domingo, 7 de abril de 2019

Rússia mantém cem baleias e orcas em “cadeia”.

Há cerca de seis meses, quando 90 baleias belugas e 11 orcas foram capturadas em águas russas, a maior parte para ser enviada a aquários chineses, o fato chamou a atenção de celebridades e políticos.

Em um tweet, o ator Leonardo DiCaprio fez um apelo pela libertação dos animais marinhos, e o presidente russo, Vladimir Putin, pediu às autoridades que determinassem o destino deles até o início de março.
Um mês depois desse prazo, as baleias continuam no Centro de Adaptação para Animais Marinhos, no leste da Rússia, também conhecido como “cadeia de baleias”.
Os animais, que foram capturados ilegalmente no Mar de Okhotsk, estão no local desde que o procurador-geral da Rússia disse que as empresas que os capturaram não tinham permissão para exportá-los para a China.
Ambientalistas temem pela saúde dos animais, que estão confinados sob condições estressantes. Os profissionais dizem que a alimentação por humanos e os remédios para estimular o sistema imunológico podem dificultar a sobrevivência caso eles retornem ao habitat natural.
Com base em imagens da “cadeia”, um grupo internacional de cientistas concluiu que a saúde dos animais está piorando. Até agora, pelo menos três belugas e uma orca foram dadas como desaparecidas do local. O discurso oficial é de que elas escaparam, mas ambientalistas acreditam que elas possam ter morrido em cativeiro.
O Ministério russo de Recursos Naturais e Meio Ambiente (MNR) comunicou que os animais estão bem. “Queremos tranquilizar a todos que estão monitorando de perto a situação de que não há preocupações sobre as orcas na Baía de Srednaya”, afirmou.
O Instituto Russo de Pesquisas Pesqueiras e Oceanografia ( VNIRO) afirmou que está coordenando um grupo de especialistas para avaliar a saúde das baleias, mas que somente as mais aptas à sobrevivência serão libertadas.
No entanto, o especialista em mamíferos marinhos Grigory Tsidulko, consultor do Greenpeace Rússia, teme que a abordagem seja apenas uma fachada para ocultar interesses econômicos. “Todos os animais podem ser libertados se houver uma reabilitação adequada, mas há um grande conflito de interesses”, disse Tsidulko à DW. “O grupo que avalia a saúde dos animais foi ampliado após uma reunião com o Ministério de Recursos Naturais e incluiu representantes de alguns grandes oceanários russos”, acrescentou.
O VNIRO negou que haja qualquer conflito de interesses e assegurou que está conduzindo uma avaliação objetiva e imparcial dos animais..
Os animais detidos começarão a ser reabilitados quando as autoridades russas decidirem quais deles podem retornar à natureza. Assim que começar o período sem gelo na Rússia, em junho, os que forem julgados aptos serão levados de volta para o local onde foram caçados no ano passado. O MNR justifica que devolvê-los ao mesmo lugar facilitará o reencontro com membros da família.
Como uma orca macho pode pesar até 6 toneladas, o ministério afirmou que serão utilizadas embarcações capazes de transportar grandes cargas e que os mamíferos terão espaço suficiente durante a viagem de quatro ou cinco dias.
O que acontecerá aos animais considerados não aptos à liberação ainda é uma incógnita. Para Tsidulko, há chance de que eles acabem em aquários.
Fonte: Deutsche Welle

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