sábado, 7 de dezembro de 2019

Alemanha é o terceiro país que mais sofre com clima extremo.

Até que ponto os eventos climáticos extremos causam mortes e prejuízos financeiros ao redor do mundo? E quais são os países mais afetados? As respostas para essas perguntas estão no Índice Global de Risco Climático.
Há 14 anos a organização ambientalista e de desenvolvimento alemã Germanwatch divulga seu relatório anual no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, como a que ocorre nesta semana em Madri (COP25).
Os dados referentes ao ano de 2018 revelam que os três países atingidos mais intensamente pelo clima extremo foram o Japão, as Filipinas e a Alemanha.
As informações são obtidas no banco de dados NatCaTSERVICE, da empresa resseguradora Munich Re. – um dos maiores bancos de dados do mundo sobre o clima – e cobrem 30 mil desastres naturais em todo o mundo, possibilitando a comparação de eventos meteorológicos extremos em países diferentes.
Além disso, o NatCaTSERVICE permite que especialistas determinem um ranking global a partir do número de mortes por milhão de habitantes e do total de prejuízos ao Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.
No topo do ranking em 2018 está o Japão, que registrou 1.282 mortes em razão de chuvas extremas, ondas de calor e tufões no ano passado. Os prejuízos chegaram ao equivalente a 32 bilhões de euros e resultaram em uma perda de 0,6% no PIB do país.
Em 2018, o país asiático foi atingido por três eventos climáticos extremos. Em julho, chuvas de intensidade acima do normal geraram enchentes e deslizamentos de terra, causando mais de 200 mortes. Mais de 5 mil residências foram danificadas, e 2,3 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas. Os prejuízos foram de 6 bilhões de euros.
Algumas semanas após as fortes chuvas, uma onda de calor intenso elevou a temperatura nacional para o patamar recorde de 41,4 ºC, registrados na cidade de Kumagaya, na região central do Japão. Ao menos 138 pessoas morreram, e mais de 70 mil tiveram de ser hospitalizadas por exaustão e choques de calor.
Já em setembro, o tufão Jebi se tornou o mais forte a atingir o país em 25 anos, gerando prejuízos de cerca de 11 bilhões de euros.
As Filipinas, em segundo lugar no ranking, sofreram os efeitos do tufão Mangkhut, o mais forte registrado em todo o ano de 2018, que devastou o norte do país com ventos de até 270 quilômetros por hora. Mais de 250 mil pessoas foram afetadas, com várias mortes causadas por deslizamentos de terra.
Segundo o NatCaTSERVICE, o clima extremo gerou em 2018 nas Filipinas 455 mortes, além de prejuízos que chegaram a mais de 4 bilhões de euros, o que corresponde a uma perda de 0,5% do PIB do país.
A Alemanha ficou em terceiro na lista de países mais afetados pelo clima extremo após sofrer ondas de calor e secas intensas. Entre abril e julho de 2018, a temperatura média no país foi de 16,6 ºC – 2,9 graus mais alta do que no período pré-industrial (por volta do ano 1870). Foi a média mais alta já registrada nessa época do ano.
De acordo com o banco de dados da Munich Re., a onda de calor foi responsável por 1.246 mortes em 2018, com o país enfrentando enormes perdas em suas colheitas. A Associação dos Fazendeiros Alemães (DBV) calcula que os prejuízos em algumas regiões variaram entre 50% e 70%. Em torno de 8 mil produtores rurais entraram com pedidos de ajuda emergencial, fazendo com que os governos federal e estaduais liberassem 340 milhões de euros.
A Alemanha também sofreu graves prejuízos com as chuvas entre janeiro e setembro. Ao todo, as perdas relacionadas ao clima extremo no país somaram 4,5 bilhões de euros em 2018, o que corresponde a uma queda de 0,1% no PIB.
Um relatório recente do governo alemão alertou contra os graves efeitos das mudanças climáticas no país. O documento revela que a temperatura média do ar aumentou 1,5 grau entre 1881 e 2018, e 0,3 grau apenas nos últimos cinco anos. “É inimaginável o que significaria se [o aquecimento] se mantiver nesse nível”, disse a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, ao apresentar o relatório em novembro.
Ajuda a países pobres
“O Índice Global de Risco Climático mostra que os enormes impactos das mudanças climáticas estão aumentando em todo o mundo”, afirma Maik Winges, coautor do relatório.
“Países industrializados como Alemanha ou Japão estão sendo cada vez mais afetados. Em comparação, os países mais pobres do mundo estão expostos a riscos ainda maiores, especialmente porque receberam até agora pouca ajuda diante dos prejuízos e perdas que sofreram pela ação dos maiores culpados pelas mudanças climáticas”, diz.
Mais de 495 mil pessoas em todo o mundo foram mortas pelo clima extremo nos últimos 20 anos, diz o relatório da Germanwatch. O total de prejuízos econômicos durante esse período chegou a 3,2 trilhões de euros.
Os autores do relatório mencionam Porto Rico como um exemplo do crescente número de países em quem um único furacão devastador é capaz de causar danos de grandes proporções que necessitam de anos para serem reparados.
Outra tendência também está em crescimento: “Em países como Haiti, Filipinas e Paquistão, as condições extremas do clima ocorrem em intervalos tão curtos que os deixam com poucas possibilidades de se recuperarem desses desastres”, afirma Vera Künzel, coautora do relatório, durante a COP25 em Madri.
Por esse motivo, ela afirma ser importante que as nações mais pobres recebam o apoio adequado dos países que impulsionam as mudanças climáticas, não apenas no que diz respeito à adaptação, mas também em relação aos inevitáveis prejuízos e perdas. Sete dos dez países mais afetados pelo clima extremo nas últimas duas décadas são classificados como nações em desenvolvimento. 
“Essa Conferência do Clima deve encontrar respostas para a questão de como a quantidade de apoio necessária nos países pobres deve ser determinada regularmente, e também como essa ajuda financeira pode ser fornecida”, observa Künzel.
O Brasil está na 91ª posição do Índice Global de Risco Climático, com 38 mortes causadas pelo clima extremo em 2018, e prejuízos de cerca de 39 milhões de euros.
Fonte: Deutsche Welle

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