Bali luta para conservar suas lindas praias repensando o lixo plástico.
Qual é a primeira coisa que vem à mente quando se fala em Bali? Provavelmente, as praias lindas e intocadas da região. Contudo o que aparece com cada vez mais frequência nas praias dessa paradisíaca ilha do arquipélago indonésio não são conchas, mas lixo plástico.
O lixo plástico vem se amontoando em Bali, situação exacerbada pela falta de infraestrutura — ou de um plano oficial — para solucionar o problema. Ainda contribuem para o acúmulo de garrafas e sacolas nas praias o crescente turismo, práticas culturais enraizadas e a falta de conscientização sobre o ciclo do plástico, desde o descarte até seu despejo no mar, com seu aparecimento nas praias na forma de lixo.
Em um estudo de 2015 publicado na revista científica Science sobre os 20 países com a pior gestão de lixo plástico, a Indonésia apareceu em segundo lugar. O país gerou 3,2 milhões de toneladas de plástico em 2010, e quase metade disso acabou no mar. A China ficou na primeira posição; os Estados Unidos, na vigésima. O governo indonésio apresentou à National Geographic números um tanto menores que os informados no estudo, mas a conclusão é a mesma: a maior parte do lixo plástico não é bem gerida na Indonésia.
“Seis anos atrás, quando fizemos uma apresentação em uma escola de ensino fundamental com 150 alunos, eles ficaram bem empolgados. Mas quando perguntamos: ‘o plástico é bom ou ruim?’ Todos eles responderam, ao mesmo tempo: ‘é bom'”, disse Melati.
Mas, agora, em todas as salas de aula em que entram, ela diz, quase todos os alunos dizem “não” às sacolas plásticas. “Passou a ser um assunto bem inserido no cotidiano dos jovens”, ela acrescenta. “E é exatamente esse o impacto que queremos causar”.
Soluções criativas
A recente proibição das sacolas plásticas descartáveis pelo governo levantou objeções por parte dos produtores indonésios de plástico, preocupados com o freio que a proibição pode colocar no setor. Os produtores estão convencidos de que a gestão de resíduos precisa ser melhorada, além da redução do uso. A Associação Indonésia do Setor de Olefinas, Aromáticos e Plásticos (INAPLAS) afirmou que a proibição também minaria os esforços para apresentar soluções criativas para a gestão do lixo plástico.
A EcoBali é uma empresa que oferece essa solução. Coleta seletiva de lixo é algo praticamente inexistente em Bali. Os coletores de lixo da ilha costumam levar somente o lixo residencial, e direto para o aterro sanitário.
Paola Cannucciari, que já mora na Indonésia há mais de duas décadas, fundou a EcoBali em 2006. “Somos um dos pioneiros na coleta seletiva e só coletamos lixo não orgânico. Quanto aos orgânicos, esperamos que as pessoas comecem a usar a compostagem e que usem nosso sistema”, afirma.
A EcoBali coleta o lixo não orgânico separado e o leva até uma unidade de triagem em Canggu, enviando o plástico reciclável a centros em Java.
A Avani Eco coloca a natureza na jogada. O fundador Kevin Kumala desenvolveu uma sacola plástica, uma embalagem para alimentos e um canudo biodegradáveis, feitos de mandioca, planta tuberosa que pode virar uma alternativa ao plástico. Kumala afirma que seu produto é solúvel em água, atóxico e compostável.
“Realmente acredito que há mais Rs que simplesmente o ‘reduzir’, o ‘reutilizar’ e o ‘reciclar'”, afirma. “Também temos o ‘ressignificar’ e o ‘repor’. Não é suficiente nos atermos à noção dos 3R”.
“Para que este país escape dessa epidemia de plástico, precisamos de soluções mais criativas”, diz Kumala.
Fonte: Amanda Tazkia Siddharta- National Geographic
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