão de sua história. A elevação mais expressiva (4%) foi no setor de processos industriais, que saiu de 95,6 milhões de toneladas de COe para 99 milhões de toneladas CO2e. Já o setor de energia representou a emissão de 431 milhões de toneladas CO2e.
Pela primeira vez no Brasil, o SEEG fez uma estimativa de emissões alocadas por município. O cálculo foi realizado para todos os 646 municípios do estado de São Paulo, cobrindo o período de 2007 a 2015, e revelou que o município de Alumínio, por exemplo, emite por pessoa 71 toneladas de CO2 por ano, sete vezes mais do que a média do Brasil e dez vezes mais do que a média mundial. O aluminense médio causa mais aquecimento global do que um cidadão do Catar, o país com maior emissão per capita do mundo.
No outro extremo estão os moradores de Francisco Morato e Rio Grande da Serra, que emitem menos do que os habitantes dos países mais pobres do mundo: 700 quilos por ano. O município de São Paulo é disparado o maior emissor, com 20 milhões de toneladas CO2e em 2015, número maior do que de diferentes estados, como Piauí e Paraíba. Já as emissões per capita são relativamente baixa (2 toneladas CO2e por habitante) por conta da grande  concentração populacional na cidade.
Fonte: Revista Galileu

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