Morte sem precedentes de baobás milenares africanos assusta pesquisadores.
Muitos dos baobás mais antigos da África estão morrendo há dez anos, alertaram nesta segunda-feira (11) pesquisadores, que evocam a mudança climática como possível causa para esse desaparecimento “de escala sem precedentes”.
“É chocante e espetacular testemunhar durante o curso de nossas vidas o desaparecimento de tantas árvores milenares”, explica à AFP Adrian Patrut, da Universidade Babes-Bolyai, na Romênia, co-autor do estudo publicado na revista Nature Plants.
“Durante a segunda metade do século XIX, os grandes baobás do sul da África começaram a morrer, mas nos últimos 10/15 anos seu desaparecimento aumentou rapidamente por causa das temperaturas muito altas e da seca”, diz o pesquisador.
Com entre 1.100 e 2.500 anos de idade, os baobás e seus troncos maciços coroados por galhos parecidos com raízes, são uma das silhuetas mais emblemáticas das áridas savanas.
Mas, nos últimos 12 anos, nove dos treze baobás mais velhos estão parcialmente ou totalmente mortos, de acordo com o estudo.
Entre as vítimas, três monstros simbólicos: Panke, do Zimbábue, o baobá mais velho com 2.450 anos, a árvore de Platland da África do Sul, uma das maiores do mundo, com um tronco mais 10 metros de diâmetro e o famoso baobá de Chapman do Botswana, no qual Livingstone gravou suas iniciais, classificado monumento nacional.
Os pesquisadores descobriram essa situação de “escala sem precedentes” quase por acaso: eles estudaram essas árvores para desvendar o segredo de suas incríveis medições.
Para isso, entre 2005 e 2017, Adrian Patrut e seus colegas estudaram todos os maiores (e portanto geralmente os mais antigos) baobás da África, mais de 60 no total.
Viajando pelo Zimbábue, África do Sul, Namíbia, Moçambique, Botsuana e Zâmbia, coletaram amostras de diferentes partes das árvores. Fragmentos dos quais eles definiram a idade usando datação por carbono.
“A cavidade de um velho baobá zimbabuano é tão grande que quase 40 pessoas podem se abrigar dentro”, ressalta o site do Parque Nacional Kruger, na África do Sul. Eles poderiam ser usados como loja, prisão ou simplesmente como um ponto de ônibus.
Também têm sido usados há muito tempo por exploradores ou viajantes para encontrar caminhos.
“Os baobás periodicamente produzem novos troncos, como outras espécies produzem galhos”, segundo o estudo. Esses caules ou troncos, muitas vezes de diferentes idades, depois se fundem.
Quando muitos caules morrem, a árvore desaba. “Antes de começarmos nossa pesquisa, fomos informados sobre o colapso do baobá Grootboom na Namíbia, mas pensávamos que era um evento isolado”, disse Adrian Patrut à AFP.
“Essas mortes não foram causadas por uma epidemia”, afirmam os autores, que sugerem que a mudança climática pode afetar a capacidade do baobá de sobreviver em seu habitat, embora “mais pesquisas sejam necessárias para apoiar ou refutar essa hipótese”.
Mas “a região em que os baobás milenares morreram é um daqueles em que o aquecimento é mais rápido na África”, diz Adrian Patrut.
Fonte: AFP
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