Um novo artigo publicado na Nature Geoscience trouxe à tona uma hipótese inovadora sobre o passado da Terra. Segundo o estudo, 3,2 bilhões de anos atrás o nosso planeta era coberto completamente por água — não havia nenhum grande pedaço de terra à vista.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram a composição de algumas rochas na região noroeste do Outback, na Austrália, área que milhões de anos atrás esteve coberta de água. Eles procuravam, em particular, dois isótopos de oxigênio presos nas pedras: um átomo um pouco mais pesado, chamado oxigênio-18, e um átomo mais leve, chamado oxigênio-16.
“Não há amostras de água oceânica realmente antiga por aí, mas temos rochas que interagiram com a água do mar e ‘se lembram’ dessa interação”, disse Benjamin Johnson, um dos pesquisadores, em comunicado. O processo, explicou, é como analisar os grãos de café para coletar informações sobre a água que foi derramada sobre ele.
De acordo com o coautor Boswell Wing, a proporção desses dois isótopos era só um pouco menor no solo do oceano há 3,2 bilhões de anos do que é hoje, sugerindo que a região esteve coberta por água. Isso porque, para que a diferença entre os níveis da substância seja tão pequena, as áreas que acreditava-se estarem fora do mar, na realidade, deveriam estar cobertas de água — caso contrário, essa discrepância seria maior.
“Não há nada no nosso trabalho que indique que pequenos pedaços de terra saindo dos oceanos não existiam”, observou Wing. “Nós só não achamos que havia formação em escala global de solos continentais como temos hoje.”
As descobertas do grupo podem ajudar os cientistas a entender melhor como e onde os organismos unicelulares surgiram pela primeira vez por aqui. “A história da vida na Terra acompanha nichos disponíveis”, explicou Wing. “Se você tem um mundo aquático, um mundo coberto pelo oceano, nichos secos simplesmente não estarão disponíveis.”
Fonte: Revista Galileu
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