segunda-feira, 30 de março de 2020

Árvores da Amazônia são “cápsulas do tempo” da história humana: entenda.

Árvores da Amazônia são “cápsulas do tempo” da história humana: entenda (Foto: Victor Caetano Andrade/Trends in Plant Science)
Além da arte, dos documentos e das descobertas arqueológicas, outro fator pode nos dar pistas sobre o passado: as árvores. Em um artigo publicado recentemente no Trends in Plant Science, cientistas que estudaram espécies da Amazônia explicam como algumas plantas podem contribuir para o entendimento da história da humanidade. 
“À medida que as árvores crescem, elas absorvem detalhes sobre o ambiente em sua madeira, criando registos do ambiente ao longo do tempo”, disse o brasileiro Victor Caetano Andrade, que liderou a pesquisa, em comunicado. “Ao combinar técnicas como dendrocronologia (o estudo de anéis das árvores), análise de isótopos de carbono e oxigênio, e genética, podemos obter informações sobre o clima e os eventos mediados por humanos na floresta tropical.”
Mas demorou para os cientistas descobrirem o potencial histórico das florestas tropicais. Há muito considerados barreiras à migração humana e à experimentação agrícola, esses ecossistemas foram chamados até de “desertos verdes”. Felizmente, nas últimas duas décadas, análises em regiões como a Floresta Amazônica mudaram a visão dos especialistas sobre esses cantos do mundo.
“Surpreendentemente, a história negligenciou algumas das maiores e mais antigas testemunhas que as florestas tropicais têm a oferecer: suas árvores”, explicou Caetano Andrade. “Escavações arqueológicas e análises arqueobotânicas levaram a grandes avanços em nosso reconhecimento de vidas humanas passadas nos trópicos, mas as árvores que ainda estão de pé também têm algo a dizer.”
Segundo o especialista, quando as informações biológicas coletadas das árvores são combinadas com os registros arqueológicos e históricos das sociedades nativas da Amazônia, é possível avaliar o passado. Um exemplo disso é a observação de como comunidades indígenas ou invasores estrangeiros administraram a floresta local.
“Quando humanos do passado construíram habitações dentro da floresta, criaram seletivamente buracos no ‘teto da floresta’, permitindo a entrada de luz para cultivar suas espécies de plantas preferidas”, disse Caetano Andrade. “É assim que as sociedades nativas influenciaramm o estabelecimento de árvores em seus territórios.”
Um exemplo claro que pôde ser observado pelos pesquisadores ocorreu durante o período pré-colonial na Amazônia central, onde a população de árvore de castanha brasileira cresceu muito. No entanto, quando os colonos europeus invadiram os trópicos, os indígenas abandonaram a paisagem, levando as castanheiras a pararem de expandir sua população por quase 70 anos. “Isso demonstra como a floresta responde ativamente à ocupação humana ao longo do tempo”, afirmou o especialista.
Pesquisadores retiram amostra de tronco de árvore para análise (Foto: Victor Caetano Andrade/Trends in Plant Science)
Pesquisadores retiram amostra de tronco de árvore para análise (Foto: Victor Caetano Andrade/Trends in Plant Science)
Da mesma forma, analisar o que as sociedades optaram por cultivar também é interessante, já que entende-se que cada grupo promoveu o crescimento de árvores que considerou úteis para alimentação ou construção. “Parte da cultura dessas sociedades é como eles manejam a floresta dentro do ecossistema local”, explicou o Caetano Andrade. “Como as árvores podem viver por centenas de anos, elas registram todos os impactos que os seres humanos estão causando na comunidade florestal circundante.”
É justamente o foco no impacto humano que diferencia essa pesquisa de tantas outras, acreditam os estudiosos. “O trabalho avaliado aqui demonstra duas descobertas importantes: primeiro, que as sociedades humanas, de caçadores-coletores a moradores urbanos, tiveram um papel significativo no cultivo de árvores tropicais no passado; e segundo, que esse papel pode ser observado em árvores que ainda existem hoje”, pontuou Patrick Roberts, que também participou da pesquisa, em declaração à imprensa.
Conservação
A equipe espera que a sua pesquisa incentive a conservação das florestas tropicais, já que preservar esses ecossistemas também significa preservar registros históricos. Além disso, a equipe de Caetano Andrade acredita que suas descobertas mostram que é possível ter um sistema econômico bem-sucedido – sem esgotar os recursos naturais da Amazônia.
“É possível pensar em modelos econômicos que possam manter a floresta em pé”, ressaltou o brasileiro. “A prova é que isso acontece há milhares de anos antes das expansões coloniais, enquanto os povos nativos desenvolviam sistemas econômicos que mantinham e até enriqueciam a floresta. As populações tradicionais que vivem nas margens dos rios das florestas tropicais são os grandes heróis da preservação, pois conhecem a importância de manter a floresta em pé para garantir seu bem-estar.”
Fonte: Revista Galileu

O que é o ‘cisne verde’, que pode causar a próxima crise financeira mundial.

Ilustración de furacão de dólares em campo verde
Diferente de outras crises ‘passageiras’, as mudanças climáticas trazem um comprometimento diferente para o futuro
Quando o dinheiro estava correndo fartamente nos corredores de Wall Street e a festa parecia nunca acabar, poucos viram que uma crise financeira brutal estava a caminho. Seus efeitos profundos pelo mundo contam esta história até hoje.
Após a crise de 2008, a urgência em tentar antecipar crises como essa cresceu tanto quanto o medo da reincidência.
Foi nessa época que os economistas começaram a usar o termo “cisne negro” para se referir a eventos fora da curva e que têm um forte impacto negativo ou até catastrófico.
Na semana passada, o Bank for International Settlements (BIS), conhecido como “o banco dos bancos centrais”, com sede na Suíça, publicou o livro The green swan (O cisne verde), um estudo de Patrick Bolton, Morgan Despres, Luiz Pereira da Silva, Frédéric Samama e Romain Svartzma.
A partir do cisne negro, os autores criaram a figura do “cisne verde” para se referir à perspectiva de uma crise financeira causada pelas mudanças climáticas.
“Os cisnes verdes são eventos com potencial extremamente perturbador do ponto de vista financeiro”, resumiu à BBC News Mundo o brasileiro Luiz Pereira da Silva, vice-diretor geral do BIS e co-autor do estudo.

Efeito cascata

O economista explica que eventos climáticos extremos, como os recentes incêndios na Austrália ou furacões no Caribe, aumentaram sua frequência e magnitude, o que traz grandes custos financeiros.
Explicam os prejuízos as interrupções na produção, destruição física de fábricas, aumentos repentinos de preços, entre outros. Pessoas, empresas, países e instituições financeiras podem ser afetados.
Recentemente, no Brasil, fortes chuvas com intensidade muito superior à média mensal castigaram os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, causando dezenas de mortes, prejuízos materiais e interrupções de atividades produzindo um efeito negativo ainda não totalmente medido na economia.
Bombeiro com mangueira em meio a fogo em floresta na Austrália
Os custos de eventos intensificados pelas mudanças climáticas, como os recentes incêndios na Austrália, podem ter um efeito cascata
“Se houver um efeito cascata na economia, outros setores também sofrerão perdas. Tudo isso pode acabar em uma crise financeira”, diz Pereira da Silva.
A esse cenário são adicionados outros riscos que o especialista chama de “transição”, altamente perigosos.
Isso ocorre quando, por exemplo, há uma mudança abrupta nos regulamentos, como uma proibição repentina da extração de combustíveis fósseis.
Ou se houver uma mudança inesperada na percepção do mercado e, por exemplo, os proprietários de certos ativos financeiros decidirem repentinamente se livrar deles.
Nesse caso, se produz um efeito em cascata: o pânico afeta outros investidores, que acabam se desfazendo de ativos.
Todos esses riscos estão sendo estudados por bancos centrais e reguladores do sistema financeiro, que buscam uma maneira de antecipar ou se prevenir para a chegada de um cisne verde.

Como enfrentar um cisne verde?

A verdade é que, nos círculos financeiros, não há resposta para essa pergunta.
Os autores do livro explicam que os modelos de previsão do passado não foram projetados para incluir as mudanças climáticas.
É por isso que eles convidam outros pesquisadores a desenvolver novas fórmulas considerando isto.
Os autores também alertam que, se uma crise como a de 2008 acontecer de novo, os bancos centrais não terão mais como auxiliar no resgate mundial como naquele tempo — quando tiveram papel vital reduzindo as taxas de juros a níveis historicamente mínimos.
Acontece que, mais de uma década depois, as taxas continuam baixas, o que deixa pouco espaço de manobra para estimular as economias e impulsionar o crescimento.
O livro também afirma que os níveis mínimos de capital acumulado para enfrentar crises, exigidos pelos regras atuais, não seriam suficientes para mitigar os efeitos de um cisne verde no sistema financeiro.
Outros alertas já vieram também de outras partes do mercado.
Larry Fink, diretor executivo do BlackRock, o maior fundo de gerenciamento de ativos do mundo, alertou em meados de janeiro que as mudanças climáticas estão prestes a desencadear uma grande reforma.
“Estamos à beira de uma mudança fundamental no sistema financeiro”, escreveu Fink em sua carta anual aos acionistas.
Wall Street
Diretor executivo do BlackRock advertiu que as mudanças climáticas estão a ponto de provocar alterações fundamentais no mercado financeiro
Ele explica que “as mudanças climáticas se tornaram um fator determinante nas perspectivas de longo prazo das empresas” e prevê que uma realocação significativa de capital ocorrerá “antes do previsto”.
“As mudanças climáticas são quase sempre a principal questão que os clientes em todo o mundo levantam para o BlackRock. Da Europa à Austrália, América do Sul, China, Flórida e Oregon, os investidores perguntam como devem modificar seus portfólios de investimentos”.
E embora Fink não seja uma autoridade política ou monetária, sua empresa administra ativos avaliados em quase US$ 7 bilhões. Portanto, quando ele fala, é ouvido com atenção.
“Durante os 40 anos de minha carreira em finanças, testemunhei uma série de crises e desafios financeiros: aumento da inflação nos anos 70 e início dos 80; a crise monetária asiática em 1997; a bolha da internet e a crise financeira global”, afirmou.
“Mesmo quando esses episódios duraram muitos anos, eles eram todos de um tipo de curto prazo. É diferente com as mudanças climáticas.”

5 grandes riscos

Em The green swan, os autores identificam cinco tipos de riscos associados às mudanças climáticas que podem contribuir para uma crise financeira. São eles:
  • Risco do crédito: as mudanças climáticas podem atrapalhar os devedores a honrar seus compromissos. Além disso, a possível depreciação dos ativos utilizados como garantia para os empréstimos também pode contribuir para o aumento dos riscos de crédito.
  • Risco dos mercados: se houver uma mudança acentuada na percepção de rentabilidade pelos investidores, poderá haver vendas rápidas de ativos (liquidações de preços baixos), o que pode desencadear uma crise financeira.
  • Risco de liquidez: ele também pode afetar bancos e instituições financeiras não bancárias. Se estes não conseguirem se refinanciar no curto prazo, isto poderia levar a uma crise maior.
  • Risco operacional: ocorre quando, como resultado de um evento climático extremo, escritórios, redes de computadores ou data centers têm problemas em funcionar.
  • Risco de cobertura: no setor de seguros, uma quantidade maior de sinistros poderia ser acionada, colocando as empresas do ramo em xeque.
Fonte: BBC

Fóssil revela tartaruga pré-histórica do tamanho de um carro que viveu na Amazônia.

Stupendemys geographicus
A espécie Stupendemys geographicus tinha aproximadamente o tamanho de um carro
Fósseis de uma tartaruga do tamanho de um carro foram descobertos no norte da América do Sul.
Acredita-se que a espécie Stupendemys geographicus tenha vivido na região entre 13 e 7 milhões de anos atrás.
Os fósseis foram encontrados no deserto de Tatacoa, na Colômbia, e na região de Urumaco, na Venezuela.
Os primeiros fósseis da espécie foram descobertos na década de 1970, mas desde então há muitas incógnitas sobre o animal de 4 metros de comprimento.
A tartaruga, que tinha o tamanho e o peso de um carro sedan, vivia em um imenso pântano no norte da América do Sul, antes da formação dos rios Amazonas e Orinoco.
Fóssil de Stupendemys geographicus
O fóssil mostra que a tartaruga era muito maior que os homens
O macho tinha chifres que apontavam para frente em ambos os lados do casco. E cicatrizes profundas encontradas nos fósseis indicam que estes chifres provavelmente eram usados ​​como lanças para combater adversários.
Os pesquisadores afirmam ter encontrado um casco de 3 metros de comprimento e um osso da mandíbula inferior, que deu a eles mais pistas sobre a alimentação do animal.
Eles acreditam que a tartaruga gigante vivia no fundo de lagos e rios ao lado de crocodilos gigantes — e adotava uma dieta diversificada, à base de pequenos animais, vegetação, frutas e sementes.
Segundo eles, o tamanho avantajado foi crucial para a Stupendemys se defender de outros predadores de grande porte. Um dos fósseis da espécie foi encontrado com um dente de crocodilo gigante cravado nele.
Paleontologistas na região de Urumaco, na Venezuela
Um dos fósseis foi encontrado pelos paleontologistas na região de Urumaco, na Venezuela
Fonte: BBC

‘Ceifador da Morte’: a nova espécie de tiranossauro descoberta no Canadá


Impressão artística da espécie de tiranossauro encontrada
O nome do predador – ‘Thanatotheristes degrootorum’ – é inspirado no termo grego para ‘ceifador da morte

Uma nova espécie de tiranossauro que viveu na América do Norte há 80 milhões de anos foi descoberta por cientistas no Canadá.
O dinossauro viveu durante o final do Período Cretáceo, o que o torna a espécie de tiranossauro mais antiga da qual que se tem notícia. Há 50 anos, em 1970, paleontólogos haviam descoberto outra espécie de tiranossauro também no Canadá, chamada de Daspletossauro.
O predador recém-descoberto foi batizado de Thanatotheristes degrootorum — o início do nome é o termo grego para “ceifador da morte”, fazendo referência à figura da morte encapuzada.
“Escolhemos um nome que representa o que foi esse tiranossauro na época em que vivia no que hoje é o Canadá. Ele era o único predador de grande porte a reinar absoluto na região”, diz a paleontóloga e co-autora da pesquisa Darla Zelenitsky, da Universidade de Calgary, no Canadá. “Ele foi apelidado de Thanatos.”
Cientistas dizem que a nova descoberta dá a eles pistas sobre o processo evolutivo dos tiranossauros.
Com 2,4 metros de altura, o animal tinha um porte intimidador. Assim como o fóssil do Daspletossauro e de seus parentes mais próximos, o Thanatos tinha um focinho longo com elevações no crânio e dentes com mais de 7 centímetros de comprimento, afiados como facas.

Um fóssil de um tiranossauro rex no Museu de História Natural de Leiden
Tiranossauros, como o deste fóssil, foram predadores dominantes na terra por milhões de ano

Um fazendeiro local e paleontólogo amador, John DeGroot, foi quem encontrou os primeiros fragmentos fossilizados da cabeça do Thanatos em 2010, ao percorrer uma trilha perto da vila de Hays, na província canadense de Alberta. A segunda parte do nome científico do animal é homenagem ao fazendeiro.
“Ficamos maravilhados ao encontrar a mandíbula. Sabíamos que era algo especial, pois podíamos ver claramente os dentes fossilizados”, disse DeGroot.

Lagartos gigantescos

Os tiranossauros, ou “lagartos tiranos”, eram os maiores predadores terrestres que existiam e dominaram a Terra por milhões de anos até a extinção total dos dinossauros há 65 milhões de anos.
No final do Período Cretáceo, há cerca de 80 milhões de anos, os tiranossauros que habitavam a região da América do Norte se tornaram enormes, mas apenas poucos fósseis foram encontrados.
Os paleontólogos esperam que com esta nova descoberta possam preencher algumas lacunas que ainda impedem melhor compreensão do desenvolvimento da espécie.
“Podemos dizer que existem relativamente poucas espécies de tiranossauros”, diz Zelenitsky.
“Pela da natureza da cadeia alimentar, esses predadores enormes eram raros em comparação com dinossauros herbívoros.”
O estudo sobre o Thanatos foi publicado no mês passado na revista científica Cretaceous Research.
Fonte: BBC

sábado, 28 de março de 2020

As pessoas acabaram de perceber que os tucanos são mais estranhos do que elas pensavam.

Os tucanos são aves admiráveis com bicos graciosos muito mais estranhas e interessantes do que você poderia imaginar.
Confira uma série de fatos sobre esses animais incríveis, e depois compartilhe com as pessoas que você gosta:

O crânio

Você já viu o crânio de um tucano? Tenho certeza que não. Só não se assuste, eles são MUITO menores do que o seu magnífico bico.

O esqueleto

Aliás, todo o esqueleto do tucano não fica muito longe disso. Sem as penas, o bico do tucano equivale a 50% do volume desses animais.

Sono em bola

Tucanos possuem vértebras modificadas na cauda que permitem que eles a coloquem sobre suas próprias cabeças. Ou seja, quando dormem, esses pássaros parecem fofas bolas de penas coloridas.

A utilidade do bico

O bico alaranjado do tucano não é apenas para exibição. Ele possui uma rede de vasos sanguíneos que o pássaro pode expandir para resfriar sua temperatura corporal – uma função semelhante às grandes orelhas dos elefantes.

Bebês

Você sabe como um bebê tucano se parece? Vai descobrir agora.

Língua

Outro fato surpreendente sobre os tucanos são suas línguas: elas parecem penas e podem ter até 15 centímetros.

Peso do bico

Carregar uma coisa dessas na cara deve ser pesado, né? Não. O bico dos tucanos tem pequenos furos de ar que o deixam bastante leve.

Raio-X

Ainda sobre o bico, é assim que ele se parece em um raio-X:
  • O segredo por trás do bico do tucano

Tucano-de-bico-arco-íris

O tucano-de-bico-arco-íris é o pássaro nacional de Belize. Estamos falando da espécie Ramphastos sulfuratus, que lembra um tucano típico, exceto por ter um bico mais colorido.

Outros gêneros

Quando você ouve a palavra “tucano”, provavelmente pensa em um gênero específico, o Ramphastos. No entanto, existem quatro outros gêneros de tucano, incluindo Andigena (tucanos da montanha), Selenidera, Pteroglossus e Aulacorhynchus (tucanos verdes). Além disso, tucanos são parentes distantes dos pica-paus.
Confira exemplos dos demais gêneros, na ordem mencionada, abaixo:

Alimentação

Tucanos comem principalmente frutas. Mas eles são animais “oportunisticamente onívoros”, o que significa que, caso não tenham acesso a frutas, comem animais como lagartos, pássaros e insetos que estiverem disponíveis para sobreviver. [TheBoredPanda]
Fonte: Hypescience

Camada de ozônio está se recuperando e mudança de fluxos de vento.

A recuperação da camada de ozônio acima da Antártica continua lenta e constante. Um sintoma claro desta recuperação é a mudança na circulação atmosférica registrada por pesquisadores da Universidade de Colorado Boulder e publicada na revista Nature.

Com a destruição da camada observada no século XX, padrões dos ventos de latitudes médias se alteraram no hemisfério sul, gradualmente se concentrando no Polo Sul. A célula de Hadley, circulação diretamente relacionada com os ventos alísios, às zonas tropicais úmidas e desertos subtropicais, estava ocupando uma área cada vez maior.
Alterações nesses fluxos influenciam o clima por alterar a temperatura atmosférica e as chuvas, o que pode causar mudanças na temperatura e na concentração salina do oceano.
A pesquisadora Antara Benerjee e sua equipe de pesquisadores constataram que essas duas tendências atmosféricas começaram a se reverter ligeiramente em 2000 e continuam até hoje. Esta reversão começou 12 anos após a aprovação do Protocolo de Montreal, que baniu a produção de substâncias que destroem a camada de ozônio.
Apesar de já termos ultrapassado o ponto de reversão há duas décadas, hoje observamos uma camada de ozônio equivalente aos níveis da década de 80. A regeneração completa da camada deve acontecer apenas em 2030 no hemisfério norte e em 2050 no hemisfério sul, sendo que o buraco da Antártica deve ser recuperar no final da década de 2060.
A regeneração da camada é lenta porque as substâncias destruidoras de ozônio têm vidas muito longas na atmosfera. [New Scientist]

Fonte: Hypescience

Morcegos estão sendo mortos no Peru por medo do novo coronavírus.

Autoridades peruanas estão tentando salvar os animais e informar a população de que a espécie, importante para o ecossistema local, não transmite a Covid-19
Peruanos estão matando morcegos por medo do novo coronavírus: entenda (Foto: Unsplash)
Algumas pessoas no Peru estão matando morcegos com o intuito de controlar a pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Segundo as autoridades do país, os cidadãos estão preocupados com a possibilidade do animal transmitir a doença.
A preocupação dos peruanos se baseia na crença dos especialistas de que o novo coronavírus seja a mutação de um vírus que atinge outra espécie animal. Dentre os principais suspeitos de ser o hospedeiro original do Sars-CoV-2 estão pangolins, serpentes e morcegos — espécies comumente consumidas em Wuhan, na China, onde a doença surgiu.
As autoridades peruanas alertam para o fato de que o vírus que afeta os humanos é uma mutação do que atingia os animais, ou seja, outras espécies provavelmente não são vetores da doença. “Não devemos distorcer a situação devido à pandemia. Os morcegos não são nossos inimigos”, disse o Serviço Nacional de Florestas e Fauna Silvestre (SERFOR) do Peru em comunicado.
Agora, o SERFOR está resgatando os morcegos ameaçados: mais de 200 animais já foram removidos de regiões onde estavam expostos aos humanos e transferidos para uma caverna. Além disso, os especialistas tentam informar a população sobre a importância dessa espécie para os seres humanos. “Setenta por cento das espécies no mundo se alimentam de insetos, muitos dos quais são prejudiciais à agricultura e à nossa saúde, como mosquitos que espalham a dengue e outras doenças”, afirmam as autoridades.
Fonte: Revista Galileu

Por que os morcegos, considerados possível fonte do coronavírus, transmitem tantas doenças.

morcego-de-ferradura-grande
O morcego-de-ferradura-grande chinês (Rhinolophus ferrumequinum) é considerado o principal suspeito de ser a origem do surto de coronavírus
Embora ainda não se saiba ao certo qual animal é o vetor do surto de coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan e já infectou mais de 25 mil pessoas em todo o mundo, todos os olhos estão voltados para o morcego. Mais recentemente, o pangolin, animal semelhante ao tatu, também chegou a ser apontado como vetor inicial do surto, mas, por serem notoriamente portadores de vários tipos de doenças, os morcegos continuam listados entre as grandes possibilidades.
Esses animais – os únicos mamíferos capazes de voar – já haviam sido a origem de outras epidemias de coronavírus.
No início deste século, eles foram a causa da transmissão da síndrome respiratória aguda grave, mais conhecida como Sars, que infectou mais de 8 mil pessoas, das quais cerca de 800 morreram.
Em meados da década de 2010, os morcegos foram a origem de outra doença respiratória semelhante à Sars: a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), que afetou menos pessoas (cerca de 2,5 mil), mas foi mais letal, causando a morte de mais de 850 pessoas.
Quanto a este novo coronavírus – formalmente chamado 2019-nCoV e agora batizado de covid-19 -, as autoridades chinesas acreditam que ele se originou em um mercado de Wuhan que vendia frutos do mar e carne de animais selvagens, incluindo morcegos e víboras.
Originalmente, pensava-se que as últimas poderiam ser vetores, mas os estudos genéticos descartaram isso.
Além disso, um grupo de cientistas chineses revelou que o 2019-nCoV é quase idêntico aos outros coronavírus transmitidos por morcegos.
Coronavirus
Essa é a aparência do coronavírus, de acordo com esta ilustração criada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
E, no final de janeiro, o jornal americano The New York Times publicou um relatório sugerindo que o morcego-de-ferradura-grande chinês (Rhinolophus ferrumequinum) poderia ser o principal culpado.
O artigo, escrito pelo jornalista científico James Gorman, destaca que os morcegos são capazes de conviver com vários vírus, sem adoecer. E não apenas o coronavírus.

Transmissor

Os morcegos não apenas transmitem diferentes cepas de coronavírus, um patógeno que em humanos pode causar inflamação pulmonar grave e febre.
Eles também são um reservatório natural de outros vírus, como raiva e Marburg, Nipah e Hendra, que geraram surtos na África, Malásia, Bangladesh e Austrália.
Os cientistas que estudam o processo evolutivo do ebola também acreditam que a doença poderia ter sido originada nesses mamíferos.
Embora não sejam os únicos animais portadores de doenças com potencial de serem transmitidas aos seres humanos – roedores, primatas e aves também são vetores conhecidos – os morcegos costumam causar mais problemas do que outros.
Isso não é realmente sua culpa, alertam os naturalistas. As transmissões geralmente ocorrem quando o ser humano invade os espaços onde habitam, algo cada vez mais frequente à medida que a população aumenta e os espaços naturais são urbanizados.
Também acontece quando esses animais são caçados, para comer ou para serem comercializados, como parece ter acontecido em Wuhan.
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Comer morcegos – como acontece em vários países – é muito perigoso

Perigo

No entanto, o que torna os morcegos particularmente perigosos é sua tolerância a vírus, que excede a de outros mamíferos.
O perigo também é grande pelo fato de serem uma espécie tão numerosa: representam cerca de um quarto de todo os mamíferos existentes. Somente os roedores – que têm uma população com quase o dobro do tamanho – excedem os morcegos em número de indivíduos.
E eles estão por toda parte. O único continente que não tem morcegos é a Antártica.
Além disso, o fato de voarem ajuda a espalhar doenças, principalmente por meio de vírus nas fezes.
Mas por que esses animais são invadidos por patógenos, os organismos capazes de causar doenças?
A resposta parece estar na dieta deles, que consiste em insetos transmissores de doenças.

Tolerância

Quanto à sua capacidade de sobreviver apesar de portar vários vírus, os cientistas continuam a estudar o tema, mas acreditam que encontraram uma possível explicação.
“Pesquisas recentes sugerem que a resposta pode estar na maneira pela qual as adaptações evolutivas dos morcegos, que lhes permitem voar, modificaram seu sistema imunológico”, escreve Gorman.
morcego-de-ferradura-grande
O sistema imunológico dos morcegos teria sido adaptado para permitir que eles voassem, acreditam os especialistas
A teoria (proposta por cientistas da China e de Cingapura em 2018) é a de que para a geração de energia suficiente para alçarem voo, as células dos morcegos se rompem e liberam fragmentos de DNA.
Normalmente, o sistema imunológico de um mamífero responde a esses fragmentos como se fossem um organismo invasor e os destrói.
Mas os morcegos parecem ter desenvolvido uma adaptação que modifica a resposta imune de seu organismo, fazendo com que não ataquem esses fragmentos não identificados.
Essa modificação faria seu sistema imunológico agir “efetivamente, mas não de maneira exagerada” na presença de um vírus.

Em alerta

A resistência dos morcegos aos vírus e o fato de existirem em grande número colocam esses animais na mira dos cientistas há anos.
Em 2017, a EcoHealth Alliance, que está na China há uma década e meia estudando doenças que passam de animais para humanos (conhecidas como zoonoses), publicou um relatório na revista Nature alertando sobre os riscos.
“Os morcegos são hospedeiros de uma proporção muito maior de zoonoses em comparação com outros mamíferos”, escreveram especialistas da ONG.
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Os morcegos são os mamíferos mais numerosos, depois dos roedores
No início de 2019, um grupo de cientistas do Instituto Wuhan de Virologia e da Universidade da Academia Chinesa de Ciências, que estudaram coronavírus (CoV no jargão científico) em morcegos alertou diretamente que uma nova infecção era provável.
“Acredita-se que os CoVs originários de morcegos ressurgiram para causar o próximo surto da doença”, previram os cientistas. “Nesse sentido, a China é um ponto provável”, eles detalharam.
Apesar disso, muitos cientistas lembram que os morcegos desempenham um papel importante na natureza.
Eles são essenciais para a polinização de muitas frutas, como bananas, abacates e mangas, e também comem toneladas de insetos vetores de doenças.
Nesse sentido, Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance, enfatizou que uma das medidas mais importantes que podem ser tomadas para evitar zoonoses é proibir o comércio de animais selvagens, como a China está fazendo temporariamente.
Fonte: BBC